Ciel ia entrando para esperar mais confortavelmente quando é parado por uma voz masculina. Ele se vira e se depara com um homem vestido num fraque muito parecido com o seu servo agora ''morto''. Alto, magro, cabelos prateados e olhos...vermelhos.

— Deseja recuperar Sebastian? — Diz o homem com atmosfera indecifrável.

O conde, indiferente, se questiona quem seria aquele homem tão suspeito. Mas antes mesmo de perguntar, o sujeito, como se lesse seus pensamentos, responde.

— Desculpe, foi grosseria da minha parte. Meu nome é Shimon, Shimon Michaelis, [...] — Antes do mesmo terminar de se apresentar, a mente de Ciel fora invadida por inúmeros pensamentos ... e a possibilidade de ter em sua lista, mais um suspeito.

''Michaelis ... eu criei esse nome. Seria uma coincidencia?'' Além de mais hipóteses, Ciel ganha ainda mais dúvidas sobre a morte de Sebastian. Mas de uma coisa ele sabia, e muito bem. O Suspeito, que diz ter o mesmo sobrenome do demônio cujo fez o pacto, tem algum tipo de ligação com seu servo. Isso era evidente. Pensou em várias teorias. Mas, antes de tomar qualquer decisão precipitada, voltou a prestar atenção no que o misterioso homem tinha a dizer. O conde precisava extrair o máximo de informações, mas, felizmente, não precisou de muito para faze-lo.

— [...] um simples mordomo.Meu mestre desgostou de uma certa coisa que...enfim...acho devia parar de falar dos meus contras. Estou a procura de um novo lugar pra prestar meus serviç... — Inconformado com audácia do homem, o conde, que já conhecia de cor e salteado aquela fala, o interrompe com um tom de voz agressivo.

— Não me importo quem você é, nem o que quer. Quero saber como você chegou aqui e o que você deseja tratar comigo. — O conde quis impor superioridade em sua voz, porém, acabou falando num tom trêmulo que mais pareceu que estava com medo. Shimon agora estava no primeiro lugar do ''ranking'' de suspeitos de Ciel, portanto o conde queria saber mais sobre o homem que se intitulava ''Shimon Michaelis''.

— Descupe, mas antes de falar minha verdadeiras intenções, quero que você, líder dos Phamtonhive, saiba que eu não desejo seu ódio, nem reprovação, só que me ouça.

— Antes de me falar o que quer que seja, tenho que chegar a mansão Trancy o mais rápido possível, tenho compromissos, não posso me atrasar e ...

— É de lá que eu venho. — Interrompe o conde, e o mesmo para de falar imediatamente e percebe que o que o estranho tinha a dizer era muito mais importante que uma simples conversa. Se tratava da suposta resposta para as perguntas do conde...ou não...

Ciel's POV

Estava com um cheiro de enxofre... tudo escuro. Eu estava numa sala grande, preso por algum tipo de grade, quando me dei conta que estava extremamente ferido, e doía, doía insuportavelmente. Por um momento, fiquei cego, e percebi que estava sendo carregado. Não queria ser tomado pela escuridão, tentava me soltar, mas não conseguia, estava totalmente sem condições de fazer qualquer esforço físico. Ofegante como um touro, não sabendo onde estava e com aquela dor horrível, percebi que o lugar onde eu estava era muito maior que uma sala.

Era um auditório enorme e quente, com, no mínimo, umas cem pessoas. Luzes fortíssimas ofuscavam minha visão e impediam de ver quem me carregava. Senti algo gélido nos pulsos, como uma corrente e logo depois fui colocado no que me parecia ser uma mesa. A dor que sentia antes não era comparável a dor que agora possuía, uma dor aguda, feita por o que se pareciam ser lâminas que cortavam-me de fora a fora. Meu sangue escoria e com o tempo, o cheiro de enxofre se misturava com o de sangue formando um aroma de dar ânsia. Mas isso não era o que mais preocupava... quando percebi que não havia mais jeito...

— Yes, my lord.

Acordei de um pesadelo terrível. Estava suando, com o coração a mil e bufando sem parar. Sem conseguir me levantar da cama direito, recostei-me na cabeceira para acordar melhor. Olhei para o relógio do criado mudo. Eram quatro e vinte da manhã, tão cedo, queria dormir mais um pouco, mas não consegui. Depois de tudo, e ainda com esse pesadelo na cabeça, ficaria difícil pegar no sono novamente. Ficava me lembrando da noite passada, na festa de ano novo...

Flash back

— Bem vindo Ciel! — Diz Lizzy aparecendo por trás do mordomo de sua mansão. Entusiasmada por seu amado ter chegado a festa, induz ele a entrar segurando seu pulso com suas mãos delicadas. — Onde está Sebas... — Ela para de falar quando vê, vindo atrás de Ciel, um mordomo diferente do que estava acostumada.

