Não sei dizer quando acabei aqui.
Se escorreguei, fui jogada ou simplesmente pulei
Mas sinto-me cair...
Em um buraco de coelho me enfiei

Despenquei como uma folha no outono
Indefinidamente, parecia que nunca encontraria o fim
Mas, quando cheguei a ele
Algo pareceu muito estranho para mim.

Me encontrava em um mundo estranho.
Onde bebidas faziam diminuir, onde bolinhos faziam crescer
Um coelho sempre atrasado fiquei tentada a seguir
Num mar de minhas próprias lágrimas, quase me afoguei.

Quando dei por mim já participava de uma corrida.
Uma corrida onde não havia vencedores.
De repente me vi em uma floresta
Um gato risonho me guiou através dos temores

Encontrei uma agitada mesa de chá da tarde
Uma comemoração de desaniversário (o que seria isso, afinal?)
Uma lebre, um rato e um chapeleiro me esperavam
Todos completamente loucos, mas se tratando desse mundo, isso parece normal.

O tempo parecia ter sido roubado, ou simplesmente ter parado.
Segui adiante, enquanto tentavam concertar o relógio.
Dessa vez, encontrei uma lagarta
Uma lagarta fumante, achando que tudo era óbvio.

Não era muito simpática, essa lagarta.
Me insultava com maestria
"Vou-me embora, isso não faz mais sentido"
Antes de sair, ela ainda me deu uma dica.

Com dois pedaços do cogumelo em que ela estava em cima nas mãos,
Segui adiante em meu caminho.
Cheguei ao Castelo da Rainha de Copas
Onde cartas de baralho pintavam as rosas brancas de vermelho.

É claro, eu tentei ajudá-los
No fim, ela acabou descobrindo.
A tirana, com sua mente louca - tão louca como a de todos os outros!
Acabou mandando que cortassem suas cabeças.

A rainha me convidou para um jogo
Onde animais eram usados como bolas e tacos.
Enfim, ela irritou-se comigo
E fui convocada a um julgamento pelos meus atos.

Todos os habitantes de wonderland ficaram contra mim.
Eu já havia me cansado daquela situação
Insultei todos da assembléia
E comi o pedaço do cogumelo que me faria crescer novamente

Eu corri, e corri.
Cartas, animais falantes e outras coisas bizarras correndo atrás de mim.
E com desespero eu reparei
Que voltava a ser pequena, ai de mim!

E quando cercada fui...
Quando a lâmina para separar minha cabeça se ergueu
Algo dentro de mim se lembrou...
Sobressaltada, sobre a grama verde do jardim, eu despertei.