Dark Water - Herdeiros De Netuno (hiatus) escrita por Vine Azalea


Capítulo 8
Dear Roger


Notas iniciais do capítulo

Se você achou que o último capítulo teve muita confusão, se prepare para este. A principio minha ideia desse capítulo era ser o interrogatório do Roger, como o da Jhynn no capítulo anterior. Mas enquanto estava escrevendo eu percebi que poderia ficar repetitivo e eu poderia fazer mais criativo. Nesse capítulo quem narra é o Roger, o personagem principal desse capítulo - assim como foi a Jhynn que narrou o 7.



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– Oh, Roger. Querido, acorde, baby Roger. – Uma voz angélica sussurra em meu ouvido. Parece uma voz familiar, mas possui um tom sedutor, mas nada confiável.

Meus olhos estão relutantes para abrir, e minha cabeça lateja como se meu cérebro estivesse perfurado. Não consigo reconhecer a voz, e mal consigo sentir meu corpo todo dolorido. Estava difícil até mesmo para respirar, e só então percebi que estava com a boca aberta e seca. Inspiro uma grande quantidade de ar e sinto meus pulmões arder.

– Abra seus lindos olhos azuis, querido.

Me esforço até que eu consigo abrir uma fresta entre minhas pálpebras e me arrependo no mesmo segundo. Esta tudo tão claro, minha cabeça e o meu corpo não doem mais, mas meus olhos sim. Demoro para reconhecer o local, as cortinas brancas, as paredes pintadas de creme e as pequenas rachaduras, os enfeites de parede em forma de peixes e sereias. A velha casa de lago da família Maicoom.

Mas ela não parece velha, parece como ela era há uns 10 anos atrás. – Vai ficar tudo bem, querido. - Ouço novamente a voz bela e sedutora e finalmente a reconheço. Pertence a minha mãe. Mas ela esta mais jovem, usa um vestido com estampa de flores, mangas curtas e simples. Seu cabelo está longo e sem fios brancos, brilhando como palha nova, e seu rosto não possui rugas. Ela passa a mão sobre o meu joelho e eu o sinto arder, olho para o mesmo e vejo ele ralado. E só então em toco que isso aconteceu há uns 12 anos atrás, eu era uma criança, ainda nem se quer tinha me transformado em sereia pela primeira vez.

Minha mãe da um beijo em minha testa e sorri. Ao ver seu imenso e lindo sorriso eu sinto meus olhos se encherem de água. Não irei chorar! Não agora. Deve estar chapado, apesar de eu me lembrar de não ter cheirado nada hoje, na realidade nem lembro o que aconteceu nas últimas horas. Por que eu estou vendo essas lembranças? Ela se levanta do sofá onde estávamos e sai pela porta sem dizer nada. Meu coração dói nesse momento e depois a casa se transforma. Estou no meu quarto, o quarto de quando eu era adolescente. Uma bandeira do Seahawks pendurada na parede, um computador velho com o teclado quebrado, cd’s de bandas que nem existem mais e a cama do velho labrador que tínhamos.

Me levanto da cama e me dirijo para o espelho. Me espanto na hora, meus cabeços estão emaranhados, possuo uma mistura de espinhas e sardas na cara, meus olhos parecem mais azuis do que são hoje. Aparento ter 14 anos, com as calças largas e caindo de modo que minha cueca fica amostra, uma camiseta de basquete surrada e uma corrente de prata. Lembro de que naquela época eu tentava ser como os garotos humanos de escola, esse negócio de magia e seres mágicos era loucura de mais. Até que bate uma pontinha de saudade daquela época. Vou em direção à porta e saio do quarto. Sinto a surpresa como um impacto físico. Estou de volta à casa do lago, mas agora se passaram mais alguns anos. Caminho pelo corredor e passo em frente à porta do quarto das garotas, Jhynn esta mostrando alguma magia de fada para a Daiana, que na infância sempre se questionou por que toda a família era seria tirando a Jhynn e a Skyler, mãe da Jhynn, ambas são fadas. Acho que na época não tínhamos aula de genética de seres mágicos, para saber o que aconteceria se uma fada e uma sereia cruzassem, bem, deu a Jhynn, uma fada bem poderosa.

Continuo andando e chego à sala de estar, onde estão os pais da Jhynn e da Daiana, conversando sobre negócios e dinheiro, como sempre. Meus pais não ligavam tanto para os negócios da família, e eu sabia onde estariam, na sala de jogos. Fui até a mesma e lá estavam eles, jogando uma partida animada de adivinhações. Eles adoravam jogos e lazer em família, sem contar que eram românticos.

