Por Você escrita por Andye


Capítulo 8
A Melhor Ajudante


Notas iniciais do capítulo

Gente... Sosseguem... Por favor, parem de me ameaçar. Eu juro que não foi por mal nada do que aconteceu. A Hermione não poderia simplesmente colocar a vida do Ron em risco. Foi a atitude mais sensata que ela poderia ter tomado. Quanto a senhora Weasley, não se preocupem, ela vai se redimir.
Teremos atualizações semanais, provavelmente nas quartas-feiras. :)



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A sensação que Hermione tinha era de que sua vida não poderia piorar. Sentia uma dor tão profunda em seu coração que o único desejo que tinha era de chorar. Ansiava abandonar tudo o que conquistara até ali para correr aos braços de sua mãe e se jogar em seu colo, sentir suas mãos acariciando seus cabelos e lhe dando a certeza de que não importava o que acontecesse, ela sempre estaria ali, ao seu lado.

Mas não era assim.

Nunca poderia, sequer, imaginar em abandonar seu sonho, muito mais agora que faltava tão pouco, mas também não podia negar que sentia falta. A falta lhe doía e era essa dor que lhe fazia recorrer ao banheiro do setor de hematologia algumas vezes por dia a fim de lavar rapidamente o rosto e tentar conter, ou as vezes deixar que as lágrimas caíssem.

Ela não conseguia explicar a dor. Havia tentado quantificar o que sentia para Vanessa e para sua mãe, mas a única coisa que conseguia verbalizar era o quanto sentia falta dele, na sua mais singela sensação.

Sentia falta de seu cheiro cítrico tão característico, e que ela só se dera conta depois que foi impedida de voltar a sentir. Tinha saudades de seu sorriso verdadeiro, do olhar presunçoso antes de se envaidecer de alguma forma. Sentia falta de sua humanidade, de sua fibra e força de vontade. Da coragem por lutar. Sentia saudades do simples fato de olhá-lo.

E isto já durava duas semanas. Não sabia como transcorria o seu tratamento, pois por mais que a dra. Falls tenha tentado lhe manter informada por algum motivo que ela não conseguia entender, ela achava que se afastando totalmente, as coisas seriam mais fáceis.

Mas não eram.

Encontrou ainda na primeira semana a irmã dele, Gina. A garota estava visivelmente abatida e Hermione sabia que ela se culpava por tudo o que havia acontecido. Não poderia realmente lhe privar de uma parcela desta culpa, mas sabia que, no geral, o problema tinha sido tentar alegrar o garoto, ficar bem com ele, e ela nem entendia porque se preocupava tanto.

Gina dizia que o irmão estava visivelmente debilitado. Estava triste e abatido, e até olheiras ele apresentava. Não estava tão empenhado em continuar o tratamento e estava dando certo trabalho para o novo residente, Harry Potter, que Hermione conhecia. Ele estava apenas um período a sua frente, mas já haviam trabalhado juntos.

Percebeu ao descobrir quem era o residente que o problema da senhora Weasley não era, de fato, o fato de ela ser nova ou uma estudante, já que Harry era um ou dois anos mais velho que ela e estava apenas um semestre à sua frente. O problema da senhora era ela, e ela também não sabia o porquê.

Gina lhe contou ainda que o irmão, Gui, e seu pai, Arthur, haviam tentado convencer a senhora do quanto ela estava sendo radical, mas que as tentativas não haviam sido proveitosas, no final das contas.

Estava ali. Quatorze dias se passaram desde a última vez que o viu. Lembrava do dia que fugira com ele para os quintais do Hospital. Dos dois sentados, seus pés banhados no lago. Os sorrisos, os toques das mãos, a proximidade dele, seus lábios tão perto... Parecia que fazia anos agora.

Ali, mais uma vez, inclinada sobre a bancada do banheiro feminino enquanto a água escorria pela torneira parcialmente aberta. As mãos sob a água que era levada em concha ao seu rosto, misturando-se as lágrimas quentes que, desta vez, ela não conseguira impedir de cair.

Chorou profundamente e não se preocupou com os soluços que saíam audíveis de seus lábios. Catorze dias não foram suficientes para que aquela angústia se afastasse dela. Aquela sensação de vazio que se alastrava em seu peito. Chorava tão envolta em suas próprias tristezas que não percebeu que era observada.

