O cão de Caça e a Raposa escrita por Patucio


Capítulo 2
Capítulo 1 - Filhotinho de Cão


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ~ e a história se passa no Canadá, esqueci de avisar :P



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Erik continuava sentado embaixo da arvore pensando na visão de medo naqueles olhos. Talvez fosse o fato de reconhecer aquele medo ou talvez o fato de que aqueles olhos eram hipnotizadores, mas ele não conseguia tira-los de sua mente. Ele se levantou de repente e correu na direção da escola. Ele havia acabado de lembrar que ela poderia ter se machucado e se isso tivesse ocorrido, ele teria problemas com a diretoria.

Ele correu pelo corredor do primeiro andar e viu a porta da enfermaria. Ele parou na porta e hesitou com a mão na maçaneta. O que ele estava fazendo? Ele era o “Dog”, o cão de caça da escola que não deixava ninguém ter um momento de paz. Mas ainda sim, se meteria numa encrenca se ela estivesse mal de verdade. Ele precisava fazer algo e abriu a porta.

A enfermaria não era nada fora do normal. Tinha 6 camas, cada uma com uma cortina protetora caso fosse necessário esconder quem estivesse dentro. Na mais afastada da porta estava deitada a garota, junto de suas duas melhores amigas que Erik desconhecia o nome. A enfermeira parecia ter saído da sala. Ele limpou a garganta e as duas o olharam. Foi exatamente o que ele pensou, ambas se assustaram e se encolheram. Ele ficou satisfeito durante um segundo, então lembrou porque estava ali.

Ele se aproximou lentamente das garotas.

– Como a senhorita Angel esta? – Ele usou o tom de voz mais calmo e amigável que conseguiu reunir. Pareceu-lhe que a mudança de tom havia assustado elas ainda mais. “Eu sou tão aterrorizante assim?” – Eu perguntei se a garota esta bem ou não, vão me responder?

A mais alta das duas parecia ter criado coragem.

– Ela esta sim, mas não por sua causa! – Ela parecia não controlar o que dizia e se encolheu novamente de medo.

– Ainda bem. Pelo menos não precisarei me preocupar com a diretoria agora. – Ele olhou pro lado mais tranquilo, não teria problemas.

– Você deve estar brincando! – Ela tinha se aprumado e parecia nervosa. – Você só pensa em si mesmo não é? Nem esta realmente preocupado com ela!

– Claro que não, por que deveria estar? Quando ela me derrubou da escada ela não se preocupou. – Ele deu de ombros. Nem ligava pra opinião das duas.

– Mas é claro que não! Você estava atacando o melhor amigo dela! – O tom de voz da garota estava subindo. Ele estava perdendo a paciência.

– Acho que a sua historia esta um pouco errada garota. Eu não ataquei ninguém naquele dia. Nós trombamos e ele me xingou, eu xinguei ele e o agarrei pela camisa, ai do nada a Angel chega e me empurra escada abaixo sem a menor cerimonia. – Ele não precisava explicar para elas o que ocorreu no dia, mas não gostou da historia estar favorecendo um único lado.

Samantha se mexeu na cama e acordou. A discussão estava ficando alta. Ela olhou para as duas amigas meio sem saber o que ocorria.

– Liz? Ash? O que acontec...- Ela avistou Erik e então lembrou do que tinha ocorrido. – Essa não! Me perdoe Dog, digo, Erik, por favor, me perdoe. Não machuque nenhuma das duas. – Ela começou a levantar da cama, mas cambaleou e caiu nela.

– Ei! Tome cuidado sua idiota! Você acabou de acordar e eu não estou aqui para machucar ninguém, eu apenas vim ver como você estava. – Essas palavras a fizeram corar. Ele reparou e corou também. Ela havia entendido errado o que disse. – Digo, precisava garantir que você não tinha se machucado para eu não me encrencar.

– Ah, entendi. – Ela parou de corar. Por um momento achou que aquele selvagem gostava dela. “Ainda bem que não é o caso”.

