Por Você escrita por Andye


Capítulo 9
Um Rabugento sem Medidas


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Tudo bem?

Antes de qualquer coisa eu quero agradecer muito a Liza Chevalier pela lindíssima recomendação que deu a Por Você. Sinceramente falando, nem acreditei. Quando vi aqui no perfil fiquei tensa e quando li, quase chorei. Não costumo recebê-las então, fiquei muito emocionada. Obrigada, de verdade!

Eu quero dizer também que estou muito feliz com a aceitação que tenho recebido enquanto escrevo esta fic. Agradeço a cada um dos comentários, a cada um dos leitores e quero dizer que é realmente inspirador saber o que têm curtido e detestado em cada nova atualização.

Sobre nosso capítulo de hoje, fugirei um pouco da visão da Hermione e passearei pela rabugice de nosso querido ruivo.
:*



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Então era isto. Não tinha mais solução.

Por mais que houvesse lutado a sua vida inteira, não tinha mais, ou não queria ter, forças para manter a coragem. Sentia-se fraco e sem disposição. O ânimo que havia preenchido seu coração fora arrancado de si da forma mais brutal possível, e por alguém que deveria querer seu bem incondicional e protegê-lo sempre.

Proteção.

Ele sabia que este era o único e verdadeiro motivo que fizera sua mãe agir daquela forma tão estúpida, e por mais que estivesse chateado e entristecido com toda a situação, não conseguia, e nem mesmo queria guardar rancores da senhora que tentava lhe proteger de tudo como uma leoa protege o filhote indefeso.

Indefeso. Sua mãe o enxergava frágil, debilitado e constantemente necessitado de ajuda. Não era bem assim que ele se sentia, não até catorze dias atrás.

Estava se negando a receber as doses diárias de sangue necessárias para o tratamento e se sentia mais fraco desde então, mas não ligava. O catéter estava fora da posição e isso fazia seu peito doer. A dor física contrastada com a dor sentimental. Ele se punia também.

Não poderia negar que o tal dr. Potter era até um cara legal. Havia conversado com ele algumas poucas vezes, nos momentos em que não havia afundado em seu mundo de depressão. Ele era divertido, era um bom médico, mas não fazia diferença para Rony.

Tentou conversar com sua mãe também, tentou lhe mostrar inúmeras vezes o quão equivocada ela estava. O quão mal lhe fazia, mas mesmo que ela aceitasse que, de fato, errara, dificilmente assumiria isto publicamente e não aceitaria Hermione de volta, mesmo que isto custasse sua vida. Seu orgulho poderia machucar mais que qualquer coisa.

Chorou. Ele nem mesmo lembrava de quantas vezes havia chorado em sua vida, mas sabia que eram poucas. Lembrava da morena em todos os momentos, e essas lembranças abalavam seus sentimentos. Ele não lembrava de ser tão sentimental, mas chorou a falta dela.

E quase a beijara...

Seria capaz de dar qualquer coisa para ter conseguido tocar em seus lábios. Fora tudo tão rápido, tudo tão surreal. Por um momento ele imaginou que ela o beijaria também, sim, teve esta sensação, a sensação de que ela estaria apaixonada também, mas durou pouco.

A dra. Granger não fez nada, absolutamente nada, para se manter próxima dele depois de todo aquele mal entendido. Aceitou tudo o que sua mãe lhe dissera calada. Pediu ela mesma para ser afastada do caso e nunca mais apareceu. Ele não entendia muito bem. Ela era tão participativa. Achou que ela se importava de verdade, mas se enganou.

Desde então a irritação e o desgosto por tudo o que fazia parte de seu pequeno ciclo o irritava. Tentava constantemente afastar as pessoas de seu redor. Queria permanecer dozinho, e agora estava ali, deitado sobre aquela cama endurecida fitando o teto se m graça enquanto o tal dr. Potter fazia seus exames rotineiros.

– Como tem se sentido, Ronald? - o dr perguntou solícito enquanto verificava a pressão.

– Posso dizer que já estive melhor – Ron respondeu ranzinza.

