Once Upon a Time - Lua de Sangue escrita por log dot com


Capítulo 15
Toda Magia Vem com um Preço: O Sacrifício é um Belo Fim - Parte III


Notas iniciais do capítulo

Essa é a última vez que posto na fic. Foi um prazer ter passado esse tempo com vocês - com todos vocês. De novo, agradeço aos que comentaram, favoritaram e visualizaram. À Emilly Célia Landwoight, que comentou todos os capítulos.
Espero que gostem.



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FLASH - Agrabah, anos atrás...

O ar estava diferente naquela manhã. O garoto podia sentir. Tinha encontrado a garrafa com o gênio preso fazia alguns dias; estava realmente incerto do que deveria fazer.

O gênio dizia chamar-se Jafar. Tentava parecer bondoso, mas não era muito bom nisso. Alladin podia perceber quando os olhos do gênio brilhavam com certa maldade; quando ele se pronunciava com cobiça e ganância; quando tentava sorrir, quando queria grunhir e admitir o ódio que sentia pelo garoto.

Mas mesmo assim, Alladin duvidava se devia ignorar o conselho de Jafar: segundo ele, havia um poço que daria a ele todo o poder do mundo. Ficava em algum lugar com “Maravilhas” no nome… Segundo Jafar, alguns goles da água desse poço, e Alladin teria o maior poder existente.

Alladin não queria poder. Nunca quis. Quando achou a lâmpada de Jafar, quase jogou-a fora. Mas Jafar sabia como incitar seus desejos. Desde muito criança, o menino detia uma certa admiração pela Princesa do reino, Jasmine. E aos poucos, ele começou a desejá-la com intensidade.

“Mas nunca poderá tê-la, Mestre”, sussurrou Jafar com os olhos brilhantes. “Você é pobre; ela é rica. Você não tem moradia; ela mora num castelo. Você só tem uma lâmpada; ela tem como herança um reino”. E Alladin sabia que aquelas palavras eram verdadeiras. Nunca poderia ter Jasmine. A não ser que…

—Se eu me tornar poderoso… Eu finalmente poderia tê-la? - Perguntou Alladin para o vazio. Sabia que usar apenas os três desejos do Gênio não fariam ela se apaixonar por ele. Não, ele precisava de algo mais.

Ele precisaria de muito mais.

ANOS MAIS TARDE - ATUALIDADE

—Me conte, rapaz… Como você virou um servo da Escuridão? - Perguntou Cruella, olhando para o garoto. Ele carregava consigo o corpo da Fada Azul… Arrastava-o pelo chão, mais especificamente.

—Eu fui enganado por um Gênio, uma vez. - Disse ele, dando de ombros.

—Tem um nome?

—Quem? O Gênio?

—Não, babaca. Você.

Ele deu de ombro novamente.

—Me chamavam de Alladin, no lugar onde eu morava. Mas eu prefiro nunca mais ouvir esse nome.

—Que seja… Alladin.

***

—Você sente também, Regina? - Perguntou Gancho. Estavam na Prefeitura da cidade, o pirata olhando para a cidade como um todo. O buraco negro que antes tinha sido o Granny’s fazia falta na cidade.

—O quê?

—Qualquer coisa de diferente no ar. É quase como se ele estivesse mais frio - eu sinto o cheiro da Morte chegando.

—Uau… Não sabia que era um cão farejador.

Gancho virou-se para ela.

—Isso é sério. Eu sei como é esse cheiro. Sempre que meu navio estava perto de uma batalha, eu o sentia. Pessoas vão morrer hoje, Regina.

—Pessoas morrem todo o dia, Gancho. E acho que você deveria parar de se preocupar com o desodorante que a Morte usa, e vir me ajudar.

Gancho ergueu as sobrancelhas quando viu o que Regina fazia.

Ela estava debruçada sobre o mapa da cidade, de olhos fechados, as palavras que saíam de sua boca formando uma espécie de mantra.

—Você está rezando, é isso?

—Não, mas deveríamos começar a pensar seriamente nessa possibilidade. Estou tentando localizar Malévola.

—E como eu posso te ajudar nisso, ó Vossa Alteza Real?

—Primeiramente, Gancho, é Vossa Majestade. E você pode me ajudar bastante calando sua boca e parando de falar sobre o cheiro da morte. Entendeu? Agradecida.

Gancho sorriu. Essa era a graça de conversar com a Prefeita de Storybrooke. Não era possível saber quando ela incorporava a Regina boazinha - ou quando ela incorporava a Rainha Má.

***

—Isso é sério? - Ashley levantou as sobrancelhas. Não conseguia acreditar que Tremaine estava pedindo desculpas a ela.

—Sim, isso é sério. Eu peço desculpas por ter levado Thomas de você. E sei de uma maneira que pode trazê-lo de volta - ou melhor, pode trazer a todos de volta.

Tremaine olhou de relance para Anastasia, que parecia estar incerta sobre fazer aquilo. Mesmo depois de Tremaine ter explicado mais de três vezes sobre o feitiço que havia feito, o que tinha “trocado as consciências”, nem Thomas nem Anastasia pareciam contentes com a idéia de se separarem.

—Eu a amo, Dona Tremaine. - Dissera-lhe Thomas.

—Não, eu a amo. - Rebateu Will. O Valete não tinha dito muito desde que Anastasia e Thomas chegaram, mas parecia estar ficando mais bravo a cada instante.

