Weiß Dämon escrita por AneenaSevla


Capítulo 23
Sangue preto


Notas iniciais do capítulo

Capítulo feito em Collab/RP com outra escritora do Nyah, uma grande amiga minha chamada de May nesse site. Aqui o perfil dela > https://fanfiction.com.br/u/91877/
Espero que gostem, amamos esse capítulo!

Alerta de FLASHBACK! E alerta de fofura, estejam avisados... hihihih...



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Isso que dá se meter com humanos. Você faz tudo que pode para mantê-los afastados, mas no primeiro momento que baixa a guarda, vem um idiota e lhe mata. 

Ele sabia. 

Sabia que não podia confiar. 

Fora um tolo, acreditando naquela humana. Não devia ter sido tão inocente.

Não. A garota que foi inocente. Ele foi só um tolo. Ele tinha percebido, nos pensamentos dela, antes da luta, que ela estava tão horrorizada quanto ele surpreso. 

A maldita vila… mandou justamente o macho apaixonado para vir resgatar a sua fêmea. Engenhoso, ele tinha de admitir. Diabólico, cruel e muito baixo, mas engenhoso.

Ele sentiu mais uma pontada de dor vinda de cada um dos ferimentos, e grunhiu. Não demorava a se curar de ferimentos normais, mas ferro frio eram outros quinhentos. Aquilo ardia, como ácido, queimando. Teve sorte de não ter sido morto na hora, mas aquele ferimento no peito chegou bem perto do seu coração, achava até que tinha acertado algo importante. Mas, por mais sorte ainda, desmaiara por tempo suficiente para que o maldito humano fosse embora e não terminasse o serviço.

Outra parte de si mesmo perguntou: para quê? Você está vivo, mas por quanto tempo? Quanto tempo até o seu sangue esvair-se pelos ferimentos e o matar de frio? 

Quando eu quiser, e somente eu, ele contra-argumentou com sua mente, liberando suas garras. Os piores ferimentos eram os dos tentáculos, então, com esforço, alcançou o primeiro cotoco. Aaaargh, aquilo doía, mas tinha de fazê-lo. Agarrou o tentáculo e, usando a garra, trincando os dentes no pé da mesa próxima, cortou-o fora. Sem a parte que se mantinha aberta por causa do ferro frio, o seu corpo rapidamente estancou o ferimento. Ótimo, ele pensou com alívio, agora falta o outro…

Tentou alcançar ele, mas não conseguiu. Muito atrás, e muito curto. E aquilo era como uma mangueira que soltava sangue, então logo sentiu sua cabeça falhar, sem formar um pensamento coerente. Vinte e cinco litros de sangue corriam em um Shlanken adulto, a ausência de pouco mais de um quarto não permitia certos luxos, como a plena consciência.

Ao menos ele lutou pela vida…

 

 

 

Ai não… Deuses!

Agora estava tendo alucinações. Deixou-se sonhar, o que custava?

Não, não não, por favor acorde! Acorde! Uma pausa, sentiu alguns toques, nebulosos pela dor que sentia. Ah, você está vivo! Não se preocupe, eu vou te ajudar.

Poxa, obrigado… que belo toque de sua imaginação, fazer ele viver seus últimos momentos com uma voz feminina.

Aceitou de bom grado ser levado, quando um sono profundo tomou conta dele.



 

Quando recobrou a consciência, estava deitado de lado numa cama, adequada para o tamanho dele. Sentia como se tivesse sido esmagado por uma árvore caída, ou recebido um teto inteiro desabado da sua casa bem em cima do seu corpo. Estava tonto, tentou se mover, para sentir alguns membros presos, o torso enfaixado.Quando notou que estava sem sua camisa e seu terno, só as calças e descalço.

— Não, não se mova - ele ouviu uma voz feminina - você precisa descansar.

Seus sentidos ainda confusos sentiram um cheiro peculiar, mas todos os seus instintos se agitaram com o que percebeu.

Humana! Ele deu um salto da cama, rosnando, mas tropeçou nos lençóis, perdeu o equilíbrio e caiu sentado do outro lado da cama. Ganiu baixo de dor, mas tentou ignorar, focando no perigo.

Sai de perto de mim, Humana! Ele rosna, querendo abrir a boca, mas sentindo dor na bochecha e pescoço também. O que quer? Já não basta o que fizeram?!