– Ronald – começou num tom de voz mais baixo – Posso fazer uma pergunta particular?

Rony ponderou observando o doutor que tinha quase a sua idade antes de lhe afirmar com um gesto simples com a cabeça.

– Por que a dra. Granger foi afastada do seu caso?

Então era isso? Ele estava curioso para saber porque assumiu um caso que já tinha uma residente. Ninguém o avisou o que havia acontecido, e agora, do nada, ele perguntou. Rony sentiu o peito afundar ao ouvir o nome da garota e antes de responder, respirou profundamente.

– Me apaixonei por ela.

O ruivo falou simplesmente e o dr. Potter o observou enquanto assentia empaticamente esperando que ele continuasse a narrativa. E foi isto o que aconteceu.

– Seria praticamente impossível não se apaixonar por ela – Rony sorria bobamente para o teto.

– Eu lembro dela. Estudamos uns dois períodos juntos. É uma ótima garota.

– Sim. Ela é. Linda, por dentro e por fora. Dona do sorriso mais encantador que eu já vi - entristeceu-se – Mas ela jamais se apaixonaria por um cara que tem os pés, e todo o resto do corpo, na cova.

– Não diga isto, Ronald?

– É a verdade.

– Mas você está relativamente bem.

– Relativamente bem não é o mesmo que muito bem. Faz anos que estou doente. Nunca me curo, por mais que tentem. Nasci com algum tipo de maldição e vou viver com ela. Aceitei morrer. Não ligo mais pra nada.

– Cara, não fala assim.

– É a verdade. - falou convicto - Me diga, que mulher no mundo se apaixonaria por mim?

– Não sei, não sou mulher, mas tenho certeza que...

– Olha, não tenta me animar. Faça seu trabalho e já está bom. Não vou nadar contra a maré. Minha mãe é quem tem razão - as palavras saíam ríspidas e doloridas - A dra. Granger jamais se apaixonaria por um doente.

– Sua mãe disse isso? - Harry parecia impressionado.

– Não, mas é o que ela pensa, e é a verdade.

– E como pode saber se ela não te ama também?

– Ela não fez nada por nós. Saiu do caso assim que teve oportunidade. É melhor aceitar, dói menos.

– Só te digo uma coisa, Ronald – Harry levantou-se após terminar o que fazia, o semblante muito sério – Não deveria julgar assim a dra. Granger. Você não sabe o que ela pensa sobre o que aconteceu ou sobre vocês, nem sabe o motivo de ela não ter te procurado. Não a julgue. Talvez tenha acontecido algo e ela esteja sofrendo tanto quanto você.

***

– Como está se sentindo? - Gina perguntou ao irmão com um brilho estranho no olhar.

– Vivo. - respondeu azedo observando a irmã, intrigado.

– Não deveria falar assim, Roniquinho – Molly acrescentou enquanto colocava mais um travesseiro às suas costas.

– Mas é a verdade – ele continuou irritado.

– Rony, não precisa ser tão rude – Gui advertiu o irmão.

– Não estou sendo rude. Apenas respondi a pergunta da Gina.

– Não tem problema – Gina sorriu. Ele estranhou – Sei que não é fácil e realmente entendo como você deve estar se sentindo.

– Tudo bem, Gina. Abra um espaço – Molly falou sentando perto do filho e pegando suas mãos – Eu sei que ainda está chateado, mas com o tempo verá que eu só fiz o melhor. Quando tiver os seus próprios filhos, você entenderá minha preocupação.

– A senhora é muito positivista, mamãe, dá até gosto ouvir. - falou cm um humor sarcástico.

– Não sou. É a verdade.

– Não sei nem se estarei vivo de noite, mãe, quanto mais se terei filhos. Acho que nem posso ter filhos. Essa doença deve ter acabado com toda e qualquer possibilidade de uma possível hereditariedade, sem contar que nenhuma mulher seria capaz de se apaixonar por um moribundo como eu.

