Locked escrita por Miss Hana


Capítulo 3
O2 - Surpresa


Notas iniciais do capítulo

Meu deus... me perdoem... sério :x Eu fiquei de postar o capítulo no feriado, mas acabei ficando sem net, durante a semana não tive tempo e só peguei o PC agora... me desculpem... Anyway, diferente da surpresa que a Anna vai ter, eu vos trago uma Agradável surpresa! Leiam o capítulo e LEIAM AS NOTAS FINAIS! OKOK?
Muito obrigada a todo o apoio que vocês estão me dando, gente ^~^ Significa muito mesmo para mim!



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LOCKED

Por: Miss Hana

Sur.pre.sa: Ato ou efeito de surpreender ou ser surpreendido.

L-I-S-A-N-N-A

Esperei as luzes se apagarem para eu levantar da cama. No fundo, me sentia um tanto quanto culpada por estar fazendo aquilo escondido. Na verdade, ninguém negaria me acompanhar até Heimdall, mas eu não queria que escutassem a nossa conversa.

Primeiro, por que eu não queria que soubessem que eu estava bisbilhotando uma conversa com o rei – Heimdall era uma exceção a essa regra, já que o que ele mais fazia era bisbilhotar a vida alheia – e depois por que todos sempre me negavam conversar sobre Loki. A partir de onde eu realmente lembrava, achava que era por que todos estavam de luto e tristes por sua morte, mas depois eu percebi que já haviam se passado muitos meses e eles sempre mudavam drástica e descaradamente de assunto toda vez que eu falava no moreno.

Esses fatores me levaram a decidir fugir no meio da noite para conversar com Heimdall.

Meu quarto ficava no segundo andar da casa, era uma queda relativamente grande, mas não para quem conseguia criar uma plataforma sólida em pleno ar. Sorri convencida. Prendi os cabelos em um rabo de cavalo e me encostei ao parapeito da sacada, pondo as mãos para frente logo em seguida.

Sjköldur! – sussurrei, vendo a placa acobreada aparecer rente ao parapeito.

Quando ia pulá-lo, minha visão embaçou, um flash passou pela minha mente e um jardim apareceu. Era como se essa imagem piscasse na minha cabeça e a situação era a mesma. Eu, encostada ao parapeito de uma janela com o escudo formando uma extensão dela para fora.

Mas eu não estava no segundo andar da minha casa. Eu estava em um lugar mais alto. De frente para um jardim um tanto quanto mais extenso do que o da minha casa. Um jardim que eu conhecia muito bem. O jardim do palácio. Um sentimento de desespero tomava o meu coração e eu tinha que chegar a algum lugar rápido. Se não um desastre iria acontecer.

Atordoada, dei um passo para trás, batendo com a cintura na penteadeira. Quando tudo voltou ao normal, pus a mão no coração. Ele estava acelerado. Será que aquela havia sido uma memória minha? Algo como um flashback? Bom, o que quer que tenha sido, deixou-me com um peso no coração da lembrança de um sentimento que eu supostamente tive.

No final, aquilo era ótimo. Significava que eu estava recuperando minha memória.

Com um largo sorriso contido no rosto, pulei o parapeito da pequena varanda.

L-I-S-A-N-N-A

Esgueirando-me pelas sombras dos prédios e torcendo para não ser vista, fui andando até a ponte. Dei uma leve corrida para me afastar um pouco dos prédios e depois passei a andar normalmente, até chegar perto do posto de Heimdall.

Eu sentia um tipo meio distorcido de pena do moreno. A Bifrost era sua vida. E ela fora destruída. De certa forma, eu o entendia, mesmo não sendo muito amiga dele.

– Há quanto tempo, Lisanna – falou, sem se virar. Um hábito um tanto quanto estranho. Dei de ombros.

De fato, fazia meses que eu não via Heimdall. Ele não mudara absolutamente nada.

– De fato – tentei sorrir, mas travei – Faz tempo.

– Duvido que o motivo da sua visita seja saudade – riu irônico e eu soltei o ar pelo nariz.

Fiquei ao seu lado, encarando o espaço a minha frente. As estrelas me deixavam tonta e minha visão fora de foco. Mas era uma tontura divertida. Sempre que precisava rir ou pensar, fugia um pouco para olhar para as estrelas.

– Pois é – olhei para ele, que não me encarou – Eu queria te fazer uma pergunta.