— Ai minha nossa! Desculpa! - ela se afasta um pouco, até a porta - Eu… você está desacordado há tanto tempo, eu esqueci que não gosta de humanos. Eu...eu me transformarei de volta, se quiser.

Ele para de rosnar, confuso. T-transformar?

— Sim! Desculpa por isso, mas fiquei tão aflita que esqueci que você não seria capaz de me reconhecer nesta forma... - Ela indica a si mesma, sem saber bem como continuar. E quando ele não lhe dá uma resposta imediata, ela se limita a suspirar brevemente e se afastar alguns passos da cama. E é então que sua forma começa a se alterar. Crescendo, os cabelos se retraindo para dentro do corpo, o rosto perdendo as feições, mas mantendo traços vagamente femininos, os braços alongando, e no final, oito tentáculos cinzentos saem das costas dela, se movendo um pouco agitados, aflitos. Ela encarou o vestido, agora na altura dos joelhos.

Que merda, eu odeio isso... Ela grunhe consigo mesma, batendo nas saias com as pontas dos tentáculos como se quisesse forçar o tecido a se esticar tal qual seus membros haviam feito. Às vezes eu penso que seria melhor desistir e aderir às calças de vez, só pela praticidade...

Mas é uma… O Shlanken, se tivesse olhos, os teria arregalado, mas de repente sentiu-se ridículo com o papelão que tinha acabado de fazer, o rosto dele ficou cinza. Abaixou um pouco a cabeça e os próprios tentáculos, submisso. Perdão, Senhora… eu devia ter reconhecido pelo cheiro… mas…argh! Ele se encolhe com a dor. Tinha se lembrado que não tinha mais dois dos seus membros extras. Eu devo estar sendo ridículo para a senhora. Parabéns, poderoso predador... 

Ela ergue a cabeça, virando-a um pouco de lado. Está tudo bem. Minha mãe já me advertiu que os machos da espécie podem ser um pouco ridículos quando topam com uma Femine. Ele a ouve rir baixo; um som melodioso e delicado. E não se preocupe com isso. É natural que fique defensivo em seu estado.

Ah, senhorita então. Ficou mais cinza ainda. Eu… eh… ele tenta se levantar, recolhendo as garras. Onde… estou? A voz do pensamento saiu sofrida. Ela sentia a dor dele com a telepatia. Ele mexeu um pouco a cabeça, tentando se orientar. Era um quarto, provavelmente o interior de uma casa de pedra, típica humana, mas seu senso de equilíbrio dizia que estava muito, mas muito alto. Os seis tentáculos que sobraram lhe fizeram notar tapeçarias típicas humanas e mobílias de madeira sólida. Abeto, pinho e carvalho, conhecia elas muito bem. Tirou sua conclusão: Não reconheço o lugar… Não conheço nenhuma casa humana de pedra assim tão alta…

Você está na residência do clã Shlanken onde nasci. Um castelo, sendo mais específica. Ela explica, se arrepiando ao compartilhar brevemente da dor dele, os tentáculos se agitando e se enrolando. Perdão, mas eu não tive outra escolha a não ser trazê-lo para cá. Eu não ia conseguir fazer muita coisa sozinha, considerando seu estado quando... Ela se interrompe, novamente se arrepiando, e através da telepatia ele “vê”, nas memórias dela, a própria figura, estirada no chão de sua caverna, sangue negro feito piche manchando o chão de pedra.

Oh… —ele se senta na cama, mostrando as costas para ela, com um misto de emoções, nenhuma delas boa. Eu… fui pêgo numa emboscada. Fui tolo e baixei minha guarda. O infeliz tinha uma espada de ferro frio e a determinação de buscar a fêmea humana que eu estava protegendo… Ele então se dá conta do que estava falando, m-mas não fui eu quem a capturou! Era uma humana cega, ela foi jogada em minha floresta e… e pediu para ser minha serva. Ela tinha boas intenções. Mas… ele suspira, era uma armadilha… agora ele segura a cabeça com as mãos, envergonhado.

Sim, eu vejo... Ela murmura, e ele sente o asco impregnando seus pensamentos. Foi muito traiçoeiro, até para os padrões humanos. Não apenas com você, mas também com a garota humana. Posso ver que ela não fazia ideia da tramóia... E ambos compartilham a memória do choque e do horror de Andeir, intensos demais para se passarem por uma encenação. Foi usada como isca. Isca esta que você infelizmente mordeu.

