Série Ômega- A Fúria do Youkai Perdido escrita por Miyuki Shimizu


Capítulo 3
Capitulo 2




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Ela não conhecia o caminho até o lago, mas sabia que podia encontrar facilmente então ela fez um silencio total assim que desceu uma pequena colina logo depois das plantações de alface para poder ouvir os sons ao seu redor. Sara tinha uma ótima audição, ela não fazia a menor ideia de quem herdara esse dom, mas ela fazia questão de usá-lo perfeitamente.

Ela não conseguiu ouvir nada. Nenhum barulho de água por perto.

Mesmo sem perder suas esperanças de encontrar o caminho certo, Sara pensou em voltar e perguntar a sua avó qual era o caminho certo que a levaria até o lago, mas logo mudou de ideia decidindo se virar sozinha. Ela não tinha medo de se perder, o que mais poderia haver naquela fazenda se não porcos e vacas? Ela seguiu o caminho pela sua esquerda, vendo que teria de passar por entre algumas árvores, ela decidiu optar pela sua intuição feminina que era tão boa quanto a sua audição.

Ao caminhar pelo meio da pequena floresta, ela pode ouvir inúmeros sons dos quais ela não estava costumada a ouvir, mas de repente ela pode escutar um som do qual ela nunca tinha escutado antes, nem pela televisão, era um som abafado, mas ao mesmo tempo fazia um eco assustador, parecia o rosnar de algum animal nada dócil. Ela parou para ouvir melhor e notou que algo a observava. Ela não sabia se deveria correr ou se era algo de sua imaginação, então decidiu ficar parada sem fazer nenhum tipo de movimento, pois pensou que se realmente houvesse algo ali, ele não iria se assustar e nem ataca-la, mas ela não poderia ter tanta certeza disso. Ela ouviu sons de passos, e estavam se afastando– seria para pegar impulso para o ataque? – De alguma forma ou de outra, ela não se sentia ameaçada, não sabia o porquê, mas ainda sentia o frio do medo e da ansiedade. Ela pode ouvir um rosnado baixo, o mesmo rosnar de antes e que vinha de trás de muitas folhas, seria um urso?

Ela abaixou o olhar e levantou seu braço com calma para poder ver as horas, o relógio marcava quase cinco horas, logo ficaria escuro. Sara não queria mais esperar então ela tentou caminhar lentamente com a intenção de mostrar ao suposto urso que ela estava apenas tentando achar o seu caminho e que não era uma ameaça. Mas ela poderia ser uma boa presa. Ela ouviu novamente o rosnar, agora ameaçador e o medo tomou conta de si por completo, Sara correu o mais rápido que pode sem direção alguma, ela não sabia onde estava indo e nem se chegaria viva, mas ela sabia, sabia que ele a perseguia tão rapidamente quanto ela corria.

Até que ela caiu sobre as folhas.

****

Sara estava encolhida no chão com os braços sobre o rosto para a sua proteção. Ela ficou em silencio e pensou se já não estaria morta, então ganhou coragem para espiar em volta. Sara estava viva e inteirinha, ela não sabia nem onde estava e o que seria dela agora, mas ela estava preocupada com o animal louco que a perseguira e nem ligava se estava perdida. Ela levantou-se devagar sempre olhando em todas as direções, ela achou estranho o animal ter desaparecido. Ela havia tido alguma alucinação que poderia ter sido causada pelo bolo de erva doce que havia exageradamente comido no café da manhã? Não, não havia sido uma alucinação.

Ela girou devagar em torno de si mesma para poder observar o campo de batalha onde estava, o qual ela era a presa caçada pelo predador. As folhas se mexeram, e não por causa do vento, ela tinha certeza. Algo pareceu surgir o que deixou sua pelagem branca aparecer um pouco, mas que rapidamente desapareceu. Um urso polar? Não, era bem mais fácil ser um chupa- cabra.