– Você vai melhorar, meu filho, vai ver. - falou com carinho levando a mão ao seu rosto - Tudo dará certo, no final. Só precisa se esforçar um pouco mais e seguir o tratamento.

– Não quero me tratar.

– Rony, já falamos sobre isto.

– Por isto mesmo que não quero mais falar sobre. Quero voltar pra casa e ponto.

– Rony – a voz grossa de Gui falou novamente – Não tome atitudes precipitadas. Estava tudo indo tão bem. Você havia melhorado muito... Não se entregue agora, meu irmão, por favor.

– Não estou me entregando. Estou sendo sensato.

– Tudo bem, depois conversamos sobre isto – a mulher falou se levantando – Vou precisar sair com o Gui. Volto mais tarde. Gina, por favor, seja responsável e cuide de seu irmão.

– Não preciso que cuidem de mim. - ele falou com desdém.

– Não se preocupe, mamãe. E a senhora sabe que nunca descuidei do Ron.

– Certo. Precisamos ir agora. - a mulher beijou a cabeça dos dois antes de sair com o filho mais velho.

– O que aconteceu? - Ron perguntou pouco tempo depois da porta do quarto ser fechada.

– Nada – Gina sorria.

– Eu te conheço, cenoura. - Ron parecia desconfiado.

– Nossa – ela sorriu saudosa – Fazia tempos que não me chamava de cenoura...

– É... - ele ficou momentaneamente saudoso também – Faz tempo que não fazemos muitas coisas.

– Lembra de quando fomos na casa do tio Fabiano e quebramos a janela do quarto da prima Isla?

– E como lembro – Rony sorriu verdadeiramente – Foi divertido. Você correu feito uma gazela e subiu na macieira do tio quando ouviu o grito.

– E você queria que eu ficasse pra ganhar bronca? - ela estava animada – O melhor foi que o Gui conseguiu convencer todo mundo de que não tinha sido a gente.

– Poxa... - Rony gargalhou – Verdade. Lembra de quando colocamos aquele escorpião de plástico embaixo da mesa da tia Muriel?

– Ah, se lembro – ela gargalhou junto. Chegou a chorar imitando a voz gasguita da tia – “Corram que eu mato esse bicho”. Nunca vou esquecer a cara dela gritando.

– Ela quase quebra a vassoura tentando matar o bichinho.

– E quase quebrou em nossas costas quando descobriu a verdade.

– Como a gente aprontava...

– É verdade.

– Foram bons momentos...

– Sim.

Pararam de conversar assim que o celular de Gina tocou. Ela atendeu prontamente e Rony observou a TV enquanto a irmã conversava com a pessoa do outro lado da linha.

– Ótimo – ela dizia entre sorrisos – Vai ser perfeito. Tudo bem. Ok. Certo. Beijos.

– Namorado novo? - Rony perguntou distraído enquanto passava os canais de TV no controle.

– Não. Nada de mais. Preciso ir ao banheiro, mas volto rapidinho. Consegue ficar cinco minutos longe de mim?

– Não sou um bebê, Gina. - respondeu novamente rabugento - Não me trate como a mamãe.

– Mesmo assim, tão irritante, eu te amo – falou e depositou um beijo em sua testa. Ele reclamou, mas ela sabia que a birra era falsa – Já volto.

Alguns poucos minutos depois, Rony ouviu alguém bater à porta. Pensou por um instante se seria obrigado a levantar e abrir. Sabia que era Gina aprontando das dela. Não recebia visitas além de seus familiares e estes nunca batiam, ao contrário, adentravam sem nem ao menos perguntar se ele queria passar horas com tanta gente chata.

Não havia ido abrir a porta. A pessoa que batia entrou rapidamente e seu peito afundou, paralisou, ao fitar a porta . Ela sorria. O sorriso mais lindo que Rony já vira. Um sorriso tão quente que seria capaz de derreter a pior das geleiras humanas. Um sorriso tão quente que degelou imediatamente o iceberg que se formou no coração do ruivo.

– Hermione? - ele parecia desacreditado. Talvez aquilo fosse uma visão.

– Oi Ron.


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