Weiß Dämon escrita por AneenaSevla


Capítulo 4
O Cavaleiro Maltrapilho


Notas iniciais do capítulo

Yay! Mais um capítulo pessoal! Desculpa a demora, tive uns probleminhas de inspiração pra desenhar... Mas aí está.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/492048/chapter/4

– Calma Drumont – diz o jovem humano ao seu cavalo, passando a mão no pescoço do animal – Ora, rapaz, tudo bem…

Drumont andava meio agitado desde que se aproximaram daquela floresta, o que aumentava ainda mais a confiança do homem. Só pode ser esta, ele pensou, enquanto encarava os pinheiros e abetos da orla. Seguia pela estrada de terra que ia para o oeste, onde lhe disseram que estaria a tão falada vila pagã de Impedimenta. Ele pegou a pequena cruz pendurada numa corrente de prata em seu pescoço e a beijou, pondo-a de volta e incitando o cavalo a seguir.

Enquanto cavalgava pela estrada, o homem não tirava seus olhos azuis da floresta. Que tipo de segredos ela teria? O vento passava por seus longos e lisos cabelos negros presos num rabo-de-cavalo, o cheiro das árvores no inverno era leve e agradável. Estava realmente frio, o que o fez agradecer a Deus e a si mesmo por ter deixado a barba – não muito cheia – crescer durante a viagem, e também estava bem agasalhado. Depois daquela tempestade de neve na noite anterior, dificilmente ele iria esquecer-se de pôr a capa nos ombros de novo.

O cavalo resfolegou. O rapaz suspirou.

– Eu sei Drumont – ele disse – aqui realmente é terrivelmente frio, mas não se preocupe, daqui a pouco vai ter o seu estábulo quentinho, e eu… uma tenra caneca de cerveja e um leito macio – e começou a sonhar com tais privilégios, coisas que vinte dias viajando a cavalo não proporcionavam.

Estava quase sentindo o gosto da amarga cerveja pálida quando o cavalo quis acelerar o passo, relinchando em protesto quando o homem segurou as rédeas.

– O que foi rapaz? – ele estranhou, olhando para os lados – o que houve?

Foi então que um vulto passou rápido pela mata, o barulho fez o homem pôr a mão na bainha da sua velha espada. O cavalo resfolegou de novo, batendo a pata no chão.

O humano sempre fora curioso, mas pelo menos uma vez na vida resolveu confiar no se velho amigo e apressar o passo, afinal, não sabia se a lenda era verdade ou não. E ele estava preocupado se realmente poderia enfrentar qualquer monstro estando ele em desvantagem.

– Certo, Drumont, melhor nós irmos – e assim que incitou o cavalo, este quase que imediatamente arrancou para o galope, tão rápido que quase jogou o cavaleiro para fora da sela. Óbvio que o rapaz se surpreendeu com isso, mas não o parou. Queria chegar à vila antes do anoitecer, e esta floresta era sinistra demais para continuar em marcha lenta.

De fato, a vila acabou aparecendo bem mais rápido do que ele esperava, porém teve de acalmar o cavalo quando este chegou à rua principal:

– Ou, ou, uou! Calma, rapaz, chegamos! - repetia ele para o animal, segurando as rédeas o melhor que podia. Quando ele finalmente manteve o animal sob controle, arfando um pouco com o susto, finalmente olhou para os lados…

E não viu ninguém. Nem mesmo um cachorro magro ou um mendigo passando. O cavaleiro estranhou. Uma cidade fantasma? Pensou ele enquanto olhava para as casas. Foi quando notou os símbolos nas portas e se sentiu desconfortável. Desmontou e olhou para o chão à sua volta. Havia rastros recentes e bem frescos.

O humano suspirou de alívio, afinal, não era uma cidade fantasma, as pessoas apenas gostavam de se recolher muito cedo.

Foi até uma casa, a maior delas na verdade, como todas as outras era feita de pedra com vigas de madeira, porém tinha imponentes três andares e uma aparência mais bem cuidada. Bateu a porta, estranhando o símbolo de metal pendurado nela.

