Weiß Dämon escrita por AneenaSevla


Capítulo 9
Carne Estragada


Notas iniciais do capítulo

OLÁ MINHA GENTE
DEPOIS DE 84... não pera... 7 anos, isso.
Eu resolvi voltar para essa história. Ela merecia um final, e eu estou decidida a finalizar isso. Vocês que esperaram, AGORA FINALMENTE TEM ATUALIZAÇÃO!
Esse capítulo eu notei que se passava antes daquele do "lenhador que não é lenhador" e o o do monstro caçando um humano, ainda antes dos dois, então coloquei antes, e esse logo depois, depois o do lenhador.
Agora tá na ordem. Sem mais delongas, o capítulo!



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Andeir acordou com a cabeça doendo. Aqueles sinos que ele emitia eram muito fortes, como ele fazia isso, ela não sabia. Mas não podia ficar lamentando sua sorte, pois agora estava com fome, e, como ela tinha agora notado, tinha cheiro de carne fresca no ar. E ao lado dela, ainda por cima. Tateou até achar uma panela de metal, e dentro, ali estava a carne. Cortada em cubinhos. Sorriu. Que bondade, a dele, ao menos não precisaria mexer com facas, o que era ótimo, pois ela ainda não conhecia bem a casa para saber onde trabalhar. 

Mas tinha um ponto de partida. Assentiu, e, com o ânimo renovado, se levantou e foi trabalhar. Não ouviu o Senhor em lugar nenhum, então decidiu que ou estava observando ela, quieto num canto, ou estava lá fora, fazendo alguma coisa que não era de seu interesse. 

Carregou a panela até perto do fogo, e ali deixou. Precisava de água, para cozinhar a carne. Lembrou-se do som de água corrente e o seguiu. O cheiro de terra molhada indicou o caminho certo, e logo ela escutava o som de água. Sorriu novamente, voltou pelo caminho que seguiu e pegou outro balde que achara no outro dia, ainda bem, vazio. Encheu de água e começou a cozinhar. Achando itens que tinha descoberto ao tatear pela casa, como um prato, uma colher de pau e uma menorzinha, tratou da carne, tirou umas partes que ela notou que não eram boas para consumo. Ela se lembrava das instruções de Babu, e as seguiu com afinco. A fome não ajudava muito mas conseguiu fazer algo que prestasse. Sentia somente falta dos temperos, mas não podia reclamar. Poderia depois, se pudesse, procurar legumes e outras coisas. Queria mostrar que sabia fazer coisas sozinha. Não era inútil.

Satisfeita e de barriga cheia, ela retirou as coisas do fogo e deixou o resto do cozido perto da lareira, para continuar quente. Limpou o resto, deixou em algum lugar acessível e passou a explorar a casa, procurando algo para fazer. Notou várias coisas feitas daquele mesmo couro fino e macio, e o cheiro… estranhamente as peles, até mesmo as de animais peludos, não tinham aquele cheiro de curtume que normalmente se teriam das peles comuns. Ela estava lidando com uma pessoa que ia além do nível profissional. Ou sobrenatural. Se perguntou se poderia pegar umas peles para fazer uma cama para ela, num canto. Não sabia se podia, mas se ela acordou em um monte de peles… não faria diferença se as peles tivessem em um lugar que atrapalhava menos.

Eu tenho de pensar bem aqui… ela ponderou, Mudar a pilha tá fora de questão, porque ele é bem possessivo com as suas coisas. Talvez tirar umas da parte de baixo?

Andeir tentou puxar de baixo, mas ao notar que aquela pilha pesadíssima ia desabar, desistiu, tentou do meio, foi mais aceitável, se fizesse com cuidado. Logo, tinha um pequeno ninho num canto da lareira. Satisfeita novamente, retirou o casaco de pele, e, ao notar que não sentia frio, colocou-o como travesseiro em cima das peles. Com duas necessidades concluídas, faltava mais um básico: limpeza. Infelizmente ela não sabia onde estavam todas as coisas ainda, e se tinha algum banheiro por ali. Seu rosto se contorceu em nojo ao se lembrar que o demônio devorava humanos, e o que deveria sair depois… bem, ao menos não mais, se ele fosse se lembrar do contrato…

Claro que ele se lembraria. Ela não estava ali por nada, não é mesmo?