—Céus, não briguem, vocês dois. - Disse Anastasia. Ela parecia cada vez mais confusa, embora Ashley soubesse que aquilo não daria em nada: aquela Anastasia e aquele Thomas não eram os mesmos que Will e Ashley haviam conhecido. Aqueles tinham outras memórias, outras experiências, e se amavam.

“Eles vêm do Outro Mundo; um mundo onde eles se conheceram, se fortaleceram, e viveram felizes para sempre por causa do amor verdadeiro”, pensou Ashley, deprimida. Tinha colocado aquilo na cabeça já.

—Qual é seu plano, Tremaine? - Perguntou Ashley. Ela desconfiava daquela mulher; com certeza estaria tramando alguma por debaixo dos panos. Mas era melhor prevenir…

—Há pequenos diamantes com Malévola e Cruella. Esses pequenos diamantes, que detêm o nome de Tenebrae Mortis, podem fazer qualquer coisa; não importa se é contra ou a favor das Leis da Magia. Por isso, se colocarmos as mãos neles…

—Você tá brincando com a nossa cara, né? - Perguntou Will, de sobrancelhas arqueadas.

—Você parece estar temeroso demais para um ladrão, Will Scarlet. - Disse Tremaine, devolvendo o olhar para ele. Will deu de ombros.

—Eu já roubei uma vez de Malévola… Por você. - Ele olhou para Anastasia, que corou. Thomas envolveu a noiva em seus braços, irritado.

—Vamos sair daqui, Ana. Vamos voltar para a nossa casa. - Thomas guiou uma Anastasia indecisa pela rua, sem nem ao menos se despedir.

—É impressão minha ou seu namoradinho é mais idiota no Outro Mundo? - Vociferou Will, com raiva. Ashley deu de ombros.

—Você faria a mesma coisa se um estranho começasse a lançar olhares e cantadas para a pessoa que você ama verdadeiramente, creio eu.

Tremaine sacudiu a cabeça.

—Não precisa ser assim. Se formos rápidos…

—Vindo de Malévola e de Cruella, deve ser algo muito obscuro. Não, Tremaine, muito obrigado, mas eu não quero participar de seu plano. - Disse Will, saindo da casa, parecendo irritado. Ashley se virou para Tremaine.

—Desculpe, mas eu acho que é hora de você ir embora.

—Não precisa ser assim, Cindy.

—Para você, é Cinderella. E não, eu também não quero participar de seu plano, Tremaine. Se tem uma coisa que eu aprendi há muito tempo, é que toda magia tem seu preço. E eu estou cansada de ficar pagando coisas para pessoas que não merecem. Passar bem, milady, pois a porta é a serventia da casa pra você.

Tremaine bufou, estupefata.

—Quando foi que você tornou-se isso, Cinderella?

—Quando eu perdi quase tudo com que eu me importava… Milady.

***

Regina sabia mais do que ninguém que aquela guerra já estava ganha. E Malévola era a vencedora.

Ela, Rumple, Belle, a Fada Nova, e mais alguns poucos moradores (depois da última batalha, quase mais ninguém se voluntariou para deter Malévola. A maioria tinha morrido.) avançavam para a Mata, onde a Prefeita tinha sentido uma certa interferência mágica.

“Malévola irá praticar algum ritual… Ela irá libertar alguma força obscura que destruirá tudo e todos. Nós precisamos impedí-la.”, pensou Regina. Mas nem ela nem Rumplestilstskin podiam lidar com uma Primordial.

Segundo o Senhor das Trevas, com o ritual da Lua de Sangue, Malévola não tinha sido apenas libertada. A cada dia, um pouco do seu antigo poder Primordial retornava a ela. Logo, a transição estaria completa, e Malévola voltaria a ser uma Fada.

“E ninguém poderá com ela. A maior parte das Fadas Primordiais morreu, e a inútil da Fada Azul sumiu”, pensou Regina, estranhando o fato da Líder das Fadas estar desaparecida.

Nunca ela imaginaria que a Fada Azul… Estava morta.

***

Encantado estava preocupado com Branca, que tinha entrado em trabalho de parto há poucas horas.

Seu âmago era um misto de preocupações: lá estava ele, no hospital, com Branca, cuidando para que o amor da sua vida conseguisse trazer ao mundo um bebê forte e saudável.

“Mas não é aqui que eu deveria estar”, pensou ele. “Eu sou um líder. E um líder sempre acompanha seu povo em suas batalhas, não importa o quão difíceis elas sejam”.

—Arg… Ãããh… — Gemeu Branca. Encantado segurava sua mão com força; Branca estava visivelmente sem forças depois de ter passado o dia chorando, se remoendo por ter perdido a filha mais uma vez.

—Eu não consigo… - Disse ela, com a voz estridente.

—Não, meu amor… Você consegue. - Disse Encantado, olhando carinhosamente para ela.

Ela respirou fundo.

—Isso, respira fundo. - Encorajou o Dr. Whale. - Isso, vamos, novamente…

***

—ESTAMOS SENDO INVADIDOS! - Gritou Cruella, com raiva. Malévola levantou as sobrancelhas.

—E você não consegue cuidar disso com algumas Tenebrae, Cruella?

