O cão de Caça e a Raposa escrita por Patucio


Capítulo 6
Capitulo 5 - Sentimentos e expulsão




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Erik estava dormindo de uma maneira um pouco desconfortável. Estava sentado, a coberta que tinha nas pernas havia caído e agora ele estava gelado. Na verdade, as únicas partes de seu corpo que não estavam geladas era seu braço direito e uma parte do peito. O rosto de Sam aquecia seu peito e um pouco depois de adormecer ela havia pegado em seu braço e não o largou.

Erik acordou e se lembrou do porque de estar na casa de Ash com Sam dormindo em seu peito. Ele não sabia que horas eram, tentou se levantar, mas a garota resmungou e puxou seu braço para perto. Ele deu um suspiro e tentou achar em volta um jeito de levantar. Ash então apareceu com uma caneca de café.

– Não se acostume, só fiz para você porque ajudou ela ontem, entendeu? – Ela falou baixinho pra não acordar a Sam.

– Obrigado. – Ele respondeu no mesmo tom e pegou com a mão esquerda a caneca, que logo começou a beber.

– Eu realmente não queria fazer isso, mas acho melhor acorda-la. Hoje ainda é o dia que ela jogara vôlei e a estrela não pode faltar. – Ela sabia que era chato fazer isso, mas ela não mentia, precisavam dela. - Ei Sam, acorda garota. – Ela chamou de leve, cutucando seu braço.

Mas a garota não queria acordar, ela preferia ficar do jeito que estava.

– Ei Sam, você precisa acordar. – Ela começou a chamar mais alto e a cutucar mais forte, mas nenhuma resposta.

– Me deixa tentar. – Erik puxou o braço direito, mas ela tentou puxar de volta. – Ei, se você esta puxando de volta meu braço quer dizer que esta acordada não é mesmo?

A garota parou de puxar o braço dele. Na verdade ela estava meio acordada desde quando o café dele chegou. Erik deu um sorriso e trouxe a caneca vazia para perto dela.

– Olha, acho que vou ter que derrubar café em você pelo visto. – Ela abriu os olhos na hora.

– Não se atreva a fazer isso! – Ela levantou rapidamente e se sentou. Erik começou a rir.

– Estava vazia boba. – Ele mostrou o conteúdo inexistente pra ela.

– Droga, podia me deixar dormir mais um pouco né? – Ela tinha ficado aborrecida.

– Ora ora, então gostou de dormir em meu peito? – Ele perguntou erguendo uma sobrancelha. Ela corou.

– Não é nada disso. - Ela balançou os cabelos. – É só que eu prefiro ficar dormindo. – Ela olhou para baixo. Tudo que tinha passado ainda pesava muito. Erik notou isso e passou um braço pelo pescoço dela e a puxou para perto.

– Já falei que tudo vai ficar bem Angel, eu te prometi. – Ele sorriu.

– E eu já não falei meu nome pra você? Ou já se esqueceu dele? – Ela ficou meio aborrecida e se levantou.

– Claro que não, eu só acho Angel mais bonito ué. – Ele disse sem pensar. Os dois se encararam e coraram. – Mas se não gosta, eu te chamo de Sam que nem a Ash aqui. - Sam fungou e se virou para Ash.

– Ash, preciso tomar um banhozinho ta? Me empresta um uniforme seu por hoje? – Erik reparou que ela havia evitado a pergunta, mas não se importava, ele quase entregou de bandeja seus sentimentos e não queria assusta-la com isso. Mas enquanto ela ia tomar banho ele se lembrou de algo.

– Droga! Não avisei ninguém onde passei a noite, meus pais vão me matar. – Ele pegou o celular e discou o numero de alguém. – Vamos la, atenda!

– Calma cara, não precisa se preocupar. Se você não se importar de ficar com essas roupas sujas e molhadas, você pode tomar um banho aqui. – Ele considerou a ideia, mas atenderam a chamada.

– Alo? Irmãozão? É você? – Uma voz doce e fofa atendeu.

– Ah! Jane? Quantas vezes já não dissemos para você não atender ao telefone eim? – Ash o observou e achou graça. O delinquente se preocupava com a irmãzinha.

– Ah, mas eles estão dormindo.

