The Cruel Beauty escrita por Tsu Keehl


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Finalmente estou postando o novo capítulo da fanfic! Aeeee o/
Peço imensas desculpas pela demora! Eu realmente não consegui postar antes porque fiquei super atribulada! Esse mês e o seguinte é muito caótico e corrido para mim. Este por conta das preparações para os eventos cosplay de Julho . E em Julho os eventos mesmo! Acham que é facilitar com grupo de cosplay? XD. Correria danada!
Mas para compensar essa demora em atualizar e também para adiantar a possível demora (ou ausência) de capítulo para o mês seguinte, aqui está um capitulo maior do que todos os outros que eu já escrevi até o momento!
Tô acabada x_x
Agradeço imensamente ao apoio de todos, principalmente á minha amiga Vanessa Hime que não só me incentiva, como me pressiona e me ajuda a escrever determinadas partes em que eu travo XD. Cruello agradece a ajuda da Igraine por isso!
Enfim, chega de papo e vamos á fanfic!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/491872/chapter/14

Capítulo 14

~*~

Cruello e Igraine estavam na entrada do parque, observando a avenida principal durante a manhã ensolarada. O dia estava mais agradável do que era o costume na cidade londrina.
Agora que estava ao lado de Cruello, prestes á ter um encontro com ele, Igraine percebeu que havia esquecido de um detalhe muito importante.

“Para onde eu vou levá-lo? Não conheço quase nada de Londres mesmo morando aqui e todos os lugares que conheço são o tipo de coisa que ele jamais ia gostar! Ai que droga, eu sou uma tonta mesmo!”


Nisso um rapaz punk, de cabelo moicano e jaqueta de couro passou ao lado deles na calçada. Igraine observou o rapaz de cima á baixo, sem conseguir disfarçar. O jeito daquele cara de se vestir era tão parecido com o Dele...mas não...infelizmente não era a pessoa que ela gostaria que fosse.

– Muito bem, para onde vamos?
A pergunta de Cruello fez Igraine sair de suas antigas lembranças.
– B-bom... – começou ela retomando a atenção. - E-eu...eu não sei...
– Você me convida para um encontro e não sabe onde vamos?!

Cruello dissera aquilo um pouco mais alto do que o normal e por um segundo a voz dele pareceu afinar no final. Igraine apenas passou a mão pelos cabelos, nervosa.

– É que eu..eu...não estou acostumada a andar em Londres e...
– Você vive em uma das melhores cidades do mundo, repleta de pontos turísticos e não sabe andar por ela?!
– Eu..eu...
– Ah, tudo sobra pra mim! – suspirou ele. – Venha vamos pegar um táxi!
– ..táxi? Para onde vamos?
– Para algum lugar! No parque que eu não vou ficar e eu não sou homem de pegar ônibus!

Ambos atravessaram a rua e seguiram até m ponto de táxi não muito longe dali.
Há alguns metros de distância, Patrick Star atravessou a rua com passos apressados e fez sinal para um táxi que seguia pela rua. Quando o motorista encostou, o jornalista entrou no banco traseiro com o dedo em riste na direção do outro táxi que já seguia pela avenida.

– Depressa, motorista! SIGA AQUELE CARRO!
– ...o que o senhor disse?
– SIGA AQUELE CARRO, DEPRESSA!
– Nossa! – exclamou o motorista. – Eu sempre quis que alguém entrasse em meu táxi e dissesse isso! Me faz sentir como se eu estivesse em um filme de ação! Peraí, vamos tirar uma selfie para eu guardar esse momento histórico!

O rosto de Patrick Star ficou lívido. Ele arrancou o celular das mãos do motorista e indicou novamente com o dedo em riste.


– Siga a droga daquele carro AGORA! Senão irei perdê-lo e você não terá esse seu momento histórico!

~*~

Igraine observou o local, intrigada. Que diabos era aquilo onde Cruello a havia levado?

– O que tem de mais aqui? – indagou enquanto o seguia.
– Aqui é um local de forte cunho histórico, sua jovem camponesa! Bem vinda á Whitechapel! – comentou Cruello recolocando os óculos escuros e olhando o relógio em seu pulso. – Ótimo, chegamos bem na hora de iniciar o tour.
– Tour do quê?
– Você realmente não sabe que lugar é este?!

Diante da expressão interrogativa de Igraine, Cruello revirou os olhos e puxou um cigarro, acendendo-o com um isqueiro. Aspirou e soltou a fumaça próximo ao rosto de Igraine, que apenas fez uma cara de nojo.

– Mas é mesmo uma caipira! Estamos em um ponto turístico de Londres, muito famoso por conta de acontecimentos de uma célebre personagem real.
Ambos caminharam até onde havia um grupo de pessoas conduzido por um guia vestindo roupas vitorianas altamente empolgado.

– Muito bem, pessoal! Seguiremos agora os caminhos do lendário Jack o Estripador! Como este é um percurso longo, vamos por partes...

Igraine virou-se indignada para Cruello.
– Você me trouxe para fazer um passeio sobre um serial killer?!
– Correção...não é “um” serial killer. É o serial killer mais famoso da história inglesa! Só falta me dizer que não tem interesse por História!
– ...eu tenho interesse por História mas...isso não é o tipo de passeio que eu imaginei para um encontro romântico....
– E quem disse que estamos em um encontro romântico?! A louca, criatura!

