A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 54
Capítulo 53 - One Day At A Time


Notas iniciais do capítulo

Mds, gente, deixa eu chorar, vai!! :'( Tá chegando ao fim, tipo, MESMO! Deve estar faltando uns três ou quatro capítulos até o epílogo. Mas como eu sou eu e não vivo sem o Nico (LINDO, GATO, GOSTOSO ♥) é bem capaz de eu não resistir e arranjar um tempo entre os estudos para escrever uma nova fic com ele - SIM, HAVERÁ MAIS! Ainda quero escrever uma dele com uma filha de Perséfone, os dois presos no Mundo Inferior a mando dos pais. Quem sabe o que surge, né? Mas seria possivelmente uma short fic.

Ps: não morram, lembrem-se do prólogo!



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A Herdeira de Hécate

 So, don't be sorry
Things will all work out
And I'll always be here when you've got your doubts

 Capítulo 53 – One Day At A Time (Kenny Holland)

Abri os olhos com dificuldade, sentindo cada centímetro do meu corpo dolorido. Tentei me mover, mas parecia impossível. Primeiro pensei que fosse pelos músculos doloridos, mas era o saco de dormir que me impedia de me mover. Olhando em volta um pouco atordoada, eu percebi que estava dentro de uma das barracas. Eu não sabia como havia parado ali e nem me recordava de nada. Até que aos poucos as lembranças foram inundando minha mente e eu me lembrei da sombra engolindo Nico e Paige.

Livrei-me do saco de dormir e me sentei, assustada. Engatinhei para fora da barraca e tentei ter um reconhecimento rápido de onde estava – não muito longe do templo de Hebe ao que parecia, ainda estava no vale. Havia apenas uma única barraca montada e Travis estava sentado perto de uma fogueira apagada. Ele parecia cansado e ansioso, com os ombros tensos e a cabeça abaixada. Estava de dia, com a luz matutina formigando a pele do meu rosto.

— Travis? – chamei sua atenção, tentando ignorar a rouquidão da minha voz.

Travis levantou a cabeça num susto. – Cris!

Ele veio até mim e me fez sentar novamente, mesmo que em frente à barraca. Abriu a fenda dela e pegou um cantil de água em sua mochila que estava logo na entrada.

— Beba, deve estar com sede. – ele disse, me entregando o cantil.

Eu bebi o máximo de água que meu corpo conseguia aguentar sem vomitá-la de volta.

— O que aconteceu? Há quanto tempo estou dormindo? – perguntei assim que lhe entreguei o cantil, tentando não engasgar com a água que descia.

Travis fechou o cantil e o apoiou sobre seu colo. Suspirou cansadamente antes de me responder.

— Eu não sei o que houve direito. As sombras estavam lutando contra os monstros, até que Kyle te atingiu com a adaga. Ele acabou fugindo antes de Nico conseguir matá-lo. Mas só não conseguiu porque uma sombra fugiu de controle e acabou o sugando. Paige foi tentar ajudar, mas acabou indo junto.

— E você não tem ideia de para onde foram. – completei, sentindo uma imensa tristeza me assolando.

— É. – ele concordou. Direcionou seu olhar para o céu, mas sem realmente parecer enxergá-lo. – Quando eu pensei que você morria bem nos meus braços, a água da fonte pareceu te curar. Não que você tenha se tornado imortal, porque para isso parece ser preciso tomá-la, mas ela te curou. Mas mesmo assim dormiu durante três dias.

— Três dias?! – perguntei, abismada.

Travis assentiu. – Acho que estava precisava recuperar as forças.

— Talvez. – murmurei, olhando para o céu azul também.

Pensamentos sobre onde Nico e Paige poderiam estar começou a tomar minha mente. A falta de Nico do meu lado se tornava uma dor quase física – uma dor que eu não queria sentir. Olhei para Travis, tentando ignorar meus próprios pensamentos e contornar minha própria dor. Ele sofria também, e isso estava claro. Paige era tão especial para ele quanto Nico era para mim. Paige também era especial para mim, e eu já quase sentia falta do tom irônico de sua voz toda vez que se dirigia a Travis, mesmo depois que eles assumiram um romance. E acredito que de certo modo Nico também havia se tornado um amigo para ele. E a falta deles atingia seu humor e sua personalidade. O brilho travesso e o ar brincalhão o abandonaram por completo, deixando apenas uma casca dura.

— Vamos achá-los, Travis. – eu disse com convicção. E eu sabia que não iria descansar até conseguir. – Eu prometo.

— Mas como? – ele perguntou e percebi que havia deixado transparecer todo o desespero que sentia em seu tom de voz.

— Primeiro, precisamos de um plano. – eu afirmei, ignorando a dor que eu sentia em meus músculos e me levantando.