 A lembrança da garota tiritando no frio, se oferecendo de bom grado, passou pela mente dele, e ele ficou irritado. Se sentindo ainda pior, péssimo, de acordo com seu ego e sua imagem de protetor da floresta arisco, forte e tudo o mais. Ela sentiu tudo isso, ainda o escutando, mas ele compartilhou o simples pensamento. Seu pai é um Slender também? A voz saiu preocupada. Eu acho que não, mas… ele corou mais ainda, se perguntando se podia ficar pior se ele fosse.

Trenderman, ela diz de pronto, a cabeça novamente se inclinando para o lado. Não só ele, mas todo o nosso clã também.

Ele suspira aliviado, mas o exagero fez com que seu peito doesse. Lembrou-se que tinha uma ferida ali para curar também. Trenders eram os mais sociáveis dos Shlanken, e costumavam se reunir em grupos grandes, ao contrário dos solitários Slender. Uma boa forma de sobreviver, mas ele sendo de outro tipo, não conseguia imaginar-se no meio de um monte de… de outros iguais, sem querer esganar todos depois de um tempo. Preferia seu espaço, e um bem grande.

Desculpe-me senhorita, mas não iria querer ter de ser julgado ou levar sermão de outro Slender enquanto estou... assim. Já aprendi minha lição, é um erro que não pretendo mais cometer… 

Provavelmente questionariam sua inteligência Ela conclui, e ele ouve mais uma vez aquele toque de diversão permeando as palavras dela. Mas nada além disso.

Você deve estar se divertindo muito da minha desgraça também, não é…? Agradeço pela ajuda, embora não queira abusar… Então se lembrou que não estava mais em casa. Fez o equivalente Shlanken de arfar. Ah não, eu estou… quanto tempo eu fiquei inconsciente? Ele se levanta rápido, e tudo volta a doer AAArgh, Scheiße, eu… ugh… Ele lutou para não demonstrar a dor. 

Me divirto mais com seu constrangimento desnecessário e- não se afobe assim! Ela repentinamente comanda, agora soando severa, um dos tentáculos chicoteando brevemente. Suas feridas ainda não se curaram de todo! Ah... ai, desculpa... Ela murmura, num tom mais ameno, ao sentir o receio e o constrangimento dele. Eu só não quero que sinta mais dor do que o inevitável. E não se preocupe, não está abusando. É o hóspede menos trabalhoso que já tivemos, na verdade, considerando que está aqui há duas semanas e nem sequer deixou o quarto...

Duas semanas?! ela notou o espanto genuíno em sua expressão, os tentáculos bons dele se agitam Argh, é ainda pior! Eu vou ficar dois meses aqui no mínimo, vou perder a estação… ele choramingou, desistindo de lutar e se deitando de novo, com esforço. Quinhentos anos ininterruptos de cuidado naquele lugar, sem mim, vão ser rapidamente estragados pela praga… ele enfia a cabeça no travesseiro, a raiva e a vergonha levando o melhor dele. Na frente de uma Femine isso parecia pior ainda.

Quinhentos anos... Ela repete, repentinamente soando assombrada. Cuidou de um território daquele tamanho, por conta própria, por quinhentos anos? E conseguiu mantê-lo livre de influências humanas até então? Eu já sabia que você era um macho de valor, depois de cinco anos o observando, mas isso…

Ele vira a cabeça na direção dela, erguendo uma sobrancelha invisível, mais espantado ainda, com um toque bem leve de esperança. A senhorita... estava me observando? 

É o que Femines fazem, não é? Outra vez aquele risinho que repicava como sinos; um som arteiro, jovial e vivaz Sim, exato.  Depois de dois séculos, eu decidi que queria seguir os passos de minha mãe e arrumar um macho para mim. Os Trenders do clã praticamente ajudaram a me criar, então não poderia ser nenhum deles. Viajei por um tempo, cheguei a topar com um ou dois Smexys, mas... bem, eram Smexys, né? Ela faz o equivalente Shlanken de revirar os olhos. Eu quase desisti e voltei para casa... até encontrar seus rastros, na orla de uma floresta.

