Peeta -

Acordei com dor de cabeça e fome, lembrando-me que eu não havia comido nada. Lembro que acordei com Cato e Katniss no meu quarto, tivemos uma aula, briguei com Katniss, rejeitei os biscoitos, ela e Cato foram embora e eu deitei.
Olhei no relógio do meu criado, este marcava que eram 23:17.
Deslisei para fora da cama, rumo a cozinha, parando na mesa e constatando que os cadernos que larguei na sala estavam la. Desci as escadas quase deitando no corrimão de tanta preguiça e um pouco de dor na perna. Ainda não havia tomado os remédios que o medico receitara, e a fome não auxiliava.
Na cozinha, vi os três remédios do dia junto a um copo de água. Ao lado um bilhete de minha mãe, avisando que tinha um pote de sopa no micro-ondas e suco de maçã na geladeira.
Realmente minha mãe era vidente, ou tinha cameras escondidas na casa.
Peguei a sopa e um copo de suco, engolindo-os em questão de segundos. Abri uma panela na geladeira com mais sopa, outra tinha carne de frango e em um pote menor, tinha pizza. Tomei mais um pote de sopa, comi uns fiapos do frango e devorei a pizza.
De barriga cheia, tomei os remédios que precisava. Um branco pequeno e de gosto amargo, uma capsula branca e verde e um meio rosa. Não sabia qual fazia o que então apenas os coloquei na boca e tomei a agua, subindo para meu quarto.
Mal entrei e o telefone ja tocou.
– Fala - Atendi cansado.
– Peeta, desculpe a hora... - A voz de Cato surgiu
– Tudo bem, eu estava acordado - Respondi - Mas pode falar.
– Cara, o que falou pra Katniss?
– Como assim?
– Eu perguntei a ela por que não ficou para ter a aula com você. Disse que brigaram, mas não me falou o motivo.
Bufei - Não estou a fim de falar disso agora okay? Mas sim, brigamos mesmo, falei muita coisa e ela também.
– Mas por que brigaram? O que fez?
– Por que acha que eu que fiz algo? - Perguntei, até por que foi ela quem começou.
– Katniss é uma pessoa muito boa. Duvido que ela que tenha começado.
– Espera, conversou com ela?
– Sim, a levei em casa e fomos conersando no caminho. Da pra ver que ela não gosta muito de você, mas ela mantém distância...
Acho que não absorvi tudo direito. Cato, meu amigo, estava conversando com Katniss, uma nerd esquisita que me detesta. E eles pareceram se dar bem... Droga!
– Cato, ela é uma nerd estranha que me odeia. Por que esta falando com ela?
– Por que você fez algo com ela, por isso ela te odeia. Mas ela não disse o que é, e esta chateada.
– Mas eu não fiz nada!
– Não é de agora, é algo que fez faz algum tempo.
– Eu nem sequer falava com ela.
– Pensa Peeta. Vou dormir e você aproveita o tempo pra pensar.
E desligou.
Cato é um cara que gosta de curtir a vida, mas sempre leva muito a sério as coisas mais importantes principalmente o relacionamento das pessoas. Uma pena os outros não verem isso nele, é uma qualidade que eu gostaria de ter.
Mas o fato dos dois terem conversado me intrigava. Realmente o problema de Katniss era só comigo.
Tentei voltar ao passado, quando eramos pequenos, epoca que ela usava as duas tranças no cabelo e eu puxava suas fitinhas.
Lembrei que em cima do meu armário havia uma caixa com fotos de quando eu era pequeno, devia ter alguma de Katniss. Puxei a cadeira e alcancei a caixa, bem empoeirada e pesada.
Coloquei-a no chão e abri, sentindo uma sensação nostalgica. Fotos minhas com minha mãe, meu pai... Havia uma em um aniversário meu feito na escola, pela vela era de 8 anos. Katniss não estava nessas, pois eu sou dois anos mais velho, e reprovei duas vezes no ensino fundamental dois. Mas ha outras em que brincavamos no pátio da escola ou no parquinho.
Ela até era bonitinha, quase uma boneca. Olhos azuis fascinantes, o rosto branquinho e o cabelo castanho cacheado. Também havia uma foto de Delly, ruivinha com os olhos verdes.
Fui mais a fundo da caixa e achei uma fitinha vermelha, que Katniss usava no cabelo. Me lembro que peguei e puxei na hora de ir embora da escola. Ela tentou me seguir, mas eu era maior e mais velho e não me alcançou. Futuquei mais um pouco, mas não havia muita coisa de Katniss ali, ja que só brincamos juntos quando eramos menores e com o tempo nos afastamos, a ponto de sermos quase desconhecidos um do outro.
Eu sentia meus olhos vacilarem e resolvi que iria dormir. Ja deveria ser mais de meia noite e eu precisava ir cedo ao médico trocar o curativo e limpar o ferimento.
Coloquei a caixa de baixo da minha cama e afundei a cabeça no travesseiro, pegando num sono profundo.