— E qual sugere? – Travis se levantou também, parecendo pronto para qualquer coisa que eu sugerisse e o mandasse fazer.

Comecei a pensar e analisar as opções que tínhamos, mesmo estas sendo mínimas. Precisávamos terminar uma missão e não queríamos voltar para o Acampamento sem Nico e Paige. Poderíamos então interligar os pontos e tentar concluir ambos no prazo.

— Antes de qualquer coisa, precisamos desmontar o acampamento. – eu disse.

Travis logo se prontificou, pegando nossas coisas de dentro da barraca e a desmontando. Usei um feitiço para queimar o resto da lenha até o toco, para apagar qualquer evidência de que estivemos por aqui. Enquanto isso, tentei montar algo que realmente valesse a pena em minha mente.

— Pronto, Cris. – Travis disse, terminando de colocar a barraca na minha mochila extensível. – A pollos e o livro de magia estão aqui dentro também. É mais seguro.

Assenti, concordando.

— E agora? Como acharemos eles? – ele perguntou, olhando aflito para mim.

— Calma, Travis, calma. – eu disse, andando de um lado ao outro, como se isso pudesse me ajudar a ter alguma ideia melhor. Por fim, decidi dividir com ele meus pensamentos. – Talvez primeiro devamos entregar os objetos à minha mãe, temos uma missão para terminar.

— Mas... – ele começou a protestar antes que eu terminasse minha de raciocínio, então eu o interrompi.

— Travis, talvez seja a melhor coisa a se fazer. E eu posso pedir ajuda a ela para chegarmos até os dois. – eu disse, tentando convencê-lo. – Talvez seja o melhor plano que tenhamos. Se tentarmos achá-los por nós mesmo, talvez nunca consigamos.

Travis ficou em silêncio, parecendo pensar em minha proposta. Seu cenho franzido indicava certa dúvida, mas, por fim, ele acabou cedendo.

— Okay, vamos fazer do seu jeito. – ele soltou os ombros, e percebi que ter um plano a se seguir pareceu aliviá-lo e orientá-lo. Imaginei o quanto ele não se sentira perdido durante os três dias que eu havia dormido. – E como fazemos para chegar até sua mãe?

Sua pergunta me fez dar um passo atrás. Metaforicamente falando. Eu não tinha a menor ideia, claro. Hécate vivia no Mundo Inferior, e eu sabia o quão difícil, ou até impossível, seria conseguir chegar lá.

Use a Capa. Você será capaz de viajar nas sombras, uma voz murmurou em minha mente, fazendo-me arregalar os olhos de surpresa. Não era uma voz que já havia falado comigo, mas exalava elegância e autoridade. Eu havia simpatizado e percebi quem comunicara comigo.

Nix.

— Podemos viajar pelas sombras, só preciso da Capa. – eu disse a Travis, pegando minha mochila e tirando a Capa de dentro. – Não sei se dará certo, mas espero que sim.

— E eu espero que você esteja certa. – Travis resmungou, olhando para mim com desconfiança quando eu coloquei a Capa sobre meus ombros.

Travis pegou minha mochila também para me ajudar a equilibrar.

— Me dê uma das mãos. – instruí, usando a mão livre para colocar o capuz da Capa.

Olhei para Travis, que tinha os olhos arregalados apesar de ter a forma opaca de uma sombra. Mas não tanto quanto das últimas vezes. Ele olhava tudo ao redor parecendo assustado e maravilhado ao mesmo tempo. Acredito que ele tenha vindo comigo para o mundo das sombras. Tentei pensar em como faria para chegar ao Mundo Inferior, até que me recordei que Nico se concentrava no destino exato da viagem das sombras. Fechei os olhos com força, sem soltar a mão de Travis, e tentei me lembrar das palavras que estavam na embalagem que recebi de Hermes há meses atrás, com a varinha e a Capa.

Mansão de Hécate, próxima aos Campos Elísios.

Abri os olhos, com tal destino em mente, e pulei na imensa sombra que se formou à nossa frente, arrastando Travis comigo. A viagem dessa vez fora muito mais confortável do que com Nico. Eu não sentia a tristeza imensa e nem as lembranças me inundando. Nem mesmo ouvia a voz dos mortos tentando me puxar. Quando caímos num piso de mármore, eu não estava tão afetada quanto nas viagens com Nico. Quando olhei para Travis, porém, ele parecia sim afetado. Talvez não tenha sido o mesmo efeito para mim pelo uso da Capa das Sombras. Soltei a mão de Travis e tirei o capuz.

— Eu não estou bem. – ele murmurou, tentando se equilibrar sobre as pernas.

— Calma, Travis. – eu disse, indo até ele e segurando seu braço para ajudar.