Silêncio. Tomei aquilo como um “prossiga”.

– Eu tenho escutado algumas coisas – comecei um pouco incerta. Não sabia exatamente se deveria falar sobre aquilo, mas Heimdall (ou seus olhos) era a minha única esperança – E é muito importante que você seja sincero comigo.

Mais silêncio. Aquilo estava me intimidando um pouco, mas continuei mesmo assim, balançando a cabeça.

– Por que minha cabeça está muito confusa – soltei, pondo a mão no coração – As pessoas não me falam nada e eu não consigo descobrir sozinha. Sei que nunca fomos muito chegados, mas você é a pessoa que eu mais posso confiar agora, por que é o único que pode me prover a verdade.

– Vá direto ao ponto.

– Eu quero saber se você consegue ver Loki – falei rápido, com medo de que aquela frase não saísse nunca – Ou se você o viu nesses meses, ou se consegue sentir sua presença em algum lugar, ou um fio de cabelo sequer. Eu preciso saber, Heimdall.

Pela primeira vez ele olhou para mim. Seus olhos não expressavam muita coisa, e fiquei com medo de que ele fosse me delatar para Odin.

– Você está se arriscando muito para vir aqui me fazer essa pergunta – constatou e eu franzi o cenho – Deve ser bastante importante para você.

– E é – confirmei – Só preciso que você e responda essa única pergunta. Por favor.

Ele ficou em silêncio novamente e voltou a fitar as estrelas, como sempre fazia. Me perguntei se ele também não sentia as mesmas tontura que eu.

– Tem algum motivo subjetivo?

– Eu não sei – respondi, com sinceridade – Loki era meu melhor amigo. Se ele ainda estiver vivo, eu preciso saber.

Pela primeira vez em toda a minha vida, eu vi um sentimento nos olhos de Heimdall que nunca havia presenciado antes. Compaixão. Assustei-me com seus olhos, que me analisavam, como se ele tivesse algo que queria me dizer, mas não podia. Como se tivessem mandado que ele carregasse o segredo até a cova.

– Sentimentos se estendem até muito além do que os olhos podem ver – falou, por fim – do que o coração é capaz de sentir e a mente de lembrar.

Francamente, não entendi o que ele quis dizer com aquilo. Se tinha algo escondido em suas palavras, ou não. Mas, pensando bem, Heimdall não parecia o tipo de pessoa que falava só por falar. Se ele disse aquilo, deveria ter alguma razão.

– Isso, por algum acaso, foi a resposta da minha pergunta? – arqueei a sobrancelha e ele riu nasalmente.

– Lembre-se disso no futuro – vi um pequeno sorriso brotar em seus lábios, mas ele logo o escondeu – Eu vou te ajudar, Lisanna. Você está certa. Pode confiar em mim.

– Então responda a minha pergunta – supliquei.

– Sim, Lisanna – ele respondeu e eu senti arrepios correrem por todo o meu corpo. Loki ainda estava vivo?! – Há alguns meses atrás eu senti sua presença em algum lugar do espaço. Foi rápido, como um flash, mas tenho certeza de que era ele. Eu acreditava que ele estava ocultando sua presença de mim, mas não é possível que ele consiga fazer isso por tanto tempo e por conta própria, mesmo sendo Loki. O que me levou à teoria de que haveria alguém ocultando-o, o que me levou a outras duas perguntas: Por que alguém faria isso? E quem faria isso?

Sua voz ecoava em minha cabeça e demorei para processar suas palavras. Elas não tinham nexo no segundo em que entravam, por isso devo ter ficado olhando para ele com uma cara de idiota. Tudo o que eu havia realmente entendido era que Heimdall havia sentido a presença de Loki e aquilo era melhor do que o previsto. Quando finalmente suas palavras fizeram sentido, eu sorri abobalhada.

– E o que você tem para me dizer sobre Loki estar em Midgard? – levantei as sobrancelhas, lembrando da conversa que eu escutei do Rei com Thor.

– Onde você escutou isso? – arqueou uma sobrancelha e eu dei de ombros.

– Eu escutei uma conversa de Thor com Odin e... – parei quando interpretei seu olhar como uma repreensão, e logo levantei as mãos: – Ah, até parece que você não vive fazendo isso.

Aparentemente preferiu ignorar minha constatação, por que depois de alguns segundos, continuou:

– Midgard foi onde eu senti a presença dele – falou, não dando muita importância para a informação.

