A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 55
Capítulo 54 - The End


Notas iniciais do capítulo

Apesar do nome do capítulo, esse ainda não é o último. Sei que não posso obrigar ninguém a comentar, mas seria bom se fizessem, ainda mais nesse finzinho. Tenho 160 leitores e somente 3 comentaram no capítulo anterior. Vocês não tem ideia de como isso desanima.
Vou deixar nas notas finais links de novas fanfics minhas.



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A Herdeira de Hécate

I just want to hold on
And know I’m worth your love 

Capítulo 54 – The End (Pearl Jam)

Assim que chegamos ligeiramente perto do palácio de Hades, eu consegui reconhecer as três figuras que pareciam estar nos esperando. Paige correu ao nosso encontro e eu quase caí para trás quando fui à frente para abraçá-la antes de Travis.

— Ai, minhas costas, cachorra! – resmunguei quando ela pulou em cima de mim.

— Desculpa, amora. – ela disse, analisando-me de cima abaixo para ver se estava tudo no lugar.

— Ele não fez-lhe nenhum mal, eu espero. – eu comentei, e ela sabia bem a quem eu me referia.

— Não, não. – Paige pareceu apressada em responder. – Ele ficou irritado quando viu que eu tinha vindo junto. Muito irritado, na verdade, mas depois simplesmente preferiu ignorar minha presença. Em compensação, Perséfone foi um amorzinho comigo. Mas e você, está bem mesmo, né? Ficamos tão preocupados... – ela me olhou, preocupada.

— Estou sim. – apressei-me a dizer-lhe. – Travis disse que a água da fonte me curou.

— Por falar nele... – ela começou, mas eu a interrompi com uma risada.

— Vai logo antes que ele se descabele. – eu disse, dando um passo ao lado dramaticamente.

Paige sorriu para mim, agradecida, e em questão de segundos eu a vi correndo até Travis, que ainda estava alguns metros atrás de mim. Virei-me para frente, vendo Nico ao lado do pai logo em frente ao portão do palácio. Eu estava preparada para correr até ele quando vi a expressão de Hades. Não consegui decifrar o cenho franzido, mas percebi que não havia a mesma irritação de antes. Ele apertou sua mão no ombro de Nico, como se chamasse sua atenção, e sussurrou-lhe algo, ainda com as feições duras. Nico virou-se rapidamente para o pai e assentiu, concordando com o quer que tivesse sido falado. Havia uma devastação inexplicável em sua expressão.

Hades deu as costas e entrou novamente em sua fortaleza. Nico virou-se para mim e eu abri-lhe um sorriso levemente forçado ao longe. Seu rosto pareceu iluminar ao ver meu sorriso e ele veio vindo em minha direção. Fiz o mesmo, indo ao seu encontro – nossa velocidade aumentando a cada passo que dávamos para mais perto do outro. Segundo antes de nos encontramos, Nico parou e me esperou. Pulei em seus braços abertos, extremamente convidativos para um abraço meu. Nico me girou no ar e eu o abracei forte pelo pescoço, sentindo-o enterrar o rosto em meus cabelos.

— Eu fiquei tão preocupado. – ele murmurou e eu percebi o quanto sua voz estava rouca. E não uma rouquidão natural. – Achei que estivesse morta.

Afastei-me dele quando meus pés tocaram novamente o chão e analisei seu rosto. Apesar de pálido, parecia avermelhado e tinha olheiras inchadas. Um claro sinal de choro e falta de uma boa noite de sono.

— Não vai se livrar de mim tão facilmente, Caveirinha. – eu murmurei, apoiando minha testa contra a sua. – Caí sobre a água da fonte. Ela me curou.

— Fiquei com tanto medo. – ele murmurou de volta, apertando seus braços ao redor da minha cintura. – Quando eu pensei que estava morta, eu...

— Você...? – incentivei-o a continuar, afastando-me para olhar diretamente em seus olhos enquanto segurava seu rosto em minha mão para que não pudesse desviar.

— Eu realmente pensei que você estava morta, então acabei cedendo a um acordo com meu pai, que eu jamais teria aceitado se soubesse que você estava viva. – Nico soltou num jato, como se tivesse medo de como eu poderia reagir.

— Nico... – eu disse, chamando sua atenção. Ele finalmente abriu os olhos e eu vi aquela imensidão negra tomada pela dor e pelo arrependimento. – Qual acordo você fez com ele? – perguntei, mesmo já começando a temer qual seria a provável resposta.

Nico engoliu em seco, e eu percebi que ele queria desviar o olhar o meu.

— Passar o ano inteiro aqui com ele no Mundo Inferior depois do verão e só ir ao Acampamento no próximo verão. Viverei aqui com ele.

Permaneci calada, tentando descobrir o que isso poderia querer dizer. Qualquer significado oculto para decifrar, mas meu cérebro pareceu ter parado de funcionar naquele momento. Até que algo veio em minha mente. Algo que eu mesma tinha feito há poucos minutos – ou talvez horas – atrás. Eu disse à minha mãe que ficaria no Mundo Inferior também. Então eu sorri, sem conseguir esconder por muito mais tempo a felicidade que tal constatação me trouxera.

— Nico. – chamei seu nome, e ele olhou em meus olhos mais uma vez, ainda parecendo esperar uma reação exagerada. Ele franziu o cenho diante de meu sorriso. Eu também ficaria confusa. – Antes de virmos encontrar você e Paige, eu tinha ido até minha mãe entregar os instrumentos dela. – narrei. – E ela tinha me feito uma proposta. Na verdade, reafirmado, já que havia sido feita também por meio de um sonho. Ela queria que eu ficasse aqui com ela durante o ano para me ensinar magia. E para eu ter um lar também.