– Já que esta bem vou indo embora, não sou bem vindo aqui pelo visto. – Ele se virou para sair, mas uma das garotas o puxou de volta. Era a marrenta. – O que você quer? Me solte logo!

– Não, quero que explique o porque esta mentindo sobre aquele dia a um ano.

– Mentindo? Não estou mentindo sua burra, nós nos esbarramos, ele me xingou, eu xinguei de volta e ameacei dar um soco nele quando a Angel aqui me empurrou da escada.

– É mentira, o Seth nunca xingaria ou provocaria alguém! – Ela era muito amiga dele, não ia deixar alguém acusá-lo.

– Sinto muito dizer, mas seu “Sethzinho” não é nenhum santo não. Foi ele que começou e eu não gosto de pessoas que não se desculpam pelo que fizeram ta legal? – “Por que diabos estou dizendo isso? Essa garota ta me deixando louco, só pode!”

– Prove que esta falando a verdade, já que diz que não gosta de pessoas assim. – Ela cruzou os braços e balançou a cabeça fazendo seus cabelos balançarem.

– Como se eu pudesse provar... – Ele estava ficando irritado com ela. – Tudo que tenho é minha palavra contra a sua defesa. Então suponho que já perdi isso. – Ele encarou os olhos dela. Teve uma sensação muito estranha. Eles expressavam desafio, não medo.

– Oras, se mentiras e falta de desculpas o deixam tão irritado, por que não me pede desculpas pelo que fez mais cedo? – Ela balançou o cabelo novamente.

“Essa garota esta querendo realmente apanhar hoje!”. Ele estava ficando muito irritado com aquela situação.

– Não vou pedir desculpas, não tenho porque me desculpar com alguém que nunca se desculpou por algo que fez. – Ele disse ríspido, era verdade, toda a raiva que sentia dela era porque não tinha feito a menor cerimonia para atira-lo de uma escada e nem se arrepender disso.

– Espera, eu nunca pedi desculpas por aquilo? – Ela começou a pensar no que havia ocorrido depois mas não se lembrava de nada.

– Claro que não sua idiota.

– Ei! Pare de chamar ela de idiota, esta me ouvindo? – A marrenta tinha voltado à discussão.

– Ash, espere, ele tem razão. Fui idiota, achei que tinha me desculpado por aquilo, mas acho que o bem estar do Seth me preocupou mais na hora.

Ela se levantou da cama meio cambaleante, ainda estava tonta do desmaio. Ela se aproximou de Erik, ele cogitou recuar, mas quando ela cambaleou novamente ele a sustentou. Reparando no que tinha feito, a empurrou para as mãos da Ash.

– Me desculpe por ter te derrubado da escada, foi errado. E também me desculpe por ter te acertado mais cedo. Eu ainda estava brava com o fato de ficar me chamando de Angel e reparei que estava olhando as garotas e perdi a cabeça. – Ela desviou o olhar ligeiramente envergonhada do que fez.

Ele a olhou surpreso. Nunca pensara que ela faria isso. Ele corou um pouco.

– Olha, sinto muito por ter quase te matado também. – Ele esfregava a nuca com a mão direita. – Não era minha intenção.

– Ah é? E qual era? Apenas quebra-la toda? – Ash estava novamente brava.

Esse comentário lhe causou uma reação estranha. Ele realmente ia acabar matando ela naquele momento, mas tentar dizer o contrario foi um modo que achou de aceitar as desculpas dela. Ele perdeu o controle e soltou uma risada.

As três garotas se assustaram, ninguém imaginava que ele podia sorrir, muito menos dar uma risada. Depois que o susto passou no entanto, elas repararam que ele não era nem um pouco assustador quando sorria.

Ele reparou no que fez, corou e se virou de costas.

– Já que esta bem, vou indo. Tchau. – Ele saiu correndo, abriu a porta e se mandou.

As garotas sentaram Sam na cama e se entreolharam. Liz não aguentou.

– Meu Deus! Que sorriso lindo que ele tem! – Então cobriu a boca como se tivesse dito algo muito feio. As três pensavam a mesma coisa: Erik Miller, o cão, tinha um sorriso bonito e não era nem um pouco assustador quando o mostrava.

