Long shot escrita por Giovanna


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Não me matem pela demora, espero que gostem.



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O local estava lotado, havíamos passado pelos seguranças a algum tempo, eles não perguntaram a minha idade. Tobias passava apressadamente pelas pessoas e me deixava para trás, mas eu o seguia em passos apertados. Eu estava vestida como uma garota de 20 anos, graças aos conselhos de moda de Bruna, pelo telefone.

Tobias, então parou na frente de uma mesa com vários desconhecidos, pelo menos para mim, parei ao seu lado observando-o dizer algo, a música alta impedia-me de ouvir, percebi que estava falando de mim quando passou seu braço pelos meus ombros, senti um estranho arrepio quando nossas peles se tocaram, espero que ele não tenha reparado.

– Diga oi aos meus amigos, Tris - sussurrou no meu ouvido.

– Olá - disse sorrindo ascenando para eles.

– Oi Tris - responderam em coro.

Tobias puxou duas cadeiras, ofereceu uma a mim, então sentei e ele sentou passando novamente o braço pelos meus ombros. Eu não sabia como reagir, eu apenas fiquei ali observando a risadas altas e o cheiro de bebida sufocando-me.

– Quer? - um dos amigos de Tobias disse oferecendo-me uma garafinha de smirnoff ice.

– Oh não, obrigada - disse afastando a garrafa.

– Como assim não? - ele perguntou gargalhando - Aí galera, a namorada do Tobias não bebe.

Namorada? Isso explica o porque da simpatia toda que Tobias fingiu ter por mim. Todos riram e falaram algo como "impossível" ou "como assim?". Eu apenas ri, fingindo achar graça, maldita hora que tive a ideia de vir junto com ele. Olhei para Tobias e ele ria junto com os amigos, em suas mãos estava a garrafa que eu recusei, olhei por dois segundos a bebida e quando voltei meu olhar para seus olhos castanhos ele estava olhando para mim, não sei exatamente explicar o que eu senti, mas meu coração pulou pra fora do peito, minha respiração ficou falha, senti meu estômago dar uma volta inteira de 360 graus dentro de mim.

– Tem certeza que não quer? - Tobias me ofereceu, e eu aceitei.

O líquido descia pela minha gargante e ardia por onde passava, não estava acostumada com essas bebidas fortes. Fechei os olhos com força e senti meus olhos lacrimejarem, rímel a prova d'água obrigada por existir.

– O que achou? - perguntou Tobias.

Olhei pra ele alguns instantes, e depois sorri, enxuguei as lágrimas que queriam escorrer por meu rosto.

– Bom, ardido, mas bom.

Ele sorriu como resposta, e pela primeira vez eu me sentia bem do seu lado, sem procurações, pela primeira vez ele sorriu verdadeiramente transparecendo uma segurança incomum, desconhecida por mim até o certo momento.

Uma garrafa já havia ido, então veio outra, outra e mais outra. Algumas risadas, brincadeiras e mais algumas garrafas. Então eu já tinha perdido a conta, Tobias passava a mão pelos meus braços, descia até a minha cintura e acariciava o local com uma certa delicadeza.

Aos pouco os amigos foram se despedindo e saindo da mesa, ate ficar apenas nós e um casal, eles se beijavam com fúria e desejo, Tobias estava obviamente desconfortável com aquela situação.

– Eu vou ir dar uma volta, quer vir comigo? - sussurrou em meu ouvido.

– Não, vou ao toalete - respondi me levantando.

Ajustei o meu vestido e segui dentre a multidão até a porta em vermelho com algumas luzes em volta que indicava o banheiro feminino.

Entrei no ambiente agradecendo mentalmente por ali estar silêncio, ele estava totalmente vazio, com a penas uma cabine trancada.

Observei meu reflexo no espelho, o meu lápis estava borrado e meu cabelo totalmente bagunçado, e por um momento me senti envergonhada por ter permitido que Tobias me visse desse jeito, mas quem ligava para o que Tobias pensa ou deixa de pensar?

Uma garota com o jeans rasgado saiu da ultima cabine, ela estava com uma linda bolsa, colocou em cima da pia e começou tirar um milhão de instrumentos para melhorar sua maquiagem.

– Nunca se sabe quando vai precisar, não é? - ela comentou aos risos.

Eu sorri e me sentei em um dos pufes brancos localizados no centro do cômodo.

– Quer ajuda? - a moça perguntou.

– Não, obrigada - respondi em um tom baixo.

Ela pegou algumas coisas espalhadas em cima da bancada, veio até mim puxando outro pufes com ela, sentou-se em minha frente colocando os apetrechos entre as pernas.

