Locked escrita por Miss Hana


Capítulo 4
O3 - Resignação


Notas iniciais do capítulo

Gente, mesmo, desculpem pela demora... esse ano está sendo mais corrido do que eu jamais imaginei e tomar conta das fanfics está sendo um sacrifício (tapa na minha cara por achar que eu dava conta). Mas prometo que jamais abandonarei as fics ;D
Muito obrigada a todos que comentaram no capítulo anterior ;D
Enjoy!



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LOCKED

Por: Hana

Re.sig.na.ção: Ato ou efeito de resignar;

Sujeição paciente às contrariedades da vida.

L-I-S-A-N-N-A

– Vocês não podem fazer isso comigo! – gritei levantando as mãos para o alto – E as minhas vontades? Elas não contam no meio disso tudo?!

No segundo que a porta se fechou atrás de Odin, eu me virei raivosamente para os meus pais, que me olharam confusos. Casamento?!

– Mas minha filha... – minha mãe protestou, com o cenho franzido – Eu pensei que você gostasse de Thor.

– E eu gosto! – falei alto novamente, deixando indignação transbordar – Mas nós estamos namorando há dois meses!

– É tempo suficiente para um casamento – meu pai falou severo e eu estreitei os olhos para ele, que manteu a postura inflexível – Eu e sua mãe nos casamos uma semana depois de que nos conhecemos.

– Por que o casamento de vocês foi arranjado!

– Isso está sendo diferente no seu caso? – ele perguntou, com uma pontada de cinismo em sua voz.

– Mas isso é diferente! – trinquei os dentes.

– Onde? – estreitou os olhos para mim – Só é diferente no fato de que ao invés de casar com um general, você vai casar com um príncipe! E futuramente virar a rainha de Asgard!

Respirei fundo, deixando meu corpo cair para cima do sofá. Casamento... a palavra ecoou cinco vezes na minha cabeça, como um carma. De onde Odin havia tirado aquilo? Não que eu quisesse que Thor se casasse com outra qualquer, mas havia tantas garotas filhas de homens mais influentes que o meu pai... Por que eu?

– Seu pai está certo, meu amor – minha mãe se sentou ao meu lado e passou os dedos pelo meu cabelo – Você ainda está em vantagem por que já conhece o seu noivo. Pior seria se ele fosse um completo estranho.

Diferentemente das outras garotas da minha idade, casamento era algo que passava longe da minha cabeça, mesmo que com o futuro rei de Asgard.

– Mas eu não estou preparada para casar, mãe – encarei seus olhos – Para se casar deve existir amor. Um tipo puro de amor. Um amor verdadeiro. Eu gosto muito de Thor, mas não tenho tanta certeza assim...

– O amor se constrói com o tempo – General Hiln falou em um tom sério e meus lábios viraram uma linha fina.

–Eu só queria saber por que eu – fechei os olhos – Existem tantas outras garotas mais influentes aqui. Por que eu?

– Por que elas não chegam aos seus pés – meu pai constatou e eu sorri sem graça.

– Por que, dentre todas elas, quem Thor escolheu foi você – minha mãe sorriu e eu concordei. Pelo menos por um segundo.

Na nossa cultura, os casamentos eram realizados em prol de algo mais importante, como uma unificação de reinos, ou a união de duas famílias ou até mesmo negócios. E Odin parecia ser a última pessoa a querer quebrar aquela regra. A não ser que Thor pedisse.

E, se fosse mais fundo no pensamento, chegaria à conclusão de que o Pai de Todos não parecia ser o tipo de pessoa que fazia as coisas apenas pela felicidade do filho. A não ser que tivesse um motivo. Estreitei os olhos para o nada, levantando-me de supetão.

– Mãe, eu vou ao palácio falar com o... – fiz uma careta – Meu noivo.

Eu tinha que falar com Thor. O que eu iria falar não sabia, mas diria alguma coisa.

– Quer que eu vá com você? – perguntou, preocupada.

– Não – trinquei os dentes – Eu posso ir sozinha.

– Anna...

Ela ia protestar, mas eu corri até a porta antes que terminasse de falar, saindo de casa.

L-I-S-A-N-N-A

Enquanto andava pelas ruas da cidade e tentava abstrair minha exaltação em relação ao loiro, lembrei-me da conversa que eu escutei entre ele e o Pai de Todos. E me lembrei da nota mental que fiz para pesquisar sobre o tal Tesseract.