Um círculo com um “X” inscrito dentro. Ele não era muito versado em ocultismo ou bruxaria – e não teria nenhum direito de saber, ele era um cavaleiro, não um monge – mas sabia que aquilo não era uma coisa para se colocar nas portas como uma guirlanda. Era realmente muito estranho, por que pessoas teriam isso nas portas?

Seus pensamentos foram interrompidos Poe uma voz feminina, mas grave e forte.

– Quem é a essa hora?

– Boa tarde, Damien – respondeu o rapaz, puxando o cavalo pelas rédeas – queria saber se tem alguma estalagem aqui onde eu possa ficar, está anoitecendo e…

A porta se abriu.

– Entra logo! – ela quase o puxou quando viu o cavalo, e olhou para trás – Haaaaans! Leve o cavalo para o estábulo, rápido!

Um homem mais velho saiu da casa e levou Drumont para o estábulo enquanto o rapaz era praticamente arrastado para dentro, o que o deixou surpreso e muito confuso.

– Ei, o que foi? – ele disse, tentando recuperar o equilíbrio enquanto o cocheiro chamado Hans entrava e a mulher fechava a porta – por que essa pressa toda?

– Não pode ficar lá fora ao anoitecer – Hans disse, indo para dentro. O jovem ia perguntar por que, mas o cocheiro já havia sumido. Suspirou e tirou o casaco de pele. A Damien rapidamente o pegou. Ela era realmente o tipo de uma dona de casa gorda, o vestido mal cabendo nela, os cabelos castanhos presos num coque, os olhos pequenos e apertados dentro das bochechas, assim como a boca carnuda. Parecia estar próximo dos quarenta anos e com um jeito severo, o que por meio segundo o fez lembrar-se da velha mãe Hulda, a freira cuidadora do orfanato onde ele vivia.

Que Deus a tenha, pensou enquanto discretamente fazia o sinal da cruz. Olhou para a mulher e perguntou:

– Eu pretendo ficar aqui por alguns dias, Damien… se não for muito incômodo…

– Claro que não, meu filho, trabalhamos para isso, no final das contas - ela respondeu dando um sorriso meio estranho – duas moedas de prata por dia para estadia e mais três, uma pra cada refeição.

– Eu não como muito, uma só por dia está de bom tamanho… - ele tentou pechinchar.

– Então são quatro moedas – ela respondeu rapidamente – você é do tipo que come muito de uma vez só.

O rapaz piscou duas vezes. Como ela sabia disso?

– Tudo bem então, quatro… - ele desconfiado, contou quatro moedas e a entregou para a mulher. Ponderou que deveria tomar cuidado com essas mulheres que cuidam de negócios. A Damien sorriu, satisfeita, e o levou a um quarto escadas acima, avisando depois que a primeira refeição seria por conta da casa, logo de manhã cedo. O rapaz agradeceu e logo depois que arrumou seus pertences, se jogou na cama. Estava cansado demais para fazer qualquer coisa.

*Timeskip*

No dia seguinte ele acordou tão bem que pensou que estivesse em casa, na capital, até que se lembrou da realidade e do que acontecera no dia anterior, quando quase foi deixado para trás pelo cavalo. Animais não mentem; então as lendas devem ser verdade, de que realmente havia alguma maldição naquela floresta…

Então seu estômago roncou, e ele se lembrou de que não comia desde ontem de manhã. O homem grunhiu em resposta, não dava para pensar de barriga vazia.

Levantou-se, verificou suas roupas e depois desceu para seu primeiro desjejum na estalagem, o que a Damien disse ser de graça. Óbvio que ele não iria perder, e dirigiu-se para as mesas, numa enorme sala escadaria abaixo.