Igraine parou estática, sentindo a raiva dominar seu corpo. Como Cruello Devil podia ser tão insensível assim? Pior! Como ela podia ser tão estúpida de se apaixonar por essa criatura insensível e repleta de trejeitos suspeitos?! Tinha que aprender a ser como Yumie: ficar com os homens apenas pelo desejo e sem nutrir sentimentos.
Enfezada, Igraine não teve outra opção além de se aproximar dele, que observava desinteressado as explicações do guia para um grupo de turistas.

– Isso aqui é mais legal visitar á noite. – ele comentou quando a garota se aproximou. – Tem todo um clima mórbido e uma história muito interessante por trás.
– O que tem de interessante em um maníaco que estripava mulheres selvagemente?
– Você é tão...clichê, Igraine! Como consegue?!
– ...do mesmo modo que você consegue ser tão...tão...afetado!
– Pare de reclamar e aproveite o passeio. – resmungou ele recolocando os óculos escuros.

Cruello e Igraine seguiram o fluxo de pessoas do passeio por algumas ruas e não demorou para ele notar que a garota parecia visivelmente chateada.

– O que você tem?

Igraine o encarou. De boné, óculos escuros e cigarro nos lábios, Cruello parecia um tipo de gangster em férias.

– Nada... - Igraine mordeu o lábio inferior desviando o olhar do jovem, estava magoada. De fato, não estava sendo do jeito com que ela imaginara. Que tolice sua.
– O que acha de fazermos nosso próprio tour por aqui?
–Eu... ah, não sei...podemos acabar nos perdendo...
– Ora, deixe de ser besta, venha cá.

Cruello a pegou pela mão e com facilidade ambos se afastaram do fluxo de pessoas, adentrando por caminhos de ruas estreitas, rodeadas por prédio velhos e ruas de pedra. Logo a voz do guia ficou distante até sumir por completo, dando espaço para o silêncio.


–V-Você sabe onde está indo?! Depois não coloca a culpa em mim! Eu realmente não conheço esse lugar e...

Chegaram por fim em uma encruzilhada circundada por altos e antigos prédios, com ruas de pedra e paredes manchadas. Há poucos metros, em uma curva para a esquerda, havia um antigo túnel que dava acesso á uma rua com algum movimento. Mas ali onde estavam, os prédios velhos impediam que a luz do sol entrasse, deixando o clima frio e úmido.


– Provavelmente aqui o Jack estripou uma das prostitutas. - comentou Cruello contornando a cintura de Igraine com um braço e se livrando do cigarro. - Ele era realmente habilidoso para fazer tudo aquilo com pouca luz e sem barulho excessivo.
– Era uma pessoa problemática, imagina o que essas pobres mulheres passaram?! Serem dilaceradas e largadas por essas ruas. - Igraine sentiu um calafrio subir a espinha - Imagina como essas ruas devem estar repletas energias ruins!

Cruello a encarou com desprezo e revirou os olhos.


– Só falta me dizer que além de ativista, politicamente correta e praticante de neo paganismo você também é sensitiva?!
–Ei.... Eu só não gosto tá?! Você pelo contrário parece gostar muito desse tipo de coisa!
– Gosto mesmo. É interessante. Pelo menos é melhor saber sobre isso do que ficar lendo livros de mulheres mal comidas.
– O que está insinuando?!
– Aquela primeira vez que fui na sua casa vi que você tinha um livro de romance ridículo! Ainda bem que o joguei no lixo.
– ...você jogou um livro meu no lixo?!
– Joguei! Porque era uma porcaria! Ficar lendo esses livros de romances com putaria super mal escritos! Só falta querer que um cara como eu te dê umas chicotadas como se você fosse uma égua!
– Mas do que você está falando?! Você me respeite!

Igraine sentia seu coração acelerar e sabia que um rubror cobria seu rosto pois isso sempre acontecia quando se zangava. E se zangou mais ainda quando Cruello tirou os óculos e lhe sorriu de forma soberba e provocante.

– Caipira tá bravinha?
– Ah vai se...
– Uau! A camponesa sabe falar palavrão, é? Vamos lá, fale algo bem sujo!

Cruello pegou as tranças de Igraine nas mãos. Ela estremeceu. O jeito de ele pegar suas tranças, enrolando-as no punho e puxando sua cabeça sutilmente para frente era igual á forma que Devs fizera quando...
Os olhos azuis de Cruello Devil irradiavam lascívia.
Não... não era nem um pouco parecido com o jeito que Devs segurava. Irritada, Igraine bateu nas mãos dele para soltar seu cabelo e no segundo seguinte Cruello, com uma força que Igraine não esperava, a imprensou com força na parede de pedra, fazendo-a perceber que era pequena perto dele. Se quisesse, ele poderia facilmente...

– ...o..o...que você...
– Que tal namorarmos um pouco sem ninguém para atrapalhar?
– ..a...a..AQUI?!
– Acho um local razoável até...tem todo um clima diferenciado... – ele falou, próximo ao rosto dela, passando as mãos sobre as coxas dela até atingir suas nádegas, apertando-as com vontade.

Igraine agarrou-o pela gola da camisa, tentando recuar ante a investida. Mas como poderia? Ele a havia imprensado contra a parede, metendo as duas mãos em sua bunda e forçando a própria coxa por entre o meio das pernas dela. Igraine sentiu as pernas bambas e quando deu por si, já o estava beijando.
Quando suas línguas se encontraram, o beijo tornou-se mais intenso e Igraine gemeu ao sentir que ele apertava sua bunda com vontade, fazendo-a instintivamente roçar a própria intimidade na coxa dele. Cruello sugou seus lábios subindo uma das mãos até os seios apertando-o com prazer.

