Long shot escrita por Giovanna


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oioioioi! Segundo capítulo quentinho pra vocês.



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– Eu prometo que nunca mais vou tomar um porre na minha vida - Bruna falava depois de tomar o remédio que eu havia lhe dado.

– Você já disse isso tantas vezes que eu perdi a conta - respondi sentando na cama ao seu lado.

Gargalhamos e depois caímos no silêncio, aquilo era comum, ela beber e aparecer na minha casa no dia seguinte com ressaca. Eu sempre cuido dela, porque ela é minha melhor amiga, mas eu sinceramente estava ficando cansada das suas irresponsabilidade. Ficamos encarando o chão por um longo tempo, até ela quebrar o silêncio.

– Terminei com o Rick ontem, e então eu acabei com algumas garrafas de cerveja- confessou desviando o seu olhar para mim.

– Você já deveria ter terminado com ele faz tempo! - exclamei vendo-a abrir um sorriso - mas não era necessário beber por causa disso.

Ela deu de ombros e voltou a encarar o chão.

Bruna e Rick sempre tiveram um namoro conturbado, entre tapas e beijos. Ela apanhou do namorado a alguns meses, e meu pai teve que apartar a briga, depois eles voltaram, porém as coisas não eram as mesmas. Ele começou a sair sem ela, e não a acompanhava mais em festas, eles discutiam todos os dias, já estava na hora de por um fim nessa bagunça.

– Meninas - Eli apareceu na porta do quarto com um sorriso contagiante - eu vou no shopping, querem ir comigo?

– Não estou no clima Tia - Bruna respondeu fazendo uma careta e logo depois sorriu - mas eu aceito uma carona pra casa.

Eli sorriu e balançou a cabeça positivamente, Bruna se despediu de mim e pediu para ligar mais tarde, ela queria papear sobre coisas diversas. Tem dias que ficamos horas conversando sobre coisas tolas, ou apenas ouvindo a respiração uma da outra, só pra ter certeza que não estávamos sozinhas.

Observei as duas saírem do quarto dando risada de algo que Bruna falava, elas se davam muito bem, eu deveria ter esse relacionamento com minha madrasta, mas eu simplesmente não consigo, quando eu tenho chance de me aproximar, eu travo. Depois de algum tempo pensando no nada, resolvi tomar um sorvete, meu corpo precisava receber glicose urgentemente.

Me arrastei ate escada, e desci preguiçosamente os degraus, no andar de baixo localizava-se a empetulancia em pessoa, apenas de cueca box branca, com as pernas cruzadas e um pote de sorvete de flocos no meio delas. Ele me olhou por alguns segundos antes de retornar a olhar pra tv. Segui até a cozinha tentando disfarçar meus pensamentos pervertidos, observei Deize, a empregada, levando a louça, ela olhou pra mim e abriu um sorriso.

– O que a pequena Tris deseja? - disse voltando ao trabalho.

– Só vim pegar um pouco de sorvete - respondi abrindo o congelador.

– Seu irmão pegou o ultimo pode - disse olhando pra mim com uma careta.

Fui até onde ela estava e peguei uma colher, aquele gordo guloso vai ter que dividir o sorvete comigo.

– Tobias - chamei e ele ao menos olhou pra mim, bufei e sentei do lado dele no sofá - quero sorvete.

Ele olhou pra mim e riu, continuou a comer sozinho sem fazer nenhuma menção que iria dividir comigo, então eu peguei a colher e tentei pegar o sorvete, mas ele se inclinou e esticou os braços segurando o pote.

– Ninguém mandou você ser lerda, agora é só meu. - respondeu colocando uma colher cheia de sorvete na boca.

Cruzei os braços e fiquei encarando a televisão, teria que ir a uma sorveteria ou algo assim.

– Te odeio.

Ele deixou o pote do meu lado, e se levantou.

– Ótimo, porque eu também te odeio. - respondeu.

