Weiß Dämon escrita por AneenaSevla


Capítulo 21
Sob a espada de Ferro


Notas iniciais do capítulo

Cenas de ação, não é mesmo?
Comentem depois o que sentiram, se quiserem hehehe...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/492048/chapter/21

— Puta merda - ele murmurou ao erguer a cabeça e ver o monstro bem mais alto que ele. 

A criatura pareceu surpresa também, dando um passo para trás, mas logo mudando para uma postura ameaçadora, erguendo as mãos e mostrando garras da grossura dos seus dedos, e Alex arregalou os olhos: oito cobras, quatro de cada lado, saíram das costas da criatura. E o rosnado dele era tão gutural que arrepiava todos os seus pêlos, mais assustador do que qualquer urso que tinha visto.

De repente todas as descrições que ele tinha escutado até hoje eram reais. E era enorme!

Alexander não mais pensou, agora era hora da ação. Brandiu a espada desembainhada, em uma postura de defesa. O monstro pareceu recuar de leve.

— Não, senhor, eu… - Andeir começou a dizer, chorosa - Eu não sabia, eu… eu não o chamei aqui!

— Com quem está falando Andeir? Certamente isso não entende nossa fala…

Isso pareceu ofender o bicho, que rosnou mais alto.

— Oh, entende, é? - ele sorriu malicioso - Então você captura moças indefesas, e o que faz com elas hein?! As devora? Quantas você deve ter se aproveitado?

— Não o provoque, Alex, por favor… senhor eu..

— Afaste-se, Andeir! Isso vai ficar feio - ele moveu a espada, fazendo o metal retinir. Com a outra mão, empurrou a moça para outro lado, a fazendo guinchar ao se desequilibrar, caindo em cima de um monte de peles de animais.

Ele quase perdeu a coragem quando o monstro rosnou mais alto, moveu o rosto e, com um som de rasgo, o monstro revelou dentes afiados, várias e várias presas enfileiradas, e o rosnado saiu bem mais alto e claro em seus ouvidos. Mas Alex se manteve firme. Não seria ele quem daria o primeiro passo.

O monstro nem precisou que ele dissesse, avançou para cima do humano com um passo decidido, estendendo uma garra para alcançar o humano, mas Alex estava preparado, golpeando com a espada o mesmo braço, fazendo um corte que devia ser fundo mas rasgou-lhe o que ele tinha cobrindo o corpo, e logo percebeu que era feito de couro preto fosco. Outro golpe fez um corte mais fundo, e isso fez o demônio recuar, rugindo mais alto. 

Alex não conseguia mais ouvir os sons de Andeir, devido ao hiperfoco, e decidiu atacar, com movimentos precisos e rápidos. Sendo uma criatura enorme, com certeza era lento. E não estava errado, logo acertou perto do pescoço, mas não o feriu.

O monstro então se irritou e com um passo para trás, desapareceu. Magia! Só podia ser, ele sumia com a névoa…

Não teve tempo de pensar, pois recebeu um golpe nas costas, o arremessando para o outro lado da câmara, e Alexander caiu naquela enorme pilha de moedas, jogando peças de cobre, prata e ouro para todos os lados. 

Recobrou-se rapidamente, e para evitar que o bicho se aproximasse, jogou as mesmas moedas na cara dele, o fazendo recuar de novo, e continuou até que se levantasse. Ai, isso ia doer depois. Jogou uma lamparina apagada, fazendo um som alto ao espatifar no chão, o monstro rosnou, mas recuando, cobrindo as laterais do rosto, onde num humano ficariam as orelhas. 

Alex teve uma ideia. É claro! o monstro é cego como Andeir! Ele tinha os ouvidos aguçados! Se jogou para o lado, onde estavam outras quinquilharias, e jogou as coisas nele, mas não para acertar, mas sim para espatifá-las com o maior barulho possível. Achou um balde e o bateu na parede de pedra, fazendo um BANG, BANG BANG BANG.

Isso deu muito certo, pois o monstro rosnou alto ainda tentando se defender dos sons. Andeir estava do mesmo jeito, cobrindo os ouvidos, sem entender. 

Desculpa, amor, eu não tenho escolha… pensou ao enfim se erguer e se preparar para golpear de novo.