– ..ai...
– Machuquei?
– ...n-não..
As mãos de Igraine desceram pelo peito dele, depois foram para as costas e novamente pelo peito.
– Onde você quer pegar em mim?

Ela corou e isso o fez sorrir, maldoso. Igraine parecia um morango maduro de tão corada e aquelas tranças envolta do rosto parecia uma provocação. Pegou as mãos dela e as espalmou em sua bunda, induzindo-a a apertá-lo. Igraine sentiu uma agitação em seu baixo ventre percebendo que Cruello era bem servido na parte traseira e quando ele roçou novamente a coxa no meio de suas pernas, ela percebeu o quanto estava úmida.

– Alguém... – sussurrou. – Alguém...pode vir...
– Não tem ninguém aqui...e só estamos namorando um pouco.

Igraine tinha de admitir que gostara de ouvir aquilo. Uniram-se novamente em um beijo intenso e ela o abraçou, trazendo-o para mais perto, sentindo o calor que ele emitia. E conteve um gemido quando ele afastou a perna e a ergueu pelas nádegas, imprensando seu corpo na parede e fazendo seus corpos se encaixarem. Ela sentiu um volume contra si e quando quebrou o beijo a fim de olhar o que era (mesmo sabendo do que se tratava), Cuello a encarou. A encarou com aqueles olhos azuis tão belos que nem pareciam reais. E, na sombra que a aba do boné fazia, eles pareciam ainda fascinantes.

– Cruze suas pernas na minha cintura.
– ...- m-mas...
– Apenas cruze as pernas, Igraine. Assim eu posso te levantar.

Voltaram a se unir em um beijo sôfrego e intenso. As mãos de Cruello circundaram sua bunda e Igraine, tentando não pensar no que fazia, cruzou as pernas envolta da cintura dele no momento em que foi erguida, com as mãos dele apertando suas nádegas. Podia sentir o membro de Cruello contra si e isso a fazia se agarrar ainda mais á ele enquanto trocavam beijos intensos sugando e mordiscando a língua um do outro. Involuntariamente, Igraine se moveu, procurando mais contato com o corpo do rapaz.

– ...está gostando, ordinária? – ele sussurrou em seu ouvido, mordiscando a orelha com cuidado.
– E-eu não...sou...
– Ah você é, sim. – Cruello sorriu, notando que ela estava de olhos fechados. – Bem do jeito que eu...
– Opa!! Desculpa aí!!
– Nossa, parece uma pornô!
– Caramba, que sorte!

Igraine e Cruello viraram-se aturdidos para o caminho que levava ao túnel, encarando um grupo de jovens punks. Eram cinco ao todo; três rapazes e duas moças. Estavam todos altamente incrementados em seus visuais e cabelos moicanos.
Os olhos de Igraine se arregalaram em um misto de vergonha e espanto. Olhou para os rapazes e logo baixou o rosto. Cruello rapidamente se recompôs, quase derrubando Igraine no processo.

– Não precisam se incomodar, não! – falou uma garota de preto, cabelos curtos e repleta de piercings no rosto. – Só estamos de passagem, já estamos indo embora!
– Mas se quiserem platéia, não vamos achar ruim! – comentou um rapaz de moicano vermelho e braços repletos de tatuagens.
– Deixem eles, galera. Tá na cara que são turistas querendo realizar uma fantasia e a gente atrapalhou!

Quem dissera havia sido um rapaz de rosto bonito, olhos azuis e um moicano preto com alguns fios brancos. Igraine o observou de forma intensa, temendo que poderia ser Ele. O que diria se fosse? Mas não...não era....parecia, mas também não parecia.
O grupo de jovens passou próximo á eles. O rapaz bonito de moicano ainda de um tapinha amigável no ombro de Cruello e uma piscada descarada para Igraine antes de se afastar com os outros que murmuravam “não esqueçam da camisinha”. Assim que o grupo desapareceu, Igraine se afastou bruscamente de Cruello, procurando ajeitar as roupas.

– Nunca mais faça esse tipo de coisa! Ideia idiota! – choramingou Igraine. – Que vergonha! O que eles estão pensando de nós?!
– ..que somos um casal repleto de luxúria.
– Absurdo! Isso nunca me aconteceu, que vergonha! Certas coisas não se deve fazer em público! E você deveria tomar cuidado afinal é o famoso “Cruello Devil!”
– E estar se agarrando com “Cruello Devil” te excita bastante, não é?
– Não estava excitada!
– ...estava sim. Deu pra sentir.

Igraine se enfureceu, ralhando sem pensar.
– Se eu estava não era a única! Você estava bem empinado também!
– ...M-mas que coisa ridícula você está falando?! – Cruello ele vou a voz, irritado. - Eu estava excitado sim porque não é de hoje que estou querendo o que você sabe muito bem e que você está sempre me negando!
– Não quero mais ficar nesse lugar! Eu só queria um passeio normal ou clichê, como você prefere chamar! Não sou o tipo de garota que serve pra ficar sendo agarrada em becos desertos!

Enquanto Igraine praguejava, Cruello estava entretido em verificar alguma coisa em seu celular. Ao perceber o total desinteresse dele por suas opiniões, Igraine se aproximou á ponto de lhe tacar a bolsa na cabeça mas ele a deteve.