– Não importa. – Então ele se lembrou da proposta de Ash. – Na verdade, preciso que faça algo pra mim. Pegue um uniforme e uma calça limpa e me traga. Não estou muito longe de casa, mas não da pra ir ai agora.

– Ah não! Você nunca faz o que eu peço, por que devo fazer o que você pede?

– Você sabe muito bem que isso é mentira. – Erik fazia tudo que podia por sua irmã.

– Ah, esta bem, vou pegar aqui e te levo. Beijinhos irmãozão. – Ela mandou beijos pelo celular e desligou.

– Ah, essa pequena. – Ele olhou para trás e viu que Ash estava sorrindo para ele. – Que foi?

– Nada não, é só que nunca achei que você fosse tão doce com alguém, ainda mais com sua irmã. – Ele corou ligeiramente, mas não ligou muito. Era verdade.

Sam demorou um tempo no banho, tanto que a irmã de Erik conseguiu chegar ao local, deixar uma troca de roupa pra ele e ir embora. Eles achavam que ela devia estar chorando no banheiro, mas nenhum deles tentou ouvir para confirmar. Quando ela apareceu na sala estava trocada e seca. Seus olhos estavam um pouco inchados, ela tinha mesmo chorado no banho.

– Bem, você vai tomar banho Ash? – Erik perguntou.

– Eu já tomei, é a primeira coisa que faço no dia. Pode ir. – Ele assentiu com a cabeça e saiu para o banheiro. Ash então pegou na mão de Sam e a sentou novamente no sofá.

– Você esta bem mesmo? Eu consigo ver no rosto que esta com medo de algo.

Sam a olhou e pensou. Era melhor tirar aquilo do peito.

– Ash, eu tenho medo do que pode acontecer agora. O Seth pode querer se vingar e não sei do que ele é capaz.

– Não se preocupe com isso, o Erik vai realmente te proteger de tudo.

– Mas não é comigo que estou preocupada, é com o Erik. Eu passei a ultima semana o desprezando tanto que não sei nem como é possível ele sequer olhar pra mim, muito menos sorrir. – Ela se arrependia de ter escutado o Seth, ainda não sabia o que aquele texto significava direito, mas sabia agora que não podia ser algo ruim.

– Talvez seja porque ele sente o mesmo que você, já considerou isso?

– Espera, o mesmo que eu? Você quer dizer que ele pode... - Antes dela terminar porem, Erik bateu na porta e elas se assustaram. Quando olharam ele estava caído no chão por ter tropicado num tênis.

– Droga Ash, por que você larga essas coisas por ai? – Ele se levantou e notou algo estranho. Sam estava envergonhada e Ash o olhava feio. Ele não entendeu nada.

– Bem, acho melhor irmos andando não é? – Sam quebrou o clima e se levantou. Ela foi a primeira a deixar a casa.

– Ãnn, o que foi?

– Nada, você só tem um timing ou muito bom ou muito ruim as vezes. – Eles saíram e se reuniram a Sam que esperava.

Enquanto caminhavam para a escola, Erik só pensava em uma coisa. Qual seria a reação das pessoas ao entrar andando perto e conversando com elas? Ele considerou umas duas vezes despista-las, mas ambas o impediram. E realmente, o resultado foi exatamente como previu.

Quando chegaram ao portão, todos observaram Erik andar tão próximo das duas. Algumas pessoas olharam-no com repugnância, achando que ia aprontar algo, outras começaram a murmurar para elas “Corram logo, rápido.” Mas houve uma pessoa que fez algo diferente.

Enquanto entrava, Erik sentiu algo muito duro acertar sua cabeça e ele cambaleou e caiu pro lado. Um garoto do grau 9 havia tacado uma pedra nele. As duas garotas se movimentaram juntas, mas cada uma foi numa direção. Ashley chegou a Erik, mas antes que pudesse ajuda-lo ouviu varias exclamações ao seu redor. Quando ela olhou avistou algo cômico e meio assustador ao mesmo tempo. O garoto tinha caído no chão e uma Sam surpresa examinava sua mão. Ela havia dado um soco na cara dele. Ela então se recuperou do que fez e se aproximou de Erik.

– Você esta bem? – Ela se ajoelhou ao lado dele ignorando o olhar de todos.

– To sim, não foi nada demais. – Ele virou sorrindo, mas havia um filete de sangue descendo pela sua testa. Samantha viu, tomou coragem e se levantou encarando a todos.

