Trouble. escrita por Caroles


Capítulo 25
Você?


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, boa leitura, espero vocês la embaixo... s2



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Lídia.

Já tem três dias desde que eu soube. Cinco contando com os outros dois dias em que eu esperei. Esperei. Ainda estou esperando, eu não deveria, mas ainda
assim estou.     
 - Lídia? - é a voz de meu irmão. Não respondo, ainda não quero falar com ninguém, não estou pronta para aceitar e lidar com esse problema que o furacão Dylan causou na minha vida. Engraçado eu não me arrepender de nada, eu bem que deveria, o que ele fez foi tão egoísta… Esse é mais um dos dias que eu não terei ele, e me pergunto se eu vou conseguir superar. Superar isso. A ausência dele.

— Líd? - dessa vez é a voz de Avallanah. Mais uma vez eu não respondo. Me encolho de baixo das cobertas quando um dos dois abre a porta. A cama afunda, sei que alguém sentou nela. Queria que fosse Dylan, que ele aparecesse agora mesmo e dissesse que tudo não passou de uma grande piada de mau gosto, e que ele só estava me testando para saber qual seria a minha reação.

Uma vida sem Dylan, eu poderia superar isso? Nem parece que foi tão intenso assim, até acontecer. Alguém puxa a coberta. Avallanah.

— Vai parar quando? - ela pergunta. Não respondo, viro para o outro lado, e encaro o armário, nele tem colada uma foto nossa, estávamos sorrindo e comendo sorvete com os rostos lambuzados de calda de chocolate, realmente parecíamos felizes.

Ela me puxa pelo ombro, fazendo com que fiquemos de frente uma para a outra. Jared está encostado no batente da porta, apenas olha. A pena transborda de seus olhos, sei o quanto ele está chateado com o amigo, e ainda mais triste por eu estar nessas condições, eu sei que não deveria, mas a tristeza, o desapontamento é tão grande, que não quero bater de frente com a realidade ainda.
— Eu falei com você, não me ignora - sua voz era firme, demonstrava o quão irritada ela estava, quem diria? Avallanah irritada comigo. Senti as lagrimas vindo e não pude controlá-las, deixei que elas escorressem livremente pelo o meu rosto, um dia a fonte ia secar.

— Lídia, você não pode ficar assim para sempre - disse Jared se aproximando. Ele se senta próximo a Ava, que lhe dá a mão, fazendo seus dedos se entrelaçarem. Olho para a cena, e me pego imaginando fazendo isso com Dylan, como fizemos tantas outras vezes. Mais lagrimas surgem. Os dois finalmente desistem e vão embora.

*

Já faz uma semana. Ele não mandou uma mensagem sequer, nem para dizer que está bem, tampouco eu mandei uma. Já faz uma semana que eu não abro a boca para falar. Tem três dias que eu não como nada, só tomo água. Meus pais estão começando a ficar realmente muito preocupados comigo, achando que devem me levar no psicólogo, como se ele fosse curar tamanha dor. Sinto muito, isso nunca vai passar.

*

Tem exatamente dezessete dias. Ele se foi, e eu não faço nada, apenas bebo água e obrigo a minha boca se abrir para comer alguma coisa de vez em quando. Meus pais estão ficando malucos, querem me levar no psiquiatra. Espero que me deem um remédio tarja preta muito forte, para eu dormir e acordar desse maldito pesadelo. Eu só quero acordar e esquecer tudo, esquecer da existência dele, esquecer o quanto eu o amo. Por mais que ele tivesse ido embora, que tivesse mandado Todd me contar tudo, ao invés de ele ter dito. Droga, mil vezes droga. Eu tinha me entregado a ele, passamos a noite juntos, eu disse que o amava mais que tudo, para no dia seguinte ele me abandonar como se eu não fosse nada. Sei que ele tem seus traumas e pesadelos, que precisava de um tempo, mas o que ele fez foi egoísta demais, não só comigo, mas com todos.

— Lídia - minha mãe está no quarto, logo aparece meu pai. Depois Jared, Ava, Taylor e ninguém menos que Todd. Esse, não conseguia olhar para mim, e foi o único que não tinha vindo me visitar, devia estar na fossa que nem eu, seus olhos inchados e nariz vermelho, estavam denunciando.

— O papai e a mamãe querem conversar com você - meu pai tinha olheiras, e isso também o denunciava - Foi por isso que a gente chamou os seus amigos.

Olhei para todos que estavam ali no quarto, ninguém me olhava diretamente, e se olhava, não durava nem dois segundos. Também pudera quem iria querer olhar para o protótipo de monstro que eu tinha me tornado?

Eu devia estar acabada, eu não sei o que é banho já tem dias, meu estomago não sente nada decente já tem um tempo, e o pijama já tem um bom tempo também. Feia, fedida e depressiva. Imaginem a cena.

