Por Você escrita por Andye


Capítulo 5
Droga! E agora?




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Hermione estava sentada sozinha na lanchonete do Hospital enquanto tomava um copo de suco de graviola. Os olhos dela estavam fixos na caixa de guardanapos a sua frente e ela parecia aérea. Não via nem ouvia nada além das palavras da sua mãe ao telefone, no dia anterior, martelando a sua mente cansada de tanto ponderar as coisas.

...

– Minha filha, talvez você só esteja confundindo as coisas.

A voz metalizada da mãe de Hermione soou do outro lado da linha telefônica. A senhora Granger não podia dizer que não se surpreendeu com a revelação da filha, e esperava que não fosse nada além de uma grande confusão.

– Talvez, mamãe – ela respondeu cansada – Talvez a senhora esteja certa.

– Como chegou a essa conclusão?

– Eu... Não sei. Quer dizer... Há tempos que não me sinto tão bem como quando estou com o Rony, e ele é tão forte, tão firme e feliz. Eu fico feliz quando vou vê-lo e estou sem saber o que fazer hoje por não ter visto ele. Eu estou sentindo falta dele, mamãe.

– Oh, minha filha. Talvez tenha apenas se apegado com a situação. Com o caso em si. Não que esteja necessariamente apaixonada, não é?

– Quero mesmo que a senhora tenha razão, mamãe.

– Aconteceu algo que tenha feito você pensar assim, além do que me contou?

– Bem... O Leo disse que percebeu que ando muito sorridente e que comentou com as meninas, inclusive, elas também acharam e, hoje mais cedo, ele perguntou por quem eu estava apaixonada...

– Não sei o que dizer – a mulher suspirou – Apenas que estou aqui para o que precisar, e se estiver apaixonada, viva. Não deixe que as circunstâncias da vida a impeçam de viver e ser feliz, tudo bem?

– Obrigada, mamãe.

– Não agradeça. Sou sua mãe. Quero sua felicidade e te amo demais.

– Acha que estou apaixonada? - perguntou temerosa.

– Se você acha que está, meu amor, não precisa da minha resposta.

– Ah, mamãe... - suspirou.

– Não se aflija. Viva e aproveite. Se tiver que ser, e o que tiver que ser, será, você querendo ou não, ok?

– Ok. Vou desligar agora.

– Tudo bem. Te amo, Mione.

– Te amo, mamãe.

"Se você acha que está, meu amor, não precisa da minha resposta."

Aquelas palavras estavam corroendo a concentração de Hermione. Ela se sentia tão aflita com tudo o que estava acontecendo que nem tinha tido coragem de ir ver o rapaz naquela manhã.

Visitou todos os pacientes, inventou que deveria ficar mais atenta com a senhora a quem também acompanhava e estava adiando, ao máximo, ter de observar o ruivo.

Tinha medo do que poderia sentir. Tinha medo do que poderia encontrar e, acima de tudo, tinha medo de si mesma.

Respirou fundo antes de se levantar e voltar ao centro hematológico. Passou na frente da porta do quarto onde Rony estava e ouviu alguma vozes. Imaginou que a família estaria toda ali, reunida, conversando sobre algo muito divertido, porque riam.

Desejou ser invisível para poder olhá-lo sem ser vista e quando já ia voltando para a sua sala, ouviu a porta abrir e a garota ruiva, que se apresentou para ela como Gina dias atrás, sair do quarto a encarando assim que seus olhares se cruzaram.

– Olá dra. Granger.

– Olá Gina - ela respondeu um pouco sem graça, mesmo que a outra nem imaginasse o porquê deste sentimento.

– Pensávamos que a senhora não viria hoje - ela comentou tranquila.

– Ah… Estava acompanhando uma senhora, mas claro que viria. Está tudo bem com o Ronald? - Hermione falou se preocupando um pouco, percebendo a falta que havia cometido não tendo ido vê-lo a manhã inteira.

– Ah, são. - Gina sorriu - Ele está ótimo. Está abatido, mas bem.

– Abatido? - Hermione interessou-se no quadro.

