A Thousand Years. escrita por ElizaWest


Capítulo 5
Complicated.


Notas iniciais do capítulo

Pronto, agora já temos o Carlos Eduardo surtando :3 HAHA



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E agora, a parte difícil. Receber aquela proposta foi, com certeza, a melhor coisa que acontecera no dia da dona de casa, mas só de pensar que teria que convencer seu marido a deixá-la ir, sua cabeça dava milhares de voltas e não chegava a lugar algum. Ela não tinha a mínima ideia do que poderia dizer a ele sem que parecesse estranho. Afinal ir pra outro país por um trabalho de assistente definitivamente não era o perfil da mulher. Quando Clara voltou pra casa, Cadu estava checando uns papeis do bistrô e Ivan estava na frente da TV, envolvido em um jogo violento no vídeo game.

– Ah, cara, mata esse idiota logo! – ele gritou, com fones de ouvido, sem perceber a presença da mãe. Clara foi até ele e puxou um dos fones, que voltou e bateu na orelha dele com um estalo alto. – Ai, mãe! – ele reclamou.

– Isso é pra você aprender a cuidar com esse palavreado, Ivan – ela falou séria. – E vê se desliga esse negócio e vai pra cama por que já tá tarde.

– Só mais dez minutos, por favor! – ele disse, estendendo o final da palavra “favor”, com a voz manhosa. Clara virou os olhos.

– Dez minutos – disse, se afastando. – Dez. Nem mais, nem menos.

– Obrigada mãe! Te amo! – ele disse, voltando a jogar.

– Também te amo, bichinho – ela sorriu e balançou a cabeça. Se aproximou do marido. – Vem cá, Cadu, você bem que podia controlar um pouco esse vídeo game, né? O Ivan vai acabar aprendendo coisa errada nisso aí.

– Relaxa, amor, é só uma fase – ele deu de ombros, sem nem tirar os olhos dos papeis que tinha em mãos. – Logo isso passa.

Clara resmungou, puxando uma cadeira e sentando ao lado do marido.

– O que você tá fazendo? – perguntou, o queixo encostado no ombro do Cadu.

– Ah, são uns papeis que tenho que assinar pra “oficializar” o bistrô – ele falou, olhou pra ela e sorriu. – Vai dar certo, amor, vai virar realidade. Eu não tô nem acreditando.

A mulher apenas sorriu e respirou fundo. Seria aquele o momento certo para falar sobre a viagem? Não tinha certeza, mas sabia que deveria arriscar.

– Cadu... Precisamos conversar sobre algo – ela disse, receosa.

– Ih, amor – ele largou os papeis e olhou pra ela, uma expressão beirando o susto. – É sério?

– É e não é – Clara mordeu o lábio inferior. – A Marina me fez uma proposta.

– A Marina... – o marido virou os olhos e se recostou na cadeira. – Que proposta?

– Primeiramente, eu preciso que você tenha a mente aberta quanto ao que vou te dizer – ela pediu, sinceramente, e ele assentiu. – Então... Ela recebeu uma proposta de um estúdio em Nova Iorque, pra ela fazer uma exposição lá. E todos que trabalham no estúdio vão, inclusive...

– Ah, não, Clara – Cadu se levantou e apoiou a mão direita no encosto da cadeira enquanto a outra vagava livremente no ar, gesticulando. O volume da sua voz estava mais alto. – Tudo bem você quase viver lá agora, mas viajar pra tão longe por causa dessa mulher é absurdo. Você não vai.

“Você não vai”? Aquilo foi a gota d’água!

– Olha aqui, Carlos Eduardo, você é meu marido, mas não é meu dono não, viu? – Clara agora falava mais alto também. Já estava de pé e apontava com o dedo indicador para o marido. – Eu estava esperando uma conversa de mente aberta, queria que você analisasse a oportunidade, que nos será muito útil, por sinal!

– Útil? Útil em que? – Cadu indagou. – Útil pra você que vai tirar férias da vida que sempre levou, que inclusive sempre amou, do marido e do filho? E qual a utilidade que isso vai ter pra mim, que vou ficar aqui sozinho com o Ivan? Ainda mais agora com o bistrô. Vem cá, Clara, qual é a tua? Você não pensa não?

– Cadu, pelo amor de Deus, que reação é essa?! – ela gritou.

– O que tá acontecendo? – Ivan apareceu entre os dois.

– Nada, filho, nada – ela disse, respirando fundo. – Por que você não sobe até a casa da tia Helena, hein? Diz pra ela que a mamãe precisa falar com ela amanhã.

– Vocês não vão continuar brigando, né? – o menino perguntou, as sobrancelhas franzidas.

Clara respirou fundo e Cadu permaneceu em silêncio, sem tirar os olhos do chão à sua frente, uma das mãos no encosto da cadeira e outra na cintura.

– Não, filho, não vamos – a mulher disse e, mesmo sem querer, o menino deixou o apartamento em direção ao apartamento de sua tia.

– Olha aqui, eu não gosto das intenções daquela mulher – Cadu disse assim que ouviu a porta se fechar.

– Que intenções, Cadu? – Clara perguntou. – As intenções de me fazer crescer profissionalmente? Me fala, é isso que te incomoda? Eu finalmente parar de me dedicar apenas a essa família, que foi o que fiz por DEZ anos, e começar a pensar mais em mim mesma? É esse o problema, Carlos Eduardo?

Ele ficou em silêncio. Sabia que Clara estava certa, então estava sem argumentos. Ela se dedicara a ele e Ivan durante todo o casamento, aquele descanso era mais do que merecido.

– Eu vou, Cadu – Clara disse, tentando se acalmar, os olhos já lacrimejando. – Eu adoraria ir nessa viagem de bem com você, com o teu apoio e apoio do meu filho, mas se eu não posso receber pelo menos isso... Sinto muito, mas eu vou do mesmo jeito.

– Tudo bem – ele disse após alguns minutos de silêncio. – Você tá certa. Só quero que saiba que não, eu não aprovo isso, mas tudo bem, se você acha que deve fazer, quem sou eu pra impedir, né? – o tom irônico voltara à sua voz quando ele se retirou da cozinha e foi para o quarto.

Clara estava realmente decepcionada. O que seu marido, seu carinhoso e amável marido, se tornara? Balançou negativamente a cabeça e pegou sua bolsa, saindo de casa. Desceu até o térreo e foi para o carro, com o celular em mãos. Discou o número da irmã.

– Helena? – disse, após a irmã atender ao telefone. – Diz pro Ivan que ele pode voltar pra casa. Eu não estou no apartamento, mas não vou demorar pra chegar – ela ficou em silêncio, ouvindo o que a irmã dizia enquanto entrava no carro. – Depois eu te conto, irmã. Obrigada. Te amo. Tchau.

Começou a dirigir. Não sabia pra onde iria, então apenas pegou a primeira esquerda e seguiu em frente. Discou o número de Marina.

– Oi, Clarinha – a fotógrafa disse do outro lado da linha. – Tá tudo bem?

– Tá sim – Clara disse e respirou fundo. – Marina?

– Sim? – Marina disse.

– Eu vou.


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Notas finais do capítulo

Por que você tem que deixar as coisas tão complicadas?
Veja, o jeito que você age, como se fosse outra pessoa
Me deixa frustrada! ♫



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