– Meu nome é Lily, sou maquiadora profissional, fecha os olhos - mesmo não querendo incomodar, eu fiz o que ela mandou - eu sempre carrego alguma coisas na minha bolsa, sou muito prevenida. Vou lhe contar um segredo, eu amo maquiar adolescentes menor de idade, como você - eu abri os olhos e por um momento senti as cerdas do pincel fazerem cócegas no meu olho - fique tranquila querida, há muitos de vocês aqui, pode deixar os olhos abertos.

Eu abri e observei suas caretas ao passar algo em meus lábios.

– Meu nome é Tris, eu não sou boa em passar maquiagem, e eu estou toda horrível por causa disso. Meu irmão mais velho está aqui comigo, ele está fingindo ser meu namorado para os amigos dele, e pela primeira vez eu bebi algumas garrafas de vodka sozinha - desabafei e Lily riu.

– Relaxa, isso é bem normal na sua idade - ela passou algo nas maçãs do meu rosto e depois sorriu - Terminei.

Eu agradeci e levantei para me olhar no espelho, levei um susto, confesso. Meus labios estavam vermelhos, cor de cereja, os meus olhos estavam delineados e com uma quantidade excessivo de rímel.

– Juízo garota! Até mais - Lily disse se retirando do cômodo.

Dei mais uma olhada no espelho e fiz o mesmo. Assim que coloquei os pés na pista, vi Tobias junto a uma garota ruiva. Eles não estavam apenas conversando, ele estava encostado na parede, e a abraçava pela cintura. Enquanto ela mantia a perna entre as dele e brincava com a gola da sua blusa. Eles estavam flertando, um bolo se formou na minha garganta, o que estava acontecendo comigo? Em um piscar de olhos eles se beijaram, e por um segundo eu quis ser ela, por um segundo eu quis aquelas mãos passeando pelo meu corpo. Fechei os olhos, e andei até eles, quando estava chegando perto eles pararam de se beijar, Tobias me olhou pelo canto dos olhos e disse algo no ouvido da ruiva, ela sorriu, olhou para mim com uma careta de nojo e se perdeu no meio da multidão de pessoas.

Ele passou os dedos nos lábios, e se aproximou de mim. Então, uma luz branca passou por mim no momento em que ele me olhou, e seus olhos brilharam tão forte que meus batimentos cardíacos subiram de imediato, ele fitou minha boca por tanto tempo que pensei que o tempo estivesse parado.

– Acho melhor irmos em bora, não? - fali quebrando toda a eletricidade que havia entre nós naquele momento

Ele concordou brevemente, então segurou minha mão e me puxou entra a multidão até saída.

Seu carro estava estacionado a poucos metros de local, assim que entramos no veículo verifiquei a hora no painel, marcava exatamente duas horas da manhã. Me deu dor de cabeça só de pensar que iria ter que acordar dali a algumas horas.

O caminho inteiro foi traçado por um silêncio constante, eu não conseguia não lembrar de seus olhos conectados no fundo da minha alma, brincando com cada medo meu, me deixando alucinada.

– Espero que eles não tenham acordado no meio da noite e visto que nenhum dos dois estava na cama - comentou.

Eu apenas assenti,não queria imaginar os gritos histéricos do meu pai ao saber que fui em uma balada adulta, e voltei de madrugada.

Não demorou para chegarmos em casa, o breu da noite fazia meu corpo arrepiar, assim que entramos, pela porta dos fundos, senti a mão de Tobias na minha cintura.

– Tire o sapato, para não fazer barulho - sussurrou perto do meu pescoço, foi inevitável sorrir.

Tirei os sapatos, como ele disse, passamos pela cozinha, depois pela sala de jantar até chegar na escada, segurei a mão de Tobias e subimos tentando fazer o mínimo de silêncio possível.

Quando chegamos na porta do meu quarto, ele parou na minha frente, e olhou no fundo dos meus olhos, e meu coração parecia pular pela boca, eu não sabia o que aquilo queria dizer, mas estava tornando cada vez mais frequente.

– Obrigado - disse em um tom baixo.

– Pelo que? - perguntei.

– Por ser legal comigo, até nós momentos que sou horrível com você - explicou colocando uma mexa do meu cabelo pra trás - mas principalmente, por nunca resistir as minhas carícias, e levantar meu ego cada vez mais, careta.

Eu fiquei boquiaberta olhando seu sorriso debochado, bati na mão dele que acariciava meu rosto, o empurrei e entrei no quarto. Ótimo Beatrice, prepare-se, porque agora sim seu irmão vai fazer da sua vida um inferno.


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Notas finais do capítulo

Ficou muito grande ou muito curto? Espero que tenham gostado, obrigada pelos comentários fofos, vocês são demais