Sara não sentiu medo. Ela não se sentia mais ameaçada, por mais que ela continuasse olhando em sua volta, e isso era estranho, tão estranho quanto ser perseguido por um animal do qual ela até agora desconhecia. Tão rapidamente Sara sentiu um puxão em seu braço direito, ela soltou um grito que foi calado imediatamente por uma mão fria, a mesma mão que a puxou e que a deixou arrepiada sem saber distinguir se fora pelo susto e o medo, ou ao saber a quem ela pertencia. Era ele, Charlie a segurava, agora com delicadeza, pelo braço. Será que poderia ficar mais estranho do que já estava? Sara tinha medo da resposta. Ela pode sentir-se mais segura agora que estava com ele, ao se virar ela o abraçou com força e chorou como uma tola:

– Achei que fosse morrer

– Por estar perdida? Não fique tão assustada assim, de qualquer forma eu iria te encontrar.

– Como me encontrou? – Dizia ela entre soluços.

– Eu pude sentir as folhas se mexerem, eu aprendi a entender como as coisas funcionam por aqui e você não é a única que tem boa audição– Ele sorriu apertando ela contra o seu peito– O lago é bem aqui do lado, e falando nisso, o que faz você por aqui?

– Eu estava te procurando pra te fazer companhia, quando me vi perdida– Sara queria contar, contar tudo de uma vez, mas tinha medo dele pensar que ela era uma maluca alucinada, e ela mesma pensava que poderia ser mesmo, pois se tal animal feroz realmente a perseguira os dois já estariam mortos, e Sara sabia que jamais conseguiria despistar um animal veloz e feroz, não importava a sua espécie. – Escuta Charlie, que tipos de animais existem por aqui?

– Existem alguns, mas eles não podem te prejudicar, pelo menos nem todos podem. Essa floresta pode parecer pequena, mas ela não é, acredite.

Não poderiam prejudicá-la? Ele poderia estar certo se o que aconteceu com Sara fora apenas uma alucinação, mas ela não estava certa disso. Sara se afastou do abraço dele e iria secar seus olhos se ele já não estivesse fazendo isso por ela. Ele olhava em seus olhos verdes parecendo ver o quanto ela se sentia tola por dentro por ter começado a chorar em seus braços, ele fingiu que não sabia, mas Sara sabia ler o seu olhar tão bem quanto ele lia o dela. Charlie a deixava calma, toda vez em que ele a olhava parecia que ele podia ver todos os seus sentimentos, mas parecia que desta vez ele não conseguira ver o espanto crescer dentro dela, ou não. Sara desviava o olhar para trás dele, ela não queria ser pega de surpresa e foi ai que ele pareceu notar:

– Vamos sair daqui, talvez não seja tão seguro pra você– Ele falou com cuidado e deu uma breve espiada em volta deles – E nem pra mim. Já esta ficando tarde, venha.

Charlie colou um braço por cima dos seus ombros e seguiram em frente, ao caminho para o lago, em silêncio.

Chegando ao lago, o sol já estava se pondo, Charlie foi direto até a sua vara de pescar que estava apoiada em uma árvore, pegou uma minhoca de uma vasilha cheia delas e prendeu ao gancho para usa-la como isca. Enojada com as minhocas, Sara sentou-se em uma pedra grande um tanto afastada da beira do lago.

– Pensei que você usaria uma lança para pescar – Disse ela tentando cortar o silêncio.

Ele apenas sorriu fazendo uma pausa até que respondeu:

– Eu não pesco tão bem quanto a um índio a ponto de poder usar uma lança. – Ele deu mais uma pausa– Ou as mãos. – Disse ele um tanto divertido.

Charlie sempre agia de forma tão natural, livre, sempre sabia o que estava fazendo e passava sempre a impressão de ser tão sábio. – Ele realmente sempre sabe o que fazer– costumava pensar Sara, e ela não só pensava, mas se admirava por ver aquele rapaz, que fora uma criança tão inconsciente, agora tão desenvolvido, tão bonito, responsável, forte, e entre outras muitas coisas em qual ele se mostrou ser muito capaz, ele sabia como agir de maneira correta em cada situação fosse ela formal ou não. Por mais que sara detestasse admitir, Charlie era o príncipe que habitava os seus sonhos e o de muitas garotas, mas ela ocultava esta parte do pensamento.

Charlie ficou próximo ao lago, em silencio, sem fazer nenhum movimento brusco apenas esperando sua presa, assim como um lobo espera um cervo passar diante dele. Sara o observava, mas ele observava a forma que as águas do lago se movimentavam. Ela sabia que estava se apegando a ele por mais que não quisesse isso, uma hora ela teria que partir de volta para casa e poderia ficar sem vê-lo por muito tempo. Ele também sabia disso.


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