A Thousand Years. escrita por ElizaWest


Capítulo 8
Kiss Me.


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez demorei um final de semana pra postar, mas é por que eu estava com a minha Marina, hihihi. Espero que gostem do capítulo, por que eu adorei escrevê-lo! Boa leitura.



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Quando Clara saiu do banho, viu Marina, que usava uma camisola branca de seda, deitada no lado esquerdo da cama de casal, já adormecida. A moça sorriu ao ver aquela cena. Deixou que a toalha escorregasse por seu corpo até o chão, revelando um conjunto vermelho de rendas. Clara costumava usar conjuntos, e se não os tinha, usava roupas íntimas que combinassem; essa era uma das muitas manias que ela tinha. Caminhou até o armário onde Marina colocara algumas de suas roupas e o abriu, tirando de um dos cabides um pijama curto de malha, short e regata, branco com detalhes em preto.

– Clarinha? – ouviu quando estava terminando de vestir a regata.

– Oi, linda – Clara soltou os cabelos que estavam presos em um coque alto e caminhou até a cama, deitando-se sob as cobertas ao lado de Marina.

A fotógrafa, um tanto sonolenta, puxou a coberta até o pescoço de ambas e deitou-se de lado, ficando frente a frente com Clara, que tinha as sobrancelhas franzidas.

– Me abraça? – Marina perguntou, manhosa.

Clara sorriu e, por baixo do cobertor, puxou o corpo de Marina para mais perto do seu. A fotógrafa passou o braço esquerdo ao redor da cintura de Clara e o deixou repousando ali, encostando o nariz gelado no pescoço da amiga, cujo corpo estremeceu com o arrepio que o contato causou. Clara conseguiu sentir Marina sorrindo contra sua pele, e riu baixinho. Em poucos minutos, ambas adormeceram.

***

Pouco se passou das oito horas da manhã quando Marina ouviu o telefone tocar. Abriu os olhos e um sorriso largo surgiu em seus lábios ao perceber onde estava e com quem estava. Clara dormia profundamente virada de costas para a fotógrafa, que tinha o braço esquerdo envolvendo sua cintura e o rosto perdido nos longos cabelos castanhos da outra. Por mais que não quisesse sair dali por nada nesse mundo, Marina pulou da cama, ajeitou a camisola e correu até o telefone, atendendo-o o mais rápido possível, para que Clara não acordasse.

– Acordei vocês? – a voz calma de Vanessa dizia do outro lado da linha.

– Aham – Marina respondeu, resposta essa que teve, em seguida, um bocejo alto. – Mas a Clarinha ainda tá dormindo.

– Então acorda ela, por que já passou da hora de você estar aqui, Mar – disse. – Não! É claro que não, seu idiota! Tira isso daí e coloca do outro lado agora! – dessa vez ela não falava com Marina, mas sim com algum funcionário.

– Okay, Sargento Vanessa – a fotógrafa riu e ganhou em resposta um riso sincero vindo da amiga. – Logo estaremos aí.

Desligou o telefone e foi até a cama novamente, ajoelhando-se ao lado de Clara, que ainda dormia. Marina apoiou as mãos na cama e curvou-se até que seus lábios tocassem o rosto da outra. Clara se mexeu, franzindo as sobrancelhas.

– Tá na hora de levantar, Clarinha – Marina disse suavemente pouco antes de Clara abrir os olhos.

– Vou ser acordada dessa maneira durante toda a viagem? – ela sorria. – Olha que vou ficar mal acostumada.

– Sem problemas – a fotógrafa riu baixinho. – Adoro te mimar.

Marina piscou para Clara e se dirigiu ao banheiro. Saiu do banheiro ainda de roupão e Clara entrou logo em seguida. Quando ambas terminaram de se arrumar, desceram até o hall do hotel e foram informadas que um carro as esperava na calçada do outro lado da rua. Clara instintivamente segurou em uma das mãos de Marina ao atravessar a rua; era o que sempre fazia com Ivan, então seu “instinto materno” a fez agir de tal maneira. Envergonhou-se e tentou se desvencilhar do toque, mas Marina, que sorria feito boba, não deixou que isso acontecesse. Segurou mais forte a mão da amiga e dirigiram-se até o carro, um sedã preto. O motorista desceu do veículo para que pudesse abrir uma das portas traseiras para que ambas pudessem entrar.