Malditos Smexys, não sabem respeitar fêmea nenhuma… ele comenta, lembrando-se desse outro subtipo. Para Slenders, Smexys eram estúpidos, brutos e baixos até para viverem entre humanos. Estes eram os verdadeiros demônios cruéis e pervertidos que os humanos tanto fantasiavam sobre.

Ele fica sem entender quando ela fala dos rastros, mas então se lembra do que ela estava falando. Ah, as marcas nas árvores… eu as fiz para amedrontar os humanos, foi um sacrifício que tive de fazer… mas… serviu para mais de um propósito, pelo jeito... os tentáculos bons ondularam, felizes, mas ele esconde a cara no travesseiro de novo. Mas… ele para de responder, deixando a frase no ar.

Com certeza! Ela soava muito satisfeita, ainda mais depois do breve momento de timidez dele. Mas...? Ela instiga quando ele pausa.

Mas… se acontecer o que estou pensando, não vão ter mais árvores… o pensamento saiu triste, muito triste Eu lembro da minha casa ter sido arruinada na luta, invadida. Provavelmente saqueada também. E os humanos… sem mim, vão derrubar mais um naco da floresta, queimar o terreno e usar como pasto daqueles javalis ou bois deformados e nojentos. Ou plantar as plantas erradas… praticamente perderei tudo que eu construí pra ti, senhorita. Não sou digno… 

Oh... Ela diz simplesmente, e por alguns segundos, os pensamentos dela se tornam uma confusão. Ele sente dúvida, um breve receio, e em seguida, ele começa a ver... considerações. Planejamentos. Estratégias. Talvez algo possa ser feito. Você ainda está se recuperando, mas eu estou em plena forma. E estou certa de que os humanos me temeriam tanto quanto temem a você, caso um lenhador desavisado chegue a topar comigo na mata… não precisa haver um massacre, um lenhador morto já é aviso o bastante... 

A senhorit… ele se interrompe, e um grande receio aparece na mente dele, se virando para ela não, não, eu já fiz isso, não adiantou. Preocupação invade o pensamento. E eu não me perdoaria se te expusesse àqueles ratos. A senhorita é uma Femine… então ele se corrige, aflito, Não que não consiga estraçalhar eles, eu sei que consegue! e se acalma, voltando à razão, mas eles não sabem da sua existência, se manter anônima é sua força. E... e… um deles tem uma espada de ferro frio. Não, não, aquilo dói demais, não desejo isso para nenhum Shlanken. E também tem avisos, símbolos mágicos nas portas feitos disso, acho que deve ter observado… se esteve lá…

Estou ciente de tudo isso, vejo em suas memórias. Mas trata-se de uma emergência. Afinal, o seu... o nosso território corre perigo... Ela diz, e pela primeira vez desde que começaram a conversar, ele sente um quê de timidez nas palavras dela. Nosso território…

Isso realmente o fez se calar. Ah… Os pensamentos incoerentes. Eu… agora mais bagunçados ainda, se tornando quase aflito no meio da timidez. Mas uma nota bem forte de alegria era notada no meio deles. É… uma honra, mas… a senhorita me escolheu... mesmo depois de… mesmo comigo… assim?

Ela o "encara" por alguns instantes, e ele volta a sentir o divertimento dela, dançando em sua mente. Mas junto a isso, ele também sente uma afeição genuína, inabalável. Sabe por que o escolhi? Os Slendermen são conhecidos por serem reclusos, rabugentos, conservacionistas e anti-sociais, mas os dois anos em que procurei um macho decente me esgotaram mentalmente. Eu estava cansada de procurar e não encontrar nada que valesse à pena. Eu não queria que toda a minha busca tivesse sido em vão. Então, quando encontrei seus rastros na orla daquela floresta, decidi deixar os preconceitos com seu tipo de lado e tentar a sorte. E foi uma decisão muito acertada de minha parte. Ele sentia o orgulho irradiando de suas palavras. Eu pude observar, por cinco anos, o afinco com que protegia seu território. Como protegia os animais e plantava árvores, sempre cuidando para que cada ser vivo dentro de seus domínios estivesse bem suprido e à salvo daqueles humanos. Vi como cuidava de sua casa, sempre a melhorando e a tornando mais e mais convidativa. E vi como cumpriu com seu trato com os humanos, deixando-os vivos desde que respeitassem seu espaço. Vi sua honradez. Tudo isso são características admiráveis e tudo o que eu queria em um Shlanken, um companheiro. Não será um único deslize que mudará minha decisão.

