Série Ômega- A Fúria do Youkai Perdido escrita por Miyuki Shimizu


Capítulo 4
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

" Ele secava o rosto na toalha de banho e sua franja curta parecia um topete úmido acima de sua testa. Sara e sua avó desviou o olhar para ele e logo depois sua avó voltou à atenção ao cozido, enquanto Sara deu a ele um pequeno sorriso enigmático. "



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Já estava um pouco tarde quando eles decidiram voltar para casa. Às sete horas da tarde já estava escuro o suficiente para dificultar a volta à fazenda tendo de passar pela floresta. Sara sentiu ansiedade ao voltar, mas bem pertinho de Charlie ela não sentira medo algum. Ele a dissera que não havia perigo, assim ela pode se sentir confortável ao ter que passar pelo mesmo caminho que, mais cedo, ela fora perseguida por um animal raivoso. No caminho de volta, ela ficou apenas a um centímetro de distancia de Charlie, ele achou graça disso. Eles conversaram com direito a algumas boas risadas, mas que duraram apenas até o meio do caminho. Charlie parou de andar e ficou em posição ereta, atento aos sons que os rodeavam, Sara parou ao mesmo tempo olhando para ele tentando decifrar o seu rosto para saber o porquê ele tinha parado, mas a expressão no rosto dele era séria, o que a preocupou. Sara já havia passado um grande susto aquela tarde e temia que pudesse levar outro mesmo com Charlie ali por perto.

– Silêncio – Tente escutar esse ruído – O disse sem sair de sua posição.

– Grilos?

– Não, baka – Ele sorriu e Sara estranhou essa sua reação – è o som de um guaxinim, não, dois guaxinins, devem estar caçando comida para os filhotes.

– Guaxinins por aqui?

– Por que a surpresa? – Ele voltou a caminhar e Sara correu para acompanha-lo sem ficar atrás ou longe dele.

– Por nada– Ela deu um pequeno riso – Sua audição é mesmo boa – Ele parou e se virou para ela. Ela estranhou novamente, mas não falou mais nenhuma palavra se quer.

Charlie se aproximou de Sara e fixou seus olhos azuis, agora escuros por falta da luz, – mas sem perder o brilho – nos dela. Ele se aproximou mais e encostou uma das mãos em seu queixo, e sem dizer uma palavra ou fazer qualquer outro movimento, ele continuou com o olhar fixado aos olhos dela, Sara pode notar suas pupilas diminuídas. Sara pode o senti-lo colocar em uma de suas mãos, a alça do balde onde carregavam os peixes pescados– Que romântico, ela pensou– até que ele cortou o silêncio:

– Você se distraí fácil demais– Ele a fez se indignar e ficar com as bochechas rosadas de raiva. Ele gostava de vê-la assim, talvez isso explicasse o fato dele, na maioria das vezes, fazê-la espera-lo por muito tempo depois de cumprir alguma tarefa, para poder vê-la com bochechas rosadas ofuscando de raiva, isso o excitava– Olha pra você– Ele passou a mão por um lado do rosto dela– Nem percebeu que tem algo nos observando, você tem que aprimorar os seus sentidos. – Ele desviou o olhar sobre a cabeça de Sara, olhando para além dela.

– O que? – Ela pareceu acordar de um transe, e logo sentiu a sensação de medo e surpresa. Seria o mesmo animal de antes? – O que tem atrás de nós?

– Escute – Ele falou baixo e calmo – Quero que você caminhe em linha reta até achar que pode correr– Sara sentiu-se apavorada e lançou um olhar de preocupação para ele, que ele pareceu ignorar– Quanto a mim, não se preocupe só saia e volte para casa, eu irei logo atrás de você.

Ele a beijou na testa e a deu um leve empurrão para trás dele, colocando-a na rota certa, indicando para ela sair dali.

– Vá depressa, este cervo não parece ser muito amigável.

Um Cervo? Ela havia sido perseguida por um cervo em fúria? Ela não sabia, mas se realmente estava em fúria, ela ainda tinha que se preocupar com Charlie. Ela andou em passos longos, mas devagar para não perder Charlie de vista, ela não pode avistar o cervo e nem sabia se ele realmente estava em fúria, mas ela não queria deixar Charlie ali, sozinho. Logo, assim que viu que estava livre, por mais que ela quisesse esperar, ela teve de correr assim como Charlie ordenara, carregando o balde de peixes. – E se ele quisesse os peixes? Cervos se alimentam de peixes?Não! Droga! Eles são herbívoros! Mas e os que estão em fúria? – Sara tentava organizar suas ideias enquanto corria o que parecia ser quase impossível naquela situação. Ela chegou ao gramado da fazenda, na pequena colina próxima as plantações de alface, desejando ver Charlie surgir da floresta são e salvo. Sara ofegava, curvada e apoiada com as duas mãos sobre os joelhos.

Ela tinha vontade de gritar por ele até que ele surgiu, correndo com pouca pressa, quando chegou perto dela Sara pode ver que suas linhas de expressão do rosto marcavam mais preocupação do que medo – Ele sentiu medo?

– Está tudo bem? – Ele parecia mais preocupado em saber se ela estava bem do que consigo mesmo.