– Tudo bem, Van, nós já estamos a caminho, não se preocupe – Marina dizia ao telefone. Bufou, virando os olhos, e fazendo Clara rir baixinho. - Tá, eu sei, a gente dormiu demais, mas não estamos tão atrasadas assim – ao ouvir essa frase, Clara moveu os lábios, sem proferir som algum, dizendo que estavam com um atraso de, no mínimo, meia hora. Marina colocou o dedo indicar em frente aos lábios, divertida, pedindo para que a amiga ficasse calada. Ambas riram. – Okay, Van, relaxa, tá bom? Estamos a menos de vinte minutos daí, e o transito tá fluindo normalmente. Relaxa. Tchau.

O resto do caminho foi tranquilo e ambas chegaram ao local da exposição em menos de vinte minutos, como Marina dissera.

– Não, não, não, você não pode colocar isso aí – foi essa a primeira coisa que a fotógrafa disse quando adentrou o local. – Fica muito melhor lá naquela parede.

– É disso que estou falando – Vanessa sorriu e veio abraçar a amiga. – Eles já fizeram coisa errada aqui. Vem ver.

A ruiva puxou Marina para um canto e Clara ficou ali, parada, maravilhada com a grandiosidade do local e da decoração, que ainda estava sendo preparada. Um rapaz simpático veio oferecer a ela algo para beber; tinha, na bandeja, refrigerantes, água, champagne e whisky. Clara negou, agradecendo. Durante o resto da manhã Marina ficou ocupada com basicamente tudo, enquanto Clara ajudava Gisele a organizar um painel com fotos em tamanho normal. Flavinha estava logo ao lado discutindo com alguém da organização – algo sobre cortinas que deveriam estar em outro lugar – e Marina e Vanessa haviam sumido fazia algum tempo.

A decoração do local era simplesmente incrível. Era um grande galpão onde os painéis estavam espalhados. Cortinas cobriam algumas paredes, conectadas a um “teto” de pano branco. Seus olhos corriam pelo local quando sentiu alguém cutucar sua cintura.

– Com fome? – era Marina quem perguntava em seu ouvido.

– Um pouco – Clara respondeu. Ela estava de costas para a fotógrafa, que tinha a mão direita tocando levemente sua cintura.

– Vamos almoçar então – Marina disse, se afastando. – Pessoal, pausa para o almoço! Quero ver todos aqui em uma hora, sem atrasos, okay?

Todos assentiram e seguiram seus caminhos. Van, Gisele e Flavinha se aproximavam das duas. Foram até um restaurante próximo do local.

– Eu adorei o espaço – Flavinha começou, logo após beber um gole de vinho. – É grande, agradável, os painéis ficaram muito bem divididos... Sério, Marina, é ótimo. Foram os produtores que escolheram?

– Uhum – Marina, que estava mastigando, murmurou. – Eu também fiquei encantada assim que recebi as fotos via e-mail. Clarinha, o que achou?

– Ainda estou sem palavras para definir – Clara sorriu e bebeu um gole da água que pedira.

– Um brinde a essa exposição que, assim como todas as outras, será um tremendo sucesso! – Gisele ergueu o copo de refrigerante que repousava na mesa à sua frente pouco antes de as outras fazerem o mesmo, e então os copos encontraram-se, fazendo o tão conhecido “TIM TIM” de um brinde.

Após o almoço, todas voltaram para o galpão e ocuparam-se pelo resto da tarde. Vez ou outra Marina passava por Clara e a puxava para mais perto, beijando seu rosto ou sussurrando qualquer coisa em seu ouvido, o que deixava a dona de casa atônita por um breve momento, mas colocava em seus lábios um enorme sorriso. Quando o trabalho naquele dia estava finalizado, todas pegaram um táxi e se dirigiram de volta ao hotel. Em um deles, Clara, Marina e Vanessa estavam sentadas no banco de trás, conversando animadamente, quando o celular da fotógrafa tocou.