– Por que você não me disse antes? – falei alto.

– Não pensei que fosse uma informação necessária – franziu o cenho – Por que a preocupação?

– Por que todas essas informações estão começando a ligar-se entre si – suspirei, olhando profundamente em seus olhos dourados.

Tudo começou a piscar novamente em minha cabeça. Os olhos dele estavam no mesmo lugar, mas a imagem ao redor deles mudou. Era um espelho e ele refletia uma pessoa com olhos dourados, em um quarto. Reconheci o ambiente. Era um dos muitos quartos do palácio. A pessoa que estava refletida no espelho era eu. E eu estava assustada. Franzi o cenho, vendo a imagem se dissipar e os olhos voltarem a ser de Heimdall.

Tombei para trás, equilibrando-me com dificuldade. Franzi o cenho, confusa.

– O que foi? – olhou duvidoso para mim.

– Nada... – gaguejei, dando um passo para trás. Tinha que sair dali – Heimdall... muito obrigada por tudo mesmo. Eu sabia que podia confiar em você.

Ele fechou os olhos, assentindo. Mas abriu-os rapidamente, olhando alarmado para mim.

– Corra. Tenho certeza de que você não tinha permissão para sair de casa essa hora e ainda por cima sozinha – arqueei a sobrancelha – Thor está indo para a sua casa.

– Essa hora? – franzi o cenho e ele me olhou sugestivamente. Corei – Não pense essas coisas, Heimdall.

Sorri em agradecimento, mais uma vez e saí correndo dali, pensando em mim mesma com os olhos de Heimdall.

L-I-S-A-N-N-A

Fechei a janela ofegante. Eu correra com a minha vida da ponte até em casa, caso Heimdall estivesse certo sobre Thor estar vindo me visitar na calada da noite. Quer dizer, Heimdall poderia estar errado. Thor poderia estar indo para qualquer outro lugar. Ou não.

Coloquei rapidamente meu pijama e me deitei, esperando. Não demorou muito para que pequenas pedras batessem no vidro da janela. Levantei-me rapidamente e olhei para fora, onde Thor olhava para mim com um sorriso de canto. Abri a janela, tentando convencer que eu estava suficientemente surpresa.

– O que você está fazendo aqui? – sussurrei, franzindo o cenho – Sjköldur!

Uma placa acobreada apareceu no chão e o loiro subiu em cima dela, sendo puxado para cima no instante seguinte.

– Vim fazer uma visita – sorriu, entrando no quarto e fechei a janela logo em seguida.

Fiz uma careta. A nossa última conversa não tinha sido exatamente agradável e eu ainda estava bastante chateada com ele. E não, não me arrependia nem um pouco de ter sido rude.

– Se você não se lembra – falei, cínica – Eu ainda estou bastante chateada com você.

Ele fechou os olhos com força, balançando a cabeça de um lado para o outro. Em um movimento rápido, pôs o braço em volta de minha cintura e me puxou para si, em um abraço um pouco forçado. Meus braços ficaram presos entre nossos corpos e ele me apertava com força.

– Anna... – falou, enterrando o rosto em meu cabelo – Realmente, me desculpe. Mas eu não consigo falar sobre aquilo. É demais até mesmo para mim.

Ficamos ali por mais alguns minutos. Sentia-me culpada por estar sendo tão chata com ele, mas também queria respostas! Suspirei pesadamente. Não ganharia nada além de discórdia com Thor, sendo exigente demais com ele. Mesmo que eu ainda sentisse que estava certa.

– Tudo bem – sussurrei – Me desculpe. É que isso tudo é tão estranho para mim. Eu só queria respostas.

Ele ficou em silêncio. Foi soltando-me lentamente e segurando minha mão, até chegar ao ponto em que conseguiu segurar minha mão. Olhou profundamente em meus olhos e eu retribuí.

– Eu vim aqui para conversar com você – caminhou até minha cama e se deitou no canto, recostado na cabeceira.

Puxou levemente minha mão e eu me deitei ao seu lado, apoiando a cabeça em seu ombro, um pouco abaixo de seu pescoço. Tentei desviar meus pensamentos de toda aquela tensão e me concentrar no ritmo da respiração de Thor.

O silêncio reinou por alguns minutos. Ele parecia ponderar sobre o que iria dizer e eu estava esperando que falasse.