— Oh, perdão Elizabeth, esse é Shimon, mordomo substituto, enquanto Sebastian está fora.— Diz Ciel, como se essa fosse a coisa mais normal do mundo.

— Fora?! — Pergunta Lizzy confusa.

— É. Vamos dançar Elizabeth?. — Sem outro tipo de desculpa, Ciel muda bruscamente de assunto para a pequena não fazer mais perguntas. Antes de entrar com Lizzy, diz algo no ouvido de seu ''mordomo''.

— Shimon, fique aqui até a família Trancy chegar. Quando eles chegarem, entre e me avise imediatamente. — O novo mordomo faz uma reverencia e executa o que seu mestre pedira.

O conde entra na festa e avança até a pista de dança, uqe tocava uma música serena de fundo. Prestando atenção em Shimon, toda vez que o mordomo da mansão abria a porta para um convidado entrar, Ciel continuava a dança calma com sua parceira. Um grupo de pessoas o vão cumprimentando quando o veem, mas logo o deixam em paz. Não demora muito e a carruagem dos Trancy chega.

Shimon's POV

Olho para o cocheiro da carruagem... Claude Faustus. Ele me faz uma pergunta sem som, só mexendo os lábios. Assenti imperceptivelmente. Entrei na mansão para alertar Ciel que haviam chegado, como me pedira em sua ordem, mas não o encontro. Procurei por todos os cantos da casa e perguntei para todas as pessoas que encontrava durante a procura, mas toda vez sem sucesso. Onde aquele garoto foi se meter?! Já não é o suficiente o idiota do Claude?

Quando termino meus pensamentos insolentes, Alois Trancy, seguido por seu mordomo, Claude Fautus, entram na mansão. O demônio me vê, e digo da mesma forma, sem som, que o conde sumira. Ele então me responde que eu não deveria procurar somente dentro da mansão...

[...]

O acho no bosque não muito longe dali. Estava vendado e algemado com panos sujos, jogado no chão de joelhos. Rapidamente tiro-os de si e logo depois recebo um ''Você demorou. Sebastian não cometeria esse erro.'' seguido de um tapa no rosto. O que Claude me falara era fato...o garoto é autoritário, rude e indelicado, porém, sua alma era única. Depois de me recompor da repreensão, pego-o no colo e saio dali antes que o culpado desse as caras, o que não seria muito. Em ocasiões como essas, em festas de humanos ricos e esnobes, sempre havia roubos e sequestros de outros humanos pobres de corpo e alma.

Não acho que tenha sido uma boa ideia ter ficado ao lado de Claude. Depois que foi cúmplice, o acordo que havia feito com ele não foi cumprido e ele ficou totalmente corrompido em roubar a alma daquele conde para si; e eu não posso fazer nada a não ser obedecê-lo. Quando, e, se conseguir a alma do garoto, tenho certeza que irei matá-lo.

[...]

Depois de trocar as roupas de Ciel, voltamos a festa. Ocorreu tudo normalmente, com a exceção de que o conde evitara ao máximo a família Trancy, devido aos meus alertas... como era tolo. Sem o Sebastian, ele não era nada, ficava desorientado. Depois de eu surpreendentemente ter conseguido convencê-lo que ajudaria-o, ele virou uma presa fácil pra mim. Mas eu era proibído de tomar a alma dele. Teria que ajudar Claude a fazer isso...mas não seria bem assim...

Shimon's POV off

Depois da queima de fogos, todos comemoraram com uma ceia feita pelos melhores chef's ingleses. Mais tarde, Ciel chama sua carruagem, que, como sempre era pontual, já estava lá. A festa já estava no fim, e ele continuava desconfortável com a presença dos Trancy.

— Elizabeth, já vou indo, tenho coisas a fazer amanhã, adorei a festa, tudo muito bom. Espero te ver em breve. — Diz o conde com um sorriso daqueles que sempre fazia para Lizzy.

— Ciel, já vai?! Está tão cedo...mas se você diz que tem afazeres... — Ela se encolhe e cora. Ciel chega mais perto e diz rente ao seu ouvido ''Boa noite...Lizzy...''. A menina cora mais violentamente.— Boa noite Ciel! — Diz para o conde já longe, entrando na carruagem, que devolve com um aceno.

Flash back off

Depois de alguns minutos refletindo a noite passada, deito-me na cama, e agora, com umindício de confiança em Shimon, podia dormir mais tranquilamente. Ou pelo menos era o que eu pensava...

— Bocchan? — Diz Sebastian ao me acordar.