– Não ouse fazer uma coisa da qual vai se arrepender e eu não vou gostar, sua suburbana ordinária.
– Canalha!
– Você quer um encontro clichê?! Está bem, vamos ao cinema. Tem um não muito longe daqui! – ele falou começando a seguir pelo túnel. – Se ficar enrolando demais perderemos a sessão. Ou você quer ficar aqui até encontrar um fanático pelo Jack Estripador?

Bufando, Igraine o seguiu sem perceber que, nas sombras, mais precisamente atrás de velhas caixas de madeira, um olhar perspicaz os observava.

~*~

Para irem até o cinema que Cruello sugerira, ambos pegaram um novo táxi e quando chegaram já era meio da tarde. Igraine se aproximou do painel onde havia os filmes em cartaz, mas Cruello já estava no guichê comprando os ingressos.

– Já comprou?
– Óbvio. – falou ele com naturalidade. – Se eu deixar você escolher é bem capaz de querer pegar algum filme de romance.
– ...você não me conhece.
– Você não é do tipo que tem segredos. É do tipo bem previsível.

Igraine queria responder, mas não sabia como. Cruello deu um risinho e com um gesto pediu que ela o seguisse. Emburrada, ela o seguiu até o local onde vendia pipoca e doces.

– Quero o combo especial temático do Jurassic World.
– Sim, senhor.
– ...o que vamos assistir? – perguntou novamente Igraine enquanto via o atendente preparar o pedido.
– Vamos ver...dinossauros.
– Você gosta desse tipo de filme?!
– Ao contrário de você, eu sou uma pessoa altamente imprevisível! E sim, eu gosto de dinossauros. Principalmente quando eles começam a devorar as pessoas.
– Pensei que não gostava de animais.
– E não gosto. Mas dinossauros são dinossauros. Agora, vamos!

Patrick Star chegou no cinema á tempo de ver Cruello e Igraine comparem as guloseimas e entrarem no corredor quedava acesso ás salas. Rapidamente se dirigiu ao guichê de ingressos, sem se importar de estar furando fila.

– Qual filme o casal foi assistir?
– ...deve ficar na fila, senhor.
– O casal! O cara de trejeitos afeminados e a menina que parece uma camponesa. Quero ingresso para o mesmo filme que eles vão assistir! Agora! – ordenou, batendo a mão na mesa.
– Senhor...deve pegar a fila para ser atendido....
– Venda logo para mim! Preciso comprar a pipoca ainda!
– Hey, não pode cortar a fila, não! – ralhou um cliente, recebendo o apoio dos demais.
– Eu quero uma cadeira no mínimo três fileiras atrás das cadeiras do casal.
– ...senhor, não posso fazer isso. Por favor, pegue a fila para que...
– Escuta aqui seu funcionário terceirizado... – começou o jornalista com uma voz baixa mas letal. - Eu sou uma personalidade da mídia artística, tenho o direito de ser atendido corretamente!
– Mas senhor, só posso atendê-lo corretamente se o senhor for correto em cumprir a regra de ir para o final da fila e não obstruir o guichê.

Patrick Star trincou os dentes de raiva não apenas pelo atendente, mas pelas pessoas que reclamavam por ele ter furado a fila. Tirou uma credencial da carteira e quase enfiou-a nos olhos do pobre funcionário.

– Eu sou IMPRENSA! IMPRENSA!! Sou um jornalista crítico cujas opiniões são muito conhecidas. Se me proibirem de exercer meu direito de imprensa, pode ter certeza que redigirei um artigo altamente ácido sobre esse estabelecimento e você! – ele apontou o dedo para o atendente. – Não conseguirá se manter nessa empresa por muito tempo!

~*~

Por ser sábado, o cinema estava relativamente cheio. Cruello e Igraine sentaram-se em suas respectivas poltronas. Cruello havia finalmente tirado os óculos escuros enquanto Igraine observava as pessoas que entravam enquanto comia a pipoca. De súbito, Cruello deu um tapa suave em sua mão quando ela foi pegar mais no pote.

– Ei! – resmungou ela.
– Se continuar comendo, na hora que começar o filme não teremos mais!
– Mas esse aqui que você pegou é o combo exclusivo, vem até com brinde!
– Não importa! Eu quero ter pipoca até metade do filme! E se ficar bebendo refrigerante demais você vai querer ir ao banheiro no meio do filme. E você vai sozinha! Eu posso ter assistido esse filme na pré-estreia mas agora que estou revendo não tenho intenção de perder nenhuma cena!

Enquanto os dois discutiam, não perceberam que Patrick Star passou próximo á eles (usando o balde de pipoca para cobrir o rosto) e sentou-se em algumas cadeiras acima, podendo ter a visão do casal de costas.
Mal havia se posicionado, Patrick Star viu o momento em que Cruello levantava o braço da poltrona para Igraine se aproximar mais. Ela parecia dizer alguma coisa meio emburrada, mas sua boca foi calada por um beijo do rapaz.

As luzes então se apagaram e nesse instante Cruello empurrou Igraine sutilmente murmurando algo como “o filme vai começar”. Igraine pensou em responder de forma não educada mas ao ver a atenção de Cruello para a tela, desistiu. Ele parecia realmente ansioso pelo filme e isso até soava familiar. Por fim, ajeitou-se na poltrona e tirou o balde de pipoca do colo dele, colocando-o no seu próprio. Se Cruello quisesse pipoca, ele que pegasse e não teria problema se o braço dele roçasse em seus seios no processo.
Três fileiras atrás deles, Patrick Star os observava, cobrindo a cabeça com o capuz do blusão e mantendo o balde de pipoca próximo ao rosto. Com as luzes apagadas, prontamente o jornalista retirou sua mini câmera fotográfica do bolso.