– Oi Dra. Granger.

Hermione assustou-se de uma forma tão dura que quase derrubou a pequena necessaire emprestada por Leonel na qual guardava um kit que usava nos últimos dias na tentativa vã de esconder um pouco de seu abatimento sob algumas generosas camadas de corretivo facial e pó compacto.

– Oi Gina.

Falou sentindo-se pior do que já estava. Gina lhe sorria através do reflexo do espelho, mas o sorriso era vazio, um sorriso triste, um sorriso condescendente. Sentiu vergonha de seu estado e se apressou em lavar o rosto.

– Não imaginei encontrar a senhora aqui – a ruiva iniciou a conversa totalmente indiferente ao estado de Hermione – Faz catorze dias que não a encontro.

– Ah, sim. É verdade – tentou soar tranquila – Estou um pouco ocupada demais esses dias. Têm sido dias de correria.

– Hum... Imagino – Gina aproximou-se de Hermione e se recostou na bancada enquanto a observava passar pó compacto no rosto.

– Como está? - Hermione tentou manter o tom tranquilo.

– Mal. Não poderia ser diferente – a ruiva abaixou os olhos e contemplou os pés. Era claro que estava triste e era sincera em suas palavras – O Rony pergunta por você todos os dias.

Hermione tentou, mas não conseguiu controlar o tremor em sua mão ao ouvir o nome do ruivo. As pontadas em seu peito, o estômago gelado e os batimentos um pouco mais ritmados foram outros sintomas que não conseguiu evitar. Olhou para Gina em silêncio, mas seus olhos falaram.

– Ele tem estado mal – a ruiva continuou – Está triste. Parou de sorrir. Nunca em meus dezenove anos vi meu irmão assim, e eu te juro que ele teve todos os motivos – Gina respirou profundamente antes de continuar. Hermione depositou delicadamente a esponja em sua necessaire e a observou atentamente – A sensação que tenho é a de que ele desistiu.

– Ele não pode fazer isto – o tom era urgente. Preocupado.

– Eu sei. Claro que eu sei – outro suspiro profundo – Quero que ele se mantenha bem. O tratamento ia tão bem. Estava dando certo, mas agora...

– Fiquei sabendo que o dr. Potter assumiu meu lugar. - Hermione falou rápida - Ele é um ótimo residente. Estudei com ele em alguns períodos. A dra. Falls não poderia ter escolhido alguém melhor e ela mesma é uma das melhores hematólogas deste estado. Não é possível que o tratamento não esteja dando certo.

– A dra. Falls é excelente, e o dr. Potter também... O problema, ou solução – ela sorriu com o que ia falar – é que a senhora é o tratamento que mais da certo no Rony.

– Gina...

– É verdade, e o fato de você fazer tão bem para meu irmão faz de você a minha melhor amiga e que eu a ame e admire muito também.

– Não é bem assim...

– Sim. É assim. Eu a procurei o dia inteiro como uma agulha em um palheiro. Fui as salas de seus pacientes, nas salas de acompanhamento, no setor de triagem, na recepção e até na lanchonete e no lago eu fui. Eu a procurei neste hospital inteiro, praticamente, e quando me dei por vencida e resolvi passar uma água no rosto, eis com quem me deparo. Encontro a senhora bem aqui.

– Por que estava me procurando? - Hermione sentiu o cheiro de conspiração no ar.

– Dra... - Gina começou um pouco temerosa – Eu sei que da última vez que tentei fazer algo, deu completamente errado e eu sei também que é minha culpa a senhora está fora do caso e do meu irmão está desse jeito. Eu também sei que lhe disse que daria um jeito de fazer vocês se encontrarem, e eu não posso mais adiar. Meu irmão está morrendo. Não dá mais pra esperar...

– Gina, eu sei que se preocupa com o Rony, mas eu não posso voltar. Fui afastada do caso. Estou em disciplina devido o que aconteceu naquele dia. Não posso voltar a tratar do Rony.

– Eu sei. E imaginava que pagaria pelo meu erro de alguma forma – Gina parecia realmente triste - Mas eu tenho um plano, e desta vez, se a senhora quiser, dará certo.

– É melhor não...

– Por favor, Hermione, ao menos esculte...

– Gina...

– Aceite. Pelo Ron... - Hermione suspirou - Por Você.


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