A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 8
Capítulo 7 - Do or Die


Notas iniciais do capítulo

Cheguei, sweeties!!! Então, aqui está mais um capítulo para vocês, como prometido! Eu iria postar ele ontem à tarde, quando chegasse da escola, mas acabou que à tarde eu tinha que voltar lá pra organizar meu trabalho da feira cultural que teve hoje de manhã lá. Ou seja, não tive tempo e agora eu estou morta de cansada e implorando por uma cama, mas eu não podia deixar vocês na mão. Queria que o número de comentários aumentassem, como era antes, senão eu desanimo pra caramba. O número de leitores caiu e o de comentários também, então eu queria que os leitores que sobraram me ajudem a manter essa fic ativa, ela significa muito pra mim! Já avisando que essa semana já é minha semana de provas bimestrais, de terça a sábado, então pode ser que eu só terei tempo para escrever pro sábado, mas eu vou postar sem falta! Agora, sobre esse capítulo, tenho dois avisos: teremos um pulo no tempo de uns dois meses, só para vocês não ficarem perdidos. Ah, e minha amiga, que está lendo meus rascunhos (Aléssia, sua diva, te adoro!) me lembrou que o Brooklyn é dos deuses do Egito. Mas acaba que eu só li metade do primeiro livro de As Crônicas dos Kane e esqueci desse detalhe quando comecei a fic. Então, finjam que os deuses egípcios estão dando proteção, ou sei lá, apenas ignorem isso. Apesar de não ser tão importante. Enfim, acho que é isso que eu tinha pra dizer. Aproveitem o capítulo fresquinho! XDD



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A Herdeira de Hécate

In the middle of the night
When the angels scream
I don't want to live a lie, that I believe
Time to do or die

Capítulo 7 - Do or Die (30 Seconds to Mars)

Os dois meses que se seguiram foram uma reforma de vida. Tanto minha, quanto de meu pai. Passamos a interagir mais, nos conhecendo mais. Eu e Nico passávamos todo o tempo livre que sobrava da escola e do meu trabalho, juntos. Sem os beijos. Eu não me importaria de beijá-lo novamente, mas ele parecia não querer tocar no assunto dos beijos que trocamos no meu apartamento. Se ele não queria falar sobre isso, eu que não falaria. Não correria nunca o risco de perdê-lo. A amizade dele agora se tornara algo essencial para minha existência.

Mas, durante esses dois meses que se seguiram, algo mudou dentro de mim. Quando eu estava com Nico, agora eu sentia tudo mais intensamente. Se eu sentia antes meu estômago embrulhando quando eu o via, agora eu sentia uma enxurrada de fogos de artifício. E só a ideia de vê-lo com outra garota já me enojava e revoltava. Quando eu tive confiança suficiente em meu pai, depois que ele parou de beber, acabei contando a ele sobre Nico. No início, ele teve uma reação comum a todos os pais - e eu gostei, pois mostrou que ele tinha mesmo mudado. Ele começou a xingar e dizer que nenhum muleque iria se aproximar de mim.

Mas quando eu disse que era o mesmo menino lindo e educado que tinha me salvado do suicídio na Ponte do Brooklyn, ele resolveu parar se soltar fogo pelos olhos e me escutar. Então eu contei a história toda - menos, claro, que os beijos tinham sido no meu quarto - e papai me disse algo que eu já estava desconfiada. Mas eu preferia que continuasse somente na desconfiança mesmo, porque ao mesmo tempo que é mágico, dói.

Eu estava apaixonada por meu melhor amigo.

– O que aconteceu? Você está muito distraída, Anjo. - disse Nico, despertando-me dos meus pensamentos.

Era meio de semana, e eu tinha acabado meu turno não tinha nem quinze minutos, mas continuei na sorveteria, para aproveitar o clima mais quente e beber um sorvete. Com Nico, claro. Abri um sorriso sonhador, lembrando-me que tínhamos acabado de tomar um sorvete no dia em que nos beijamos. Nico não pareceu se lembrar, pois ficou me olhando intrigado. E saber que ele não se lembrava do nosso beijo fez meu coração se apertar em meu peito. Essa rejeição me doía mais do que a da minha mãe me abandonando quando era bebê.

Posso dizer também que me acostumei com meu novo apelido de Anjo.

– Não é nada. - eu respondi rapidamente. - Estava apenas pensando.

– Em quê? - ele perguntou, sorrindo torto.

Em você.