“Muito bem, Tuello. Dessa vez você não escapa das minhas lentes! Vou fazer um artigo bem extenso sobre esse seu caso com uma simplória camponesa. Tentou negar na vez que o flagrei abusando desta jovem mas pelo visto ela gostou dos abusos e está aceitando sua aproximação! Espere só até isto vir de conhecimento público...”

– ...enhor...senhor?
– Hãn?! O que foi?

Patrick Star viu a luz da lanterninha do funcionário do cinema próximo á si.

– O que foi? – ralhou o jornalista em um sussurro.
– Não pode filmar durante o filme, senhor. É contra as regras e considerado crime de pirataria.
– Mas eu não vou filmar o filme!
– Tem que me entregar a câmera, senhor. São normas do cinema.
– ..eu não vou entregar a minha câmera!
– Então terá que se retirar.
– Mas eu paguei para estar aqui!
– Mas não pode filmar.
– Mas eu não vou filmar o filme, eu só quero foto...
– HEY! Dá para calar a boca aí?!

Mesmo no escuro e durante o primeiro trailler, Patrick notou que era a voz de Cruello.
– Eu quero assistir o filme sem qualquer interrupção!
– Sim, senhor. – falou o funcionário. – Por favor, entregue a câmera. Será devolvido ao final da exibição.
– E- eu não vou entregar a câmera...
– Entrega logo essa porcaria! Filma esse filme para vender em outra sessão porque quero assistir em silêncio!
– ...fica calmo! – sussurrou Igraine constrangida com o início da confusão.

Patrick Star viu-se em uma enrascada. Cruello Devil já virara o pescoço para trás e tentava ver o responsável por atrapalhar sua concentração no filme. Se ele o visse, todo seu plano de perseguí-lo iria por água abaixo. Aproveitando o momento que o trailler a ser exibido possuía cenas em tons mais escuros, ele entregou, enfezado, a câmera para o atendente antes que Cruello pudesse perceber de quem se tratava.

“ Maldito funcionário! Pode ter me impedido de registrar a intimidade de Cruello com essa menina, mas eu não vou desistir, não vou!”

Furioso, Patrick colocou um punhado de pipoca na boca e decidiu prestar atenção no filme. Vez ou outra observava Cruello e Igraine algumas cadeiras abaixo mas eles não estavam se agarrando, pelo contrário. Prestavam total atenção ao filme que acabava de começar.

~*~


– Eu realmente não canso de ver esse tipo de filme! – comentou Cruello quando ambos saíram da sessão. – Eu tenho um excelente gosto para filmes, bem como excelente gosto para todas as outras coisas.
– O filme é muito bom, admito. Mas você não tem bom gosto para tudo como diz que tem.
– Está dizendo que você não é uma coisa que possa ser definida como “bom gosto”?

Igraine ficou desprevenida com o comentário. Seu cérebro processava uma resposta quando Cruello já seguia em direção á rua, observando os locais onde serviam comida.

– Estou com fome. Vamos comer alguma coisa antes de ir embora. – ele olhou no relógio em seu pulso. - O que sugere?
– ...e-eu...eu não sei...
– O que acha de comermos uma pizza?

Igraine o encarou. Cruello a fitava com um pequeno sorriso no rosto. Quando ele sorria, formava covinhas, e por um segundo, a imagem de Devs veio á sua mente.

– O que foi?
– ...n-nada...

Parecendo satisfeito com uma resposta tão vaga, Cruello guiou Igraine até uma pizzaria nas proximidades. Era um local de tamanho médio, porém de boa aparência e clima confortável.
Foram recebidos por um garçom de sorriso gentil que os guiou até uma mesa e lhes entregou o cardápio.
Igraine sentou-se na frente de Cruello e discretamente olhou ao redor, notando que algumas pessoas (tanto mulheres quanto homens) lançaram um olhar para Cruello, que nem havia notado. Mesmo naquelas roupas simples e o boné, ele chamava a atenção das pessoas. Parecia que tinha um magnetismo próprio .


– Acho que podemos pegar uma pizza de calabresa. – falou Cruello olhando o cardápio. - Ou de frango. O que acha?
–Hãn...pode ser metade de mussarella, eu não como carne. - Igraine sorriu constrangida .

Cruello desviou a atenção do cardápio e encarou a jovem, indignado.

– Porque você não come mais carne?!
–Eu... ah...bem, eu comia...mas depois que você vê como tratam os pobres bichinhos...não dá mais para colocar carne na boca! Eu ainda como muita coisa de origem animal, mas... Só de pensar que o bife em meu prato já foi um animal indefeso... - ela disse, sem ânimo. - E saiba que o ser humano pode viver muito bem sem a proteína animal.

Cruello balançou a cabeça. Como ele aguentava?


– Está bem, tentarei ser tolerante...mas não vou acompanhar você nesse vegetarianismo estúpido! Vamos pedir uma pizza metade calabresa e metade mussarela.

Ele chamou o garçom com um gesto e solicitou o pedido. Enquanto isso, em uma mesa nos fundos, Patrick Star observava atentamente numa posição que Cruello não pudesse vê-lo. Mantendo o cardápio erguido á sua frente, ele puxou a pequena câmera do bolso e a colocou sob a mesa, acionando a gravação.