— Você tem que reagir amiga - diz Taylor, que visivelmente segurava lágrimas. Coitadinha, devia estar mal também… Será que ela tinha desabafado com Ava? Essa era a única que não me olhava com pena, parecia estar com raiva de mim.

— Reagir? Ela nem sabe o que é isso! - esbravejou Avallanah. Eu
sabia, ela está muito puta comigo. - Vocês não falam, mas eu falo! Lídia, você
nunca foi a rainha do drama, então quando eu digo que isso já ultrapassou os
limites, é a mais pura verdade, você tem que parar com esse luto de não-morte agora. O DYLAN NÃO VAI VOLTAR! E você ficar assim, só deixa todo mundo preocupado. - ela pausa para recuperar o fôlego. Seu rosto está vermelho e sua expressão é das piores possíveis. - Você acha que a gente ta como? Essa história abalou a todo mundo, mas você não é a única que está sofrendo, pelo contrario, você tá fazendo a gente sofrer em dobro. ACORDAR PARA A VIDA LÍDIA!

— Chega amor, ela não tá bem - diz Jared. Ele a puxa pelo braço, mas ela se solta. Vai em direção à penteadeira e pega um espelho. Vem até mim e aponta o espelho. Dou um gritinho de exclamação ao ver meu reflexo. O QUE É ESSA COISA? O QUE ACONTECEU COMIGO? Tudo isso por causa de Dylan? Não é possível!

— Todd, mostra para ela - diz ela num sussurro. O garoto se aproxima e estende o celular em minha direção. Pego o aparelho de suas mãos, mas não tenho firmeza e o deixo cair. Quero chorar. Ele pega, me lança um sorriso tímido e senta do meu lado na cama.

— Lê - diz baixinho, enquanto mantém o celular em pé, firme em seus dedos para que eu possa ler. Olho para a tela do celular e vejo que é uma conversa de sms. Dylan e Todd. Mais de Todd do que de Dylan.

Ela sabe de tudo.

Essa é a primeira mensagem, enviada por Todd. Não houve resposta.

Você está bem?

Todd enviou dois dias depois da primeira mensagem. Dylan respondeu três dias depois.

Como ela está?

Péssima, e vc?

Mais uma vez não houve resposta. Todd deve ter se cansado de ser ignorado, por isso não mandou mais nada. Mas ele mandou.

Ela chorou?

Todd foi curto e grosso, apenas respondeu que sim. Depois mandou um áudio bem grosseiro, onde contava as minhas condições e o xingava por nunca dar notícias, e deixar todos preocupados. Dylan respondeu através de um áudio, pouca coisa. Todd colocou para que eu escutasse. Escutar sua voz foi um baque, era tão nítida, como se ele estivesse falando em meu ouvido.

‘’ Manda ela escutar isso Toddy. Lídia, você tem que parar com isso, não tá te fazendo bem, não que eu me importe, tanto faz, eu to do outro lado do mundo, o que vocês fazem ai não me interessa, mas me sinto responsável por te causar tamanha dor de cabeça, peça desculpas aos seus pais, não foi minha intenção… Você tem que seguir em frente, assim como eu fiz, e faço todos os dias. Tem que me esquecer, porque eu já te esqueci.”

*

Já faz um mês. Ele se foi e não vai voltar, tenho certeza disso. Depois de escutar suas palavras tão duras, decidi que estava na hora de voltar a ser A LIDIA. Sim, ainda dói, não vou esquecer, mas não irei ficar lembrando a todo o momento, por mais que eu não consiga esquecer a nossa noite. Não ficarei pensando nele, não terei arrependimentos, apenas seguirei em frente, como tem que ser. Dylan fez um grande milagre com aquele áudio, me fez levantar e tomar um banho depois de dias, fez com que eu comesse e voltasse com a rotina. Hoje mesmo estou indo ao clube em busca de um emprego para ocupar minha cabeça durante as férias de verão, isso vai ser ótimo, me verei livre do rosto dele e ainda ganharei um dinheiro. Iria fazer de tudo para esquecê-lo.

*

Hoje tem exatamente dois meses e cinco dias desde que ele se foi, mas, ao contrário de como eu estava a um mês atrás, me sinto diferente. Triste, porém feliz de ter saído do luto de não-morte, como Avallanah tinha apelidado meus dias negros. Fico imaginando que tudo isso serviu de lição para mim, um grande aprendizado, e que eu irei levar para o resto da vida. Nunca ajude um babaca que está prestes a repetir o ano a estudar. Tudo tinha começado assim, o que era engraçado, e bem clichê.