—Argh… - Bufou Cruella, raivosa. Malévola podia enxergar agora. Lá estava Regina, comandando junto com Rumplestilstskin um exército de quinze pessoas.

—Espere, Cruella. - Sussurrou Malévola, sorrindo. Tinha esperado por vinte e oito anos o momento que se vingaria de Regina; pelo visto, ele tinha chegado.

—Olá, Regininha. Vejo que você trouxe alguns amiguinhos para brincarmos, não? - Disse Malévola, entre várias risadas.

—Nós viemos aqui para impedí-la, Malévola. Vou e essa daí. - Disse Rumple, olhando para Cruella com desprezo. - Como vai a sua mãe, querida?

—Com certeza está junto de seu pai, sabe? O Pan? Os dois devem estar tricotando histórias sobre seus filhos… Lá no quinto dos infernos. — Respondeu Cruella, sorridente.

—Quer fazer uma visitinha para eles, não quer? - Disse Belle, sorrindo.

—Oh, a garota que decepou minha mão… Como vai a vida? Aproveitando bastante seu namorado?

—Vamos ficar mesmo aqui, debatendo sobre namorados e pais infernais? - Perguntou Regina, de sobrancelhas levantadas. Malévola sorriu.

—É claro que não. Eu tenho coisas mais importantes para fazer, evidentemente. Por isso, vamos ao que interessa…

Malévola ia dar ordem de ataque para Cruella, até perceber algo.

—Espere! Onde está o Encantado e aquela uma… A Das Neves?

Regina sorriu.

—É engraçado como Branca tem o péssimo hábito de querer parir suas crianças em dias não tão agradáveis em que acontecem maldições, rituais, e coisas do gênero.

—Wow! Então ela está tendo um bebê?

Rumple fungou.

—Vamos ficar conversando sobre bebês?

—Mas é claro… - Malévola estalou os dedos, sorridente. - Que não.

***

O bebê era lindo.

—Eu te amo, sabia? - Doía para Branca tentar sorrir; era difícil acreditar que seu filho tinha nascido nem vinte e quatro horas depois da morte de Emma.

—É lógico que sim. - Encantado agachou-se e beijou de leve os lábios da esposa.

Henry entrou no quarto, com um sorriso amarelo no rosto. Toda aquela expectativa de ver o tio nascer tinha sido apagada com a morte de Emma.

—É realmente uma criança muito bonita. - Disse Dr. Whale. Ele parecia a cada dia mais cansado. Todos naquela cidade estavam cansados. Das maldições, dos vilões, dos ataques, dos rituais, da Magia…

—Qual é o nome dele? - Perguntou Henry. Ele tentou parecer animado; mesmo Encantado tentava parecer contente, apenas para agradar a esposa. Branca também se esforçou.

—Não pensamos nisso ainda, acho eu. - Disse Encantado, olhando para Branca. Ela deu de ombros.

—Eu acho bonito o nome…

Branca não viu mais nada. Tudo ficou escuro para ela. Ela não ouviu mais Henry, nem Encantado, nem o Dr. Whale. Nem o pequeno bebê que estava no seu colo.

Pois todos eles estavam mortos.

***

—O que você fez, sua vadia? - Perguntou Regina, tremendo. Malévola sorriu.

—Assim que meus dedos estalaram, o hospital da cidade explodiu. Oooops, acho que, sem querer, eu posso ter matado as pessoas que estavam lá dentro. E isso inclui o Príncipe, sua bela Branca… E o bebê. - Malévola gargalhou.

—Você não cansa de destruir vidas? - Perguntou Regina.

—Na verdade… Não. - A guerra então explodiu. Todas as quinze pessoas avançaram contra o altar, que estava muito bem protegido por Cruella. Rumplestilstskin liderava-os, lançando feitiços nela.

—Pelo visto, somos apenas você e eu, não? - Disse Malévola, sorridente. Regina foi arremessada para um canto da floresta pela magia da Malévola, batendo com força a cabeça no chão.

—Eu ainda não consigo acreditar que a mulher tão obstinada por vingança esteja aí, lutando contra mim. Um dia fomos amigas, querida. Podemos voltar a ser.

—Acho que não, Malévola. - Regina deu ombros. Sangue escorria por sua testa, que latejava.

—Então você sabe, não sabe? Que acabou? - Um resquício de tristeza podia ser notado na voz de Malévola. Regina assentiu.

—Apenas acabe com isso.

Antes de Malévola atingir a Rainha Má com a ponta afiada de seu bastão, Regina viu sua mãe. Cora sorria para ela, acenando. “O amor sempre foi uma fraqueza para você, mãe. Mas você morreu me amando…”, percebeu Regina, sorrindo para si. Graham estava lá, do lado de Cora. Ele e Daniel estavam lado a lado, e sorriram tristemente para a Prefeita. “Aqueles dois que eu mais amei… Que eles me perdoem pelas coisas erradas que fiz”. Seu pai, Henry, também sorria tristemente para ela. Parecia dar de ombros, acenando, como se o fato da filha ter matado ele não afetasse nada na relação deles. “Esse é meu pai. Sempre me perdoando, mesmo quando eu não mereço”. Emma, Encantado, Henry e Robin estavam lado a lado, conversando entre si, acenando. “Henry, meu garotinho… Custou tanto para fazer você perceber que eu o amava… Emma, minha amiga… Passei os meus últimos dias aprendendo a ser corajosa como você. Encantado, você também veio prestigiar minha morte… É uma honra, pois você era um líder nato. E Robin, meu querido Robin. Foi apenas um beijo. Mas então por que sinto um amor tão forte que parece existir há tempos? Eu perdi todos vocês, e amei a todos”.