Eu sorri cinicamente, o observei andar até a escada, aquela cueca marcava perfeitamente sua bunda, e que bunda.

– Podemos conversar?

Papai disse ao entrar no meu quarto, já estava com a minha camisola me preparando pra dormir, amanhã tem escola e terei que acordar cedo.

–Claro - respondi sorrindo.

Ele sentou do meu lado e cruzou os dedos da mão, ele fazia isso quando estava nervoso. Olhou para mim e logo depois para o chão.

– Beatrice, eu sei que você foi ajudar Tobias a voltar pra casa ontem - meus olhos se arregalaram e minha garganta secou, entao ele continuou - eu não sei porque fez isso, afinal, vocês não se dão bem...

– Pai, eu posso explicar...

– Silencio - ele interrompeu - Eu estou decepcionado com você, não por ter o ajudado, isso foi uma atitude nobre, porém você nos escondeu isso.

Seu olhar era de rancor, ele odiava mentiras, odiava quando eu escondia as coisas dele. Mas era algo mais, tinha algum coisa em seu olhar que me angustiava.

– Uma semana sem sobremesa depois do jantar - ele disse evitando olhar para mim - e um ano sem a minha confiança.

Ele levantou e saiu do quarto, eu fiquei olhando para a porta na expectativa dele voltar e dizer que aquilo era piadinha de primeiro de abril, mas não estamos em abril. Eu já fiz tanta coisa pior que isso, e porque ele simplesmente ficou abalado com uma coisa tão inépcia? Fechei os olhos por alguns segundos, ouvi a porta de algum cômodo bater, e então abri os olhos e vi um vulto passando por minha porta, levantei e segui até o corredor, vi Tobias descendo as escadas, olhei para o quarto dos meus país e a porta parecia estar trancada, desci atrás dele tomando cuidado pra não fazer barulho. Vi a luz da cozinha acessa e fui até lá, Tobias estava abrindo a porta dos fundos, então quando conseguiu ele apagou a luz e saiu, antes mesmo que ele pudesse trancar porta, apressei o passo e conseguir sair. Ele estava segurando a fechadura e arreglou os olhos quando me viu, depois fez uma careta de fúria.

– O que pensa que você está fazendo? - ele sussurrou com a voz aguçada.

– Eu não vou deixar você sair - eu respondi, também sussurrando - papai me deu um "come" hoje, por sua culpa, se você se meter em confusão, vai sobrar pra mim de novo.

Ele revirou os olhos passou a mão pelo rosto, olhou para a Ferrari recém concertada e depois para as chaves em sua mão.

– Careta, eu realmente sinto muito pelo que houve - falou com sarcasmo - mas eu estou atrasado, então com licença.

Ele saiu andando e eu bufei e fui atrás, ele abriu a porta da Ferrari e sentou em seu banco almofadado, eu pulei a porta do passageiro e também sentei, recebendo o olhar reprovador de Tobias.

– Careta...

– Eu vou com você então, para evitar que você arrume confusão - o interrompi.

Ele me olhou alguns segundos sem acreditar no que eu estava falando, continuei lhe encarando até ele perceber que não tinha saída.

– Vá se trocar careta - respondeu, eu não entendi o porque até olhar pra baixo e ver minha camisolinha de algodão, que vergonha Beatrice.

Saí do carro dando a volta no mesmo, debrucei na porta perto de Tobias, e por um segundo o seu olhar no meu decote, ignorei este fato, peguei a chave da ignição e a retirei levantando o braço para que Tobias não pegasse.

– Acha que sou idiota? É melhor você ficar bem paradinho aí até eu voltar - dei uma piscadinha e saí rodando as chaves nos dedos.

Nunca vou esquecer a expressão inconformada que Tobias fez quando eu peguei as chaves, hilário.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, cometem e continuem acompanhando!

P.S: Se tiver algum erro de ortografia, favor me avisar, obrigada.