– Com licença – uma voz infantil me parou, tirando-me dos meus pensamentos – Você é Lisanna Hiln?

– Sim – sorri simpática, abaixando-me até ficar a sua altura – Sou eu.

– Me mandaram entregar isso – estendeu um pedaço de papel bem dobrado e eu o peguei, encarando-o.

Quando levantei o rosto para agradecer ao garoto, ele havia sumido. Franzi o cenho, dando de ombros. Desdobrei o papel e li a mensagem, escrita em uma caligrafia forte e cuidadosa:

“Venha falar comigo mais tarde.

Aliás, minhas felicidades aos noivos – H”

Revirei os olhos. Quase podia ver o sorrisinho nos lábios de Heimdall ao escrever aquilo.

– Muito engraçado, Heimdall – falei baixo. Sabia que ele estava me vendo – Eu vou sim, mas antes tenho que falar com Thor e vou passar na biblioteca. Aliás, você sabe alguma coisa sobre um Tesseract?

Perguntei, mesmo sabendo que não ouviria sua resposta, não pelo menos até de noite. Tornei a caminhar em direção ao palácio, mas parei no meio do caminho. Talvez fosse melhor passar na biblioteca antes, enquanto não tinha muita gente nela.

Eu já havia lido quase todos os livros daquela biblioteca e não me recordava de nenhum que falasse sobre um Tesseract. Talvez Kazzio soubesse de algum livro que pudesse me ajudar.

Lembrar do moreno era tão estranho. Depois de tudo o que aconteceu, aquele incidente no beco parecia ter ocorrido a milhares de anos atrás. Eu ficava, de certa forma, aliviada com aquilo.

– Anna? – a voz do meu antigo patrão ecoou pela grande biblioteca, acompanhada de uma face surpresa.

– Olá, Kazzio – sorri, aproximando-me do balcão – Como você está?

– Vou bem – sorriu abertamente, contornando o móvel de madeira e parando ao meu lado – E você? Nossa! Faz realmente muito tempo, hein? Quanto? Sete meses?

– Pois é – sorri, sem graça – Já faz um tempo...

– A que devo o motivo da sua ilustre presença? – perguntou e eu ri, sentando-me no tampo do balcão.

– Eu queria te fazer uma pergunta... – desviei o olhar – Sobre algo que eu ouvi falar e que fiquei muito curiosa.

Ele ficou em silêncio e eu continuei:

– Um Tesseract – completei.

– Onde você viu isso? – perguntou.

– Eu escutei por aí... – desconversei, dando de ombros. Não iria contar que eu estava bisbilhotando uma conversa do rei.

“Que agora vai ser seu sogro” minha Anna interior riu histérica e eu trinquei os dentes.

– Mas, e aí? Você sabe alguma coisa sobre isso? – perguntei e ele hesitou – Por Favor, Kazzio... isso é importante para mim.

– Por quê? – indagou e eu balancei a cabeça.

– Se você não me responde, eu também não o faço – cruzei os braços, fazendo um muxoxo infantil. Ele riu.

– Eu li em algum lugar que o Tesseract é uma fonte ilimitada de poder e tem a forma de um cubo – ele constatou e eu levantei as sobrancelhas. Aquilo não era realmente útil naquele momento. Vendo meu olhar sugestivo, continuou prontamente – Em tempos remotos, foi possuído pelos Asgardianos, mas foi perdido em uma das muitas guerras em Midgard que tiveram o nosso apoio. Desde então, ninguém sabe de sua localização.

Aquilo era útil. Explicava o desespero de Odin para tê-lo de volta, mas não explicava a relação daquilo com Loki. Sorri agradecida. Menos uma coisa na lista de afazeres para aquele dia.

– Muito obrigada, Kazzio – desci do balcão e encarei seus olhos – Eu sabia que podia contar com você.

– De nada – sorriu de volta – Mas você ainda não me contou por que essa informação era tão importante.

– Minha curiosidade é sempre importante – sorri divertida, vendo seu rosto se contorcer em uma careta – Bom, eu tenho que ir agora.

– Tchau, Anna – acenou, olhando para mim.

– Tchau – sorri, me dirigindo até a porta.

