A Herdeira de Hécate escrita por Rocker


Capítulo 23
Capítulo 22 - Carry On


Notas iniciais do capítulo

Gente, fiquei bem feliz com os comentários!! Estão constantes, mesmo não chegando nem a um quinto do número dos leitores, mas são eles que estão me animando a escrever, então vim aqui pra postar para vocês ;) Espero que gostem desse capítulo, porque ele e os próximos prometem!!



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A Herdeira de Hécate

Silent, you fear, we've got to move higher
High like the stars in the sky
Guarding us all
Battle the will of those who conspire
Take back the passion to live, vanish the sorrow

Capítulo 22 - Carry On (Avenged Sevenfold)

Quando eu abri os olhos, eu mal percebi que havia pegado no sono. Pisquei algumas vezes, focalizando minha visão, e percebi que estava no chalé de Hades. Nico ressonava calmamente ao meu lado, mantendo-me presa protetoramente em seus braços até mesmo enquanto dormia. Sorri, lembrando-me que pegamos no sono enquanto conversávamos e trocávamos beijos - eu possivelmente tinha sido a primeira a dormir. Eu queria poder continuar ali, observando-o em seu sono tranquilo. Mas eu realmente precisava ir até Quíron.

Desvencilhei-me de seus braços cuidadosamente, rezando para que Nico não acordasse, e saí silenciosamente de seu chalé. Nesses dois meses, eu aprendi a me esgueirar tão silenciosamente quanto as sombras. Eu já tinha um controle grande dos meus poderes, mas o que eu realmente queria controlar, eu não conseguia: meus olhos. Eles, aliás, estavam com uma leve ardência, e eu não conseguia não coçar.

– Quíron, preciso falar com você. - eu disse, assim que me aproximei da mesa que ele jogava pinochle com o sr. D.

– Não enrole, Saphira D'Clary, e diga logo. Prentendo terminar meu jogo ainda hoje. - disse o sr. D.

– Meu nome é... Ah, deixa pra lá! - desisti.

Aquele bêbado nunca ia aprender o nome de ninguém.

– Diga, criança. - disse Quíron, desviando a atenção.

Revirei os olhos. E Quíron nunca ia deixar de nos chamar de criança.

– Quero minha missão. - eu disse, no tom mais firme que eu conseguia. Cocei minha pálpebra novamente, tentando aliviar a ardência.

Quíron olhou levemente nervoso para o sr. D, e eu podia jurar que o velho retribuiu seu olhar. O que era, no mínimo, suspeito. Quíron fez sinal para que eu o acompanhasse e foi arrastando sua cadeira de rodas para dentro da Casa Grande. Já lá dentro, eu permaneci de pé, apenas esperando para que ele dissesse algo que realmente me interessasse.

– Acho que podemos concordar que já está na hora. - eu disse no momento que percebi que ele nada diria.

– Você ainda não está preparada. - ele disse, como se tivesse ensaiado aquele texto durante um longo tempo. E eu não duvidava nada disso.

– Já chega, Quíron! - me exaltei, procurando não faltar ao respeito. - Minha mãe disse que eu teria dois meses para treinar, e mais um outro para terminar a missão. Eu preciso fazer isso o mais rápido possível e...

Eu diria muitas coisas a mais, se Nico não tivesse irrompido pela porta atrás de Quíron no mesmo instante. Trocamos um rápido olhar, e ele se virou para o centauro. Podia ver algo passando entre sua troca de olhares, como se combinassem algo entre si. Por fim, Nico suspirou cansadamente.

– Passei dois meses procurando-a quando ela estava bem ao meu lado - disse Nico. -, e outros dois guardando isso dela. Por mais que eu preferisse não contar nunca a ela, acho que está na hora de ela saber.

Eu desviava meu olhar de um a outro, tentando decifrar ao menos metade do que eles diziam, o que não era nada fácil. Cocei meu olho, já me irritando até mesmo com aquilo. Quíron levantou-se da cadeira de rodas, deixando transparecer seu tronco de cavalo, e respirou fundo. Eu sabia que o que ele diria era importante, então procurei prestar total atenção.

– Há algum tempo, após a derrota de Gaia, o Oráculo de Delfos recitou uma nova profecia diante de Nico. Esperávamos que ela fosse ser realizada apenas daqui há alguns anos, mas Zeus nos fez uma visita pessoalmente, pedindo a Nico que encontrasse uma semideusa, aparentemente poderosa e a mesma da profecia que ele recebeu.

