2. O Clube de fanfiction Iaden

– Lucas–

Eu estava na detenção.

É, quando você está atrasado e sua aula de história é com um professor do sexo masculino você não tem muitas escolhas. A não ser pegar a detenção.
Eu apostaria meu valioso rim que Liam estava puto comigo por eu me atrasar para a reunião hoje. Pensando bem, não. Ele não ficaria puto comigo. Afinal, ele teria mais um motivo para me tirar da presidência do clube.

– Dispensados. - A inspetora finalmente abriu a sala onde eu tinha passado uma hora olhando para o teto.

Estava feliz. Não só porque tinha acabado de sair da detenção, mas hoje era dia de reunião do clube. E eu adorava fazer as reuniões do clube. Então sai o mais rápido possível da sala, mas droga, sempre tinha alguém que estragava minha felicidade.

– Sr. Sheller? - Gelei quando ouvi meu nome.

– Sim? - Me virei lentamente. - O que é que eu fiz dessa vez?

A inspetora (na qual eu não me lembro o nome) levantou uma sobrancelha, quase debochando da minha cara.

– Tirando o fato de que você chegou atrasado e ainda tentou subordinar seu professor lhe dando uma bala e fazendo uma poesia? Ah, não. Você não fez nada de mais, Sheller.

– Nossa, precisava jogar isso assim na minha cara? - Perguntei envergonhado.

Ninguém precisava saber que tinha oferecido uma bala e uma poesia para o professor Wiston.

– Não estou jogando nada na sua cara, Sr. Sheller. Só preciso saber se devo colocar seu nome na lista de... uh... GPPS.

Franzi a testa pensando na sigla. GPPS... GPPS... Já tinha ouvido essa sigla antes...

– GPPS...?

– Grupo de Pessoas com Problemas com o Sexo.

– Ai meu Deus. A senhora pensa que eu sou gay?! - Entrei em panico.

– Eu não quis dizer isso.

– Isso é insolente! - Gritei e sai da sala antes que minha situação complicasse.

Era só o que me faltava, Jesus! Nada contra os gays, mas cara, iria ser um baita de um desperdiçio eu ser um. Minha beleza e charme não iriam servir para nada!

Fui tirado de meus pensamentos quando meu telefone tocou o alerta de mensagem. Não precisava nem olhar para saber que era Liam.

Liam: Cara, a detenção ainda ñ acabou? Vc tá atrasado!
Esteja aqui em 20 min ou eu lidero hoje! `-´

E ele ainda teve a cara-de-pau de colocar uma carinha na mensagem. Filho da Puta.

Eu: Relaxe! Estou ai em 5 minutos. ;)

Liam: Acho bom.

***

– Cheguei! - Gritei para ninguém em particular quando entrei em casa. Tinha corrido na velocidade da luz para chegar a tempo de tomar pelo menos um banho.

– Lucas é você, filho? - Mamãe surgiu no corredor, com um vestido florido longo, seus cabelos loiros - que um dia já fora preto - soltos e batendo seus saltos.

– Não mãe, é o Mickey Mouse. - Parei para sentar no sofá. Bem, ninguém tinha chegado ainda...

Mamãe me deu um olhar austero.

– Você e sua ignorância. Eu pensei que era Liam. - Ela explicou. - Vocês não tem reunião hoje?

Assenti e me lembrei que tinha que arrumar comida para o pessoal.

– Mãe, preciso de comida!

Ela arqueou suas sobrancelhas, as quais eu tinha certeza que ela acabara de fazer.

– Vá pegar, preguiçoso. Eu já estou atrasada.

Me lembrei que mamãe iria ter um encontro hoje com o Sr. Marlon - que por acaso também era o meu dentista -. Ela só saia com ele quando eu a avisava que iria ter reuniões do clube e ela sempre dizia que era porque eu precisava de um pouco de privacidade. Mas eu sabia que era só um pretexto. Bem, eu não me preocupava com isso, afinal de contas o Sr. Marlon era um cara legal.

– Tem alguma coisa no armário para eu poder dar para o povo? - Perguntei.

– Deve ter alguns sacos de sucrilhos ou cheetos no armário e tem coca na geladeira. - Ela me deu um beijo na cabeça. - Por favor Lucas, não apronte nada.

– Eu prometo. E diga para o Sr. Marlon que comprei uma escova de dentes nova.

Ela revirou os olhos e pegou sua bolsa.

– Juizo filho. Te amo!

– Eu também.

– Ayla–

Era hoje. Eu iria ir em um clube de fanfic fora da escola! Eu estava tão feliz! Eu sabia que estava agindo como uma idiota, mas eu me importava? É claro que não.

– Ayla, é só um clube. - Max me avisou pela... quinta vez.

– Ok, estou legal. - Também respondi pela quinta vez.

Porém, atrás daquela ansiedade estava o nervosismo, vergonha e medo. Droga, eu iria cantar. Cantar na frente de pessoas. Cantar na frente de pessoas que eu não conhecia! Por que, em nome de Deus, eu aceitei fazer isso? Ah, claro. Max e Susie iriam se bater se eu não falasse alguma coisa. E se matarem se eu dissesse não.

Estava com Max na casa de Susie, enquanto ela - há uma hora - escolhia alguma coisa para vestir. E eu e Max ensaiávamos minha canção.

– Esse vestidinho está muito curto? - Susie surgiu do closet usando um vestido rosa - que parecia mais uma blusa - e meia-calças. Ela estaria fantástica se o vestido fosse um pouco maior.

