Na manhã seguinte acordei com o corpo dolorido, mas ainda assim fui para a academia do prédio me dedicando aos exercícios como se minha vida dependesse daquilo. Passaram cinco dias sem eu ver ou falar com Peeta, mas o porteiro sempre me dizia que ele havia estado no prédio. Ele me entendia. Entendia que eu precisava de tempo.

Saí do prédio para mais um de meus longos ensaios de piano e canto, na faculdade, quando vi um pequeno caminhão de entregas e Peeta, me aproximei.

– Já está fazendo a mudança? – perguntei a ele assim que parei ao seu lado. E a sensação de felicidade estava em mim novamente

– Eu te disse, as aulas começam em alguns dias. Preciso estar devidamente instalado. – ele sorriu para mim – Está indo ensaiar?

– Estou sim. Te ajudaria se já não estivesse tão atrasada. Até mais tarde. – caminhei até meu carro. Passei o dia ensaiando piano e canto, as aulas voltariam logo e eu precisava estar afinada a seleção para a orquestra da faculdade iria começar junto com as aulas, já que elas são feitas e avaliação gradativas do seu talento musical. Quando voltei para casa a noite, mal tinha me sentado no sofá para jantar e a campainha tocou.

– Olá vizinha! – Peeta sorriu para mim

– Olá vizinho. – sorri de volta para ele – Já está bem instalado?

– Estaria se eu tivesse luz no meu apartamento e pudesse esquentar meu jantar no micro-ondas. – ele mostrou uma sacola

– Pode usar o meu. Entra. – dei passagem para ele. Peeta observou meu apartamento por alguns instantes. A sala é espaçosa, de cor branca e tem uma cozinha americana. – Vou colocar isso lá no forno para você. Se quiser alguma coisa do meu jantar fique a vontade.

– Vamos fazer uma troca é isso? – ele sentou no banco do balcão da cozinha.

– Pode ser. Eu tenho arroz, frango grelhado e salada. E pelo que eu vejo você tem arroz, feijão, bife e batata frita com bacon. Onde comprou isso? – estava mesmo curiosa nunca comi nada assim por aqui

– Restaurante brasileiro. Vai gostar, é bem temperado. – nos dois jantamos juntos como nos velhos tempos e eu comecei a achar que ter Peeta perto de mim seria legal, já que eu tenho tão poucas companhias por aqui. – Posso te perguntar uma coisa muito pessoal Katniss? – ele me encarou com seus olhos azuis brilhantes

– Vai me perguntar se eu já usei drogas, a resposta é não.- tentei fazer uma piada

– Não. É uma pergunta séria. – ele me encarou – Como você ficou? Depois de tudo que aconteceu. Sumiu de Hamptons assim que saiu do hospital, não falou nada para ninguém, nem mesmo para mim. As pessoas comentaram coisas....

– Eu estou bem e não quero falar sobre isso. – respondi grosseira. Vi que ele ia falar algo mais – Se repetir as perguntas pode se considerar expulso de minha casa, para sempre.

– Desculpa. – ele abaixou os olhos. – Preciso ir. Sei que tem ensaio amanhã e eu vou conhecer o meu campus. Me desculpa se eu te aborreci com isso, não foi minha intenção.- ele parou em frente a porta. – Até mais.

– Calma Peeta, eu quero te perguntar uma coisa. – ele me encarou – Como você ficou depois de tudo?

– Não muito inteiro. – ele me disse com ar de riso

– O que quer dizer? – fiquei confusa

– Depois te falo. Acho que você ainda não está preparada para isso. – ele abriu a porta – Até outro dia. – e saiu me deixando mais confusa do que já estive antes em minha vida. Tentei dormir, mas apenas fiquei virando na cama com perguntas que não paravam de aparecer em minha mente: “Será que eu fuji de tudo e todos?” “O que eu fiz foi certo?” “O que Peeta quis dizer com não muito inteiro?” “Será que um dia eu ainda voltaria a Hamptons?”