– Por quê então Nico não sabia que era eu? - perguntei, confusa.

Cocei novamente meu olho, irritada já com isso. Nico, um pouco afastado de mim, deu de ombros, mas Quíron apenas suspirou derrotadamente.

– Eram planos divinos. - ele respondeu. - Desde que tudo aconteceu, e Nico recebeu a profecia, Zeus, sua mãe e Afrodite fazem de tudo para manter sua identidade ainda mais em segredo.

– Por quê é tão perigoso? - perguntei, cada vez mais confusa. - E por quê não fui reclamada aos treze anos? Pelo que Percy me explicou, eu já tinha treze quando ele fez o acordo com os deuses.

Quíron olhou para Nico em busca de ajuda, mas percebeu que ele estava tão confuso e curioso quanto eu.

– Os deuses não nos disseram quase nada, mas você é poderosa, Cristal. - ele disse. - Era poderosa antes mesmo da profecia, agora se tornou um objeto tanto de valor. Muitos te protegem, mas muitos também te perseguem.

Engoli em seco quase perceptivelmente e meus olhos se tornaram lilases, refletindo o nervosismo que eu tentava não aparentar.

– E o que... - minha voz falhou momentaneamente e eu pigarreei para garantir que eles não percebessem meu nervosismo. - E o que você quer dizer com "tudo aconteceu"?

Quíron me olhou por alguns segundos antes de suspirar novamente e finalmente dizer.

– Há alguns meses, outros objetos de uma deusa foram roubados.

– Outro?! - perguntou Nico, assustado. - Não bastava o raio-mestre de Zeus e o elmo do meu pai há alguns anos?!

Quíron balançou a cabeça, parecendo extremamente cansado. Acho que eu nunca o vira dessa maneira. - Não. Dessa vez são objetos muito mais preciosos e perigosos. Por isso Zeus a protege tanto. - ele disse diretamente a mim.

– E o que são?! - perguntei, ansiosa.

– A pollos e o livro de magia da sua mãe.

Dei um passo atrás, devido ao choque.

– Por quê alguém iria querer roubar os objetos da minha mãe?! - perguntei, a surpresa ainda marcando minha voz e meus olhos azuis escuros e confusos. - O que iriam querer com eles, ela só uma deusa subterrânea.

– Não a subestime, Cristal. - disse Quíron. Cocei a pálpebra novamente de nervosismo. - Sua mãe tem poderes sobre o céu, a terra e o mar. É uma deusa tripla, da magia e lunar. Pode não ser reconhecida devidamente, mas é uma essencial para o equilíbrio universal. Sem ela, a Névoa iria se desfazer, todas as defesas do Acampamento viriam abaixo, Ártemis e Selene ficariam sobrecarregadas e todo o nosso mundo viria abaixo.

– E quem a roubou? - perguntei a ele e a Nico, que estava calado, olhando atentamente para meu rosto, curioso.

Resisti à vontade de coçar novamente meu olho e eu já estava desesperada com isso.

– Somente os deuses sabem. - disse Quíron. - Mas eu concordo que já está na hora de lhe dar uma missão. Nico já tem a profecia e você partirá em dois dias.

A vontade dessa vez foi mais forte. Abaixei a cabeça, sentindo meus olhos ardendo ao extremo, e os cocei demoradamente, sentindo o olhar curioso de ambos sobre mim. Em minha mente, eu ouvi a voz da minha mãe. Já está na hora de assumir o que é, querida. O que ela queria dizer? Levantei minha cabeça, a fim de perguntar mais sobre a profecia, mas me calei assim que vi o olhar surpreso e assustado de Nico.

– Anjo, por quê seu olho está vinho?

Arregalei os olhos. Eu sabia que a ansiedade que eu estava sentindo estava sendo refletida nas minhas íris por debaixo da lente, mas... Era isso que minha mãe queria dizer?! Eu podia vê-los me analisando atentamente e soube que isso era coisa dela. Mas eu simplesmente não aguentava o olhar surpreso e confuso de Nico em mim, ainda mais do que acontecera horas antes. Então fiz a única coisa que uma pessoa na minha situação poderia fazer.

Eu corri de volta para o meu chalé.


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