Weiß Dämon escrita por AneenaSevla


Capítulo 10
Lenhador que não é Lenhador


Notas iniciais do capítulo

Agora sim os capítulos tão em ordem.
Eu não excluí nada de fato, só reordenei a coisa.
Se já leu esse capítulo, pode pular sem problema, não mudei nada.
Se é a primeira vez que lê, então fica a vontade, está na ordem tranquila.
BOA LEITURA!



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Sete dias.

Há sete dias Alexander estava naquela vila, uma semana. As economias dele inclusive estavam acabando, o que fez o rapaz pedir à Damien Dagur para arranjar algo para ele fazer e pagar a estadia. Ele arranjou o trabalho de cuidar dos estábulos, enquanto o Sr. Hans se tratava dos mantimentos e ajudava na área interna e consertos gerais. Durante criança, no orfanato, ele nunca fora permitido mexer na cozinha, então não o faria agora.

Naquela manhã de terça-feira, coberto de neve até os joelhos, ele andava à procura de algo para fazer, agora que estava livre de seus afazeres. Resolveu voltar ao estábulo e passear com Drumont, agora que este estava mais calmo e relaxado. Ajeitou a sela, os arreios, montou no animal – que resfolegou pacificamente – e saiu do estábulo, sem pressa, andando pelos belos raios de sol recém-descobertos pelas montanhas – as pessoas se recolhiam cedo, porém acordavam mais cedo ainda, então a essa hora toda a vila estava em atividade.

Cavalgou devagar até as bordas da vila, onde a estrada partia em direção ao norte, para as outras cidades. E, do lado esquerdo dela, a imponente floresta Weiß Dämon. E no que essa floresta tinha de mais além do monstro? Eram apenas árvores, grandes e pontudas coníferas, altas e verde-escuras, cobertas de neve.

Passou aos arredores da floresta com o cavalo. Este não estava mais agindo estranho como no outro dia. Até parece que tinha se acostumado…

Ou que não havia mais perigo algum… Mesmo assim ainda sentia que não havia passado, de que se atravessasse esse limite, cairia nas garras dele… Tinha de achar uma maneira de não ser percebido…

— Ei, você! – disse uma voz vinda de trás dele, o que fez o cavaleiro pular na sela de susto, arrepiando os cabelos. – Não se aproxime da floresta!

Olhou para trás: um homem de meia-idade, baixo e atarracado, com seus cabelos loiros rareando no topo da cabeça, vestido com uma túnica marrom e um gibão de peles de vison, deixando-o mais gordo ainda. Ele segurava um fardo de lenha nos braços, e parecia pesado…

— Ah, desculpe senhor, meu cavalo estava descontrolado e eu só vim carregar lenha também…- ele mentiu, retirando o cavalo de perto da orla.

— Pois tire-o daí, não se pode entrar na floresta! – o homem chegou perto, agora começando a sorrir nos seus banguelos dentes – e se está catando lenha, então podemos fazer isso juntos.

— Sim, claro… - e então ele ajudou o homem a fazer, mas não tirava os olhos da floresta, se dando conta de não apenas do demônio teria de ser cauteloso, mas sim da população.

Depois de um bom tempo catando, juntando e amarrando lenha no lombo do pobre Drumont, ele voltou para a vila a pé, jogando conversa fora com o homem, que se dizia ser Calebe, o lenhador. Bem, pelo menos perto disso, já que nem ele nem seus colegas poderiam chegar e desmatar a floresta. Por isso todas as casas eram feitas de pedra, e para a sorte deles, estas tinham abundantemente do outro lado do rio, a uns dois dias de carroça ao sul.

— Hehehe, bem, acho que o mais próximo que posso me chamar é de Calebe, o Catador de Lenha… E, da última vez que um lenhador ousou derrubar uma árvore, ele foi encontrado morto, empalado num galho dela. Dizem que “Ele” que o colocou lá.

— Santo Deus, que horror! Isso é verdade?

— Sim, olha ali a árvore… - o homem apontou para um pinheiro caído, meio cortado e apodrecido, ao norte – e bem ali está ele – apontou para uma árvore próxima ao tronco.

Alexander arregalou os olhos e quase caiu para trás ao ver uma ossada inteira de um humano, a mais de quatro metros do chão, cheia de neve, mas ainda assim visível e com as roupas no lugar. Estava pendurado como se o lenhador tivesse se agarrado ao galho na tentativa de fugir de um urso, só que os braços e pernas pendidos; e a madeira atravessava os quadris, costelas e mandíbula, a ponta do galho inclusive saía pela boca do esqueleto.

