Weiß Dämon escrita por AneenaSevla


Capítulo 2
Perdida!... E encontrada?


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoal, mais um capítulo! Espero que gostem! *cruzando os dedinhos*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/492048/chapter/2

Andeir acordou com muito frio.

Sentou-se, e sentiu que não estava mais no quarto. Instintivamente virou a cabeça pros lados, e ouviu a atmosfera ao redor. Cheiro de madeira molhada e frio. Sentiu que não estava tocando no colchão.

Neve? Pensou, e então notou, pelo barulho do vento e da sensação de ar livre e o vento passando pelas árvores, de que estava na floresta.

A velha Floresta Weiß Dämon.

Andeir arfou. Então essa era a tal cerimônia? Abandoná-la na floresta, em pleno inverno? E como ela não tinha notado ser carregada até lá? Então ela percebeu. A xícara de leite! Haviam-na drogado.

Mesmo sabendo que iriam fazer algo assim com ela, Andeir sentiu-se ultrajada. Nem mesmo flores ou cantigas ou oferendas?

Até que ela caiu na realidade. Flores? No inverno? Cantigas? Ela dormiu esse tempo todo, claro que não poderia ouvir se tivessem feito. Oferendas? A mulher quase riu. ELA era a oferenda.

Sentiu o pergaminho perto dela, e lembrou-se do que deveria fazer. Levantou-se, pergaminho na mão, e iniciou a caminhada, tateando o solo a sua frente com os pés, usando os troncos das árvores para se guiar. Já havia andado em florestas antes, os curandeiros a ensinaram a fazer isso. Bastava andar devagar e sentir a textura das árvores, e tatear o chão com cuidado pra não tropeçar ou cair numa ribanceira.

Devagar e sempre, ela andou pelo tempo que para ela deveriam ter sido horas, até que não sentiu nenhuma outra árvore à sua frente. Tateou o chão, ele continuava firme aos seus pés, apesar da neve. O frio era mais evidente nessa parte, e o eco que ela ouvia demorava um pouco mais para voltar. Estou numa clareira, ela avaliou. Entrou nela, e ouviu os sons da floresta. As árvores balançavam levemente lá no topo, e os pinheiros quase imóveis pareciam estar dormindo, segurando seus mantos de neve.

Foi quando ela finalmente notou: ela estava sendo observada novamente, só que desta vez a sensação era ainda pior, pois ela sabia que estava sozinha e abandonada numa imensidão fria. Andeir se encolheu, tremendo com a respiração entrecortada. Então se lembrou das palavras de Babu, e das instruções que ela lhe dera.

Respirou fundo e começou a recitar.

Oh Weiß Dämon, senhor da Floresta!

Protetor dos espíritos, guardião da vida,

Ouça meu chamado, hora necessária esta,

Misericórdia, por esta vila tão sofrida!

A sua voz suave ecoava pela clareira. Silêncio. Então recitou duas, três vezes mais. Nenhuma resposta.

Andeir sentou-se sobre seus joelhos, as barras do vestido se espalhando pela neve. Ela questionava-se se tinha feito direito. Teria sido tudo isso inútil? Ela iria morrer ali, perdida, com frio e sozinha?

– Por favor, Senhor… – ela clamou, com uma voz chorosa – Se me ouviu, por favor, me dê um sinal…

Nada. E ela chorou. Realmente, era inútil. Sabia que não seria um bom sacrifício. Afinal, o que ela tinha de especial? Ficou ali, sentada, esperando que a morte viesse com o sono rápido, tranquilo… e indolor.

O vento frio que congelava seus ossos parou. Então tudo silenciou. Nem ao menos as árvores ela ouvia, apenas a sua respiração, quase ouvia seu coração bater. Isso a incomodou, pois até mesmo para o silêncio usual isso era incomum. Ela levantou a cabeça e, pela vibração, sentiu a presença de alguém bem à sua frente.

Ela nem havia percebido sua chegada. Estava de pé, em total silêncio perto dela, pelo menos meio metro de distância. Ele – ou então ela, não tinha como Andeir saber – tinha uma respiração leve e quase inexistente, só ouvida por ela por causa do silêncio e da proximidade.

Ficaram ali, parados por um bom tempo, a própria Fraünlein não conseguia contar. Ela decidiu quebrar o silêncio.