Então o demônio o encarou, furioso, e Alex deu um berro ao ele mesmo cobrir os ouvidos com uma mão e o ombro oposto, não ousando largar a espada. Um som agudo, estridente e doloroso ecoou em sua mente, amolecendo suas pernas, o fazendo cair de joelhos. O que diabos era aquilo!?

Ele sentiu uma das cobras-braço enrolar em seu pescoço e o levantar, como numa forca, e a criatura rosnar mais, na cara dele, e o humano sentiu o cheiro de mil almas apodrecidas no hálito daquela boca aberta. Outro dos braços negros segurou seu braço livre, puxando-o com vontade. 

Em meio à dor Alex tinha de fazer alguma coisa, se não seria enforcado e esquartejado ali mesmo, mas aqueles sinos, Ai isso doía, Deus…

Rezando internamente para afastar a ameaça, segurou firme a espada e fez um arco desajeitado na direção dos braços, e sentiu o ferro afiado atravessando a carne. Um golpe certeiro, pois estava livre, e a criatura recuou, a caverna ressoando com o rugido ensurdecedor que ele soltara. 

Mas, por ter sido erguido, Alex caiu no chão com um baque surdo. Ai, ia sentir isso no dia seguinte, mas ao menos estava livre, e os sinos haviam parado. Ele conseguiu se recuperar a tempo de ver o monstro ainda se retorcendo de dor pelos braços decepados, o sangue preto e com um cheiro forte, quase alcoólico, jorrando no chão em poças. 

Alex tinha de aproveitar, era sua chance, agora ou nunca. Correu para cima com um brado heroico, brandindo a espada, e, usando uma mesa tingida de vermelho como apoio, pulou até alcançar o peito do monstro e dar um golpe de cima para baixo, passando do peito até a cintura do demônio. Tal golpe fez o humano, suspenso no ar e com impulso, bater no monstro e os dois caírem no chão.

Ignorando ao máximo a dor do impacto, impulsionado pela adrenalina, ele se ergueu, se desviando por pouco dos tentáculos que tentavam agarrá-lo, mas não notou as garras do braço bom, que arrancaram um belo naco no braço esquerdo dele, quatro marcas de garras fundas formaram-se no local. E o bicho o tinha atingido de raspão!

— Ai!! - ele guinchou. Ferrou, se eu quiser vencer, eu tenho de acabar logo com isso, Alex pensou, ameaçando cortar mais coisas com a espada. O monstro era inteligente, sabia que não devia aproximar muito, mas tinha de se defender, pois Alex ainda estava em cima dele.

Com um movimento rápido, rezando para que conseguisse, jogou-se para frente assim que achou uma abertura naquela confusão de membros, em direção ao peito do demônio. Ele não soube explicar, como sentiu a vibração de um coração ali, mas sabia que era ali mesmo que devia enfiar sua espada.

Segurando o cabo e a lâmina na metade, desceu os braços com o máximo de força que podia, enfiando ali a espada. Ela entrou fundo, e o monstro soltou um rugido tão alto que a terra estremeceu, e o humano também. Andeir gritou, impotente, no canto.

E Alex foi jogado para a lateral, quando o monstro agonizou, os tentáculos ainda estavam esperneando no chão. Então o bicho ficou mais lento, perdendo as forças, tremendo.

Então não se moveu mais.

 

— POV Switch -

 

Andeir arfou, as mãos na boca, os olhos cegos arregalados. Não entendeu muito bem o que aconteceu, mas ela sabia muito bem o som que as espadas faziam quando eram enfiadas no corpo de alguém. E os rosnados de seu senhor, tão altos, reduzidos a guinchos animalescos de outro mundo. E agora não ouvia mais movimentos além dos característicos arquejos da boca de um humano. 

— Consegui… - ele murmurou - Eu… eu venci! - ele soltou um grito de triunfo - Tome essa, WEISS DÄMON!

Alex havia vencido, matando o Shlankenman. Seus olhos se encheram de lágrimas.

— Não - ela balbuciou, com a respiração baixa - Não… - sua voz ficava mais alta à medida que recuperava - não,não, não, não NÃO! 

Ela enfim conseguiu sair do meio das peles, destravando o próprio corpo da paralisia do medo da batalha, e correu para onde estava o corpo do demônio. Não ousou tocar, de tão abismada que tava. 