— Ninguém teve coragem de tirar ele dali até hoje… – continuou o Sr. Calebe.

— Tudo bem, eu entendi. Nada de mexer na floresta – disse Alexander, fazendo o sinal da cruz, pedindo proteção.

À medida que conversava com o aldeão, ia sabendo mais coisas sobre aquele local. Há mais de duzentos anos, quando foi fundada, a vila era assombrada por aquele ser… Aliás, desde antes da criação da vila isso acontecia. Pessoas desapareciam sem deixar rastros, algumas viam aparições e outras apareciam simplesmente mortas no chão, devido a algum acidente, mas todas essas coisas eram associadas ao monstro.

— Dizem que ele aparece nas noites de lua e devora as crianças que ficam fora da cama até tarde… - disse o lenhador, agora ajeitando a lenha no lugar certo.

— Estás louco Calebe! Ele pode aparecer em qualquer noite que ele quiser! – disse a mulher dele, ao aparecer para ajudar – E só crianças!? Ninguém está seguro, e se nos atrevermos de sair ele nos perseguirá até a morte!

— É por isso que vocês mantém esses símbolos nas portas? – perguntou Alexander, apontando para a inusitada guirlanda.

— Esse símbolo foi abençoado pelo monge que morava aqui, há muito tempo… - disse Calebe, fechando o compartimento – e o mantemos como sinal de proteção de maus espíritos... o Weiß Dämon…

— Cale essa boca, homem! Não se pode falar o nome dele aqui fora! Vala-me-Deus! – a mulher quase gritou, fazendo o sinal da cruz.

— Oh, desculpe… o monstro também não poderá entrar enquanto tivermos esse símbolo… ele afasta o mal.

— Hmmm... entendo – o rapaz assentiu. Símbolos de proteção, e séculos de temor e tirania. Toda vez que ouvia sobre essa criatura, mas a odiava. Pelo menos quinhentas pessoas que viviam neste vilarejo amedrontadas todos os dias por essa fera.

E Andeir… foi a moça que escolheram para aplacar a ira dele. A Bela Andeir…

Só de pensar nisso seu âmago se enchia de fúria. A mulher do Sr. Calebe percebeu isso.

— Algum problema, moço? – Alexander saiu do devaneio e balançou a cabeça.

— Desculpe, e obrigado pela conversa. Tenham um ótimo dia. – ele curvou levemente a cabeça e saiu de perto. Ainda pôde ouvir a mulher dizer algo como “oh, que rapaz simpático”, o que até que o fez se sentir melhor.

Mas não totalmente bem.

À noite, depois do jantar, Alexander se sentou na cama do seu quarto – agora que trabalhava por lá, mudara-se para um pequeno, no térreo, para os empregados da casa – e retirou de debaixo do colchão a sua velha espada. Desembainhou e a observou: era feita de um tipo estranho de ferro, que brilhava à luz da lua com um sinistro tom de azul, como prata, ou como aço. Foi dada a ele de presente depois que ajudou um nobre a capturar um “fantasma” que assombrava sua mansão – na verdade era um anão com um pano na cabeça que se disfarçava de fantasma à espera do patrão morrer de susto e roubar o dinheiro.

Apoiou a arma no chão, entre as pernas, pegou um esmeril e começou a afiá-la, passando a pedra na lâmina devagar e sem pressa.

Passou a fazer isso todas as noites, um pouco de cada vez, como numa forma de preparar seus nervos para uma eventualidade. Ou a eventualidade.

E enquanto fazia seus pelos se arrepiarem com o atrito, rezava para que Andeir ainda estivesse viva. A bela, de cabelos brancos como a neve, a pele de alabastro polido, os olhos de um tom de rosado como as bochechas… e a boca, os lábios finos e rubros… a garota que iluminava seus sonhos, como um anjo. Talvez ela fosse um anjo, daqueles que as Freiras sempre falavam…

Parou com o esmeril. Estava ficando excitado com esses arrepios e todos os pensamentos sobre o belo anjo. Resolveu guardar a espada e se ajeitar para dormir.

Mais uma noite, mais um dia… e sentia que estava chegando perto de achar uma solução…

Perto de encontrá-la mais uma vez.

 


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Notas finais do capítulo

Eu sinceramente amo como esse capítulo é creepy, eu decidi mesmo não mudar nada de sete anos para cá. Não que não precise de revisão, mas é que tem aquela notinha de nostalgia.
Se tiver muita diferença da escrita de lá pra cá, me avisem que eu vejo o que faço.



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