Pov’s Diego

– Vim escutar o que eu devia ter escutado há muito tempo. – menti. Não ia dizer que estava lá pra pedir pra ela voltar comigo. Me sentei na espera que ela se soltasse do abraço dele e se sentasse ao meu lado para me contar a história dela. – A história da sua vida, Roberta.

Falar com ela desse jeito me deixou com uma culpa (?) tão grande. Eu não queria falar assim... Não com ela.

– Bom – começou o tal Leandro – Minha mãe e meu pai se conheceram na faculdade, se apaixonaram, resolveram se casar e ter um filho. E foi aí que eu nasci. Fim da linda história da vida da Roberta. Pode ir embora!

Revirei os olhos praquela história sem pé nem cabeça e não me mexi.

Roberta, finalmente se soltou do abraço dele e sentou, na mesinha de centro, na minha frente.

– Foi há uns três anos atrás... – ela parou e abaixou a cabeça – Eu viajei com meus pais e a Alice pra São Paulo e ele estava lá com a família. Eu tinha quatorze anos, não sabia o que era amor e nem sabia como confiar em alguém que havia acabado de conhecer. – ela desviou o olhar e encarou o chão – A gente ficou no calçadão de Guarujá e não nos desgrudamos – senti que a voz dela havia ficado com raiva e ódio – até o dia de ir embora. Mais ou menos uma semana antes, ele pediu pro meu pai deixar que eu saísse com ele para que pudéssemos nos despedir antes.

Ela não estava bem me contando aquilo. Eu podia ver que ela estava incomodada contando a história de um passado romântico dela.

Pov’s Roberta

Ele precisava saber o que havia acontecido e eu estava disposta a contar o que ele precisava saber.

– E foi isso. Passamos a noite... – ele me interrompeu se levantando.

– Claro! Por isso ele é tão importante pra você. Os dois passaram a noite juntos... Isso porque você era uma menina! – as palavras dele vieram como uma bomba na minha direção.

– Diego não foi bem isso! Me deixa terminar de te contar... Por favor.

Ele olhou negativamente pra mim enquanto amassava um papel.

– Sabe o que tô pensando agora? – neguei – Por que eu tô aqui querendo saber da história de alguém que resolveu abrir as pernas com quatorze anos para um idiota que havia acabado de conhecer?

– Diego, para! Não foi isso que aconteceu, meu pai não deixou a gente sair porque eu era uma menina que tinha acabado de conhecer um cara. – resolvi falar no mesmo tom que ele. Se ele podia ser seco, eu seria pior. – Vá embora! E como você disse quando fui viajar: Não quero olhar na sua cara nunca mais.

Ele apenas assentiu e foi em direção a porta quando o Leandro pegou a folha que ele havia amassado.

– Ih, olha só amor! Luz que me traz paz... Que isso, Dieguinho? Tu é gay e Roberta não sabia?

Ele olhava pro Leandro o reprovando da atitude que tivera e pegou todas as folhas que estavam nas mãos de Leandro. E ele se foi... Mais uma vez.

Só me dei conta que as cartas não estavam mais nas mãos de Leandro quando resolvi guarda-las novamente no lugar de onde não deviam ter saído.