A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 33
Capítulo 32 - If I'm James Dean, You're Audrey Hepburn


Notas iniciais do capítulo

Bem, gente, dessa vez não vou enrolar muito porque estou sem tempo aqui na casa do meu pai. Mas quero falar pra vocês ouvirem essa música do capítulo. If I'm James Dean, You're Audrey Hepburn, do Sleeping With Sirens. Alguns já podem ter ouvido, mas quem não ouviu, ouça! É perfeita! *u*



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A Herdeira de Hécate

They say that love is forever
Your forever is all that I need
Please stay as long as you need
Can't promise that things won't be broken
But I swear that I will never leave
Please stay forever with me

Capítulo 32 - If I'm James Dean, You're Audrey Hepburn (Sleeping With Sirens)

No dia seguinte, eu acordei um pouco meio desesperada, pensando em como chegaríamos a nosso destino. Quase não consegui me concentrar em nada e quase arranquei fora a língua de Nico e Travis toda vez que eles resmungavam por terem dormido juntos. Minha paciência estava no limite, e olha que era apenas o início da missão. Se nem em um décimo do caminho que devemos percorrer já fomos atacados, eu tinha medo de saber como seria o resto desse caminho. Isso somente no primeiro dia.

Ou as forças do universo cósmico poderiam estar contra nós, ou o deus filho da puta que roubou os pertences da minha mãe não queria que nós chegássemos até ele. E quando eu descobrisse qual era, eu pretendia jogá-lo no fundo do Tártaro.

Okay, dramas da missão à parte, minha preocupação mais urgente era tirar o bico que Travis e Nico faziam e fazê-los engolir o café da manhã. E, acredite, acho que dormirem juntos afetou o cérebro deles mais do que deveria.

– Será que dá para vocês calarem a boca?! - eu quase berrei na ânsia de fazê-lo se silenciarem.

Os meninos arregalaram os olhos e me olharam assustados.

– O que há com você? - perguntou Travis.

– O que há comigo?! Caralho, vocês só tiveram que dividir o mesmo colchão por uma noite e estão reclamando desde que acordamos. - resmunguei, e voltei meu olhar para a janela ao meu lado, tentando pensar em um jeito de sairmos daquela cidade.

– Isso é TPM. - disse Paige naturalmente, enquanto partia mais um pedaço de pão.

Revirei os olhos, mas suspirei. - Desculpa, gente, só estou meio estressada.

Nico, que estava sentado ao meu lado, segurou minha mão que estava apoiada sobre meu colo e começou a massagear as costas dela com o polegar.

– Relaxe, Anjo, temos um mês ainda para finalizarmos a missão. - ele disse.

– É, mas já imaginou a quantidade de monstros que poderíamos encontrar até lá? - perguntei, ainda de cabeça baixa e observando o movimento de seu dedo sobre minha pele.

– Ei. - ele chamou minha atenção e com a outra mão segurou meu rosto. Acariciou minha bochecha com o polegar e se aproximou de mim para depositar um selinho demorado em meus lábios. - Não precisa se preocupar, vamos conseguir.

Eu sorri, e me aproximei para beijá-lo, mas o beijo mal começou e já ouvi um pigarreio forçado. Afastei-me levemente de Nico e vi Paige nos olhando com uma sobrancelha arqueada.

– Se eu quisesse ver um casal se agarrando, eu estaria na frente do computador vendo vídeo pornográfico. - ela disse.

Peguei um pedaço de queijo que estava partido em cima de um pratinho e taquei bem na sua testa.

– Você não vê pornografia, Willians! - eu disse, rindo.

– Tem razão. - ela disse, com o rosto sereno, mas logo abriu um sorriso malicioso. - Eu prefiro fazer.

Arregalei os olhos e soltei uma sonora gargalhada quando vi a expressão de tacho que Travis fazia.

– Ainda bem que semideuses não podem usar a internet. - resmungou Travis, bem baixinho, como se não quisesse que alguém ouvisse, mas acabou sendo alto o suficiente para que escutássemos.

– O que foi? - perguntou Paige dura e rudemente. - Algum problema com isso, Stoll?

– Oh, não, nenhum! - Travis disse, com um falso ar inocente.

Olhei de soslaio para Nico, que observava aquela cena com os lábios cerrados, segurando uma risada. Apertei de leve a mão que ainda segurava a minha, para chamar sua atenção, e quando ele me olhou com aqueles globos negros, eu arqueei uma sobrancelha, como se perguntasse se ele também achava que aquela rixa que os dois tinham era amor reprimido. Ele abriu um pequeno sorriso de lado, entendendo meu questionamento, e assentiu disfarçadamente.

– Sabe do que vocês estão precisando? - comecei, e já levantei da cadeira, querendo evitar de apanhar de uma menina seis anos mais velha. - Uma boa noite de sexo selvagem para acabar com essa tensão sexual reprimida entre vocês.