Mordi o lábio inferior para não falar nenhuma merda. Mas esse meu movimento não passou despercebido por Nico, que ficou olhando para meus lábios. Desviei o olhar para entrada, para evitar um constrangimento ou qualquer pensamento que depois iria me deixar depressiva. Mas então algo lá fora me chamou a atenção.

Uma mulher, aparentemente bonita.

Se não fosse por suas pernas de serpentes.

Aquele tipo de coisa vivia me seguindo. Eu fugia, claro, mas sempre me encontravam. Até que alguma coisa - ainda mais estranha do que esses bichos que querem me matar - fazia com que eles sumiam. Era sempre quando eu já estava cansada de correr, ou irritada por isso sempre acontecer. Às vezes vinha uma frase estranha em outra língua na minha mente e eu acabava falando-a em voz alta. Daí o bicho explodia do nada. Eu nunca soube exatamente o que era isso que eu fazia, mas sabia que era eu.

– Precisamos ir. - eu disse, levantando-me rapidamente. - Agora.

Nico ficou alerta assim que percebeu meu tom de voz meio desesperado. - Por quê? - perguntou, levantando-se também.

E eu rezava para a mulher-cobra não me ver. Sabia que depois de um tempo, ela explodiria ao menor sinal de irritação meu. Mas e Nico? Como ele ficaria nisso tudo? Só sabia de uma coisa: precisava fazê-lo sair dali comigo. Nem que eu tenha que contar a verdade.

– Isso pode parecer loucura, mas a mulher morena ali na entrada é uma mulher-cobra. - eu disse cuidadosamente, olhando-a de esgrelha e vendo que ela não tinha me percebido. - Se ela me ver, vai vir atrás de mim como sempre acontece.

Nico arregalou os olhos. Não em descrença, como eu pensei, mas em surpresa. Olhou para a entrada.

Erre es korakas.– ele xingou baixinho e, por incrível que pareça, entendi perfeitamente.

– Vá para os corvos? - perguntei, arqueando uma sobrancelha.

– Como entendeu o que eu disse? - ele perguntou, mais surpreso a cada segundo.

Dei de ombros e já ia dizer alguma coisa quando a mulher finalmente nos viu. Abriu um sorriso assustador e veio em nossa direção.

– Preciso te tirar daqui! - Nico exclamou, me puxando para os fundos da sorveteria.

Saímos pela entrada de funcionários e corremos pelo beco dos fundos até a rua. Não paramos um segundo sequer, enquanto corríamos para minha casa. Mas eu sabia que a mulher estava atrás de nós.

– Droga! - xingou Nico. - Devia ter trago minha espada!

– Espada?! - perguntei, um pouco ofegante pela corrida. - Como assim espada?!

– Você era quem me mandaram procurar. - Nico disse, sem responder minha pergunta.

– Ahn?! - perguntei, arqueando uma sobrancelha.

Mas ele não respondeu, pois na esquina que tínhamos acabado de cruzar, a mulher-cobra apareceu, correndo atrás de nós. Nico me segurou pelo pulso e me fez virar uma esquina diferente, procurando distrair a mulher. Corremos mais um pouco entre as pessoas até que chegamos a uma praça, com algumas árvores juntas umas das outras. Nico se embrenhou entre elas, comigo ao seu encalce, até que parou em frente a uma macieira e me ajudou a subir, vindo logo atrás. Ficamos parados, tentando controlar a respiração para não chamar muita atenção. Mesmo com a tensão e adrenalina correndo em minhas veias, não consegui deixar de perceber a aproximação do corpo de Nico contra o meu, que me aparava em cima do galho. A mulher-cobra passou, ainda nos procurando, e quanto ela estava longe de nossas vistas, descemos para a grama.

– O que, afinal, é aquela coisa que sempre me persegue? O que está acontecendo? - perguntei, desesperada, como se ele soubesse a resposta.

O que eu não imaginava era que Nico realmente sabia a resposta.

– Aquilo era uma dracaena.

– Uma draca-o quê?! - perguntei, confusa.

– Uma dracaena. - ele respondeu, puxando-me para voltarmos a andar de onde viemos, de volta para o apartamento. - São seres mitológicos, enviados para ir atrás de semideuses.

– Semideuses tipo aqueles heróis gregos? - perguntei, confusa, mas no fundo acreditando. - Héracles, Perseu?

Nico assentiu.