— Eu consegui, Andeir! Você… você está livre! - ele sorria. O idiota sorria.

— O que… o que você fez?! - ela grita para ele, se levantando - Você não devia ter feito isso!

— Eu fiz o que precisava - ele diz, limpando e guardando a espada na bainha - este monstro já incomodou os humanos por tempo demais...

— Este “monstro” estava aqui há muito mais tempo do que os humanos! Ele é o verdadeiro dono dessas terras, não tinha direito de matá-lo!

— “Era”. Tá morto.

— Ainda assim!! - ela berra na cara dele - Você não pára para escutar, não entende nada, você só…

— Tudo que eu sei é que a vila estava aterrorizada pelo monstro, tomou medidas desesperadas lhe sacrificando, mas ainda tinham medo, Não podiam viver suas vidas normalmente…

— Ele estava cumprindo o trato! Enquanto eu estivesse aqui, ele não iria incomodar os humanos! Ele não matou mais ninguém da vila!

 - Sim, mas e quando você morresse? Parou para pensar nisso, Andeir Sulaveik? - ele quase gritou de volta - Quando você se fosse, o pacto iria embora. E para manter isso? Iriam mandar outra moça, e seguiria um ciclo infernal de sacrifícios. E o monstro continuaria, e não teria mais esperança para ninguém. Eu fiz um favor! E vê se agradece, eu salvei sua vida!

— Que vida…? - ela se rende, abaixando os braços, os cabelos dela grudando no rosto molhado pelas lágrimas - Eu não tenho vida, Alex… eu não tenho outro propósito na vida se não esse… eu não tenho chance de viver…

— Tem sim! - ele segura as mãos dela - Eu vim aqui por você, Andeir. Eu quero você, e ninguém mais. Não teria feito nada disso, se não fosse por você - aproxima a mão no rosto dela, e mesmo com o braço doendo profundamente e sangrando, acariciou o rosto dela - Case comigo, Andeir. 

Andeir não conseguiu reagir, ainda soluçando. Alguém que ela gostava muito foi morto por outra pessoa que ela gostava. Como isso chegou a esse ponto? Sua mente não conseguia processar. Queria conforto, então aceitou o carinho.

— Case comigo, Andeir - ele repetiu o pedido - vamos sair daqui, ir para a capital, eu tenho tudo que precisamos.Eu lhe farei feliz, não me importo com sua cegueira, eu cuidarei de você.

— Eu… - foi tudo que ela conseguiu balbuciar. 

Alex entendeu que ela precisava recuperar a compostura. Deixou ela pensar um pouco, só não podiam ficar ali muito tempo. Não queria sair dali sem nada, então aproveita para pegar uma sacola grande que achou jogada num canto no covil e encheu ela de moedas, e, com o espaço que sobrou, botou algumas das peles de animais ainda com pêlos, as mais bonitas que achou no momento.

— Você… mata meu senhor - ela diz baixinho, indignada - e então rouba as coisas dele em seguida?

— Bem, ele não está mais aqui para reclamar, também não vai usar mais - Alex disse simplesmente, botando o saco nas costas e se aproximando dela. Também pegou outra coisa que ela não reconheceu, mas tinha um cheiro forte parecido com álcool - venha, meu Anjo, temos de sair daqui. Este lugar é amaldiçoado.

Andeir queria xingá-lo, mas seu bom-senso a impediu. Provavelmente, ele era o único homem na terra que ela conhecia que queria uma mulher cega e anormalmente branca como ela, então, como seu propósito original fora… fora aniquilado, ele era a única chance de sobrevivência que ela tinha. 

Ela não queria morrer sozinha.

— Tudo bem… - ela conseguiu dizer, estendendo a mão para ele, que prontamente a pegou.

Alexander começou a andar, a puxando com ele, devagar. Ela o seguiu, mansa, a cabeça baixa, ainda triste. Prestou atenção para o corpo agora atrás dela, mas o homem apressou o passo e logo saiu da câmara, ele sorrindo como se tivesse ganho o maior dos prêmios, sobrepujado o maior dos obstáculos.

Andeir sentiu um gosto ruim vir direto até sua boca. Não conseguia mesmo se juntar à comemoração. 

Mas queria sobreviver, então que ele a levasse para casa, como seu prêmio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É... pois é.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Weiß Dämon" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.