E determinada ela estava a servir para alguma coisa. 

 

—POV SWITCH-

 

Verdade seja dita, ao voltar para casa depois da sua ronda usual por seu território, o demônio esperava ver a garota chorando num canto por aqueles olhos inúteis, depois de ter percebido que estar com ele seria um terror e tudo o mais… mas qual foi sua surpresa quando chegou e sentiu o cheiro de água fervendo e algo borbulhando lá dentro. 

Eca, o que era isso?

Notou que era a mesma panela de carne que ele tinha deixado com a humana. O que diabos ela fez com aquilo? Sabia que humanos tinham costumes estranhos como torrar a carne no fogo, mas afogar em água fervente? Eles não se queimavam?

Ao menos estava arrumado e fora da área de movimento, então sumariamente ignorou aquela coisa. Notou que o lago subterrâneo estava ocupado, então se dirigiu para lá, e uma nota de paranóia veio em sua mente. De repente ela resolveu se afogar. Aí não teria mais seu brinquedo. 

Um andar esguio, e estava lá.

Eis que descobriu a garota ainda viva, ainda sóbria, a mente dela simplesmente… vazia, só as sensações e movimentos na água. Okay, ao menos era uma criatura limpa. Menos mal, detestava ter de lidar com pulgas.

Andou até a beira do lago, fazendo-se ser notado, a moça virou um pouco a cabeça

— Senhor? - Ela arriscou, afastando os cabelos do rosto - Bem vindo de volta.

Achei que eu teria de te livrar de se afogar, ele arriscou, meio aborrecido, meio... aliviado? Ela parecia feliz? O que estava acontecendo? Cadê a moça assustada de antes?

— Ah, não senhor, eu sei nadar - ela sorriu para ele - perdão pelo meu comportamento deplorável de antes, eu não estava… bem, era tudo muito novo, ainda precisava aceitar minha situação. 

Aceitar sua si… o quê? Ele simplesmente não estava compreendendo.

Quem é você? Ele grunhiu. Será que ele mexeu demais com a mente dela e a quebrou?

— Ah, Andeir Sulaveik, senhor - ela se apresentou, se virando para ele, meio submersa na água - Perdão pela minha nudez, eu já estou acabando o banho.

Não me incomoda… Ao menos é uma criatura limpa. Ele acabou pensando alto. Ela riu. Ela riu! Agora ele sabia que as coisas estavam muito estranhas.

— Eu tenho o costume de me banhar. Minha cui… - ela hesitou, se levantando - bem, minha ex-cuidadora disse que se eu sou uma dama branca, então tenho de me manter branca. E a água é minha melhor amiga - ela se levanta e se envolve em uma das peles.

O demônio estava tão chocado com a mudança de comportamento dela que não encontrou o fio do pensamento para reclamar da pele roubada. Tinha outro assunto na sua mente que impedia.

Espere. Ele a segurou com um dos seus tentáculos negros. Ela o encarou, apesar de ser cega. Você não… você não está mais com medo. Não teme que eu arranque sua pele para fazer de casaco? Ou tire seus olhos, ou… sei lá, te transfome na minha próxima refeição?!

— Ah - ela parou para pensar um pouco. Ao menos talvez com isso, recobraria algum juízo nela. Decepcionou-se ao não detectar nenhum pensamento desse tipo - Não. Não tenho medo Senhor. Afinal, se eu fui entregue para ser o que quiser fazer comigo, ser a próxima refeição é apenas uma das finalidades.

Ela é completamente louca! Ele a soltou do tentáculo rapidamente como se ela tivesse alguma doença, até mesmo querendo recuar um passo. Ela tranquilamente voltou para a sala principal para se vestir. Ainda parado na sala do lago, ouviu ela arfar de alegria ao achar o pente que ele trouxera da sua última vítima, e alegremente pentear os cabelos.