Novamente na arvore, Erik estava em conflito. Não queria mostrar para ninguém seu outro lado, o lado que o fazia parecer apenas um pequeno filhote de cão, fofo e amigável. Não tinha recordações boas da ultima vez que havia tentado. Ele começou a socar a arvore e uma farpa entrou em sua mão. Ele xingou baixo e removeu-a.

Então ele se lembrou de algo. A garota não gostava de ser chamada de Angel, a ofendia de alguma maneira. Mas ele não usava com esse intuito. “Ela nunca me disse o nome dela e a única forma de memorizar foi relaciona-la a algo aparente. E age como se eu fosse culpado de algo.”

Desde que havia visto o medo que sentia quando criança no olho da garota, coisas que escondia de seu passado haviam retornado. Ele aceitou que uma risada e um sorriso se propagassem pelo seu rosto e ainda tentou ajuda-la a não cair. Aquela visão tinha mexido com ele e ele não entendia bem o porquê. O sinal tocou ao longe e ele foi o primeiro a sair da escola, não queria topar com ninguém.

Sam chegou na sua casa e foi direto pro quarto. Ela se deitou na cama e ficou olhando para o teto. Ela fechou os olhos pensativa, então os abriu e pegou o celular. Procurou na agenda e achou o número que queria. O telefone começou a tocar.

– Alo? Sam? O que quer?

– Seth, queria te perguntar algo sobre aquele dia a um ano atrás.

– O que quer saber? – Sua voz estava descontraída.

– Por que ele ameaçou te bater? – Ela precisava saber disso.

– Hm, vou tentar me lembrar. Se não me engano, eu cruzei o corredor com pressa e esbarrei nele e meus livros caíram, eu olhei pra ele e ele estava com uma cara de bravo, então eu gritei com ele, ele me agarrou e me ameaçou, foi ai que você chegou e empurrou ele da escada. Devo admitir que foi bem divertido ver aquele babaca rolando escada abaixo. – Ele soltou uma risada pelo telefone. Ela deu uma risada amarela para ele.

– Obrigada Seth, era o que eu precisava saber. Vê se não falta amanha viu? O ano mal começou e você já esta relaxando.

– Ta ta, tanto faz. – E desligou o telefone.

Ela colocou o celular de lado e voltou a encarar o teto pensativa. Então ele realmente tinha dito a verdade, Seth o provocou, talvez não do jeito que ele dizia, mas provocou. Ela começara a odiá-lo por causa de um mal entendido, apesar de que o resto das ações dele a irritavam bastante também. Seu celular vibrou. Ela pegou e havia uma mensagem de um número desconhecido.

“Olha, não interessa como consegui seu número Angel, mas acho que devo me explicar com você. Não sei o motivo de odiar o apelido que te dei, mas eu só o fiz porque nunca soube seu nome e o jeito mais fácil de lembrar quem foi a idiota que me jogou da escada foi o seu cabelo. Espero que possa me desculpar por sei lá o que fiz.

Erik Miller”

Ela leu aquilo umas duas vezes. Ele pediu desculpas pelo jeito que a chamava e tentou explicar o motivo. No fim das contas não era um deboche, era um meio de reconhecê-la, apesar de ser para nunca esquecer o que aconteceu. Ela resolveu que responder seria o melhor. Ela enviou a mensagem e desceu para jantar e depois fazer os deveres que foram passados na aula.

Deitado em sua própria cama, Erik sentiu o celular vibrar e quando olhou era uma resposta. Ela era curta e direta.

“Meu nome é Samantha Hooper, estamos na mesma sala, se não sabia meu nome é porque nunca quis sabe-lo. Mas te desculpo.”

Ele acessou a agenda do celular e mudou o nome Angel para Sammy. Repensou e colocou Samantha. Ele sorriu olhando o nome dela. Ele queria descobrir que sentimentos mais aqueles olhos escondiam. Ele guardou o celular, levantou da cama e desceu para jantar.


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Notas finais do capítulo

Como sempre podem criticar e dar opiniões ^^



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