– Ué, quem é? – Van perguntou curiosa.

– Alô – Marina disse, atendendo ao aparelho celular. – Ah, oi, Hayley! – ela sorriu. – Hoje à noite? – olhou para as meninas brevemente. – Não, não temos planos. Sair pra dançar? Parece ótimo! Onde? Certo, estaremos lá. Até breve.

– Pedir a nossa opinião é muito difícil? Meus pés estão me matando! – Vanessa reclamou.

– Ah, Van, você pode ficar sentadinha... Só vai com a gente, vai – a fotógrafa apertou as bochechas da ruiva. Clara estava em silêncio, sentada entre as duas. – Clarinha, fiz mal em não perguntar a vocês?

– O que? – Clara parecia perdida em pensamentos. – Ah! Imagina, Marina, claro que não. Mas eu acho que eu não vou. Tô muito cansada.

– Eu vou acompanhar a Clara, então – a ruiva deu de ombros.

– Ah, meninas, por favor, né! – Marina olhou para as duas. – Vamos, vamos, vamos! Por favorzinho? – fez um biquinho que nem Clara nem Marina conseguiram resistir. Acabaram cedendo, fazendo a felicidade da morena.

Avisaram Gisele e Flavinha, que concordaram na hora, e foram até seus respectivos quartos para trocar de roupa. Marina colocou uma saia de couro preta e uma camiseta amarelo-queimada que tinha uma pequena parte dela dentro da saia. Vestiu botinhas também pretas e deixou as madeixas soltas. Ficou boquiaberta ao ver a amiga. Clara vestia sapatos de salto alto azuis-marinhos, um vestido rodado azul-claro e os cabelos presos em um rabo-de-cavalo alto. Desceram até o hall e esperaram as outras garotas, indo até a boate logo em seguida. Quando chegaram, Hayley veio cumprimentá-las.

– Que bom que veio! – a moça disse, abraçando a fotógrafa. – Quer dizer... Que bom que vieram – corrigiu ao ver a cara de indignação da ruiva que estava parada ao lado de Clara. A dona de casa estava quieta. Não gostava daquele ambiente, achava tudo muito barulhento e tumultuado, mas estava ali por Marina. Pediu à ruiva para que achassem uma mesa onde pudessem descansar, e saíram em busca da mesa e de bebidas.

Marina foi apresentada a alguns amigos da moça que a convidara, que ficaram maravilhados por conhecer a famosa Marina Meirelles, e então Hayley a convidou para dançar. De onde estava Clara conseguia ver as duas na pista, dançando extremamente próximas.

– Eu sei, também me sinto assim – Vanessa disse ao ouvir a outra bufar involuntariamente.

– Assim como? – Clara se fez de desentendida e Vanessa riu.

– Com ciúmes, Clarinha. Ciúmes – disse, encarando as duas no meio da pista. Marina ria de algo que Hayley falava em seu ouvido enquanto seus corpos se tocavam.

– Eu quero ir embora – Clara falou.

– Ótimo – Vanessa concordou, se levantando.

Pediram para que Gisele e Falvinha avisassem Marina e se retiraram do local, pegando um táxi até o hotel. No caminho, Vanessa decidiu saciar sua curiosidade.

– Clara... – começou. – Posso te fazer uma pergunta?

– Não garanto que poderei respondê-la, mas pode perguntar – a dona de casa deu uma risadinha sem humor algum.

Vanessa virou os olhos e riu.

– O que você sente em relação à Marina? Por que eu sei que não é só amizade.

– Sabe? – Clara franziu as sobrancelhas, encarando a ruiva.

– É visível nos olhares que vocês trocam – ela disse. – Então, não adianta esconder. Pode me contar.

Clara respirou fundo.