Quando ele retomou o equilíbrio, eu olhei em volta, analisando o local. Estávamos dentro da mansão, isso era certeza. Sala enorme, com as paredes decoradas da época medieval e renascentista, na cor negra. Telas a tinta e a óleo espalhadas pelas paredes. O pequeno ateliê de um lado e sofás confortáveis nas cores pretas, roxa e alaranjada. Duas portas, uma de cada lado, dividindo o ambiente. Eu reconhecia aquele lugar. Estávamos no lugar certo.

— É aqui? – perguntou Travis, analisando tudo à nossa volta com os olhos admirados.

Sim, querido, é aqui. – ouvi uma voz atrás de nós e me virei, tão surpresa quanto Travis.

Ruiva, alta, bonita e exoticamente familiar. Cabelos longos e ruivos na mesma textura que os meus, olhos multicoloridos e uma aura poderosa. Era minha mãe, Hécate.

— Senhora. – Travis disse de imediato, fazendo uma mesura.

— Não é necessário. – ela disse a ele, abrindo um sorriso delicado que pareceu confundi-lo. Talvez não fosse comum pensar nela como uma deusa simpática. – Estava esperando por vocês.

— Ah, sim, seus instrumentos. – eu disse apressadamente, pegando minha mochila com Travis e tirando de lá de dentro a pollos e o livro de magia. – Aqui está. – entreguei-lhe.

Em questão de segundos o livro sumia da frente de nossos olhos e a pollos ia para a cabeça dela, com a pedra repousando delicadamente sobre sua testa.

— Mas onde...? – Travis resmungou, atônito.

— Voltou para o lugar de onde nunca deveria ter saído. – minha mãe respondeu sua pergunta silenciosa. – Não querem se sentar?

Troquei meu peso de uma perna a outra. – Estamos apressados, mamãe.

— Oh, sim, claro! O filho de Hades e a filha de Hebe! – ela exclamou, parecendo se lembrar de algo importante. – Sei onde eles estão.

Meu olhar cruzou com o de Travis, ambos ficando mais aflitos.

— A sombra que os sugou foi a mando do próprio Hades. – Hécate disse e eu arregalei os olhos. O ar pareceu sair dos meus pulmões e eu tive uma mínima dificuldade para conseguir respirar novamente. Eu sabia que ele não nos deixaria em paz tão cedo. – Eles estão aqui no Mundo Inferior, no palácio de Hades. Não é muito longe e vocês conseguirão chegar lá em alguns minutos de caminhada.

— Ele realmente não vai nos deixar viver felizes, não é? – eu resmunguei, para ninguém em específico.

Minha mãe me olhou com compaixão.

— Eu não sei, minha filha. – ela disse, olhando-me e parecendo analisar minhas reações com as cores de meus olhos. – Muito disso é raiva por eu ter ajudado Deméter a encontrar Perséfone quanto esta foi sequestrada. Mas ele não pode interferir tanto quanto eu não posso, apesar de sermos uma certa exceção quanto a aceitação de nossos filhos pela sociedade de semideuses.

Abaixei a cabeça. Eu sabia que não seria completamente aceita no Acampamento. Ser a única herdeira de Hécate seria um fardo e uma honra que eu carregaria por toda a vida.

— A proposta ainda está de pé. – minha mãe disse, chamando-me a atenção. Levantei o rosto e percebi que ele tinha um sorriso leve nos lábios artisticamente desenhados. – Poderá ficar aqui comigo durante o ano.

Olhei para Travis, em dúvida. Não sabia qual seria a opinião de Nico e Paige, que eram as outras duas únicas opiniões que me importariam, mas agora não era possível.

— Ainda nos veríamos nos verões e manteríamos contato por Mensagem de Íris. – ele respondeu à minha pergunta silenciosa, dando de ombros.

Sorri para ele, antes de me virar para minha mãe. – Eu aceito então.

— Que bom então. – ela sorriu mais abertamente e logo indicou a porta atrás de nós. – Melhor vocês irem. Nico di Angelo e Paige Willians devem estar esperando.

Fizemos uma rápida mesura antes de seguirmos até a porta. Antes de eu seguir Travis porta afora, porém, eu virei-me mais uma vez para minha mãe, que continuava ali.

— Quando nos encontramos em meu sonho, você tinha dito que esperava que eu fizesse a escolha certa. – eu comecei. – Agora sei que era sobre o sacrifício, mas eu queria saber se eu fiz a escolha a escolha certa que mencionara.

Hécate abriu um sorriso maroto. – Acho que sabe a resposta.

Sim, eu sabia a resposta.

E sim, eu havia feito a escolha certa.

 


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Notas finais do capítulo

Para quem não viu a one de Natal do Jack Frost, aqui está:
https://fanfiction.com.br/historia/667288/Snow/



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