Regina percebeu então que Branca também estava lá. Ela não sorria, apenas abanava a cabeça, em sinal de aprovação. “Passei quase toda a minha vida procurando te destruir, minha doce e cara inimiga. Vi tanta e tanta coisa, destruí tantas e tantas coisas… Mas nossa relação de ódio parecia ser inacabável. E agora, quando finalmente uma amizade começou a florescer entre nós, tudo acabou…”.

Branca então começou a aplaudir Regina, estimulando os outros a fazerem o mesmo. E um por um, todos começaram a aplaudí-la. Segundos antes do golpe final de Malévola, segundos antes do suspiro final de Regina Mills, Prefeita de Storybrooke e Rainha Má, ser dado, ela ouviu cada um dos aplausos.

***

—Belle!!! Não, Belle, por favor… Não vá embora. - Sussurrou o Senhor das Trevas, sentindo algo se contorcer em seu âmago. Cruella, aquela maldita sem escrúpulos, havia atingido Belle. E Rumple viu, com todos os detalhes, uma lâmina afiada decapitar a cabeça daquela que amava.

Ele já tinha perdido tanto naquela vida. Seu pai, Malcolm (ou Peter Pan, como todos o chamavam), que havia abandonado-o; sua esposa, Milah, que havia deixado-o com seu filho, Baelfire, e fugido com um pirata; seu próprio filho, que havia sido sua motivação para várias das coisas ruins que fizera; Belle, nas tantas e tantas vezes que o destino tinha conspirado contra o casal… E lá estava o Senhor das Trevas novamente. Havia perdido o filho, dessa vez para sempre, e havia perdido o grande amor da sua vida - definitivamente também.

Rumple guinchou quando viu o que Cruella fez. Pegou, do cadáver morto de Belle, a preciosa Adaga do Senhor das Trevas. As lágrimas que escorriam pelo rosto de Rumplestilstskin começaram a sair mais depressa.

—Suas últimas palavras…? - Perguntou Cruella, com um riso maníaco no rosto. Rumple deu de ombros.

—Apenas termine logo com isso, sua tola. E que Deus proteja a todos nós. - A morte dele foi rápida e limpa. Cruella apenas espetou a Adaga em seu peito, e olhou, com aqueles olhos vis e cruéis, o Senhor das Trevas morrer.

A batalha havia acabado há tempos quando Cruella retirou do peito de Rumplestilstskin a Adaga. Não era mais o nome dele que estava lá; era o nome de outra pessoa.

Cruella de Vil, era o nome que preenchia o metálico da arma.

***

Mulan estava preocupada com Aurora. A princesa, que junto do marido, Phillip, estava abrigada numa pequena casinha no meio da cidade, parecia estar passando mal.

—É a gravidez, Mulan. Aquiete-se, pois eu estou bem. - Assegurou-lhe Aurora, dando de ombros.

—A guerra está matando todos lá fora, princesa. Eu vim aqui para proteger a senhora - seu marido e seu bebê.

—Acho que eu não preciso de tanta proteção, Mulan. - Disse Phillip, pegando uma espada de seu inventário, no fundo da casa.

—Sim, mas é preciso segurança extra! - Insistiu Mulan. A guerreira sabia que dificilmente alguém sobreviveria àquela guerra. Estava ali, naquela pequena casa, apenas por querer partilhar seus últimos momentos… Com aquela que mais amava.

—Malévola virá atrás de nós, em algum momento. - Disse Aurora. - E quando vir, não haverá espada que salvará a mim, ao Phillip ou ao bebê.

—Então deixe-me passar com vocês esses últimos momentos. Afinal, vamos todos morrer, não é? - Mulan podia perceber que Aurora e Phillip queriam ficar sozinhos. E a própria Mulan estava tentada a se retirar dali e ir esperar a Morte em outro lugar. “Não, não é correto. Eu quero passar com Aurora meus últimos segundos”, disse para si mesma a guerreira.

—Então junte-se a nós, Mulan. Sabe que é sempre bem-vinda aqui, não sabe? - Disse Phillip, oferecendo um lugar à mesa.

Mal Mulan havia ocupado um lugar à mesa, batidas na porta interromperam o momento.

—Eu atendo. - Ofereceu-se Phillip, correndo até a porta. Voltou para a sala junto de um Gancho sangrento e machucado, que gemia de dor a cada passo. Aurora levantou-se do sofá, assustada, e Mulan correu para socorrer o pirata, que parecia realmente estar mal.

—Gancho, mas o que…? - Mulan arregalou os olhos quando viu que a perna do pirata estava quebrada, e que grande parte do peito dele estava sangrando, o que tornava quase impossível a chance dele sair vivo daquela casa.

—Batalha. Floresta. Malévola. Fim. - Gancho fez um esforço imenso para tirar de seu bolso duas pedrinhas negras. Ele jogou-as na mesa, cansado.

—De onde você tirou isso, pirata? - Phillip parecia estupefato. Gancho balançou a cabeça, sorrindo com ironia.