Ele ficou em silêncio, como que digerindo as palavras. Não. Saboreando. Um tom de alívio feliz se espalhou em sua respiração. Ele não conseguia se conter, então compensou nos tentáculos, alguns se agitando, outros se enrolando, como se quisessem agarrar algo, mas acabou batendo um dos decepados no colchão da cama, magoando a área sensível que estava voltando a crescer, aí o pensamento ficou todo na dor. E depois rosnou baixo, indignado. Como diabos comemoraria assim?!

Eu… ele suspirou, feliz, mesmo que ainda meio lamentoso… eu gostaria de… quando eu conseguir reaver meu território, fazer as coisas do jeito apropriado… sabe, te mostrar o lugar, a senhorita dar sua opinião para o que falta, se faltar. Nos conhecermos, conversarmos mais um pouco… 

Eu adoraria! Ela garante, soando genuinamente feliz, apesar de um tanto aflita. Ela sentira sua dor, afinal. Mas não se preocupe com isso agora. Preocupe-se com sua recuperação. Não poderá fazer essas honras se não estiver com boa saúde! 

E também com menos idiotas tentando escutar da porta, sabendo que falamos por telepatia…

A femine bufa, grunhindo em seguida. E também não se preocupe com os idiotas… Ela outra vez “revira os olhos”. Privacidade é um conceito complexo demais pros moradores deste castelo.

Se me permite, terei o prazer em ensinar… ele começa a abrir a boca, e vira a cabeça para a porta, falando com uma voz rouca e rascante pela falta de uso - a mãe de vocês não ensinou a respeitar um casal se conhecendo?! Sumam daqui, bando de pervertidos!

A Femine escutou uma confusão de corpos de tamanho humano debandando com muita pressa com o rosnado dele. Mas em seguida, o Slender tossiu, a garganta muito seca, e a femine prontamente deu um copo de água para ele.

E ainda por cima consegue mostrar autoridade mesmo neste estado! Depois se pergunta por que o escolhi. Ela sorri.

Eu não costumo falar… e fecha a boca... perdi a prática. Mas valeu a pena. Ela ouviu um riso dele, meio sádico mas divertido. Enquanto eu estiver aqui, eles vão aprender rapidinho… nem que seja na base do chicote. E ele bate um dos tentáculos bons na cama, ainda divertido.

Ela ri mais uma vez, se divertindo à beça. Ela tinha uma risada adorável. Ela se aproxima da cama, vendo que era seguro e que não seria rechaçada desta vez. Agora tenho certeza de que serei muito bem cuidada…

Eu já tinha certeza que eu seria quando percebi que me salvou. Ele permite aproximação dessa vez, até se afastando um pouco, mas para dar espaço para ela se sentar. A propósito… eu sou… Então, por um momento, ele ficou ligeiramente irritado. Grunhiu.. Scheiße… ah, não tem a ver com a dor, é que… eu… passei tanto tempo sozinho… que… esqueci qual era o meu próprio nome. Minha mãe tinha me dado um, mas… isso foi há quinhentos anos. Desculpe.

Hnnn... Ela pondera, erguendo um pouco a cabeça, como se estivesse olhando para o teto. Neste caso, me dá a honra de lhe dar um nome? Apenas se permitir, é claro. Considere um presente, se preferir.

E desde quando se rejeita algo de uma Femine? Ele riu.

Muito bem... que tal Rocco? Ela sugere depois de ponderar, e de novo, estava se divertindo um bocado consigo mesma. Significa “Descanso”, que sinceramente é o que você está precisando. Descansar, relaxar, espairecer. Se preocupar com as coisas quando estiver em forma para lidar com elas. E se tranquilizar com o fato de que agora tem uma companheira para dividir preocupações com você e, portanto, diminuir o peso delas.

Rocco… ele testa as palavras na mente...irônico… mas sim… eu preciso... Na cabeça dele também estavam se formando estratégias. Mas eu preciso também fazer planos… não sou o tipo que fica somente parado… ele então pausa e a encara… eh… qual seria o nome da senhorita, por obséquio?

Já estava me perguntando se eu mesma teria de fazer as apresentações... Ela brinca, rindo de novo. Eu me chamo Nistra. É um prazer.