Nico ficou em silencio, tentando decifrar o significado de tais palavras.

— Quer dizer que... – ele começou, já com o brilho retornando aos seus olhos e um sorriso aos seus lábios.

Eu sorri também. – Eu aceitei.

Nico me abraçou novamente, girando-me no ar como se eu não tivesse peso algum. Eu estava cansada e meus músculos pareciam não aguentar mais qualquer esforço. Eu precisava urgentemente de um banho com água quente e a minha cama no Chalé 20. Mas eu não reclamei. Aquele havia sido, com toda a certeza que eu tinha no mundo, um dos melhores abraços que eu já havia recebido. Nico me colocou novamente no chão, e olhou abobalhadamente para meu rosto. Eu estava prestes a rir quando fui impedida. Impedida por lábios quentes e macios. Entreguei-me completamente ao beijo, circundando seu pescoço com meus braços para puxá-lo para mais perto de mim, assim como ele fazia ao puxar-me pela cintura.

Dei passagem a sua língua assim que esta pediu e nossas línguas iniciaram uma batalha por espaço. Mas não era um beijo selvagem. Nem calmo. Era na medida certa, expressando cada sentimento que eu sentia naquele momento. Eu estava nas nuvens. Não me concentrava em mais nada, a não ser seus lábios contra os meus e seus braços sustentando meu peso. Eu tinha certeza de que cairia caso não estivesse. Os efeitos de Nico sobre meu corpo eram inúmeros. E intensos. Seus beijos eram o que eu gostava de chamar de momentos de pura mágica. Eu não usava nenhum truque de bruxaria e, ainda assim, tudo aquilo que eu sentia parecia magia.

Nossa bolha, porém, fora estourada por um grito não muito longe.

Casal do submundo! Melhor irmos logo, quero chegar no Acampamento ainda esse ano!

Sorri sobre o beijo ao ouvir a voz de Travis, quebrando o contato com os lábios de Nico.

— Eles não sabem esperar e aproveitar, não é? – ele sussurrou contra meus lábios, causando-me arrepios por todo o corpo.

— Parece que não. – sussurrei de volta, vendo sua reação sendo a mesma que a minha.

Voltei a beijá-lo, sendo mais rápida desta vez. Nico apertou-me fortemente contra si no último segundo, como se não quisesse me soltar de nenhuma maneira. Eu também não queria que ele me soltasse.

— Melhor irmos, não sei quando tempo eles esperam sem se matar até decidirem nos matar. – brinquei quando nos separamos.

Nico entrelaçou seus dedos nos meus para seguirmos até Travis e Paige. Sua outra mão segurava a mochila no outro ombro.

— Sabemos que os pombinhos querem matar as saudades, mas tentem se lembrar que seus amiguinhos queridos não se sentem muito confortáveis aqui embaixo. – resmungou Paige, abraçada a Travis, em seu típico tom irônico.

— Também senti sua falta, loira. – eu disse no mesmo tom irônico que ela usava.

— Podemos ir? – apressou-nos Travis, trocando o peso de seu corpo de uma perna a outra.

Ele estava desconfortável e isso era claro. Eu basicamente me sentia como em qualquer outro lugar. Talvez até melhor do que qualquer outro lugar, e me perguntei por um segundo como seria a sensação de um outro semideus ali. Talvez a mesma vontade de sair correndo que Travis e Paige sentiam.

— Um segundo. – disse Nico, soltando minha mão e pegando algo num dos bolsos menores de sua mochila.

Era um apito para cão. Ele soou o apito, surdo para nossos ouvidos, e logo uma sombra surgiu à nossa frente. Um cão preto do tamanho de um rinoceronte, olhos vermelhos como lava, dentes afiados como punhais e a língua de fora. Eu reconhecia aquele imenso cão infernal do Acampamento.

— O que a Sra. O’Leary faz aqui? – perguntou Travis, surpreso e confuso ao mesmo tempo.

— Ela será nossa carona para casa. – respondeu Nico, pegando um boneco do mesmo bolso de onde tirara o apito. Mostrou o boneco para a Sra. O’Leary, o braço longe do corpo para qualquer eventualidade. – Pegue o grego! – exclamou, atirando o boneco no ar.

A Sra. O’Leary, porém, pulou em cima de Nico e começou a lambê-lo.

— O outro grego! – exclamou Nico, rindo abertamente. Eu sorri com tal cena.

— Olha, Cris, sugiro que o mande escovar bem os dentes antes te beijar novamente. – Paige sussurrou ao meu ouvido e soltamos leves risadas.

Nico logo conseguiu se levantar e montou nas costas do cão infernal, como se tivesse tido outro plano. Logo montei atrás dele e tentei me segurar do melhor jeito possível com a mochila dificultando um pouco. Paige fez o mesmo atrás de mim e Travis atrás dela.

— Segurem-se firme, a viagem será turbulenta. – ele avisou-nos, antes de se curvar perto da cabeça da Sra. O’Leary e sussurrar em seu ouvido. – Leve-nos para casa, Sra. O’Leary. Leve-nos para o Acampamento.

A Sra. O’Leary se sacudiu um pouco enquanto um portal de sombras se abria à nossa frente. Em questão de segundos, o grande cão pulou para dentro.

 


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Notas finais do capítulo

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