As reações foram diversas. Nico soltou uma gargalhada alta, aquela gargalhada fofa que só ele sabia dar e que me fazia perder os sentidos em segundos. Travis abriu um sorriso, malicioso, claro, e olhou para Paige como se a convidasse a concretizar o que eu disse. Paige não viu, porém. Estava ocupada demais arregalando os olhos e enrubescendo de um modo que eu tive certeza de que não era por timidez. Ou então correndo atrás de mim.

– Sua vadia, volte aqui! - ela gritava, correndo atrás de mim para fora do restaurante do hotel e chamando a atenção de meio mundo.

Eu apenas ria, até que quando passei pelo saguão de entrada acabei ouvindo uma conversa que foi de meu interesse.

Parece que está quase tudo congestionado. Não são muitos ônibus e trens que estão saindo da cidade. - dizia uma senhora a quem pensei ser seu filho, que não parecia ser tão mais velho que Travis, talvez.

Que droga!– resmungou o garoto, um pouco emburrado. - Já fiz minha parte na semifinal de basquete, agora só quero ir pra casa!

Acalme-se meu filho, parece que teremos que ficar ainda mais alguns dias por aqui.

E lá se foi meu plano de seguir a missão o quanto antes.

E também todo o meu fôlego também quando Paige trombou em minhas costas e me derrubou de cara no chão.

– Sai, sua gorda! - eu resmunguei, já cansada de cheirar o chão.

– Não mandei parar na frente! - ela retrucou, e segundos depois seu peso saiu de cima de mim e alguém me ajudou a levantar.

Quando estava de pé novamente, percebi que Nico que havia me ajudado - provavelmente tinha saído do restaurante com Travis logo depois de nós.

– Está tudo bem? - ele perguntou.

– Sim. Só um minuto. - eu disse rapidamente e me aproximei da mulher e do filho, um pouco envergonhada quando eles me lançaram um olhar um pouco torto. - Com licença. Sinto muito ter ouvido sua conversa, mas você disse que não há maneira de sair da cidade? - perguntei.

A mulher negou. - Não, parece que há apenas um ônibus com destino a Harrisburg, mas infelizmente não é nem perto de onde iremos.

Fiz uma careta, mas logo a desfiz.

– Nenhum outro meio? - voltei a perguntar, um pouco mais ansiosa.

– Não enquanto a cidade estiver ocupada com os jogos regionais. - respondeu o filho, entediado.

– E sabem de onde parte? - ousei perguntar, um pouco receosa de estar incomodando demais.

– Daqui mesmo do hotel, em cerca de uma hora ou uma hora e meia. - respondeu a mulher, sorrindo simpática.

Abri um sorriso também em agradecimentos. - Muito obrigada! E desculpe novamente pelo incômodo.

Quando a mulher disse que não havia qualquer problema, aproveitei a deixa e saí dali rapidamente, indo em direção aos meus amigos. Paige e Travis se ignoravam fervorosamente, e eu quase sentia a tensão palpável no ar pesado. Isso não era muito comum, então eu não sabia se era melhor do que vê-los discutindo por cada vírgula que o outro falava ou cada piscadela que o outro dava. Nico, que tinha os olhos em mim a cada movimento meu, se aproximou rapidamente.

– E então? - perguntou, um pouco nervoso.

– Sem meios de sair da cidade, a não ser um ônibus que sai em uma hora. - respondi sem rodeios.

Nico suspirou. - Melhor irmos separar nossas coisas no quarto. - ele disse, e estava prestes a subir, como Paige e Travis fizeram, mas antes eu lhe segurei o pulso. - O que foi?

– Eu... Quer dizer... - abaixei a cabeça, um pouco envergonhada. - Você não ficou chateado por aquela hora, não é? - tomei coragem e finalizei minha sentença.

Nico segurou minhas mãos nas suas e começou a brincar com nossos dedos, e respondeu-me enquanto eu observava nossas mãos entrelaçadas.

– Não, Anjo, eu sei o quão duro deve estar sendo pra você essa pressão toda. - ele disse, e se aproximou um passo de mim para depositar um beijo em minha testa.

– Não vamos deixar isso nos afetar, está bem? Digo, todo esse lance estressante da missão. - eu sugeri, ou pedi, já não sabia mais, com a confusão que estava as minhas emoções naquele momento.

Nico soltou uma das minhas mãos e usou sua mão livre para levantar meu queixo e me obrigar a olhá-lo.

They say that love is forever/ Your forever is all that I need/ Please stay as long as you need.

Meu coração quase saiu do peito quando percebi que ele mencionava Sleeping With Sirens para mim, uma das músicas mais lindas deles. Eu sorri, e quase não consigo impedir uma lágrima de escorrer por minha bochecha.

Can't promise that things won't be broken/ But I swear that I will never leave/ Please stay forever with me. - completei sua citação e sorri de orelha a orelha antes de sentir seus lábios sobre os meus para arrancar o pouco fôlego que eu geralmente tinha em sua presença.


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