– Eu provavelmente irei viajar semana que vem – congelei.

Ele realmente iria para Midgard e, muito provavelmente, não diria o motivo.

– Para onde? – indaguei, mesmo já sabendo a resposta.

– Midgard – respirei fundo.

– Por quanto tempo? – essa era uma coisa que eu queria saber.

– Eu não sei – respondeu, com sinceridade – Mas provavelmente não pouco.

Ficamos em silêncio por um tempo. Não me importei em quebra-lo. Estava imersa demais em pensamentos.

– Eu não quero ficar muito tempo longe de você – falou inesperadamente e eu franzi o cenho – Não sem eu saber se o que há entre nós é realmente o que eu estou achando que é.

– Como assim? – levantei a cabeça, encarando-o com olhos curiosos.

– Eu quero ter certeza de que é para você exatamente o que é para mim – encarou-me de volta, para logo continuar – Quero dizer, a nossa relação.

– Claro que sim, Thor – sorri – óbvio que sim.

No segundo em que eu falei, ele sentou e se virou de frente para mim, encarando-me intensamente.

Eu não estava entendendo onde ele estava querendo chegar com aquilo, mas sua pergunta me pareceu tão óbvia que não demorei a responder. Eu achava mesmo que a nossa relação significava a mesma coisa em ambas as partes.

Sorri ao ver seu sorriso e aconcheguei-me melhor a si, tentando ignorar a sensação ruim que brotava em meu estômago.

L-I-S-A-N-N-A

– Anna! – uma voz apressada literalmente me derrubou da cama – Levante!

Olhei assustada, vendo minha mãe me encarando com os olhos arregalados e uma expressão preocupada.

– O que foi? – me levantei prontamente.

– O Pai de Todos está lá em baixo conversando com seu pai! – ela falou. Pude dizer que havia uma pontada de histeria e felicidade em sua voz.

– E o que eu tenho a ver com isso? – sibilei, tentando não gritar.

– Que ele requer a sua presença! – ela respondeu no mesmo tom e apontou para o meu armário – Agora vá ficar apresentável. Eu quero você lá em baixo em menos de cinco minutos.

Trinquei os dentes. Limpei o rosto e troquei de roupa, depois penteando os cabelos e prendendo-os em um rabo-de-cavalo.

Depois da estranha visita de Thor na noite anterior, eu acabei adormecendo em seus braços. Ele provavelmente saiu quando eu dormi.

Olhei-me no espelho mais uma vez. Apresentável. Calcei os sapatos e saí apressada, descendo as escadas agilmente. Quando ainda estava na metade da mesma, ninguém havia notado a minha presença. Tomei isso para analisar melhor a situação: Em um sofá, meu pai sentado encarando Odin, que estava sentado no outro sofá, ao lado de Thor, que sorria mais do que abertamente. Eles não pareciam estar em desacordo. Franzi o cenho, descendo os outros degraus.

– Anna! – meu pai exclamou, quando me viu. Um largo sorriso tomava conta de seu rosto e eu o olhei confusa.

– Bom dia – sorri para todos ali, ainda me perguntando o que Odin fazia em minha casa.

– Então está tudo em seus conformes? – Odin confirmou. Realmente queria saber do que se tratava aquilo tudo.

– Mais do que isso – General Hiln sorriu.

– Quanto mais cedo realizarmos o casamento, melhor – o Pai de Todos sorriu e eu pisquei pausadamente, tentando processar o que ele dissera.


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Notas finais do capítulo

Gente, espero mesmo que tenham gostado ;D
Agora vamos à surpresa agradável (para alguns, já que outros já sabem):
Eu postei outra fic! (Não, ela não vai atrapalhar nas postagens de Locked ou Gatos! Sim, eu vou me dobrar para dar conta, mas quando a pessoa realmente ama o que faz, dá um jeito ;D Como, eu ainda não sei...). Ela é uma fic interativa dos Vingadores, Pós-The Dark World e pré-Soldado Invernal! Seu nome é Quando a Convicção Vai Embora. Deem uma olhada lá e, se interessar, me mandem uma ficha! ^^
Quando a Convicção Vai Embora: http://fanfiction.com.br/historia/499076/Quando_a_Conviccao_Vai_Embora_Interativa/

E capítulo novo de Gatos! http://fanfiction.com.br/historia/492093/Gatos/