—Malévola… É-É a fonte de s-seu p… - Ele parou para cuspir sangue no carpete da sala. Mulan não precisou olhar para Aurora. Sabia que a princesa exibia no rosto alguma expressão de nojo.

—...p-poder. R-Rumple… Era um plano desde o início, aquele ataque. I-Is-so… Pode mudar tudo. - O pirata parou para tossir novamente. Mulan pegou as pedrinhas e observou-as, assustada. Eram negras como a própria Escuridão, e não tinham nenhum brilho.

—T-Trem… A-aine… R-Rumple mandou levar até ela. - Gancho tossiu mais uma vez.

—Tremaine? Quem é Tremaine? - Perguntou Aurora, parecendo confusa.

—Assim que a batalha passada acabou, Tremaine foi levada para interrogatório, na frente de todos. Eu não sei onde podemos encontrá-la, mas…

E Mulan se lembrou. “Depois de tanto tempo sendo uma guerreira, é de admirar que você tenha sido tão burra, Mulan”, pensou ela. Quando era uma Merry Men, tinha conhecido um tal de Will Scarlet. Não sabia muito sobre ele, mas “Anastasia e Tremaine” eram nomes que ele falava diariamente.

A guerreira então pegou as pedrinhas e começou a correr.

—Onde você vai, Mulan? - Perguntou Phillip. Mulan não parou.

—Vou fazer o óbvio… Procurar Tremaine…

***

Cruella viu Alladin carregar cada um dos corpos mortos em batalha para o centro do círculo.

—Não será preciso cremá-los? - Perguntou Cruella. Malévola sorriu.

—Não temos tempo para meros detalhes. Que os corpos fiquem como sempre estiveram. Temos uma Fada e o ex-Senhor das Trevas, além do corpo de Regina, Zelena e Cora…

—Espere… Você tirou a Rainha de Copas do túmulo?

—Sim. Ela é um grande potencial em Magia, Cruella. O que temos aqui, nesse altar, deve ser o suficiente para alimentar as Trevas.

Cruella deu de ombros. Não estava se importando tanto com aquilo. Tinha aceitado fazer parte daquela bagunça por apenas três motivos: precisava se vingar da Fada Azul, e não podia entrar em Storybrooke; poder, que era algo que Malévola e o Escuro sempre prometiam em sonhos; e obrigação. Afinal, depois de usar tantas Tenebrae, ela deveria deitar e rolar quando o Escuro quisesse.

“Mas já tenho minha vingança, e já tenho poder”, pensou Cruella, sorrindo. Ainda não acreditava que era a Nova Senhora das Trevas.

—Malévola, eu tenho uma dúvida... Terrível, ela. Porque, com tantos anos de vida, você não dedurou a Fada Azul? Quem realmente ela era? - Malévola riu.

—Algumas coisas, só uma mente refinada entende. A Fada Azul muitas vezes ajudou as Trevas, mesmo como Fada. Eu poderia ter feito o que você sugere, mas não fiz. Grande parte das coisas ruins que aconteceram tiveram dedo dela. - Malévola sorriu. - O grande erro das pessoas é acreditar que coisas como a Fada Azul são perfeitas. Há erros em qualquer parte, Cruella. E aqueles que são "perfeitos", em geral, são os que mais os têm.

Passou-se poucos segundos, até Malévola falar:

—Cruella, querida… Eu estou tão feliz quanto a sua nova posição. Senhora das Trevas, hein? É realmente espetacular. Mas acho que preciso da adaga para convocar o Escuro… - Disse Malévola.

—Como…?

—Esse ritual é feito de figuras de poder. Temos uma Fada, temos três das maiores bruxas, temos o corpo do ex-Senhor das Trevas… Se eu utilizar a Adaga para convocar o Escuro, apenas darei mais poder a ele. Então, por favor… Me dê a adaga.

“Dê para ela a maldita adaga, Cruella. EU estou mandando”, sussurrou uma voz em seu ouvido. Cruella suspirou. O Escuro queria, ela obedecia.

—Engole ela, sua… - Disse Cruella após entregar a Adaga, virando-se de costas. Foi rápido e quase indolor quando a Adaga atravessou o pescoço de Cruella, fazendo-a cair.

—Você tem sido uma companheira muito fiel, minha cara Cruella… Mas como eu disse, figuras de poder movem esse jogo. E se a Senhora das Trevas, a Fada Negra, com os poderes de uma Primordial, convocar o Escuro, tudo será mais forte.

Sangue jorrava do pescoço de Cruella, que fazia um esforço para tentar falar. Malévola sorriu.

—Oh, esqueci. Apesar de você já estar morta, eu andei conversando com o Escuro. Por isso, quando você virou a Senhora das Trevas, ele decidiu não manter mais sua alma imunda entre nós. - Malévola tirou do pescoço a Adaga, gargalhando. - O mundo é injusto, não é, pequena? Uma hora nós servimos, na outra estamos sendo mortos pelos patrões.

Malévola olhou bem para a Adaga, e gargalhou. Não era mais Rumplestilstskin, nem Cruella de Vil, que preenchiam aquele espaço… Malévola, a Fada Negra da Aurora, era o que estava escrito agora.

***

O ritual tinha começado. Malévola tinha retirado a essência do corpo de Cruella, e colocado-a num frasco. “Que o Escuro levasse a alma daquela maldita”, pensou a Fada Negra. Ela olhou de relance para o serviçal que Jafar tinha enviado. Ele estava assustado, mas não podia fugir. Era também um servo do Escuro.

