O cão de Caça e a Raposa escrita por Patucio


Capítulo 5
Capitulo 4 - "Não toque na minha Angel!"


Notas iniciais do capítulo

Enjoy :3



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Sexta-feira chegou, o dia dos preparativos da competição. Todos estavam muito animados com tudo e nem mesmo o ódio mortal a Erik os distraíram. O dia foi bem corrido, e ninguém reparou muito que horas eram até eles serem dispensados das aulas as 15h30min.

Como no resto da semana, Erik iria ter que ficar para cumprir detenção na sala de aula. Mas hoje outras 4 pessoas também ficaram. Ashley, um garoto baixinho que ele não sabia o nome, Seth e Samantha. Eles iam arrumar tudo o que era necessário pros times da sala competirem. Eles saíram e foram para o ginásio. O professor da detenção chegou e deixou o material que Erik iria usar em sua mesa. Ele suspirou e começou os deveres.

No ginásio, Sam estava conseguindo se divertir, todo o trabalho a distraia dos assuntos de sua mente. Seth estava disposto a conseguir o que queria naquele dia, seja lá como fosse.

Eles separaram os uniformes das garotas, os uniformes dos garotos, pegaram a rede da quadra e a colocaram no lugar para os jogos de vôlei. Sam saiu correndo e pulou para dar um corte imaginário, ela sorriu satisfeita ao descobrir que iria conseguir com a altura da rede. Enquanto ria ela se lembrou da bolada que havia dado em Erik. Ela parou de sorrir e ficou de cabeça baixa, mas fingiu que nada tinha acontecido para não preocupar ninguém.

Enquanto arrumavam o equipamento do beisebol eles encontraram o taco de Erik. Ninguém nunca havia examinado o taco. No seu lado havia escrito “O único momento em que posso ser eu mesmo”. Todos ficaram meio constrangidos por ler algo pessoal dele. Seth, no entanto, pegou o taco e colocou no ombro.

– Vamos lá pessoal, é o taco de um ex-jogador da nossa sala, não acho que ele devia sequer ficar guardado junto do resto.

– Mas Seth, ele ainda sim era nossa grande estrela, querendo ou não. – O garoto chamado Mark havia argumentado.

– Ha! Ele, estrela? Ele só era forte, nada demais. – Ele começou a ir na direção da lixeira com menção de jogar o taco fora. Houve um ligeiro movimento do lado deles, mas foi Ashley que falou.

– Olha aqui Seth, mesmo odiando ele, você não tem direito algum de jogar o taco fora, ele deve ser devolvido para o dono. – Ash podia ser o que fosse, mas ela ainda sabia diferenciar muito bem o certo do errado. – Ele esta na detenção, vou entregar para ele. – Ela estendeu a mão.

– Muito bem... Trate de não demorar, ainda temos outras coisas para arrumar. – Ele deu o taco a ela que saiu pelas portas. – Vamos continuar, temos que organizar as bolas e as luvas ainda.

Enquanto caminhava, Ash ficava pensando o que teria a feito ficar com tanta dó dele. Talvez fosse o fato de que aquilo era errado e ela sabia. Ou talvez fosse porque Sam queria fazer a mesma coisa e preferiu ser ela a fazer do que a amiga.

Ela chegou à sala e bateu na porta. O professor abriu.

– Você tem assuntos aqui? Estamos em horário de detenção.

– Olá professor, não vou me demorar, prometo. – Ela passou por ele e caminhou até Erik que estava escrevendo muitas coisas. – Ei panaca.

Ele ergueu a cabeça. Reconheceu a garota que havia dado o numero para ele.

– O que você quer comigo? Vai me bater com um taco, é isso? – Ele perguntou olhando pra mão dela.

– Não é nada disso seu grosso. Este taco é seu e eu vim aqui devolve-lo, mas se não quiser, eu levo embora. – Ela fez menção de ir, mas ele a parou.

– Obrigado, e desculpe ter sido tão rude. Não era minha intenção. – Ele pegou o taco e colocou do lado da mesa dele. Ele então se lembrou de algo. – Por que não disse para a Samantha que foi você que me deu o numero dela?

– Achei que era desnecessário.