– Pessoal, escutem, por favor! O Erik não fez nada de errado, ele me explicou tudo o que aconteceu sobre aquele texto e agora o mal entendido foi resolvido. Seth estava mentindo sobre tudo. – Eles ficaram meio em duvida sobre aquilo que ela tinha dito.

– Como pode ter certeza disso? Ele ainda é o mesmo delinquente de antes! – Um cara na aglomeração gritou.

– Bem, não tenho. Mas eu acredito nele, se for odiá-lo por algo, que seja por algo que ele fez a vocês e não por alguma mentira. – Todos ficaram em duvida sobre o que pensar, afinal, era a Samantha que dizia isso e ela era bem popular apesar de não fazer nada pra que isso acontecesse. Eles achavam que ela tinha certa razão, mas ainda não confiavam nele pra esquecer aquela historia.

– Tudo o que eu disse é verdade, a escolha é de vocês se acreditam ou não. – Ela se abaixou e ajudou ele a se levantar. Enquanto passavam com ele apoiado nela, ela sussurrou pra ele “Dessa vez eu te ajudo pelo visto”. Ele deu um sorrisinho e agradeceu em voz baixa.

Na enfermaria, ele foi examinado, mas o corte era superficial e nada que um band-aid não resolveu. A tontura foi causada por causa do golpe. Eles saíram e ela viu que estava atrasada. Ela correu pro ginásio e deixou ele para trás. Ele começou a ir com calma, mas uma mão em seu ombro o fez parar. Ele olhou para trás e viu um homem com um bigode expeço, ele tinha cabelos castanhos e ralos. Era o direto e logo atrás dele Seth, com o nariz arrebentado.

Samantha se trocou e saiu para a quadra, o time estava a esperando. O primeiro set foi vencido muito rapidamente, ela fez sozinha 15 pontos, era incrível como era boa naquele esporte. Houve o intervalo e ela resolveu falar com a Ash e a Liz.

– E ai, o que estão achando do jogo eim ? – Ela estava bem animada, adorava jogar vôlei.

– Está excelente Sam! – Liz como sempre estava muito empolgada.

– Só o Erik que resolveu não aparecer pelo visto.

– Ele não ta aqui? – Ela olhou na quadra toda e não o viu em lugar nenhum. – Que estranho, ele tava logo atrás de mim vindo pra cá. – Ela começou a ficar preocupada, novamente seus sentimentos confusos a estavam preocupando.

– Deixa comigo Sam, eu procuro ele. Ai poderei dar uns socos por te deixar preocupada. – Ash a tranquilizou. Sam deu um sorriso e Ash foi procura-lo. Ela ficou meio brava com ele, como ele podia simplesmente não aparecer pra ver o jogo? Mas não precisou ir longe para acha-lo. Ela olhou pela janela e viu ele sentado debaixo daquela arvore que dizia ser sua. Ela correu até lá.

– Ei! Por que não ta no jogo seu babaca? – Ela chegou e o encarou brava. – Ei, esta me escutando? – Ela o agarrou e chacoalhou. Ele se largou e se levantou, tinha uma expressão de dar dó no rosto, algo tinha acontecido. – O que houve Erik?

– Fui expulso. – Ele olhava para o chão. – O Seth pelo visto é muito amiguinho do diretor, ele chegou e falou que eu o ataquei novamente e o diretor nem sequer quis me ouvir.

– O que? Não! Temos que esclarecer tudo! Vem comigo. – Ela começou a puxa-lo, mas ele se livrou.

– É inútil, não tem como provar a minha historia. Dessa vez eu perdi e não tem nada que posso fazer. - Ele estava se dando por vencido, mas Ash não ia deixar, sua amiga dependia disso.

– Olha, nós iremos chamar a Sam e ela ira contar pro diretor exatamente o que ocorreu. Ele confia nela, vamos conseguir. – Ele não estava muito confiante, mas ele pensou na Sam quando decidiu tentar.

Eles voltaram pra quadra em tempo de ver Sam dando um corte e garantindo a vitória. Era incrível como o time era imbatível. Ela viu os dois e correu pra comemorar com eles. Os dois tentaram ficar o mais feliz possível, mas logo contaram o que havia acontecido. Como esperado, Sam ficou chocada e decidida a convencer o diretor. Ela nem quis se trocar, rumaram diretamente pra sala. Eles chegaram e o diretor estava conversando com Seth, os dois se surpreenderam quando ela entrou na sala.

