Você falou comigo essa semana. Chamou-me, e eu me virei pra ver você caminhando em minha direção como se fizesse isso todas as manhãs, como se tivéssemos nos despedido com um abraço no dia interior. Eu queria abrir o sorriso mais caloroso do universo, mas ao invés disso, enchi minha boca de biscoito e fingi que mastiga-lo era a coisa mais importante para mim naquele momento. Seu idiota! Fez tudo errado de novo, como tantas vezes antes...

Falou comigo novamente, e mais uma vez fui obrigada a ser rude contigo. Porque você gosta tanto de me fazer sofrer? Não sabe que isso acaba comigo por dentro? Depois de todo esse tempo, ainda não percebeu que sempre que te vejo tenho que controlar um impulso de correr até você e abraça-lo apertado? Fui grosseira com você uma vez mais, desta vez sem nem me virar, e gritando com você, como se fosse a mosca mais irritante.

Você não vê porque faço essas coisas? Não te machuca discutir comigo o tempo todo? Bem, se não, acho que isso explica porque me machuca tanto: Estou sentindo dor por dois. Quando brigamos é como se você me desse um tiro e me deixasse para morrer lentamente. Cada grosseria, cada olhar torto e cada olhar ignorado é como mais um momento que estou agonizando no chão frio onde antes estavam seus braços. Se lembra de quando não conseguíamos conversar sem nos tocar? Nem que fosse a ponta do dedo mindinho: estávamos ligados de alguma forma. Você me eletrizava, eu ansiava por isso. Agora, tenho medo desse toque, tenho medo de sentir seu cheiro e cair na sua mão novamente.

Sim, porque por mais que eu te ame, tudo o que você sempre quis foi me ter em sua mão, me ter a qualquer momento e me jogar fora quando quisesse.