– Bem, sinto muito dizer, mas aquele numero não me serve para mais nada.

– Claro que serve, você vai ver. – Ela disse dando um tipo de sorriso para ele.

– O que quer dizer com isso?

– Olha, eu também não gosto do Seth, sei que ele tem grandes defeitos e a Sam também sabe disso, mas ela conhece ele a muito tempo, então é meio obliqua ao que ele faz. Sei que se fosse você lendo o que tinha naqueles desenhos ela teria se derretido por você.

– Quer dizer que confia em mim?

– Não. Não confio, não me esqueço de tudo que fez nesse ano para todos daqui. – Ela olhou para ele com uma cara de raiva, mas logo a amenizou. – Posso te dar um conselho?

– Não é como se eu tivesse algo melhor para fazer ou ouvir. – Ele colocou os braços atrás da cabeça e se inclinou na cadeira.

– Por que você não começa a viver do jeito que vive quando joga? Eu vi o que tava escrito, foi meio acidental, me desculpe.

– Tudo bem, mas eu não posso. Tenho péssimas lembranças da ultima vez que tentei. – Ele havia se inclinado para frente e olhava a carteira. – Foi mal te decepcionar.

– Os tempos são outros, “garoto dos olhos artificiais”. – Ela deu as costas e foi embora.

Erik ficou olhando para ela e pensando naquelas palavras. Aquele nome, isso queria dizer que ela já havia estudado com ele quando eram crianças. Ele pegou o taco e leu suas palavras. “Mas como posso tentar viver assim agora?”

A noite foi caindo e logo os preparativos estavam ficando completos. Mark e Ashley precisaram ir embora pelo horário tardio e apenas Sam e Seth ficaram.

– Ei Sam, que tal um tour noturno pela escola? Acho que nunca tivemos essa oportunidade mesmo.

– Não sei Seth, será que não é perigoso? – Ela não gostava muito do escuro.

– Nada, nem um pouco. – Ele esticou a mão dele para ela que aceitou e pegou. Ele a conduziu por alguns corredores.

Enquanto isso, Erik finalmente havia concluído sua detenção e ele resolveu passar na sua arvore para relaxar um pouco antes de sair. Ele guardou o taco na mochila. No trajeto, ele ouviu vozes estranhamente familiares. Era Seth falando a uma Sam um pouco assustada. Ele virou o corredor e viu ele conduzindo ela para algum lugar. Ele resolveu seguir com cautela.

Eles finalmente pararam no corredor que levava ao ginásio, ele ficava do lado de fora da escola e tinha um teto baixo sustentado por pilares. Seth a encostou em um pilar e começou a se aproximar. Erik resolveu que era melhor ir embora, não aguentaria aquilo. Mas uma palavra que era repetida o fez parar. Sam dizia meio alto “Seth, não, eu não quero isso” e parecia estar assustada. Ele voltou e viu algo que quase o fez virar um cão de imediato.

Seth a agarrava contra o pilar tentando beija-la. Ela desviava o rosto assustada e tentava lutar para sair.

– Vamos la Sam, libera logo pra mim vai? Você é só minha e de mais ninguém. – O tom de voz dele era nojento e ela ficava cada vez mais assustada e começou a chorar e soluçar.

– Ei! – Erik agiu sem pensar. Ou talvez estivesse agindo da maneira mais correta que passou pela sua cabeça.

– Mas eim? – Seth olhou para ele. – O que foi cão, não esta vendo que estou ocupado?

Erik arreganhou as presas, mas pela primeira vez, ele sabia exatamente o que estava fazendo.

– Não toque na minha Angel, seu maldito! – Erik gritou e começou a correr na direção dele. Ele o agarrou pelo colarinho e o jogou para longe, onde caiu e olhou para Erik.

– Eu já disse que ela é minha, cão! – Seth se levantou e pulou contra Erik que foi derrubado, mas antes que Seth conseguisse soca-lo, Erik o jogou de costas pelo chão.

Sam escorreu pela parede até o chão, onde se sentou horrorizada com o jeito que Seth estava agindo e assustada por Erik estar tentando a defender.

