Troublemaker escrita por Charlotte Keller


Capítulo 2
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/493367/chapter/2

Haviam passado alguns dias desde o incidente do corredor. Minha vida continuava a mesma, e quando eu via algum dos “veteranos” vindo em minha direção, fazia questão de dar meia-volta, mesmo que isso quase fizesse com que eu me atrasasse para a próxima aula.

Descobri que as garotas desse colégio eram fúteis ao extremo, e que não valia nem um pouco a pena perder meu tempo com elas. Acabou que a pessoa com quem eu mais interagia, era o meu professor de história. Ele me recomendava vários livros e discutíamos sobre assuntos diversos quando tínhamos tempo.

Em algumas matérias, como História e Filosofia, minhas notas eram as melhores dentre as turmas do segundo ano, e todos os professores pareciam gostar de mim, menos o professor de Educação Física. E é aqui que os meus problemas começam.

– Turma! – O professor berrou mais alto que as conversas. – Hoje teremos uma pequena mudança! O professor Azzi faltou hoje devido a problemas familiares. E como acho que a maioria de vocês não sabe, ele é professor dos terceiros anos. Coincidentemente, umas das turmas dele, têm um horário que bate com o nosso então fiz a boa ação de unir as duas turmas e dar aulas para ambas.

Ouvimos murmúrios de aprovação vindo de quase todas as garotas e resmungos dos garotos. Eu continuei da mesma forma que estava: braços cruzados sob a carteira e cabeça deitada.

– E Srta. Keller, - Levantei a cabeça rapidamente. – Espero que pelo menos dessa aula você participe.

Bufei e levantei da carteira junto do resto da turma, e fui até o vestiário. Coloquei uma legging preta que ia até metade da panturrilha, uma regata branca e tênis de corrida. Fiz um rabo de cavalo, quando notei boa parte das garotas estavam mais arrumadas que o comum.

– Caramba! Já viu que lindo está o Bryan depois que cortou o cabelo? – Escutei uma garota da minha turma.

– Gente! Dá vontade de pular em cima dele e tascar um beijo!

Revirei os olhos e saí do vestiário antes das demais garotas. Meu humor estava ruim demais para aguentar conversas como essas.

A aula hoje seria no campo de futebol americano. Sério, aquilo é simplesmente enorme. Não conseguia imaginar o que o treinador iria mandar para fazermos hoje.

O dia estava nublado, o que era realmente agradável para mim.

Alguns garotos já haviam chegado, e os da outra turma também. Nem prestei muita atenção, porque logo o professor chegou perto de mim para dar uma bronca adiantada.

– Pelo menos hoje, Keller, colabore na aula e não me envergonhe.

Cruzei os braços sobre o peito e fechei a cara.

– Me recuso. Isso não vai ajudar em nada. Fazer essas coisas é um saco. Ainda mais se for forçada a isso.

– Essa disciplina é obrigatória! – Ele começou a se exaltar.

– Então me dê provas teóricas! – Retruquei.

– Já chega Keller! Ou você participa da aula ou te reprovo agora mesmo! É isso que você quer!?

– Não senhor. – Revirei os olhos discretamente pela ameaça idiota

– Então pode começar a correr em volta do campo. – Ele tocou o apito praticamente no meu ouvido. – Todas as garotas correndo em volta do campo e os garotos, preparem-se para jogar futebol. – Ele voltou-se para mim e abaixou o tom de voz. - Keller, se você não der pelo menos sete voltas, já sabe o que acontece.

– Isso é injusto! – Reclamei.

– Vai receber a punição por não ter participado de todas as aulas, e é melhor correr, porque o tempo está passando. - Ele apontou para um relógio imaginário no pulso, com um sorriso perverso no rosto.

Fiz uma última cara irritada pra ele e comecei a correr. As garotas resmungavam e iam andando. Eu ia correndo num ritmo constante, para completar a droga das sete voltas o mais rápido possível.

Quando já estavam na metade da primeira, passei perto dos alunos da outra turma. Soltei um palavrão ao perceber que era a turma do garoto loiro que eu ainda não havia descoberto o nome. E o pior de tudo, ele me viu.

Ele abriu um sorriso presunçoso e começou a correr para me alcançar. Em menos de dois minutos, estávamos lado a lado.