—Rapaz, como você veio parar aqui? - Perguntou Malévola, olhando-o.

—Jafar me enganou. Primeiro ele tinha a intenção de me fazer roubar água do Poço das Maravilhas, mas eu conhecia a história. Sabia que não podia, senão viraria gênio igual ele. Então ele me fez usar uma dessas pedrinhas pedras, sabe? Essas Tenebrae… Usei oito, e foi o suficiente para estar escravizado para sempre…

Malévola se espantou quando percebeu que algo estava faltando no altar. As malditas Tenebrae Mortis tinha sido roubadas…

***

Todos tinham se reunido para esperar a morte no centro de Storybrooke. Não era preciso muita atenção para saber que as coisas estavam mudando. O ar estava mais espesso, nuvens negras cobriam o céu, e, por vezes, um certo aroma fétido cobria o ar.

“É o cheiro da morte”, diziam as pessoas, temerosas. Ashley estava cuidando de Alexandra. Pois se fosse para morrer, queria passar os últimos segundos com aquela que mais amava… E sua filha era essa pessoa.

Mas aquilo não estava nos planos de Tremaine. Evidentemente, não demorou para ela bater na porta de Ashley. “Oh, essa mulher não me deixa em paz…”, pensou Ashley enquanto estava prestes a atendê-la.

—Ashley! Que bom que atendeu. - Disse Tremaine, sorridente. Ela trazia nas mãos algumas pedrinhas, o que Ashley estranhou.

—O que você quer agora?

—Eu trago a chance que você pediu a Deus, garota. Essas pedrinhas são os Tenebrae Mortis, e elas podem trazer seu Thomas de volta.

Ashley pareceu surpresa.

—Você realmente quer que eu e Thomas fiquemos juntos?

—Quero, oras… Quero ver minha Anastasia realmente feliz, com alguém que ela realmente ama.

“Tremaine não entende”, pensou Ashley. “Aquela Anastasia realmente ama Thomas… A Anastasia que amava Will, e o Thomas que amava a Ashley não existem mais”.

—Sua filha está com alguém que realmente a ama.

—Isso não importa agora. Posso entrar? - Perguntou Tremaine. Ashley deu de ombros.

—Temos dois diamantes, Ashley. Com um podemos salvar seu marido e minha filha; o outro, deixe comigo.

—O que você quer fazer com um desses, Tremaine? - Ashley estava desconfiada. Muito desconfiada.

—Apenas quero fazer algumas… Coisas que realmente não importam. Enfim, eu preciso que você faça algumas coisas: primeiramente, você deve recitar algumas frases em latim; depois, deve fazer um círculo de giz e ficar no centro dele…

—Espere aí. Você quer que eu faça isso?

—Claro. Onde tem giz? - Ashley bufou, com raiva.

—E o preço, Tremaine? Quem paga?

Tremaine pareceu nervosa quando Ashley falou aquilo.

—Isso realmente não…

—Que tipo de arma é essa, mulher? Alguma utilizada no ritual das Trevas? Porque eu não vou vender minha alma para ninguém por homem nenhum, me desculpe. Agora saia daqui. - Ashley agarrou Alexandra, olhando para uma Tremaine assustada. - Não me ouviu? Cai fora, sua…

—Começou. - Sussurrou Tremaine, perdida. Ashley olhou pela janela. As nuvens pareciam estar descendo para o chão, como se quisessem engolir cada habitante da cidade.

—Não temos tempo, Ashley. Por favor, acredite em mim… - A porta da casa de Ashley explodiu. E lá estava um pequeno garoto, vestido em um sobretudo preto, que trazia uma arma na mão.

—A toda-poderosa Malévola pede que devolvam os Tenebrae. Agora. — Disse ele. “É só um servo”, pensou Ashley, balançando a cabeça. “Não tem controle de seus atos, apenas obedece os superiores”.

Tremaine atacou-o sem pensar duas vezes.

—Corra, Ashley. - Ela jogou para a mulher um dos pequenos diamantes. Ashley agarrou-o, assustada.

—Corra, antes que tudo seja destruído… - Ashley pôde ver que Tremaine tinha em suas mãos outro dos Tenebrae. “Irá usá-lo para parar o menino”, percebeu Ashley, enquanto corria.

Ela não sabia o que fazer. Não tinha giz na casa. Não sabia nenhuma palavra em latim, principalmente as que deveriam cultuar o Escuro. “Estou perdida”, pensou ela, olhando pela janela a escuridão cobrir tudo.

***

Maria estava na praça com João. Regina não tinha voltado aquele dia, e coisas estranhas estavam acontecendo.

—Estou com medo. - Disse o irmão, assustado. Maria o abraçou. Também estava assustada, tanto quanto ele.

As nuvens negras desciam cada vez mais rápidas. Já tinham engolido várias partes da cidade, e estavam vindo para os dois irmãos.

—Não fique com medo, João. No fim, tudo irá ficar bem. - Disse Maria. As Trevas cobriram os dois então, e tudo ficou escuro.

***

Segurando Alexandra, Ashley tentou confortar a si mesma. Dizer que estava tudo bem, que as coisas ruins tinham ficado para trás…

Mas não tinham ficado. Ashley sabia que estava ficando sem tempo, e sabia que teria que pagar um preço por desejar algo com aquilo.