– O universo que envolve a mitologia grega realmente existe e hoje os deuses residem nos Estados Unidos. Mais especificamente aqui em Nova York. E você possivelmente é filha de um deles. Mortais comuns não conseguem enxergar através da Névoa, então a única explicação para você ver aquela dracaena é que você seja uma semideusa. Então seria você quem Afrodite e Zeus me mandaram procurar.

Minha cabeça começou a girar.

– Tudo bem que coisas estranhas acontecem comigo desde que me entendo por gente, mas espera mesmo que eu acredite nessa história? - perguntei, levemente irritado. Para piorar, algo dentro de mim me dizia que era verdade.

Sssemideusesss fresssquinhosss.– disse uma voz arrastada atrás de nós e quando nos viramos, a mulher-cobra, dracaena, estrava há alguns metros de distância.

– Acredita agora?! - perguntou Nico sarcasticamente, enquanto começávamos a correr novamente. - Preciso te levar agora pro Acampamento! Você está correndo muito perigo aqui fora!

– Acampamento?!

– O lugar mais seguro para alguém como nós! - respondeu Nico.

– Você também?! - perguntei, surpresa, e ele assentiu. - Preciso ir atrás do meu pai antes! - eu disse, decidida.

Nico revirou os olhos, mas me puxou para apressarmos o passo. A mulher-cobra ficou um pouco mais pra trás e logo sumiu de nossas vistas quando chegamos em frente ao meu prédio. Subimos de escada mesmo, para adiantar, e encontramos meu pai no sofá, comendo pizza.

– Querem um pouco? - perguntou, mas fechou a cara assim que viu nosso estado. - O que aconteceu?

– Imagino que saiba sobre as origens de Cristal, senhor D'Cleir. - disse Nico firmemente, enquanto eu corria para meu quarto e eles me seguiam.

Entrei no quarto e fui direto para o guarda-roupa, pegando a mochila reserva que eu ainda mantinha ali e jogando mais algumas peças de roupa nela, apressada.

– Droga! Achei que demoraria mais! - disse meu pai, nervoso, e isso chamou minha atenção.

Parei no meio do ato de colocar as camisas na mochila grande, e me virei para meu pai. Nico veio até mim e continuou a ajeitar a mochila em meu lugar.

– Você sabia disso?! - acusei.

– Sua mãe me avisou antes de rir. - ele disse, receoso. - Mas ela disse que tentaria de tudo para te proteger. Ela não queria que você se envolvesse nesse mundo, porque além de ser perigoso, seria ainda mais perigoso para você. Ela só queria te deixar mais segura.

– Agora a única opção que ela tem é o Acampamento. - disse Nico, colocando minha mochila sobre os ombros, e me levando para a sala. Meu pai nos seguiu.

– Imaginava. - ele disse. - Qual monstro a perseguiu dessa vez?

– Dessa vez?! - perguntou Nico, irritado.

– Não foi a primeira vez - eu disse -, mas nas outras eu conseguia explodi-lo de algum jeito.

– Qual foi? - meu pai voltou a perguntar.

– Uma dracaena. - respondeu Nico.

E um barulho na tranca da porta foi ouvida, enquanto nos encaminhávamos para lá. Paramos no mesmo instante, tensos. Olhei para Nico, à procura de uma resposta para o que fazer, quando meu pai passou à nossa frente, segurando uma faca de carne.

– Uma faca comum não vai deter nenhum monstro que esteja atrás de nós. - avisou Nico, recuando comigo para o corredor.

– Não, mas eu posso conseguir tempo para vocês fugirem pela escada de incêndio. - disse meu pai, segurando a maçaneta da porta.

– Como saberá que é a dracaena? - perguntou Nico, desconfiado.

– Não se preocupe. - disse meu pai, sorrindo em despedida para mim. - Sou uma das exceções de mortais que podem ver através da Névoa. Foi assim que eu soube que você também era um semideus, rapaz.

E meu pai abriu a porta antes que eu pudesse impedi-lo. E ele mal teve tempo de atacar a mulher-cobra, que tomou-lhe a faca rapidamente e cortou-lhe a garganta. Um grito aterrorizado foi ouvido e, com certa dificuldade, percebi que era meu. Tentei correr até o corpo de meu pai, mas Nico me segurou firme pela cintura. A dracaena finalmente nos percebeu e veio em nossa direção com um sorriso diabólico. Seu sorriso e o sangue do meu pai na faca que ela segurava foram as últimas coisas que eu vi antes de Nico me arrastar para um túnel sombrio.


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