L-I-S-A-N-N-A

Convencer Kazzio a me dar informações fora fácil, difícil seria a conversa que eu iria ter com Thor. Pelo menos era isso o que eu achava.

Como diria a ele que estava extremamente chateada por ele ter pedido para Odin falar com o meu pai para pedir a minha mão em casamento? E que não tinha tanta certeza se eu queria casar?

“- Eu quero ter certeza de que é para você exatamente o que é para mim – encarou-me de volta, para logo continuar – Quero dizer, a nossa relação.

– Claro que sim, Thor – sorri – óbvio que sim”

A cena voltou à minha cabeça e eu estanquei no meio da rua. Era por isso que Thor havia ido em meu quarto na noite anterior. Por que ele queria ter certeza de que nossa relação já estava no patamar certo. Para mim pareceu tão óbvio que não hesitei em responder, mas pensando melhor, aparentemente eu tinha dado permissão para ele fazer aquilo. Suspirei. Ótimo. A minha lista de argumentos diminuía a cada segundo.

L-I-S-A-N-N-A

Com minha confiança diminuindo gradativamente a cada passo que eu dava, fui caminhando em direção ao castelo. Quase que dava meia volta ao encarar os portões, mas algo dentro de mim gritou para que eu continuasse. Minha cabeça já estava confusa demais. Mais uma delas e eu iria explodir.

Tentei ignorar os cochichos que sentia às minhas costas toda vez que eu passava por criadas e até mesmo guardas fofoqueiros que, muito provavelmente, já sabiam do meu noivado. E agora ficavam falando. Trinquei os dentes.

Também tinha aqueles olhares raivosos de garotas/mulheres/senhoras que tinham provavelmente um amor platônico pelo príncipe e odiavam qualquer uma que chegasse perto dele. Revirei os olhos, continuando a andar com passos firmes, olhando para o chão, na esperança de não tropeçar em nada.

Virei alguns corredores, esperando que tivesse indo para o local certo, virei em uma esquina e ia apertar o passo, mas parei quando senti meu corpo trombar com o outro e eu ser empurrada para trás. Levantei os olhos assustada, vendo uma senhora que eu nunca tinha visto antes olhar-me com um leve sorriso.

– Me perdoe... – balancei as mãos, pedindo desculpas – Eu não vi a senhora...

– Tudo bem – ela sorriu simpática. Incrivelmente, me parecia ser a única pessoa que não me olhava estranho naquele lugar – Como eu não aceitaria as desculpas da futura rainha?

Deixei meus ombros caírem junto com meus olhos.

– Então a senhora já está sabendo?

– Todo o castelo está – deve ter rido com a minha reação – Mas eu não concordo com as fofocas que esse povo faz. Até parece que eles não têm mais serviço para fazer...

Forcei um sorriso.

– Mas você não me parece muito alegre com isso – ela arqueou as sobrancelhas – É, sem dúvidas, a mais bela, porém, se me permite, a mais infeliz noiva.

– Tudo bem – suspirei, tornando a encará-la.

Seus cabelos eram esbranquiçados e presos em um coque. Apesar das rugas de idade, afirmaria com certeza que ela já fora bonita na juventude. O rosto fino e feições marcantes, junto com os expressivos olhos verdes, que se comparavam com a copa de uma árvore na primavera.

Eu não sabia dizer como nunca a tinha visto antes. Aqueles olhos seriam inesquecíveis. E, bom, eram. Já que eu tinha a impressão de já tê-los visto em algum lugar. Balancei a cabeça.

– Me perdoe o atrevimento – ela sorriu, inclinando a cabeça – O príncipe Thor é um maravilhoso partido, mas eu sempre pensei que a senhorita ficaria com o príncipe Loki. Vocês sempre tiveram uma sintonia impressionante.

– Engraçado – sorri um pouco, franzindo levemente o cenho – A senhora fala como se nos conhecesse há muito, mas eu tenho a impressão de nunca tê-la visto por esses corredores.

– Eu não sou de presença muito marcante – ela riu e fez uma pequena reverência, pondo-se a andar novamente, passando por mim – Mas eu sou uma pessoa muito observadora. Obrigada pela agradável conversa, Minha Futura Rainha.