“Mas sei também que pessoas inocentes morreram e morrerão por causa de Malévola. E sei que minha alma não vale tanto quanto a dessas pessoas”. Ashley sentia-se inútil. Já tinha passado a hora de mudar aquela realidade.

Colocou o Tenebrae debaixo da sola do sapato, tentando ignorar os gritos e os sons de luta no andar de baixo. Olhou então para Alexandra, e sorriu.

—Tudo vai ficar bem, certo? Quem se ama, sempre se encontra. - Disse Ashley. Ela não sabia como fazer aquilo. Não sabia ao menos se o Escuro obedeceria ela.

Ela então pisou naquela pequena pedrinha, e sentiu algo lhe invadir a mente. Algo profano, imundo, maléfico… Algo que tentava lhe fazer promessas vazias, tentava aos poucos tomar o controle do corpo de Ashley.

“Você pode ter Thomas de volta…”, dizia a voz. “Você pode ter sua vida de volta”, dizia a voz. “Você pode ter tudo o que foi seu… De volta”. O olhar que Alexandra dava para a mãe reconfortava-a.

—Mas eu já tenho tudo. Por isso, tudo o que eu desejo… É que a Outra Ashley seja feliz. Que ela viva feliz para sempre. E que você, ser imundo, se dane.

As Trevas então entraram pela janela, e tomaram todo o quarto para si.

“O coração do infortúnio é o coração do infeliz”, dissera uma vez Tremaine para Ashley. O ditado dizia que um infortúnio só tinha peso na vida de uma pessoa se ela fosse infeliz. “Você será infeliz, no fim de tudo isso. Pois, para cada infortúnio da sua vida, uma coisa será tirada de você”, dissera-lhe Tremaine.

Olhou mais uma vez para filha. Se realmente pisasse naquele diamante, sua alma seria das Trevas. Ela nunca mais veria Thomas, nem Alexandra, nem ninguém. Seria uma eterna escrava do Escuro.

“Sou tão infeliz a ponto de sacrificar tudo pelos outros?”, pensou Ashley, murmurando um “desculpa” para filha. Pisou com força no Tenebrae, e desejou.

Então os sons sumiram. Os sons de luta, os sons de gritos, o som da Morte… Tudo sumiu.

Epílogo

Ashley abriu os olhos. Estivera cochilando enquanto lavava suas roupas.

—Está tudo bem, amor? - Perguntou Thomas. Ashley suspirou, assustada.

—Tive um pesadelo horrível. Nele, eu perdia você, e o mundo era escuro, e eu… - Thomas se aproximou dela e a beijou.

—Estou aqui. E não vou fugir de você.

Ashley abraçou-o, e sorriu. Era como se tivesse passado uma eternidade sem sentir aquela força nos seus braços, o cheiro dos seus cabelos…

—Foi um pesadelo tão real.

—Mas eu estou aqui, não estou?

Ashley assentiu. Ele estava ali, ao lado dela. Sempre esteve. “E eu não vou deixá-lo escapar novamente”.

***

Emma estava dividida entre estar contente por ter encontrado sua família, ou estar infinitamente triste por saber que eles eram a Branca de Neve e o Príncipe Encantado.

“E eu acabei de quebrar uma maldição. Céus, isso é estranho demais, até para mim”, pensou ela, enquanto abraçava Henry.

As coisas eram estranhas em Storybrooke, Emma já tinha percebido.

***

Rumple estava tão contente por ter reencontrado Belle. Mas tão furioso por saber que ela tinha sido aprisionada por vinte e oito anos num hospício por Regina.

Tinha tido um estranho sonho naquela noite. “Estava mais para pesadelo, isso sim”, pensou ele, assustado. Nele, morria. Morria ele, morria Belle, morria Emma, morria Branca, morria Encantado, morria Regina… “A cada segundo, uma morte”, pensou ele, assustado.

Mas algo tinha acontecido. E ele estava lá, com Belle, vivo, logo após a maldição da Rainha Má ser quebrada.

Algo tinha acontecido. Alguém tinha mudado tudo.

***

—João.

—Maria.

—Pai. - A maldição tinha sido quebrada, Maria podia sentir. Tinha tido um estranho sonho naquela noite. Nele, perdia tudo: irmão, pai… Até mesmo a Prefeita morria nele.

Por isso, quando abraçou Michael, Maria sentiu-se contente como nunca tinha se sentido.

***

Ruby estava achando aquele dia um belo dia. Apesar de ter tido um sonho assustador, no qual morria, era um belo dia.

“O que não entendo do sonho é que houve um homem”, pensou ela, enquanto via a loucura que estava Storybrooke naquele dia. A maldição tinha sido quebrada, era aceitável que todos estivessem sentindo-se loucos.

Ruby não entendia a parte do sonho em que um homem vinha brigar com ela, ali mesmo, no Granny’s. Era tudo tão estranho naquele sonho… “Mas sonhos são sonhos”, pensou ela, dando de ombros. No sonho, o homem vinha brigar com ela por conta da morte de Peter - um namorado que Ruby tinha, acidentalmente, matado.

Se ela soubesse que o verdadeiro irmão de Peter, Alladin, tinha estado no sonho ocupando uma função tão desagradável… Se ela soubesse que a mulher que tinha pago aquele homem ainda estava em Storybrooke - sem o conhecimento de ninguém.