Estava feliz também com o meu trabalho de meio período no clube, eu ficava sozinha quase o dia todo, e era bem divertido ver o pessoal indo e vindo de um lado para o outro, e confesso que sempre ria quando alguém escorregava na beirada da piscina, ou trombava em outra pessoa por estar distraído. Era um emprego bem leve, eu tinha apenas que fazer sucos e sanduíches, nada demais. Quando a loja estava fraca de movimento, eu ficava lendo algum livro, até algum cliente aparecer. Era bom demais ocupar a mente e não ficar pensando deixava a cabeça mais leve, admito que eu estava fazendo um bom trabalho tentando esquecer de Dylan.

— Ei, vai me atender ou não? – alguém diz me tirando dos meus devaneios. Olho para o rapaz na minha frente. Cabelos castanhos claros, olhos cor de mel, quase dourados, e uma boca, ah que boca, meu Deus do céu, o que é esse cara? Parecia um modelo digno de uma capa de revista. Ele tem um sorriso zombeteiro nos lábios.

— Ah, desculpe – peguei o cardápio e estendi para ele, o mesmo nem abriu e me deu de volta. Ainda tinha o sorriso zombeteiro no rosto.

— Eu venho aqui todos os dias. – diz ele, apoiando os braços na bancada que nos rodeava – Você sempre me atende, e não sabe o que eu quero? – seu tom de voz demonstrava irritação. Eu estava irritada comigo mesma, como um gato desses vem aqui todos os dias, eu sempre atendo ele, mas não percebi? O efeito Dylan era pior do que eu pensava.

— Hm, me deculp...

— Para de pedir desculpas, você não demonstra estar arrependida – ele cruzou os braços, e de repente seu sorriso havia desaparecido. – Traga o suco de abacaxi com hortelã, amanhã quando você me ver, espero que não esqueça do meu pedido.

Em segundos, o encanto havia ido embora. Quem esse cara pensa que é? O que tem de lindo, tem de babaca. Virei-me irritada e fui fazer o suco, quando estava pronto, pensei seriamente em cuspir dentro, mas ali continha câmeras, e isso seria o meu fim de pessoa empregada.

Entreguei o suco para o gostoso, porém idiota, que pegou o copo e o olhou desconfiado.

— Por acaso você cuspiu dentro do suco? – perguntou ele. Que droga, será que ele consegue ler mentes?

— Não – respondi rapidamente.

— Respondeu muito rápido ruivinha – disse enquanto analisava o copo em busca de vestígios. – Bebe você! – ele estendeu o copo na minha direção – Pensando bem... – ele deu um longo gole no suco, deixando-o quase na metade – Será como beijar você.

— Eu não cuspi ai dentro seu idiota – respondi ofendida. Resolvi que iria ignorar o ultimo comentário dele também.

— Que pena, adoraria conhecer o gosto da sua saliva – disse rindo.

— Eu adoraria que você bebesse, pagasse e fosse embora logo – rebati. E quase me arrependo. Meu chefe se aproximava naquele exato momento.

— Nossa, vou contar para o seu chefe que você não sabe atender bem os clientes. – ele riu ao ver minha expressão assustada. – Além disso, você baba Guinevere, não me esqueci disso.

OH JESUS DO CÉU! QUE PORRA É ESSA? É O REI ARTHUR? O TAL DO ADAMS DA FESTA DO TODD! VOU MORRER! Esse cara me chamou para transar, eu me lembro! Mas com é que eu não pude reconhecer ele? Eu não sei aonde enfiar a cara. Adams percebeu que eu finalmente tinha me tocado de quem ele era, e estava morrendo de rir.

— Pelo visto você sabe entreter os clientes – disse meu chefe contente. Olhei chocada para ela, sem conseguir dizer nada.

— Ela é uma ótima funcionária – disse ele com lagrimas nos olhos de tanto rir. – Nem pense em esquecer meu pedido Guinevere – ele se levantou, jogou umas notas de dinheiro em cima do balcão e foi em direção à saída.

C A R A L H O! Estou morta.


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Notas finais do capítulo

Mas que menina sacana essa dona Caroles, não é mesmo? Olha só quem voltou HAHAHAHAHA, maldosa mesmo u-u
Ai gente, e a Líd? Tadinha... Será que ela vai superar? Será que o Adams vai ajudar ela? Tcharammmm, será???? E o Dylan? Estão sentindo falta do nosso bofe? Quem sabe ele não volta logo? Ou não! HAHAHA
Enfim, vou esperar pelos comentários de vocês, adoro lê-los.
Obrigada por todos vocês que comentam, acompanham e favoritam a fic, isso só me anima! ~EEEEEEE~

p.s: Postei uma nova fic, se quiserem, passem lá.
https://fanfiction.com.br/historia/677778/O_Herdeiro/

Beijos, amo vocês



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