– Foi um prazer conhece-la... – ia perguntar seu nome, mas quando me virei, ela já não estava mais ali. Pisquei - Olá

Franzi o cenho, andando um pouco para trás, para confirmar que ela havia virado o corredor, mas não. Ela não estava lá. Balancei a cabeça. Tinha coisas mais importantes para pensar naquele momento.

L-I-S-A-N-N-A

Eu não sabia exatamente onde eu estava procurando, mas sabia que procurava por Thor. Não sabia nem se ele estava no palácio, mas andar sem rumo me fez juntar um pouco de coragem para falar com ele. Não era como se eu estivesse com medo. Eu estava mais constrangida do que qualquer outra coisa. E constrangimento era definitivamente uma coisa que eu odiava do fundo do meu coração.

Balancei a cabeça. Eu já não tinha a mínima ideia do que iria acontecer dali para frente, e se não falasse com o loiro, aí era que saberia menos ainda. Bufei frustrada, encostando-me na parede mais próxima.

Tudo estava tão estranho. Tão confuso. Eu queria as respostas, mas ninguém parecia disposto a me dar elas. Todos falavam o quanto eu sofri e fiz eles sofrerem, mas eu nem sabia o porquê daquilo. Eu não sabia e eles não estavam dispostos a me falar. Falavam do próprio sentimento, mas não consideravam a bola de neve que estava se tornando a minha cabeça. Ninguém considerava as minhas dúvidas, minhas lágrimas ou meu sofrimento. Só por que eu fi-los sofrer, mas nem sabia o motivo.

Encostei minha cabeça na parede e deixei-me deslizar até o chão, apoiando a cabeça nos joelhos. Eu queria me encolher. Encolher-me até sumir. Encolher-me até apagar todas as dúvidas na minha cabeça. Sem querer, deixei que finas lágrimas escorressem pelo meu rosto, que foram aumentando até se tornarem soluços intensos.

Eu sempre detestara que me ouvissem chorar, mas tinha outra pessoa que odiava me ver chorar na mesma intensidade que eu odiava fazê-lo. Loki. Por mais estranho que pareça, todas as vezes que eu não conseguia segurar as lágrimas, eram suas palavras arrogantes e sarcásticas que me faziam rir. E só.

Ele era a única pessoa com quem eu conseguia rir de verdade em meio à tristeza. Senti um vazio em meu peito e eu pressionei a mão contra o mesmo, na tentativa de fazer a sensação estranha e dolorosa parar.

Era a primeira vez depois daqueles meses – dos que eu me lembrava – que eu chorava tão fortemente. E foi a primeira vez naqueles meses que a imagem do moreno me pareceu tão dolorosa. Foi a primeira vez que eu realmente senti a dor de sua perda. E aquilo estava me machucando de uma maneira lacerante. Eu não entendia por que, mas pensar naqueles olhos verdes e riso na maioria das vezes contido fazia eu ter a sensação de que havia alguém prendendo a minha caixa torácica, me impedindo de respirar.

E, por longos minutos, eu fiquei ali. Chorando. Chorando por tudo e por nada ao mesmo tempo. Chorando pela dúvida, chorando pelo meu casamento, chorando por Loki, chorando por eu não saber de nada... Chorando pelo pensamento de que eu achava que todos me escondiam algo que eu não podia saber.

– Anna? – uma voz assustada e conhecida me chamou, fazendo-me levantar levemente a cabeça.

Tentei cumprimentar a Rainha, mas palavras estavam engasgadas na minha garganta. Desisti assim que abri a boca, colocando a cabeça entre os joelhos de novo, tentando veemente conter os soluços.

Esperei que a rainha falasse algo, mas alguns minutos se passaram e o silêncio prevalecia. Eu ainda conseguia sentir sua presença ali e seus olhos sobre mim, mas não fiz a mínima menção de encará-la novamente. Talvez por que eu não quisesse que ninguém me visse chorando. Ou pela vergonha de estar derramando mais lágrimas do que a própria mãe de quem morreu. Como se eu fosse mais importante do que ela. Como se minha dor fosse maior.

Pensei que ela falaria alguma coisa, mas simplesmente sentou-se no chão ao meu lado. Franzi o cenho, olhando-a de esguelha. Ela não me olhou de volta. Simplesmente encarou o vazio.

– Eu sei que ele faz falta – falou, finalmente. Franzi o cenho – Mas ainda assim não entendo.

