Me Note escrita por Luna


Capítulo 2
Mas para entender o Futuro, nós temos que voltar no tempo.




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Nós brigávamos o tempo todo. Éramos aquele tipo de casal que dava nojo de olhar quando estávamos de bem e vontade de chorar quando brigávamos. Nossa relação não poderia ser de outra maneira, até nosso primeiro contato foi uma briga.

Ele era, é e sempre será um garotão bobo, que adora encher o saco dos outros, leva-los ao limite de sua paciência e ver o que acontece. Quando nos conhecemos, era isso que estava fazendo.

Minha melhor amiga e ele nunca se suportaram e eu nunca me importei com isso antes de conhecê-lo, tudo que sabia era que havia um garoto na escola de Hanna que ela odiava. Mas, quando ingressei na sexta série, minha mãe- depois de eu e Hana muito pedirmos- me transferiu para a mesma escola que minha melhor amiga. No primeiro ano em que estávamos juntas nunca tive a oportunidade de ser apresentada a ele, não éramos da mesma turma, nem, obviamente, da mesma roda de amigos. Apenas procurava evita-lo, pois sabia que Hanna não gostava dele e ele, por sua vez, fazia o mesmo, por saber quem era minha melhor amiga.

Na sétima série, no entanto, caímos na mesma turma. Eu, ele e Hana, minha querida Ohana caímos na mesma turma. Como se isso não fosse suficiente, nossa professora de artes passou um trabalho em trio e sorteou os grupos: Eu, Hanna e ele. Quando a professora tirou o último nome de nosso grupo, vi o sorriso de Hana sumir e uma tempestade se formar em seus olhos, enquanto o garoto ria alto, provavelmente saboreando a oportunidade de infernizar sua inimiga. Eu, como sempre, tentando amenizar a situação, marquei para que nós fizéssemos o trabalho (um cartaz sobre Tarsila do Amaral) na tarde do dia seguinte, em minha casa.

Na manhã seguinte, Thiago passou o tempo todo mencionando que iria fazer o trabalho com Hana. Sabia que isso irritava muito minha amiga, mas o ignorava como sempre. Chegou a hora de irmos para a minha casa e Hana se obrigou a ir até ele apenas para dizer que ele devia andar a 10 passos de distância de nós durante o caminho. Ele obedeceu, mas ficou irritantemente repetindo “Hana, banana! Hana, banana!” o que a fez ficar extremamente tensa o caminho inteiro. Nem conversamos, ela só ficava bufando e resmungando sozinha sobre como odiava aquele garoto. Finalmente, chegamos em casa.

A ideia de fazer o trabalho a animou um pouco, principalmente quando percebemos que ele não estava nem um pouco interessado em participar. O deixamos jogando vídeo game na sala com meu irmão e fomos fazer o cartaz. Após duas horas, o trabalho estava pronto e nós, mortas de fome, então chamamos Thiago e meu irmãozinho Renato para lanchar. Fizemos sanduíches e estávamos comendo em paz, o que estranhei considerando a presença de Thiago no recinto. Foi então que percebi que ele não estava no recinto. Fui encontra-lo em meu quarto, rindo horrores de frente para o cartaz. Quando virei meus olhos para o cartaz, pus a mão na boca: ele havia escrito “Hana banana” nas quatro margens da cartolina. :

– Li, o que cê tá fazendo aqui? Vem comer. – Hana disse, entrando no quarto, aproximando- se o suficiente para ver o que ele havia feito. Vi seus olhos ficarem úmidos e ela morder o lábio, respirando fundo, antes de começar a dizer algo. Fiz sinal para que silenciasse. :

– Eu quero você fora da minha casa. Agora. Seu nome está fora do trabalho e eu vou contar para a professora o que você fez!- Ele ouviu minhas palavras e, com indiferença, pegou o trabalho e rasgou ao meio, dizendo:

– Se o meu nome não vai estar aqui, o de ninguém vai.

No mesmo instante pulei em cima dele e comecei a bater em seu peito, enquanto ele tentava se defender. Tudo que podia ouvir era Hana gritando “Liana, chega!” repetidas vezes. Eu podia ser quieta, mas não suportava que magoassem as pessoas que amo, e, do alto dos meus treze anos, aquilo era a coisa certa a se fazer. Finalmente, ele conseguiu me imobilizar, sentando-se em cima de mim. Talvez fosse loucura da minha cabeça, mas pude ver algo como medo em seus olhos, enquanto segurava meus braços. :

– Sai de cima dela, seu idiota!- Disse Hana, puxando ele pelos cabelos. Ele foi embora sem dizer mais nada e a partir desse momento, eu o odiei com todas as fibras de meu corpo. Não me lembro de como é sentir isso por ele, agora o sentimento é muito diferente...

Como imagino Renato


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Notas finais do capítulo

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