– Eu... Eu gosto da Marina, Van, mas eu não sei classificar esse sentimento. É como se ela fosse uma grande amiga e pouquinho mais. Só que... Tudo foi muito, muito rápido. Eu ainda não tive tempo pra processar essa mudança insana que tá acontecendo na minha vida... Você... Você me entende, né?

– Claro que entendo – a ruiva suspirou. – Olha, Clara, não vou mentir pra você dizendo que eu não entendo por que eu já estive no seu lugar. E sim, com a Marina. Mas ela nunca olhou pra mim da maneira como ela olha pra você. Eu sei que você tem um marido, um filho, uma família pra cuidar, mas... Se você resolver o que você sente pela Marina e achar que isso for o certo, se entrega. Ela realmente gosta de você.

Clara estava perplexa. Vanessa falando aquelas coisas? Isso era no mínimo surreal.

– E você sabe que eu ainda gosto dela, então se estou falando isso é por que quero que ela seja feliz – Van sorriu, embora estivesse um pouco triste. – E se você for a pessoa que vai trazer essa felicidade pra ela... Eu vou apoiar com todas as minhas forças.

A dona de casa apenas sorriu e agradeceu à outra. Chegaram ao hotel, se despediram e foram até seus quartos. Clara já estava de pijama, deitada na cama assistindo a um programa de TV quando Marina entrou no quarto.

– Clarinha, o que houve? – ela perguntou, preocupada. – Tá tudo bem com você?

– Marina? – Clara sentou na cama. – Achei que você fosse ficar mais...

– Claro que não! Você saiu de lá sem me avisar, eu fiquei preocupada.

– Não se preocupa, eu tô bem, só tô cansada. E você parecia estar se divertindo, então não vi motivos para continuar lá.

Marina respirou fundo, encarando a outra. Virou os olhos.

– O que é isso, afinal? – ela perguntou.

– O que é o que? – Clara franziu as sobrancelhas.

– Tudo bem, serei direta – a fotógrafa tinha as mãos na cintura. – O que você sente por mim, Clara?

Clara ficou quieta. A pergunta a pegou desprevenida.

– É sério, poxa – Marina tinha uma expressão confusa e magoada. – Os meus sentimentos por você estão muito claros. Pra todo mundo, inclusive pra você. Agora, o que você sente por mim... Eu odeio não saber, Clara.

– Nem eu sei – Clara se levantou, ficando frente a frente com a outra, segurando suas duas mãos. – O que eu sinto por você é muito forte, Marina, mas eu não sei dizer o que é. Tudo que eu sei é que isso me faz bem. De uns tempos pra cá, você é a única pessoa além do meu filho que conseguiu fazer com que eu me sentisse alguém realmente importante. Porém... Eu não sei definir esse sentimento, pô – seus olhos estavam lacrimejando. – Se eu pelo menos recebesse alguma ajuda... – ela olhou para cima, dirigindo-se a Deus.

Antes mesmo que voltasse a olhar para Marina, uma atitude inesperada da fotógrafa a surpreendeu. Clara sentia agora os lábios macios de Marina contra os seus em um beijo suave, beijo esse que a assistente passou a corresponder no exato momento em que “voltou a si”. As mãos de Marina estavam em sua cintura e a puxavam para mais perto, sempre mais perto, mesmo quando não tinha mais nenhum espaço entre as duas. Seus lábios moviam-se com sincronia e suas línguas dançavam juntas em uma exploração por muito tempo ansiada por ambas. Mesmo relutante Marina se afastou, e encostou a testa na testa de Clara. Após alguns segundos, abriu os olhos no mesmo momento em que a assistente o fez.

– Isso ajudou o suficiente? – Marina perguntou, nervosa.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Não esqueçam de deixar comentários e de divulgar para as(os) Clarina Shippers e também para aqueles que não são Clarina Shipper o/ hahaha

A música que deu origem ao título do chapter é "Kiss Me", do Ed Sheeran.

"Me beije como se quisesse ser amada
Você quer ser amada, você quer ser amada
Isso é como se apaixonar
É como se apaixonar, nós estamos nos apaixonando"



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