– Não é tão ruim assim... Eu vivo bem até. – continuou Igraine procurando justificar sua preferência alimentar. - Ter bons costumes faz bem para a saúde...Olha só para você, pela sua palidez, aposto que nem tem se alimentado direito. -Igraine tencionou tocar o rosto dele, quando parou, envergonhada.
– Eu me alimento muito bem! - ralhou Cruello, enfezado. - E essa palidez faz parte da minha beleza! Eu frequento spa e tenho minha própria nutricionista se quer saber!

Cruello pegou a mão de Igraine próximo ao seu rosto e a segurou.


– O que foi? Porque está acanhada? Não ficou assim antes. Pode me tocar.
– Eu... eh - ela sorriu, corando. - Não estou acostumada... sabe?

Ele não respondeu, apenas fitou-a nos olhos e soltou a mão delicada. Igraine então alisou com as costas da mão, de leve, o rosto bonito, como se quisesse memorizar cada linha daquela face.
Na mesa do fundo, Patrick Star arregalou os olhos por cima do cardápio que segurava. Cruello Devil permitindo que alguém tocasse em seu rosto? Ainda mais publicamente? E quem fazia isso era uma garota simples?

Nesse momento entraram na pizzaria um casal de punks. A indumentária deles chamou a atenção dos demais clientes, mas eles não se importaram e se dirigiram até uma das mesas vagas. Ao passar próximo á Igraine, a garota sentiu o peito gelar. O rapaz era alto, de olhos azuis e cabelo moicano bem ornamentado. Usava uma jaqueta de couro e possuía piecings pelo rosto. Ela o seguiu com o olhar até eles sentarem em uma mesa.
Não...não era Ele.
Igraine deparou-se com um Cruello que voltava a olhar desinteressado para o cardápio. Agradeceu mentalmente por ele não ter percebido, ou senão estaria em uma enrascada. Por que Devs não saia de sua cabeça num momento como aquele? Como a lembrança Devs poderia sobrepujar um momento especial entre ela e Cruello Devil?

“O que está acontecendo comigo?!”

A pizza chegou e ambos foram servidos pelo garçom, que ainda encheu uma taça de bom vinho para Cruello enquanto Igraine bebericava um suco de frutas.


– Você não cansa de ser tão...ativista, assim? Comendo queijo e bebendo suco? – resmungou Cruello enquanto se servia de um pedaço da pizza de calabresa.
–N-Não... e você não cansa de ser tão presunçoso? – rebateu ela. - Nesse seu mundo onde tudo gira em torno de você? Já se importou com algo alguma vez?

Igraine voltou-se ao seu pedaço de pizza,deixando os talheres de lado e pegando a fatia com as mãos envolta em um guardanapo.


– Lógico que sim! Me importo comigo mesmo, com meus planos, com meu trabalho, com minha empresa...ei! Você não vai comer desse jeito, vai?!

Ela olhou para a pizza e em seguida para a cara de surpresa e nojo dele. Estreitou os olhos e mordeu um grande pedaço da pizza, mastigando-a ferozmente, o que deixou-o ainda mais assustado.


–Não só vou... – ela mastigou um pouco e continuou falando com a boca meio cheia. – Como já estou fazendo! Essa é a melhor forma de saborear uma pizza!

Cruelllo a encarou com uma mão sob o peito, estarrecido. Olhou ao redor para ver se ninguém além dele vira tão clara demonstração de vulgaridade alimentícia. Encarou Igraine irritado, enquanto cortava a própria pizza com garfo e faca.


– Realmente, você precisa de muitas aulas de comportamento, Igraine! Vejo que terei muito trabalho para te ensinar as coisas! Você não deve comer pizza assim como se fosse uma mendinga! Talheres foram desenvolvidos para serem usados.

Igraine pousou o pedaço de pizza sobre o prato, respirou fundo e encarou o jovem.


– Eu posso não pertencer a alta sociedade como você, mas não troco o meu jeito simples por esses seus trejeitos... Igraine deu um leve sorriso, enquanto voltava a pizza para mais uma mordida

Cruello revirou os olhos.

– O que há de errado com os meus trejeitos?!

Igraine ergueu a sombrancelha e sorriu divertida. Cruello não gostou e tratou de se justificar.
– Eu poderia comer do mesmo jeito que você, se eu quiser. Mas eu não quero me rebaixar á isso ou sujar as minhas mãos de gordura!


Em um gesto de ousadia que surpreendeu até mesmo a ela própria, Igraine passou o dedo em um pouco de catchup que havia sobre a pizza dela e passou de leve na bochecha de Cruello, desafiadora.

– Agora está sujo! – ela riu, gentil. – E veja só...você não se desfez por isso!

Cruello pegou o guardanapo e limpou o rosto, irritado.
– Saiba que á partir de agora, não haverá lugares em que poderá se portar dessa forma á mesa!
–Ora Cruello...

Igraine deu um muxoxo e afundou-se na cadeira, desanimada. Devs teria rido, com certeza. Cruello notou a mudança de semblante da garota. Ela não entendia que ele não era uma pessoa comum?! Ele era Cruello Devil!

– Se estamos nos relacionando, tem certas coisas que devem ser diferentes quando estamos juntos em local público.