– Você é… o Weiß Dämon?

Foi como se mil sininhos badalassem alta e freneticamente agudos em sua cabeça, de um jeito altamente desconfortável e agonizante, o que a deixou com uma terrível dor de cabeça… e o som não parava, torturando sua alma. Ela tapou os ouvidos, mas o som não diminuía. Ela gritou de dor, arfando com a agonia.

– AHHH! Por favor, pare! – porém a dor intensificou-se mais ainda.

Andeir tremeu e baixou a cabeça ao chão, de encontro com a neve, curvada na frente do seu algoz. Chorando copiosamente, ela se esforçou para falar:

– POR FAVOR! Não me mate! Eu vim trazer um presente!

O barulho de repente parou. Andeir arfou de alívio, a dor instantaneamente sumiu, ela respirando pesado. O que foi que aconteceu?

Foi quando ela sentiu alguma coisa comprida, roliça e esguia como uma cobra passando pela sua cintura e a agarrando firme. Tremendo de medo, ela tentou se desvencilhar daquilo, só para perceber de que não tinha escamas, era suave ao toque, mas ao apertá-lo era como um vidro: liso e seco, porém duro como pedra. Ela nunca havia sentido aquele tipo de coisa antes. O medo dela se intensificava ao sentir-se ser levantada por aquilo, o que a fez espernear, apenas para ser agarrada por mais dessas “cobras de vidro”, deixando-a completamente imóvel da cintura para baixo.

Andeir se encolheu. Então esse era o espírito da floresta? Só podia ser, pois Babu lhe dissera uma vez que apenas sua presença intimidava. De fato, ela tremia.

Sabia que não poderia fugir nem se sonhasse, por isso não mais se moveu, até que ela sentiu algo como uma mão agarrar o pergaminho que ela trazia consigo e a retirar das suas mãos. Instintivamente, ela iria agarrar de volta, mas se conteve, e o deixou quebrar o selo da carta e abri-la.

Esperou; suspensa por aqueles “braços”. Não sabia o conteúdo da carta, o que a deixou curiosa. Sentiu a coisa se mover, e outra daquelas cobras – Quantas dessas coisas ele tem? Andeir pensou – tocaram em seu cabelo e outra enxugou uma lágrima que corria em seu rosto.

Ela encarou à sua frente, seus olhos rosados fora de foco. Ela quase nunca piscava, mas dessa vez piscou três, quatro vezes. Esperava o pior.

Então, um som completamente diferente do que ela imaginava: um riso. Contido, taciturno, de uma voz grave e rouca. Isso deu calafrios em Andeir, pior do que qualquer frio que ela estivesse sentindo. Ela estava apavorada.

Ela sentiu os “braços” dele moverem-se na direção dele. Ela agora sabia que se tratava de um… bem, homem… por causa da sua voz. E sentiu uma mão, uma verdadeira, com longos, ossudos e compridos dedos tocar-lhe o rosto, acariciando-lhe a pele. Ela ia desviar o rosto e então percebeu a temperatura: muito mais quente do que ela, quase febril… o choque térmico a fez estremecer.

“Vim trazer um presente”, disseste… – ouviu uma voz, vinda de lugar nenhum. As letras disseram que tu quem és o presente, criança… era mais suave do que o riso, mas ainda assim rouca e grave. E falava de um jeito formal, quase erudito. Ainda assim causava arrepios à donzela.

Ela engoliu em seco, tentando manter a compostura.

– S-sim… - ela gaguejou – S-sou eu…

Abaixou a cabeça. Tinha se preparado por todos os seus 19 anos para esse momento. Por que ela sentia tanto medo?

Respirou fundo, o máximo que conseguia naquela hora, e suspirou.

– Estou pronta, Senhor… – e ela juntou as mãos, como se rezasse, encostando a testa nos punhos.

Um silêncio desconfortável se seguiu, até que a voz finalmente ecoou na cabeça dela.

Pronta? Para o quê?

O riso dele mais uma vez foi ouvido, Andeir não esperava por esta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oh, o que ele quis dizer com isso?

Não percam o próximo capítulo! (kkk, me senti num desenho animado agora XD)
Beleza, beijos e Até mais!