– Charlie! – Ela o abraçou, mais uma vez com força– O que foi que aconteceu? – Ela estava um tanto confusa.

– Era um cervo, apenas isso– Ele explicou calmamente – Ele queria se alimentar do que tinha naquela área em que estávamos, mas eu não tinha garantia disso até que você saiu e ele se aproximou devagar até o arbusto próximo de uma das árvores. Eu disse a você que nada aqui iria te fazer mal.

Ele sorriu, mas não durou mais que dois segundos. Sara afastou-se um pouco e olhou em seu rosto

– Tudo bem– Ela pegou o balde do chão– Vamos voltar para casa, já levei sustos demais por hoje– Ele apenas a olhava– Você também deve estar cansado.

– Estou, e preciso de um banho– Ele olhou para o céu– Eu poderia ter tomado no lago se não estivesse escuro– Ela pareceu ignorar, ela ainda estava com a adrenalina da corrida em seu corpo. Charlie pegou o balde das mãos dela e deu um passo, olhando por cima de seu ombro– Vamos.

***

Assim que Charlie terminou o seu banho, ele saiu para a cozinha onde encontrou Sara sentada em uma das cadeiras da mesa com uma calça moletom cinza claro e uma camiseta básica baby-look branca, com os cabelos ruivos em uma longa trança por cima do ombro direito. Sua avó estava na beira do fogão preparando o jantar com os peixes pescados.

Sara não estava acostumada a caçar o seu próprio alimento, apesar de ter sido Charlie quem havia pescado os peixes, ela achava um pouco estranho comer algo que até uns minutos atrás estava vivo diante dos seus olhos, mas ela parecia estar curiosa em saber qual era o sabor de um cozido de peixe fresco e não antes congelado como ela era costumada a comer. Experimentar coisas novas era disso que ela gostava.

Charlie estava sem camisa, vestia apenas as partes debaixo inclusive uma calça moletom cinza quase tão escura quanto preto. Ele secava o rosto na toalha de banho e sua franja curta parecia um topete úmido acima de sua testa. Sara e sua avó desviou o olhar para ele e logo depois sua avó voltou à atenção ao cozido, enquanto Sara deu a ele um pequeno sorriso enigmático. Ele sabia o que aquilo significava. Ele passou pela porta da cozinha deixando a toalha e vestindo uma camiseta branca e foi para a varanda, Sara foi atrás, eles ficaram longe o suficiente para que a avó deles não escutasse nada de sua conversa:

– Então você quer conversar?

– Sim– Respondeu Sara brevemente – Eu tenho que te contar uma coisa e te fazer algumas perguntas. – Ela ficou frente a frente com ele e colou uma de suas mãos na guia de madeira da varanda que batia três centímetros acima de sua cintura.

– Pode começar – Ele sorriu levemente enquanto analisava o seu rosto apenas com os olhos.

– Hoje à tarde na floresta, antes de você me encontrar, eu não havia simplesmente me perdido...

– Como assim? – Ele ficou com uma leve expressão séria der repente.

– Eu estava procurando o caminho para o lago quando senti que estava sendo observada, eu resolvi correr porque pude ouvir um rosnar estranho e a coisa me perseguiu, então, eu corri o mais rápido que eu pude e acabei caindo. Era algo rápido demais para um cervo feroz. Parece que ele desapareceu porque viu que alguém estava vindo, e esse alguém era você. Como você não viu nada? O que me perseguiu?

Ele apenas continuou a observá-la.

– O que você esta me escondendo Charlie? – Sara parecia intrigada. Charlie se mostrava sério e em seu rosto, linhas de preocupação se formaram. – E quando o cervo apareceu, por que suas pupilas estavam pequenas daquele jeito?

– Do que esta falando? – Ele fingiu não saber de nada, ou realmente não sabia. Charlie buscava palavras e tentava não demonstrar.

– Charlie...

– Não é bom você andar naquela floresta sozinha Sara.

– Você não quer que eu ande por lá não é? Mas, você disse que nada me faria mal por lá. Eu posso saber quando você mente pra mim!

– Sara, eu disse que nada poderia te machucar porque eu nunca iria permitir, mas ninguém poderia garantir que você poderia estar segura sozinha por lá! – Ele olhou para a janela da cozinha e depois voltou o olhar para Sara, agora falando mais baixo – Alias que animal te atacaria sem ser ameaçado? Você deve ter tido alguma alucinação ou apenas fez um cervo se sentir assustado quando fugiu dele e... Tenha o feito acabar correndo atrás de você! Ali é uma floresta e não uma selva. Um animal qualquer pode ter ido atrás de você – Ele olhou diretamente nos olhos dela– Eu estou mentindo Sara?

Sara fez uma pausa e sem desviar o olhar dos olhos dele, respondeu:

– Está. – Ela viu a testa dele franzir– Suas pupilas. Elas ficam quase do mesmo tamanho de sua íris quando você mente, como agora. Mas eu não entendo... Por que elas diminuíram tanto por causa de um cervo... E você ainda não me deu uma resposta para as minhas perguntas.

Ele pensou e respirou fundo.


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