Igraine só o observou. Pior que aguentar as broncas de seu avô, era aguentar as broncas de Cruello. Terminou a pizza visivelmente constrangida.

–Eu sinto muito...
– Mas...que seja...

Cruello colocou os talheres ao redor do prato, pegou um guardanapo e, depois de dar uma rápida olhada envolta, pegou um pedaço da pizza e a mordeu.
Igraine sorriu enquanto via o jovem deliciar - se com a comida. Ver Cruello Devil naquela situação,comendo pizza de uma forma comum e sem rodeios, era realmente surpreendente. E por mais bobo que fosse, aquilo a deixou feliz.


– Pronto! - ele colocou a pizza no prato e pegou os talheres novamente. - Agora faça como eu e coma corretamente.
–Está bem, está bem...Só não me trate como criança! -Igraine endireitou - se e serviu - se da pizza da forma que Cruello indicara.

~*~

Já era começo de noite quando Cruello e Igraine saíram da pizzaria. Ele acendeu um cigarro (para desagrado dela) e ambos caminharam em direção á estação de metrô, onde havia também um ponto de táxi.
As luzes dos postes acenderam-se automaticamente e o barulho dos carros passando no asfalto junto com as luzes dos faróis e uma brisa agradável, causavam uma certa sonolência. Havia sido um dia longo e Igraine começava a sentir o cansaço.
Quando chegaram á entrada da estação de metrô, onde também havia um ponto de táxi á poucos metros dali, Igraine percebeu que ela e Cruello finalmente estavam andando de mãos dadas. Quando foi que juntaram as mãos ela não lembrava. Mas ao perceber aquilo, algo em seu corpo agitou-se. Parecia estranho demais que ela e Cruello poderiam estar...como ele dizia mesmo? Se relacionando.

Pararam ao lado da entrada da estação, para não atrapalhar os passantes e ficaram alguns segundos em silêncio. Cruello colocara o óculos escuros preso na gola da camisa, mas não ousava retirar o boné.
Igraine havia tomado fôlego para dizer algo quando um grupo de punks passou próximo á ele saindo da estação de metrô, com suas jaquetas de couro, botas e cabelos moicanos, rindo e conversando. Automaticamente, ela virou-se para olhá-los, parecendo procurar entre eles alguém em específico. Mas Ele não estava lá.
Cruello não deixou de perceber tal atitude. Mais uma vez.
Esperou que o grupo sumisse de vista ao atravessar a avenida antes de dizer.

– Você tem algum interesse em punks?
– Hãn? Oh...é..que...b-bem..não...não é que...
– Eu notei que você estava estranha hoje.
– E-eu? Estranha? Imagine!
– Você é tão normal que quando age de forma estranha, fica muito evidente. E não estou falando de agir de forma estranha de uma forma que me agrade, como foi quando ficamos lá em Whitechapel. Foi por agir estranha ao praticamente me ignorar em determinados momentos.

Ela não respondeu.
– ..e então...tem algum interesse em punks? Uma garota como você acharia esse estilo completamente bizarro!
– ...você não acha? Já que é o dono da Devil’s.
– O punk possui muito estilo. A moda que dele surgiu influencia até hoje. É ousado, criativo, diferente. Mas...o que quero dizer é que você parece interessada não no estilo punk, mas nas pessoas punks.

A imagem de Devs surgiu na mente de Igraine e ela tratou de dissipá-la.


– Eu a-acho interessante o estilo! É bem di-diferente os cabelos, indumentária e... tal! Só isso.
– Já conheceu alguém que faz parte da cena?

Igraine estranhou o fato de Cruello Devil falar “cena” ao se referir ao estilo punk. Pelo pouco que sabia esse termo “cena” era utilizado pelos membros de tribos urbanas ou por quem realmente entendia do assunto. E Cruello não era, nem de longe, alguém que poderia entender sobre coisas do tipo. Simplesmente...não combinava com ele.

– Porque estão tão interessada em punks? Mais especificamente...em homens punks de moicano? - Cruello era rápido e direto.
– E-eu não es-es-estou!
– Está sim. Toda hora que um moicano passava perto, faltava você virar o pescoço em 180 graus para olhá-lo! É alguma espécie de fetiche ou...um deles fez parte de sua vida?

Igraine sentiu-se corar. Baixou os olhos, fingindo focar a atenção para a entrada do metrô. Era mesmo uma tola! Finalmente tinha a chance de estar ao lado de Cruello Devil, ambos haviam passado um dia ótimo (apesar das discussões e do jeito rude dele em determinados momentos), ficado juntos e até andando demãos dadas! E por conta de coisas...de uma pessoa do seu passado, ela estava colocando tudo á perder. O encontro perfeito estava fadado a ficar manchado no final por sua culpa. Tentou conter, mas as palavras saíram antes que pudesse controlá-las.

– ...desculpa! - desabafou, pois tentar mentir nunca havia sido seu forte. - É que...é que foi algo que aconteceu á tantos anos! E você tem razão, eu sou uma tonta mesmo! Uma riponga do interior que só por alguém que conheceu por um dia ainda ficou tempo demais achando que aquilo foi algo real!
– Qual era o poder desse homem para conseguir atrair tanto a sua atenção?
– ...eu nem sequer sei o nome dele...

Cruello a encarou, estarrecido.
– A vida não é um conto de fadas, Igraine!Como pode gostar de alguém que conheceu só por um dia e nem sequer sabe o nome?!
– ...eu já ouvi muito isso. Desculpa. E sim, eu sou uma idiota sonhadora.

