“Meu nome é Katniss Everdeen, tenho 21 anos, moro na cidade de Nova York, faço faculdade de música na universidade Julliard e acabo de encontrar Peeta Mellark meu melhor amigo da infância, que eu quero muito esquecer.”

- Katniss, quanto tempo! Como você está? – Peeta me perguntou animado

- Bem... – respondi assustada, não estava preparada para encontrar ele e nem ninguém de Hamptons, lugar onde eu nasci. – E você?

- Muito bem! Acabo de me mudar para a cidade. – o loiro a minha frente falava ainda mais animado – Estou indo almoçar, quer ir junto?

- Não dá me desculpe. – tentei fugir dele

- Por favor, Katniss. Pelos velhos tempos. – ele sorriu para mim e uma antiga sensação tomou conta de mim e simplesmente não pude recusar.

- Vamos rápido. Preciso mesmo ir para a faculdade.

- Como quiser. Se você puder escolher o lugar que vamos eu adoraria.

- Vamos ali. – apontei um restaurante italiano que vende o melhor macarrão com frutos do mar que já comi na vida. Sentamos-nos a mesa e fizemos nossos pedidos.

- E como está a vida? Não te vi mais desde aquele dia... – Peeta parecia tomar cuidado com as palavras

- Estou bem. Mudei-me de vez para cá, continuo meu curso, tenho um trabalho legal.

- Trabalho? Precisa mesmo disso? – ele me perguntou sorrindo

- Dinheiro acaba um dia. Além de que eu gosto de trabalhar e a vida aqui é bem cara. – eu respondi tentando sorrir – E você, por que chegou por aqui agora?

- Trabalhei um tempo com meu pai no escritório, só para ter certeza que queria seguir a área da administração e como gostei vim para cá estudar. Vou começar as aulas em uma semana. Imagino que você esteja de férias também.

- Estou das aulas, mas ainda faço meus ensaios lá.

- Hum... e no que exatamente você está se especializando?

- Em canto e piano. – respondi animada

- Você canta muito bem mesmo, vai ser um grande sucesso.

- E você vai ser um ótimo empresário. – eu falei com empolgação maior do que deveria. A sensação de calor e felicidade estava em mim de novo. Isso era tudo que eu não queria, pelo menos não com alguém tão ligado ao meu passado triste.

- Gostaria que minha mãe concordasse com isso. – ele disse meio triste. – Mas você disse que estava com pressa, vamos comer logo. – Nos comemos rápido e eu pude perceber que não só eu tenho meus traumas. Peeta também tem os dele. Quando saímos do restaurante trocamos números de telefone e eu segui meu caminho para o ensaio na faculdade. Passei a tarde me dedicando a aperfeiçoar minhas melodias no piano. De lá fui direto para o pequeno teatro onde eu participo da orquestra. A noite de espetáculo foi muito tranquila como sempre é. Fui para casa e dormi como não fazia a semanas. Meus sonhos se confundiram com lembranças felizes ao lado de Peeta, meus pais e minha irmãzinha Prim. Fui acordada pelo irritante toque do meu celular.

- Quem é? – perguntei brava

- Sou eu Katniss. Me desculpa se eu te acordei. – era a voz de Peeta

- Por que você está me ligando tão cedo? Odeio acordar cedo!

- São dez da manhã. Mas eu posso ligar depois. – ele tinha tom de desculpas

- Tudo bem. O que você quer? – eu ainda estava um pouco brava

- Será que você pode me ajudar a encontrar um apartamento legal aqui na cidade? Não conheço muito bem os bairros residenciais.

- Tá. Encontro-te em meia hora. – desliguei o telefone, fiz minha higiene matinal, tomei café e sai de casa. Só ai me lembrei que não marquei nenhum lugar com Peeta. Liguei para ele e combinamos de nos encontrar na entrada principal do Central Park, que era perto para nos dois. Segui para lá. Quando cheguei ele estava comendo um sorvete.

- Bom dia. – me disse sorrindo – Quer sorvete? É de baunilha.

- Bom dia. E não como sorvete antes do meio dia. Aonde quer ir? – me coloquei na defensiva. Não queria ter de novo toda a sensação de felicidade que Hamptons tinha deixado marcada em mim.

- Na verdade quero sua opinião de mulher sobre os apartamentos que eu marquei para ver hoje.

- Minha opinião de mulher?- eu não pude evitar rir – Nem parece que me conhece! – preciso dizer que nunca fui muito chegada nessas coisas de menininhas. Sempre fui mais feminista e grosseira.

- Sei que ai dentro mora uma garota fofinha, afinal você é uma pianista e pianistas normalmente são delicadas.

- Ganhou nessa. Mas vamos logo seja lá onde você queira ir. Está de carro?

- Ainda não tenho um aqui na cidade.

- Vamos no meu. – caminhamos até onde tinha deixado meu carro. Não tinha compromissos para o dia de hoje, então passei o dia ao lado de Peeta olhando cada apartamento pior que o outro e com preços tão alto que compraria uma cobertura em Paris. – Estou quase desistindo disso tudo! Que saco! – bati no volante.

- Falta só mais um. No Greenwich Village. – ele tentou sorrir, mas no fundo estava mais exausto do que eu. Peeta me indicou o caminho. Levei um susto ao ver que estava parada em frente ao meu prédio. – Pelo menos a portaria é bonita.

- Claro que é, eu moro aqui!- exclamei me sentindo feliz e desesperada ao perceber que a chance de o meu passado morar tão perto de mim.

- Vamos ver logo. – o apartamento vago era no décimo primeiro andar, bem abaixo do meu. Não foi surpresa quando vimos que era um belo apartamento e estava totalmente conservado. – Não preciso nem dizer que é nesse que vou ficar. – Peeta me disse sorrindo

- Agora que você já encontrou um apartamento eu vou indo. Tchau. – me virei de costas e corri rapidamente para as escadas, subi de pressa para o minha casa. Assim que entrei nela me joguei no sofá e chorei como não fazia a tempos. Dormi no sofá.