Foi até ela, ainda observando, mas dessa vez como se ela fosse alguma espécie diferente de animal, algo que não um humano.

Aí se lembrou daquela carne estragada, e grunhiu.

Você vai limpar aquela porcaria, não vai? Ele apontou para a panela, mesmo nenhum dos dois de fato sendo capazes de enxergar. Ao menos, não por meios naturais, da parte dele.

— O quê, Senhor?

Aquela coisa, perto do fogo. A carne estragada.

Ela pareceu entender, e sorriu, balançando a cabeça.

— Não está estragada, senhor. Está cozida. Infelizmente não tem nenhum tempero, mas está comestível.

Cozida? Chama afogada em água fervente de cozida? Ele franziu todo o rosto em ultraje. 

— Sim, Senhor. Na verdade, qualquer modo de preparo chamamos de cozinhar. Ferver em água, assar, fritar, marinar em vinagre com especiarias… - Andeir sentiu a boca encher de água, mesmo estando de barriga cheia. Um rosbife seria uma maravilha, de qualquer jeito. 

Vocês humanos são estranhos. Por que perder tempo com isso? 

— Bem, nós gostamos mais assim - ela dá de ombros, desembaraçando os fios brancos do cabelo - Sem falar que fica bem mais gostoso…

Eca.

— Perdão pela audácia, mas o Senhor fala isso por que nunca experimentou.

Eu passo. E se vai comer aquilo, trate de limpar depois que terminar.

Andeir escutou o barulho de alguém desabando em feno e peles, então logo assumiu que ele tinha se deitado na cama dele. Com um “sim senhor”, ela tratou de continuar a se organizar, dando de ombros para o descaso dele. 

 

Com o passar dos dias, o demônio ficou muito confuso. Então era pra isso que eles jogaram essa garota nos braços dele. Além dos olhos inúteis e aparência frágil que parecia que ia quebrar com um vento mais forte, ela parecia ter a audácia de mexer nas suas coisas e não derrubar ou desorganizar nada, pegar coisas emprestadas e devolver, se mantinha limpa e organizada, as coisas que ele permitia usar, deixava no cantinho dela e não atrapalhava a casa… ela não fazia nada que justificasse ele ficar com raiva dela. 

Então por que estava com raiva disso? Na verdade, sabia por quê. Ela não dava motivos para ele mexer com ela. E ele achando que ia se divertir com aquela criatura.

Então é assim que se ganha um animal de estimação? Ele aparece e você fica eternamente irritado com a presença, mas não consegue se livrar dele?

Muito estranho. Extremamente estranho. Aquilo não era nem um pouco normal. Humanos tem de gritar e correr e se apavorar, até mesmo liberar seus fluidos fedorentos enquanto tenta fugir por sua vida, mesmo que isso signifique que fazer isso só ajude a serem rastreados mais facilmente. Eles têm de paralisar e ficar encarando ele como se ele fosse uma criatura saída dos seus piores pesadelos…

Não encarar ele, sorrir, e se aproximar, dizendo que limpou o casaco dele enquanto ele estava tratando da carne para ela encharcar em mais água fervente ou jogar no fogo para pegar depois de queimada. Limpar o casaco?! Mas que diabos.

Ele quase se sentia insultado por isso. Mas ao mesmo tempo, se tivesse olhos, piscaria ao notar que até que tinha feito um trabalho decente… Não, espera.

Resolveu jogar o casaco num canto e sair assim mesmo, depois de deixar a dita carne cortada numa panela para ela pegar. E ainda deixava um potinho de comida pro animal de estimação! 

Essa criatura só poderia ter um superpoder, um bem perigoso.

O de deixar ele louco, fazendo absolutamente nada de errado.


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Notas finais do capítulo

Yay! Me sinto feliz de voltar a escrever. Precisava mesmo continuar.
Estamos mais ou menos no meio da história, então esperem mais ou menos essa quantidade de capítulos até o final.
MUITO OBRIGADA POR NÃO DESISTIREM, EU PRECISAVA DESSA JORNADA ESPIRITUAL. kkkkkkkk
Até mais!



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