Mas ela não sabia. E isso é uma história para ser contada em outro momento.

***

Ashley estava parada na frente da casa de Tremaine, prestes a fazer uma loucura que nunca tinha se imaginado fazendo.

—O que você quer, Gata Borralheira? - Disse-lhe Tremaine, assim que viu Ashley. “Na verdade, nem eu sei direito”.

—Vim para lhe fazer uma proposta, Milady.

Tremaine a olhou de cima a baixo.

—Fale. - Ashley respirou fundo. Nunca pensou ser tão fácil falar coisas ruins, e tão difícil pedir perdão. Ou mesmo perdoar.

—Nossa relação vem sendo difícil, eu sei. Quer dizer… Você fez tantas coisas ruins para mim. Você me maltratou, me humilhou, me trancafiou… - Respirou fundo novamente. As palavras estavam na ponta da língua. Então por que era tão difícil dizê-las?

—Sim, eu sei disso. Eu me lembro, agora que a maldição foi quebrada.

—E-Eu… Ai Deus, eu te perdoo, okay? Por todas as coisas ruins, por todos os momentos em que você foi a vilã… - As palavras saíam mais rápido da boca de Ashley, e ela sentiu um alívio imenso por perdoar.

—Você? Me perdoando? - Tremaine riu. - Nunca achei que você…

—Pare, Tremaine. Eu sei de sua história, okay? - Ashley agora estava jogando alto. Lembrava, no sonho que tivera, da história de Tremaine ter sido revelada. “Mas era apenas um sonho”, pensou a garota. “As coisas que aconteceram lá não eram verdades”. Mas Ashley sentia. Sentia e sabia que aquela era a história de Tremaine.

—Eu sei que minha mãe foi má com você, e eu sei que você viu em mim a maneira perfeita de se vingar. Eu sei que você já sofreu por amor, eu sei… Tremaine, eu sei.

Tremaine tremia, e seu rosto era um misto de medo e raiva.

—C-Como…

—Eu sei também que, ultimamente, você anda sonhando. Uma voz te visita nos sonhos e te encoraja a fazer coisas ruins. Eu sei que você luta contra essa voz, mas você está prestes a ceder. Eu sei que você quer ver sua filha casada com Thomas, o meu marido, e você está disposta a pagar o preço que for para vê-los juntos. Mas eu também sei que você irá se arrepender, Tremaine. Que, muito em breve, você irá perceber que Anastasia escolheu o caminho que leva à felicidade dela. E esse caminho é Will. Então, pare. Pare de se esconder, pois eu sei.

Tremaine estava pálida, de olhos arregalados. Ashley podia perceber que tinha acertado na mosca. Era tudo verdade.

—Andou vendendo a alma para Rumplestilstskin novamente, Ashley?

—Não. Apenas andei falando com os passarinhos certos.

Tremaine respirou fundo.

—Garota, eu…

—Tremaine. Eu sei que há uma parte boa aí dentro. E sei que vale a pena lutar por essa parte. - Ashley olhou nos olhos de Tremaine. Antes, duros como pedra e frios como o gelo. Agora, amolecidos pelas lágrimas.

—E é por isso que vim aqui. Hoje, eu e Thomas faremos um almoço para comemorar a maldição que foi quebrada. E estamos convidando - nós dois - você para ir lá. Leve sua filha, Drizella. Aproveite que ela está com você.

Lágrimas infestaram os olhos de Tremaine.

—Deus, eu não sei o que você…

—Apenas me diga, Tremaine. Você quer que nossa briga eterna - sem motivo algum - acabe hoje, ou quer que ela…

Tremaine abraçou Ashley com força, surpreendendo a garota.

—Eu estarei lá… Cinderella. - Tremaine soltou Ashley, e sorriu. Ashley retribuiu o sorriso, estupefata.

—Se quiser… Quem sabe amanhã eu também não faça um jantar… Se você e seu marido quiserem aparecer… - Tremaine deu ombros, e Ashley sorriu.

—Amigas? - Perguntou Ashley. Tremaine olhou para os lados. Ashley quase podia escutar as vozes na cabeça da madrasta; quase podia escutar uma luta interior acontecendo em sua mente.

—Amigas. - Aquele aperto de mão definiu tudo. O Escuro não iria conseguir mais entrar na cabeça de Tremaine. Não conseguiria alimentar o ódio dela por Ashley, pois esse já não existia.

As coisas estavam mudando em Storybrooke. Ashley, que quando pisou naquele Tenebrae, acabou criando um outro Universo, onde Tremaine nunca traria Cruella para a cidade, onde todas aquelas mortes não aconteceriam, também tinha criado uma dívida para com o Escuro.

E ela podia não saber ainda, mas uma hora, o preço da Magia seria cobrado. Mas ela não teria medo quando o momento chegasse.

Pois o coração do infortúnio era o coração do infeliz. E Ashley nunca esteve tão contente.


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Notas finais do capítulo

Acabou. Quer dizer, não completamente. Eu deixei um ou dois ganchos para uma futura continuação (que talvez nunca saia).
Espero que essa história tenha entretido algumas tardes e noites vazias, e que - apesar de tudo - a viagem até estas derradeiras linhas tenha valido a pena.
Até a próxima, /o



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