Já começamos atrapalhados, não é mesmo? E o prazer é meu. Um dos tentáculos envolve a cintura dela, tentando demonstrar um pouco de afeto.

Ele sente a afeição nos pensamentos dela. Era uma fêmea relativamente jovem, e como tal, suas emoções eram mais escancaradas e intensas. E ela aparentemente não se envergonhava nem um pouco disso. Um dos tentáculos dela tateia a cama, procurando, até encontrar um dos seus, que não havia sido ferido, e se entrelaçar com o dele num aperto afetuoso. É. Mas não me arrependo. A não ser de não ter me mostrado para você mais cedo. Precisei me abrigar quando o inverno chegou. E quando voltei na primavera... E os outros tentáculos dela se encolhem.

Eu sei, mas… podemos conversar agora… podemos até decidir… hã? ele então ergue uma sobrancelha, detectando algo. Eu… eu acho que aquela humana que está chegando é sua mãe. Ou irmã, não sei.

Depois de um momentinho que Nistra escuta os passos dela. A vida numa floresta cheia de intrusos de fato tinha aguçado os sentidos dele, até mesmo para um Shlanken. Uma batida de leve na porta, por cortesia.

— Posso entrar? - de novo, por cortesia. Shlankenmen, num geral, já saberiam as intenções dela antes de chegar.

Ja, Mama, Nistra responde, ainda se mantendo próxima dele, os tentáculos unidos. Ela realmente estava firme em sua escolha, e pelo visto, nem a própria mãe a dissuadiria, caso tentasse. Era uma fêmea séria, convicta. E ele gostava disso.

A “humana” entra na porta, olhando os dois daquele jeito. Ela ri.

— Que bonitinho, disposta a proteger ele da mãe malvada - a fêmea brinca - não se preocupe, eu vim falar algumas coisas sobre sua estadia…

A-até eu me recuperar, senhora, ele diz, meio aflito, eu não aceitaria ficar se não fosse o caso… eu teria que…

— Sossegue, Slender, eu não quis dizer isso. Com Nistra tendo te trazido aqui por necessidade, você é bem vindo pelo Clã. Porém, terá de se manter escondido. Todos aqui do clã de Trenders, não só as Femines, viram humanos, você não.

Bem, creio que a senhora conhece nossa capacidade de furtividade… 

— Certamente que sim, e conto com isso. Estamos cercados de humanos ao redor deste território de pedra, e você pode transitar dentro, mas não fora.

Então ela falou firme e decidido o que ele deveria fazer, agora que estava no território de outros. Nistra explicou umas coisas que ele não sabia. Rocco prestou atenção como se tivesse ouvindo instruções da própria mãe. E terminou com um sonoro Sim senhora.

— Ótimo. Estamos resolvidos - ela olha para Nistra - querida, deixe para se casar com ele lá no território dele, certo? Seu pai e eu ficaríamos incomodados com os seus silvos e suspiros, ainda mais com um macho que não do clã.

Rocco ficou cinza, soltando os tentáculos dela, como se ela tivesse mandado.

Mama... Nistra grunhe, seu rosto se colorindo levemente de cinza também. Eu sei muito bem disso, não precisa me lembrar. Ele nem está em condições disso no momento…

Da cintura pra baixo eu estou ótimo… ele fala brincando somente pra ela. E ri quando leva uma chicotada na perna com o tentáculo dela.

A Femine-mãe balança a cabeça e sai, dizendo - Nistra vai te dar o que precisa aqui. Comportem-se e trate de ficar por perto dela.

Ela vai embora. Rocco só diz uma coisa para sua futura companheira no momento que se seguiu. Eh… você puxou a ela.

Isso fez Nistra rir sonoramente.

É bom que tenha percebido isso. Vai me poupar bastante trabalho pelos próximos séculos Ela balança a cabeça, e volta a entrelaçar seus tentáculos com os bons, evitando os feridos. Mas então... o que estava pensando antes de Mama chegar? Seus pensamentos se interromperam…

Ah, nada demais… — ele diz meio despreocupado - somente tentando pensar em maneiras criativas de controle de praga. O sorriso na mente dele se torna até meio sádico.

E duas mentes pensam melhor que uma.


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Notas finais do capítulo

Pois é, foi assim que aconteceu.



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