Assim que adentrou o dito recinto, sentiu o cheiro espesso e quente de ensopado de legumes, o que o fez se sentir terrivelmente faminto, mas ao mesmo tempo agradavelmente feliz. Sentou-se numa mesa perto das únicas pessoas no local, a taverna estava praticamente vazia exceto pela Damien, o cocheiro chamado Hans e uma velha que ele não tinha visto antes, mas ainda assim era muito familiar… Ela era magra, um pouco baixinha e os cabelos encaracolados e volumosos estavam completamente cinzentos, assim como a Damien, presos num coque. Só a Damien estava em pé, trabalhando calmamente, arrumando as coisas para quando os clientes começarem a acordar ou saírem de suas casas.

– Olá, forasteiro – disse a Damien, indo até ele – temos ensopado de legumes para hoje, vai querer?

– Sim, e uma jarra de cerveja, por favor – ele sorriu. Na mesa ao lado da dele estavam os outros dois, que olharam de lado quando ele os encarou e sorriu, acenando um leve “olá” sem palavras.

O cocheiro até acenou de volta e sorriu, mas a velha o repreendeu. O cavaleiro desfez o sorriso na hora.

Estranho… ele desviou o olhar. De repente eles não se dão muito bem com forasteiros. Tateou a pequena cruz que tinha no pescoço. Estava debaixo da camisa, então não poderia ser por causa da religião, e ele não tinha uma aparência muito diferente dos demais…

De novo seus pensamentos foram interrompidos, mas por causa de uma voz feminina, um pouco fanha, porém agradável e muito familiar a ele. Logo notou que era a velha:

– O que ele faz aqui? – ela sussurrando para Hans, num tom de desprezo que ele conhecia muito bem.

– Você o conhece, Damien Babu? – sussurrou Hans de volta. O cavaleiro arregalou os olhos.

– Claro que sim. O nome dele é Alexander Herz, era um moleque maltrapilho que andava pelas ruas perto do orfanato do convento…

Isso tirou todas as dúvidas do jovem, que se levantou da cadeira e olhou para eles, sorrindo verdadeiramente.

– Eu não creio… Madame Bartambu? É você?! Há quanto tempo!

A velha fechou a cara na mesma hora.

– Queria morrer antes de te ver de novo, seu mexeriqueiro Imbecil! – Ela vociferou, levantando o punho para o alto e o batendo na mesa, levantando-se em seguida. Alexander parou e recuou um pouco, uma sobrancelha erguida.

– Eita… por que toda essa hostilidade? E nunca fiz nada de mal…

– Não é da sua conta! – ela apontou para ele – E não se meta onde não é chamado!

Hans ficou olhando para os dois, tentando entender.

– Com licença… - ele levantou a mão. Babu e Alexander olharam para ele – Alguém pode fazer a gentileza de me explicar o que está acontecendo?

– Hans, aqui na sua frente está o garoto metido a justiceiro que quase arruinou tudo lá no convento, há sete anos!

Hans tapou a boca no meio de um arfado.

– Santo Deus… - ele sussurrou.

Alexander estranhou. Deus? E eles não eram pagãos?

– Espera, agora quem não tá entendendo nada sou eu… vocês não eram de uma vila pagã que…

Foi a vez de o cocheiro levantar a voz e se levantar.

– Uma ova que nós somos pagãos! - ele olhou ferozmente para o rapaz – vocês da cidade que não entendem os nossos costumes e o pão que comemos por viver aqui!

O cavaleiro se sentiu no dever de reconhecer e se calar. Levantou as mãos em sinal de derrota.

– Tudo bem, perdão… Eu sou um mero pecador, assim como todos os outros… - e então se lembrou. Babu sempre fora a ama-seca dela, então ela deve estar por perto… - E Andeir? Como ela está?

Babu e Hans arregalaram os olhos, depois baixaram a cabeça e se sentaram. Um arrepio passou pela espinha de Alexander, e foi como se uma flecha tivesse acertado em cheio seu coração. Tremeu e se sentou para não cair.

– Ela… está morta, não está?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agradecimento especial a todos que comentaram, todos que favoritaram e também aos que estão acompanhando a história! Um abraço modafoca-de-urso pra todos! *_*