– Senhor diretor! Por favor, você cometeu um erro. O Erik não pode ser expulso. – Ela não olhava para Seth, ignorava sua presença.

– Por favor diretor, nos escute. Nós temos a verdade. – Ash também estava ignorando Seth. Erik ficou na porta, não queria entrar.

– Meninas, nada mudara, Seth já me contou tudo. – Ele nem ligava para o que elas diziam.

– Senhor, ele esta mentindo, por favor, nos escute!

– Basta. Vocês têm provas do que estão alegando? – Sam se mexeu desconfortável.

– Tenho apenas minha palavra.

– Então não basta. Já chega.

– Mas por que para ele bastou? – Ash estava muito brava com essa situação.

– Porque ele tem minha confiança.

– E ela é sua aluna modelo, simplesmente não existe ninguém melhor ou mais comportado que ela. – O diretor não tinha como discordar disso.

– Muito bem, você tem uma certa razão, mas ainda sim ele quebrou o nariz de Seth novamente em dois dias.

– Realmente quebrei, mas tive um motivo para fazer isso. – Erik finalmente resolveu se defender, estava cansado do quão manipulador Seth podia ser.

– Ora, então existe um motivo nobre por trás dessa atitude? – O diretor debochou dele.

– Na verdade teve sim, mas contar a historia não iria convencê-lo.

– Que bom que já sab... – Erik o interrompeu.

– Mas acho que mostrar essa historia seria muito melhor.

– Como assim mostrar?

– A menos que eu esteja enganado, e realmente espero que não esteja, no corredor onde tudo aconteceu tem uma câmera que captou tudo. – Erik sabia muito bem onde havia câmeras e qual era o ângulo que elas filmavam, ele evitava ao máximo aprontar na frente delas. Seth ficou em estado de choque.

– Coloque na câmera que fica no acesso ao ginásio. – O diretor mexeu nas telas que mostravam as câmeras e no monitor apareceu a imagem do corredor, o mesmo corredor onde tudo aconteceu. – Volte para aproximadamente umas 19 horas.

O diretor o fez, mas não havia nada naquele horário acontecendo no corredor. Ele acelerou a fita e conforme avançava, Seth suava mais e mais. Então, quando a fita marcou 19h49min, Seth e Sam apareceram na fita, tudo durou uns 5 minutos e o diretor ficou chocado o tempo todo. Seth tentou escapar da sala, mas Ash se pôs na sua frente. Ele tentou move-la, mas Erik o segurou. Quando acabou o diretor olhou para ele.

– Senhor Setzer, você esta expulso desta escola. Tem sorte de ser menor de idade, então não posso manda-lo para a policia. Trate de deixar este recinto imediatamente. – Seth olhava para o diretor com muita raiva, depois olhou para Ash, para Erik e finalmente para Sam. Ele saiu da sala, mas quando chegou na porta olhou para ela e disse:

– Você ainda será minha. – E foi embora.

– Erik Miller. Se puder aceitar minhas desculpas eu gostaria que continuasse estudando conosco. – Erik olhou para o homem que lhe estendia uma mão. Se fosse outra época, teria saído pela porta e não olhado para trás, mas agora, ele olhou para a garota de cabelos angelicais ao seu lado, sorriu e respondeu:

– Obrigado, eu continuarei aqui. – E apertou a mão do homem.

Ao saírem da sala, Erik puxou as duas com ele e conduziu-as para a sua arvore.

– De agora em diante, essa sombra também é de vocês esta bem? Ah, avisem aquela outra amiga suas, ok? – Ash concordou e se acomodou na sombra, realmente era muito boa. Sam, no entanto, olhou para Erik e o abraçou, estava muito feliz por ele não ser expulso. Ele retribuiu o abraço, mas logo se soltaram. Ash olhou para eles e pensou “Esses dois precisam admitir o que sentem logo ou vão acabar explodindo”. Eles voltaram para o ginásio, os dias de jogos haviam apenas começado.


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Notas finais do capítulo

Ultimo capitulo da noite galera. Amanha volto com o 6, 7 e 8 o/
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