– Olá aluna do segundo ano! – Ele falou em um tom de deboche. - Bela bronca a que você tomou do treinador! Porque você se recusa a participar da aula?

– Não é da sua conta. – Dei um sorrisinho.

– Miguel! Agora você virou uma garota para estar correndo? – Ouvi o professor gritar e contive o riso.

– Não senhor! – O loiro ao meu lado estacou e respondeu.

– Ele sempre foi uma garota, professor! – Um garoto berrou. – Perdeu de vê-lo de calça Skinny ontem!

Imaginei a cena e não me aguentei. Soltei um risinho discreto e não parei. Fiquei contente por ter descoberto o seu nome, também.

Por mais que ele se impusesse como superior, claro que sempre teria alguém tirando sarro.

A aula ia seguindo tranquila, com os garotos jogando futebol e eu ainda correndo. Eu devia estar um pimentão e já sentia minha regata colando nas costas. Ok, a sensação era horrível, mas eu teria que aguentar mais um pouco.

As demais garotas mal haviam completado duas voltas e eu já estava indo para a sexta. Parei por um momento, respirando sofregamente. Passei o braço no rosto, e senti pingos de suor por tudo.

– Quem diria que teria tanta energia, hein Keller!? – O professor berrou.

“Vá se ferrar”, pensei comigo mesma. Forcei-me a correr por mais um trecho, mantendo meu ritmo da melhor forma possível, mas estava se tornando cada vez mais complicado.

Parei para descansar por um momento, ao lado do campo de futebol improvisado. Respirava pesadamente enquanto observava os garotos chutando a bola de um lado pro outro. Sério, qual que era a graça daquilo?

Fiquei olhando por mais algum tempo, até que a bola começou a vir ameaçadoramente em minha direção. Havia um garoto à minha frente parecia que ia receber um passe. Miguel estava com a bola e chutou em muito forte. Ela vinha muito rápida e alta. O garoto na minha frente deu um sorrisinho para mim, e então, deu dois passos para o lado.

A bola vinha na altura da minha cabeça.

Iria me acertar em cheio. Por que minhas pernas não se mexiam?

Eu iria levar uma bolada que quebraria minha cabeça, se duvidar. Que droga. E sequer consigo me mover. A sensação era horrível, mas meu corpo era lerdo demais para obedecer o que a minha mente gritava.

A bola estava a menos de um metro de mim quando uma sombra me encobriu. Um corpo esguio se colocou na minha frente e socou a bola. Ela rodopiou várias vezes e caiu no chão com um baque.

– Aqui não é o melhor lugar para se descansar. – O garoto à minha frente falou com certa aspereza e virou-se para mim.

Olhos azuis.

Foi à primeira coisa que eu vi.

Seu olhar passou de cima a baixo por mim rapidamente – e confesso -, fiz o mesmo.

O cabelo era preto e curto, mas estava arrepiado devido ao suor. Suas feições eram bonitas, com um queixo quadrado, o nariz um pouco fino e as sobrancelhas estavam levemente arqueados. Sua pele era um pouco morena (que contrastava com minha pele clara). Os olhos eram de um azul-escuro invejável por qualquer um.

Seu corpo era levemente musculoso e seus bíceps saltaram quando ele cruzou os braços. O peito subia e descia rapidamente quando ele respirava. Eu não via, mas podia imaginar que a barriga dele deveria ser estupidamente sexy, como o resto do corpo.

– Vai continuar aqui pra tomar outra bolada? – Ele levantou uma das sobrancelhas.

Só então notei que estava parada no mesmo lugar e meu coração estava descompassado.

– O quê? N-não. Desculpe. – Me virei e saí andando apressada.

Escutei o garoto bufar e gritar algo como “não faz falta”. Suspirei, irritada e voltei a correr.

– Quem ele pensa que é pra fazer aquela cara convencida pra mim!? – Resmunguei.

Escutei o treinador apitando, indicando o término da aula.

– Se salvou dessa vez, Keller. – Ele disse quando passei perto dele.

Senti um esbarrão no ombro. Quando virei pra ver quem fora, dois olhos azuis me observavam discretamente. Meu coração pulou no peito. De novo. Droga, o que está acontecendo comigo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Phew!
A história ainda está um pouquinho chata, eu sei, mas prometo que ela fica cada vez melhor!
Se curtiram, comentem, favoritem, se manifestem! Haha!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Troublemaker" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.