Senti Max prender a respiração do meu lado.

– Sim, está curtíssimo. - Falei.

– Estou tiraandoo... - Ela deu meia volta e sumiu em seu closet.

Olhei para Max que ainda estava atordoado. Ual, o que um vestido - dentro de Susie, é claro - não fazia...

– Terra chamando Maxon. - Brinquei.

– Ahn... oi. - Ele tirou seus olhos do closet e se virou para mim. Ele estava um pouco corado e o seus olhos verdes estavam mais iluminados. Ele estava tão fofo que senti uma necessidade imensa de apertar suas bochechas.

– Ai! O que você está fazendo?! - Ele tocou em suas bochechas, agora muito mais vermelhas.

Me levantei para me trocar também. Se iria pagar mico cantado pelo menos teria que pagar bonita.

– Eu não faço ideia do que vestir. - Susie choramingou quando entrei em seu enorme closet.

– Hum... - Vasculhei as roupas de Susie e peguei um vestido amarelo - com um tamanho descente - e joguei em minha amiga. - Está calor, coloque o vestido, tire a meia e calce uma sandália gladiador. Max vai adorar.

Ela arqueou uma sobrancelha.

– O que te faz pensar que eu estou me vestindo para Max? - Ela sussurrou, claramente com medo de que Max ouvisse.

– Eu não sou idiota. E se não estiver você deveria.

– Maxon me odeia. - Sua expressão era de magoa.

– Ele não te odeia, Susie. Você o magoou. Muito.

Depois de uma longa pausa ela suspirou.

– Tudo bem, vou usar o vestido.

– É assim que se fala. - Sorri.

Acabei usando um vestido também. Ele era branco e florido. As alças eram finas, justo em cima e folgado na parte de baixo. Susie me emprestara também suas sapatilhas pretas e tinha feito uma trança embutida em meu cabelo.

Meu Deus, eu parecia uma menina fofa e delicada. Isso não era legal.

–Você está maravilhosa! - Susie disse.

– E você parece a Barbie! - Ela estava simples, mas linda. Droga, Susie ficava linda com qualquer coisa! Quem não conhecia Susie jamais diria que a garota praticava karatê. Ela estava tão delicada.

– Podemos ir agora? - Max gritou da cozinha, emburrado por ter sido expulso do quarto. Bem, enquanto os pais de Susie não estivessem em casa ele poderia gritar o quanto quiser.

Eu desci primeiro só para ver a reação de Max quando avistasse Susie.

– Relaxe, ela já está vindo. - Tranquilizei meu amigo.

– O que te faz pensar que eu estou esperando Susie? - Ele perguntou.

Eu revirei meus olhos, me lembrando que Susie tinha dito a mesma coisa.

– Eu não sou idiota. E se não estiver você deveria.

Escrevia fics de romances a três anos, então bancar o cupido era muito legal. Porém, seria mais legal ainda se Susie e Max não fossem tão cabeções.

Susie desceu reluzente. A garota brilhava de tanta beleza. Olhei de relance para Max e dessa vez ele nem se incomodou de fechar a boca ou secar a sua baba.

– Uh... vocês estão fantásticas.

– Sabemos. Vamos? - Susie respondeu indiferente.

– Hum... não está muito floral? - Eu apontei para meu vestido me sentindo insegura.

– Não. Vocês não estão usando nada demais, mas serão as garotas mais bonitas. Com certeza.

Ele disse no plural. Não se referindo só a mim, mas Susie também. Hmmm...

– Lucas–

– Trinta minutos para começar a reunião. - Liam avisou, andando de um lado para o outro com seus papeis.

A maioria de nossos amigos já tinham chegado e estavam sentados dando os últimos toques em suas fics.

– Quem é que falta para chegar?

– Hum... Melissa, Joseph, Douglas, Maxon e garota que vai vir com ele. Como é mesmo o nome dela?

– Como diabos eu vou saber? - Retruquei, já estressado com Liam.

– Como diabos você vai saber? Lucas, você é o presidente. Você deve saber.

Olhei para a ficha a procura do nome da garota para esfrega-lo na cara de Liam.

– É Ayla, caralho.

Liam me lançou um olhar furioso e saiu da sala.

De verdade? Se Liam não fosse tão bom com as histórias de terror eu já tinha desfeito nossa parceria. Eu já estava cansado de ouvir suas ordens e reclamações. Especialmente essa semana quando confirmei com Maxon sobre trazer a garota... Ayla.

E eu nem tinha contado para Liam que também viria outra garota amiga de Maxon...

Algum tempo depois a campainha tocou e Maxon entrou com duas garotas sem nem mesmo esperar para ser atendido.

– Chegou quem faltava! - Gritei para meu amigo.

Olhei para as garotas enquanto elas cumprimentavam o grupo. Em nenhum momento Maxon tinha me dito que elas eram lindas. Puta merda! Em instantes identifiquei Susana, a garota na qual Max estava gostando. Susana era esplendida! Era loira, gostosa e tinha um olhar desafiador. Se a garota já tinha tomado minha atenção, imagine a de Max.

Bom, Susana está fora de cogitação.

Já Ayla era morena, pálida e delicada. Os garotos já não respiravam mais (inclusive eu), eles estavam realmente a comendo com o olhar (inclusive eu). Ela carregava uma pasta cor-de-rosa na mão e olhava para todos os lugares. Ela era uma nerd muito sexy.

Parei de bancar o supervisionador e fui para o centro da sala.

– Podemos começar?

– Estão todos aqui!