– De quem está falando?

– Você sabe – bufou levemente – Loki.

– Como... – ia perguntar como ela sabia que eu estava pensando no moreno, mas um sorriso debochado apareceu em seus lábios. Algo que eu realmente achava que nunca veria, considerando que a Rainha Frigga era uma das mulheres mais calmas e sábias que eu jamais havia conhecido.

– Está bem estampado em sua face que não tem desejo de se casar com Thor – ela sorriu e balançou a cabeça de um lado para o outro – Mas não creio que seu desgosto por isso seja tanto.

– E o que a leva a pensar que... – ia perguntar novamente, mas ela me interrompeu.

– Chega uma hora em que não dá mais para reprimir o sentimento de perda dentro de si – abri a boca para retrucar que eu não estava reprimindo coisa alguma, mas antes que eu dissesse algo, ela continuou: – Mesmo que inconscientemente. Eu te conheço, Anna. Sei que suas lágrimas são causadas por algo muito além de um casamento arranjado.

Suspirei, não sabendo muito bem como responder.

– É verdade – suspirei novamente, sentindo um pingo de lágrima escorrer até meu queixo, ficando pendurado ali, fazendo-me cócegas – Em parte.

Passei a mão, na tentativa de enxugar meu rosto, mas não adiantou. Involuntariamente, mais e mais lágrimas escorriam de meus olhos.

– É que eu estou tão confusa – fechei os olhos, forçando minha voz a sair – Eu não me lembro de nada...

Olhei em seus olhos. Eles me encaravam com compaixão. Suspirei esperançosa. Talvez a rainha fosse sincera comigo. Talvez ela me contasse a verdade.

– Anna... – ela sorriu, pondo delicadamente a mão em meu ombro – Por mais que suas lágrimas me entristeçam, não sou a pessoa certa para contar a você a verdade sobre tudo isso.

– Então realmente tem uma verdade por trás disso tudo? – franzi o cenho e ela se calou.

– Você é uma garota muito inteligente, Anna – depois de um longo suspiro, continuou – Eles não deveriam ter subestimado a sua inteligência e obstinação. Foi um erro enorme.

– O que a senhora quer dizer com isso? – franzi o cenho mais uma vez, vendo-a balançar a cabeça.

– Se quer um conselho – ela levantou-se, ajeitando a saia – Não derrame mais nenhuma lágrima. Seu rosto é muito belo para ficar molhado por provas de tristeza. Mais cedo do que você imagina, a verdade virá à tona. E esteja preparada, por favor.

Ela me sorriu e fez menção de andar, mas segurei sua mão, fazendo-a virar-se novamente para mim.

– Eu posso fazer outra pergunta? – mordi o lábio, vendo-a assentir – A senhora diz que o casamento arranjado com Thor não me agrada. Está tão estampado em minha face?

– Para falar a verdade... – ela arqueou as sobrancelhas e eu contraí os lábios, em expectativa. A resposta era, de certa forma, importante – Não. Mas você é muito jovem e cheia de vida. Eu, em seu lugar, estaria pensando o mesmo.

Fechei os olhos. Não queria nenhuma desaprovação da parte da rainha. Ela tinha grande estima para mim.

– Não me leve a mal, mas eu adoraria tê-la como nora – ela sorriu gentilmente, esticando a mão para que eu me levantasse – E fico, de certa forma, feliz com a escolha de meu filho.

Segurei sua mão e me levantei, limpando a saia do vestido longo.

– E a senhora tem alguma ideia do porquê de ele ter me escolhido? – franzi o cenho, suspirando.

– Isso te aflige tanto assim? – contraiu os lábios e eu neguei.

– A ideia nunca me passou pela cabeça – sorri sem graça – E agora me parece bastante irreal.

– Faça as coisas do seu jeito – sorriu tenra – E, assim, quando tudo isso chegar ao final, terá a certeza de que tudo o que ocorreu foi fruto de suas próprias escolhas.

Me calei. Mesmo que fosse difícil, tive que reconhecer a certeza em suas palavras. Eu tinha que começar a agir seguindo meus instintos e meu coração. Só assim teria pelo menos um pouco de certeza em meus atos.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Sei que não mereço, mas, por favor, comentem TT.TT
É muito importante mesmo, para mim ;D
Obrigada mais uma vez