– Sim. Nada preocupante - a ruiva sorriu encantadora como o irmão - Sabe… - ela falou mais baixo - Ele reclamou que fazia mais de vinte e quatro horas que a dra. Granger não aparecia. Que estava ficando nervoso por não ser tratado como merece.

Hermione não conseguiu esconder o sorriso enquanto observava a moça continuar.

– Seu irmão é uma graça - ela respondeu à confissão.

– Faz tempo que não vejo o Roniquinho tão animado - Hermione registrou o apelido - Ele nunca esmoreceu, é verdade, mas nunca o vi tão cheio de vida como ele está desde que veio para este hospital…

– Talvez seja o clima, o ambiente. - Hermione observou - Todas essas coisas podem afetar positiva ou negativamente a recuperação do paciente. - Gina acenou com a cabeça, mas sorria.

– Eu sou um pouco mais jovem que a senhora, dra., mas se há uma coisa da qual eu entendo, é de sentimento, e o que o meu irmão tem sentido não tem nada a ver com o ambiente, e sim, com a nova médica que tem tratado dele.

Hermione se repreendeu internamente no mesmo instante e sentiu a face queimar. Não pôde deixar de sentir uma pontinha de felicidade ao ouvir o que a garota disse a seu respeito. Se alegrou, mesmo que por uma fração de segundo, pela ideia de que o ruivo de olhos azuis pudesse compartilhar os sentimentos estranhos que ela tinha.

Ela não era uma garota experiente. Em sua vida havia tido dois namorados sérios, uns três ou quatro ficas e dois caras com os quais transou. Realmente, não era a mulher mais experiente do planeta, mas era esperta o suficiente para saber que o coração bater mais forte com a simples ideia de que o outro possa sentir o mesmo por ela é um sinal claro de paixão.

"Se você acha que está, meu amor, não precisa da minha resposta."

Lembrou das palavras da mãe e sentiu aquele soco forte no estômago. Não deveria se sentir assim, e mesmo que negasse aos outros, era algo inevitável a si mesma. Os plantões vividos durante a semana ao lado do garoto de charme ruivesco natural tinham mexido com seu coração.

Fez um baita esforço pra se concentrar no que a garota a sua frente falava e se mal disse por não estar focada no que deveria. Sorriu tentando manter a mentira de estar prestando atenção e ainda conseguiu compreender a última frase dela.

– ...e eu acho que vai ser muito bom pra ele.

A ruiva sorria, e o sorriso lembrava o sorriso dele. O peito de Hermione doeu. Não poderia, enfim, estar tão apaixonada por alguém que ela mal conhecia. Formou uma resposta mesmo assim.

– Também acho que sim - sorriu falsamente, concordando, e não entendeu o brilho no olhar de Gina.

– Eu sabia que a senhora iria concordar. - a ruiva sorriu ainda mais - O Gui não acreditou, mas eu sabia que daria certo.

Hermione queria perguntar o que ela havia falado ou o que daria certo, mas ficou com vergonha em admitir que não havia ouvido e viu no próximo comentário a sua possibilidade de entender.

– Como podemos fazer, dra? - Gina perguntou animada.

– Como acha melhor? - Hermione jogou.

– Poderia ser amanhã a tarde. O Gui e eu damos um jeito da mamãe não vir porque ela nunca concordaria, mas vai ser maravilhoso. O Rony vai ficar tão feliz...

– Vai sim - ela agora sabia que era algo relacionado ao paciente e ela teria de ajudar em algo que, provavelmente, iria lhe expulsar do estágio. Hermione temeu.

– E então a senhora volta antes da mamãe chegar e estará tudo perfeito.

– Você acha? - Hermione estava quase entendendo o que estava acontecendo.

– Faz anos que o Rony não sabe o que é se divertir, dra., e eu nunca o tinha visto tão feliz. A senhora faz bem pra ele e, eu tenho certeza, passar a tarde de amanhã com a senhora no lago vai fazer com que ele fique muito feliz, mas por favor, não diga pra ele que combinamos e vamos ver como fazemos tudo para que seja o mais casualmente possível.

– Claro - Hermione sorriu.

"Vou ser demitida"– ela pensou. "Levar um paciente sem autorização para passear no lago. O que eu vou fazer?"


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