Ficaram em silêncio por um tempo que não souberam precisar. Cruello contornou os ombros de Igraine com o braço, trazendo-a para perto de si. Assustada, ela o encarou, sentindo aquele aroma suave do perfume que ele emanava e entreabriu os lábios ao se ver diante daqueles olhos azuis.

– Esta é a sua realidade. Eu sou Cruello Devil e é comigo que você está agora.

Os lábios dele tocaram nos seus com intensidade, fazendo-a amolecer e aceitar que o beijo se consumasse. Instintivamente, seus braços fecharam-se em torno do pescoço dele e isso incentivou Cruello a trazê-la para mais perto de si. Suas línguas se encontraram e o beijo se tornou quente e ainda mais envolvente como se suas línguas realizassem uma dança frenética repleta de desejo.
Quando o beijo foi quebrado, encararam-se por alguns segundos. Os dedos delicados de Igraine passavam pela gola da camisa que ele usava e, quando subiram até o rosto, Cruello a beijou novamente e dessa vez Igraine não foi impedida de tirar o boné dele e afundar os dedos naquele cabelo macio e bem cuidado.
Quando seus lábios finalmente se separaram, Cruello percebeu que ela estava corada e com destreza tirou o boné das mãos dela, recolocando-o.

– Eu preciso ir agora. – começou ele. – Já está ficando tarde e terei que fazer uma viagem longa.
– Para onde você vai? – ela ficou apreensiva.
– Na mansão Devil. Tenho coisas a buscar lá. Mas volto para Londres amanhã mesmo. – ele a encarou e deu um sorrisinho provocador. – Gostaria de ir comigo?

Igraine levou alguns segundos para processar aquilo e sentiu as partes baixas em seu corpo se agitarem enquanto o rosto se avermelhava.
Cruello Devil estava propondo á ela viajar com ele? Passar uma noite na tal mansão Devil? Na verdade estava convidando-a a ir para a cama com ele!

– N-não..o-obri-obrigada mas eu...eu...tenho coisas para fa-fazer e...bem...e-eu...não...não dá...
Ele riu da atitude dela. E optou por mudar de assunto e não constrangê-la mais.

– Escuta...está acontecendo algumas coisas na Devil’s. Eu não posso falar o que é pois é sigiloso, mas ...
– A Devil’s está com dívidas que podem levá-la á falência?
– Não! De onde tirou um absurdo desses?! Enfim...haverá algo importante para a Devil’s em breve e estarei extremamente ocupado até que tudo seja concluído. Então...talvez não seja possível de nos encontrarmos com muita frequência.
– Ah...entendo...
– Quando tudo se resolver lá ficará mais fácil. Mas por enquanto tenho de me dedicar. Vai sobreviver sem minha presença?
– ...vou. Eu já vivia antes de te conhecer.
– Mas depois que se conhece Cruello Devil, a razão de ser são revisadas.
– Você não pode estar falando sério! – ela o encarou com a sobrancelha erguida mas continuou. – Mas você vai tipo, sumir totalmente?
– Se eu sumisse, seria bom ou ruim?
– ...você sabe muito bem a resposta, Cruello.
– ...eu não vou sumir. Pode entrar em contato comigo e eu entro em contato com você. Assim que todo o trabalho acabar, ficará mais fácil. Agora, eu preciso ir.
– Tu-tudo bem...eu também preciso ir, já está ficando tarde.
– Pegue um táxi por minha conta. É mais seguro e rápido.

Ela não conseguiu contestar e aceitou.
– Obrigada por hoje. Gostei de passar o dia com você.
– ...eu sei.

Trocaram um último beijo e logo Igraine entrava no táxi. Não demorou para que Cruello fizesse o mesmo em outro veículo mas, quando estava abrindo a porta do táxi para entrar, virou-se para trás como que por instinto.
E foi então que viu.
Patrick Star o encarava há alguns metros de distância, entrando em um táxi. Não era preciso dizer nada. Cruello ficou parado alguns segundos, estarrecido.
Poderia Patrick Star tê-lo seguido ao longo do dia? Não, era impossível! Cruello se disfarçara bem e frequentara lugares que não costumava ir. Havia ficado atento caso suspeitasse de algo. Tinha que se acalmar. Na certa Patrick estava ali para bisbilhotar a vida de alguma celebridade e vê-lo foi apenas uma coincidência. O jornalista não o havia visto então não tinha porque ele ficar preocupado. O encontro com Igraine fora bom e não haveria qualquer problema posterior. Estava tudo indo bem.
Mal sabia ele o caos que aconteceria em breve.

~*~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E terminei o capítulo aqui.
Desculpem! Chegou no final do cappie e eu já estava um bagaço após espremer todas as minhas idéias criativas para fechar esse capítulo e postá-lo no dia marcado!
Como podem ver, a fanfic agora entra em um outro nível. Esse capítulo foi meio que um divisor de águas. Á partir de agora, a relação de Cruello e Igraine será diferente o que significa que terá muito mais confusão! Hohohohohohoh
Enfim...fico no aguardo de seus comentários, elogios, críticas construtivas e sugestões! Não deixem de comentar e ajudar a fanfic a melhorar!

Confiram também a fanpage exclusiva do Cruello: http://www.facebook.com;cruellocruel
E deixo aqui o aviso que, quem for no Anime Friends dia 19/07, eu estarei lá com o meu cosplay de Cruello Devil o/

abs!