Erik caiu por cima dele e o imobilizou com as pernas. Sentado em seu peito, Erik o socou com a mão direita, depois com a esquerda, mas antes que pudesse golpear de novo, uma mão leve o segurou e o tirou de cima de Seth.

– Deixe ele, não quero que você se de mal ainda mais. – Ela não sabia por que havia impedido ele de continuar.

Seth se levantou com a cara ferrada. Ele avançou em Erik novamente e conseguiu acertar sua costela com um soco. Erik se dobrou ligeiramente de dor, mas agarrou o cabelo de Seth com a mão direita e o jogou para o lado. Seth recuou, mas antes que pudesse tornar a avançar, Erik agarrou sua cabeça e a puxou para baixo ao mesmo tempo em que erguia o joelho. Erik quebrou o nariz de Seth ainda mais e ele caiu agoniante no chão.

– Vamos embora Samantha. – Ele pegou a mão dela e a puxou embora.

Enquanto corriam, Sam não sabia bem o que pensar. Estava assustada com o que Seth tentou fazer, estava contente por ter ficado bem, mas estava confusa por ter sido Erik, o cara que ela tinha aversão, que havia a salvado. Eles saíram da escola, mas Erik ficou muito preocupado com ela. Era melhor achar rápido um lugar para ela descansar.

– A casa da Ash, ela mora num apartamento aqui perto. – Suas pernas ainda tremiam e ela não conseguia continuar andando. Erik a pegou no colo e saiu num passo apreçado. Ela não ligou para aquilo. Enquanto Erik corria, os cabelos de Sam esvoaçavam.

Eles chegaram ao apartamento e Ashley se surpreendeu ao ver quem era e àquela hora ainda por cima.

Erik a deitou em cima do sofá e fez menção de ir embora. Só que algo o impediu. Sam agarrou sua camisa e o puxou de volta sem olhar para ele. Ela sentia um conflito dentro de si. Ainda pensava em tudo que a fazia ter medo dele, mas também pensava que ele havia a salvo de Seth. Ela estava muito assustada e queria uma companhia que a fizesse se sentir segura. No momento, ele era a única pessoa que podia fazer isso. Ele sentou no sofá, ela hesitou um pouco, mas logo deitou a cabeça em seu peito e começou a chorar.

Ashley se sentou defronte a eles e perguntou o que havia ocorrido. Erik explicou o melhor que pode o que tinha presenciado. Ash ficou horrorizada. Ela observou a amiga que chorava e correu pegar uma coberta para a amiga. Sam se virou para olhar a coberta, seus olhos estavam inchados de chorar, ela aceitou e se cobriu enquanto tornava a encostar-se no peito do garoto, ele a observava e achou que devia dizer algo para conforta-la.

– Ei, vai ficar tudo bem Angel. – Ele disse sorrindo para ela. Ela o encarou de volta.

– Eu andei te tratando tão mal por ter acreditado nele, como pode ser tão amigável assim comigo? – Os olhos inchados dela ainda estavam extremamente assustados e desesperados por ajuda.

– Porque eu sei como é ser traído por alguém próximo. – Ele disse com simplicidade. – Descanse, amanha você tem um jogo para ganhar. – Ele sorriu novamente tentando passar confiança a ela.

– Mas tenho medo do Seth aprontar algo amanha, eu nunca o vi daquele jeito e estou com muito medo do que ele pode acabar fazendo. Tanto comigo quanto com você.

– Não se preocupe comigo, eu não sou importante. Prometo que vou te proteger. – Ele encarou aqueles olhos diferentes. Ela encarou os olhos laranjas e algo neles a fez se sentir bem, pelo menos momentaneamente. Talvez aqueles sentimentos confusos que estava tendo sobre ele não tinham sumido afinal de contas.

Ela deu um sorrisinho, se aconchegou em seu peito e adormeceu ainda chorando. Ash se aproximou com outra coberta menor.

– Tome, cubra pelo menos suas pernas, essa casa é meio fria à noite. – Ele aceitou e colocou sobre o joelho.

– Obrigado Ash, acho que posso mesmo tentar ser como antigamente. – Ele disse isso olhando para a garota que dormia em cima dele. Ash deu um sorriso de aprovação e rumou para seu quarto.


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