Da janela avisto meu Hefesto, meu avô, no jardim conversando com pequenos duendes do bosque. Meu vô é de longe a criatura mais sociável de toda a família, além de sábio e como todos os avôs deveriam ser, adora contar histórias. Rapidamente me pergunto onde estaria a vovó. Caminho em direção ao corredor oposto do que eu vim, e começo a ouvir sussurros. Uma voz delicada, da minha avó certamente, e uma segunda voz estranha. Não consigo entender o que estão dizendo, sendo que estou a poucos passos da porta do quarto. Por minha sorte, a porta esta aberta e me aproximo lentamente, tentando não fazer barulhos com os pés, ainda mais por que o piso é de madeira. Olho entre a porta, minha vó esta em sua cadeira de balanço – que usa até hoje – mesmo sendo anos mais nova e possuindo poucas rugas. Acho que me enganei, os sussurros devem ser o ranger da cadeira velha. Estava preste a entrar no quarto quando ouço uma voz tremula como se estivesse com a garganta rasgada. Não consigo entender o que diz.

Oh meu velho amigo, para quem tem milênios em suas costas, onde esta a sua paciência? – Pronuncia minha avó, Margarete, com a voz calma e suave. Ouço novamente as palavras cuspidas pelo ar naquela voz horripilante, e percebo que não vem do ar. Os olhos de uma pequena estátua sobre o criado mudo brilham. Uma estátua de Netuno, o deus dos mares. Dou um passo para trás para fugir, e acabo fazendo barulho ao pisar. Minha avó vira o rosto no mesmo instante e eu paraliso. Seu rosto está pálido como mármore, e seus glóbulos oculares estão vazios, sem os olhos. Mas mesmo assim tenho a certeza que ela esta me enxergando, ouço a estatua falar alguma coisa e Margarete se levanta da cadeira e começa a caminhar em minha direção. Saio em disparada correndo pelo corredor e ouço os passos pesados de minha avó – que não tenho mais certeza se é ela mesmo – vindo atrás de mim. Ouço as paredes falarem sobre a voz dela “Não irá escapar, Roger querido. O destino de seus pais é o seu destino.” Meu corpo treme de cima a baixo e percebo que estou sobre a minha forma, meu corpo atual. Estou de pés descalços, uma camiseta branca, uma calça jeans erguida nas canelas e estou encharcado de água. Não ouço mais os passos vindo e então olho para trás e vejo que minha vó não está mais lá. Olho para frente e nada. Não sei o que fazer até que eu ouço um rangido agudo e forte. As paredes estão se desmanchando, assim como o teto e o chão. Volto a correr e percebo que formas estão se formando entre as rachaduras nas paredes e no chão. Não, não são formas, são palavras. “Quem é o Herdeiro?” Está escrito no chão e em seguida abre um buraco no local e eu preciso pular com força. Piso errado e perco o equilíbrio, quase caio no buraco se não me segurasse em uma das sereias de prata na parede. Sinto minha mão arder e vejo que o enfeite de parede me mordeu e então volto a correr.

– Você é o herdeiro Roger? – Fala melancolicamente uma das sereias de enfeite. Continuo correndo no corredor que parece não ter fim. Vejo sobre a parede uma nova frase escrita. “Roger Maicoom, o Herdeiro?”. – O herdeiro do que? – Grito o mais alto que consigo no momento, e ouço minha voz ecoar sobre o corredor. Surge um coro alto e tenebroso, as sereias das paredes, a casa, minha vó e a estatua falam na minha cabeça. “O Herdeiro de Netuno.” Estava pronto para soltar alguma resposta, mas então vejo uma porta no final do corredor. Sinto o chão se esfarelando sobre os meus pés, mas não paro, fico a alguns passos da porta e então jogo o meu corpo contra a mesma.

Ouço o som de aves e em seguida o barulho de uma onda se quebrando no mar. Meus pés ficam gelados e eu acordo em um susto. Estou deitado na praia, com a mesma camisa branca e a calça jeans. Não estou apenas molhado, estou sujo. Sujo de reboco e cimento. Me levanto ainda tonto, quase sem conseguir ficar em pé sobre a areia molhada e caminho em direção a cidade, tonteado como se estivesse bêbado. Irei ter explicações ainda hoje, penso.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam? Qual a função e que papel ira empenhar esse "Herdeiro de Netuno" na história ainda não posso revelar, mas quem vocês acham que é o herdeiro? Jhynn? Roger? Outra personagem? Comentem por favor.
Como aparece diversas "formas" do Roger, vou mostrar a foto que eu tinha postado no segundo capítulo (junto com as fotos da Jhynn, Daiana e Nicole) - http://fanspired.com/wp-content/uploads/2013/09/Charlie-Hunnam-Wallpaper-charlie-hunnam-28647109-1600-1200.jpg
As suas formas mais jovem fica por conta da imaginação de vocês.



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