Capítulo 7

– Ah, mas eu posso te impedir sim. - disse Quinn levantando-se, ela segurou minha cintura com as duas mãos e me beijou.

Eu nunca me senti tão plena e viva como com ela. Nem com Brody, nem com Finn, nem com ninguém, o tempo todo era ela. Não era somente uma paixão antiga, era o desafio, os perigos em volta do nosso relacionamento que o tornava melhor. Ainda era casada e me sentia péssima com isso tudo, Quinn sentia-se péssima por misturar trabalho com amor. E ficávamos nesse dilema, só que resistindo às tentações.

Depois que descobri o que Xavier fez, não conseguia tirar da mente o fato de que: eu não conhecia meu marido. Casei-me, me envolvi e achei que aquele homem rico e bonito poderia me fazer esquecer a falta que Quinn fazia, pois não fez. Precisava melhorar minha confiabilidade nas pessoas. Xavier frequentava a minha casa, dizia que eu era a alma gêmea de Brody e mesmo assim tentou me matar. O dinheiro mexe com a cabeça das pessoas.

– Você vai ter que fazer mais que isso pra me impedir. – disse me separando dela.

– Puck vai resolver as coisas pra mim, Rach. Eu estou indo pra Washington e preciso que você se comporte. – Suspirei e consertei a gola da camisa social dela que eu mesma baguncei enquanto nos beijávamos.

– Não posso te prometer nada, Quinn. Brody é um completo estranho pra mim. Ele ferrou minha vida.

– Mas podemos usar os meios legais para acabar com ele e resolver isso. Prometo que terá sua vida de volta.

O que Quinn disse deixou-me mais angustiada. Não, eu não poderia ter minha vida de volta, meus sonhos de volta. Eu estava velha demais pra ser uma estrela da Broadway. E talvez nova demais pra lamentar.

– Eu não posso ter minha vida de volta, Quinn, será que você ainda não percebeu que desde o momento que você decidiu por nós duas minha vida mudou?

Quinn ficou parada, ouvindo minha reclamação. Sei que estava sendo injusta em colocar nela a culpa por minhas próprias decisões. Porque talvez se eu não misturasse tequila com cerveja, nossa vida seria diferente. Talvez, se ela tivesse coragem, nossa vida seria diferente.

– Não me culpe por suas decisões. Você se casou com um bandido sem nem ao menos conhecer o caráter dele.

Respirei fundo, virando de costas pra ela. Não queria que ela visse a lágrima se formando em meu olho.

– Você tem toda razão. Eu vou indo.

Quinn não foi atrás de mim como eu imaginava. A vida não era um filme romântico, era um drama estúpido sem vencedor, sem beijo no final. Tratei de fazer o que de melhor fazia, ser uma dona de casa, arrumei a casa de Quinn, sentindo o cheiro dela em algumas roupas usadas espalhadas pelo quarto.

Não deu para fazer um jantar decente, pois havia muito pouco ali. Então fiquei encurralada, esperando que ela ou Santana me trouxesse o jantar.

Dito e feito, ela chegou ás oito da noite com um pacote do restaurante chinês em uma das mãos e uma pilha de papéis na outra.

– O que você fez na casa?

– Arrumei sua bagunça.

– E eu arrumo a sua. – Quinn sussurrou esperando que eu não ouvisse, mas eu ouvi e não gostei nada do que ela disse. – Seja como for, vou tomar um banho, arrumar minha mala, amanhã cedo tenho que viajar. Trouxe comida pra você, vengana.

Ela deu um sorriso tímido e foi para o quarto sem olhar pra mim diretamente.

Suspirei olhando para a embalagem do restaurante. Então voltei meu olhar para a porta do quarto. Eu e Quinn não podíamos ficar assim, ela viajaria amanhã e se há algo que eu aprendi é: dar valor ao momento.

Acabamos por nos encontrarmos no corredor, ela estava com a blusa aberta revelando o sutiã de renda, engoli seco tentando focar nos seus olhos e não no seu colo exposto.

– Esqueceu alguma coisa?

– Minha educação. Desculpas, Rachel. – ela segurou minhas mãos. Ver aquela mulher maravilhosa na minha frente me pedindo desculpas era genuíno. – Eu ando muito agoniada com isso tudo e ainda tem o fato de caçar Brody pelo mundo, já que ele pode estar em qualquer lugar, proteger você que é a figura mais importante da minha vida. Não sei lidar.

– Talvez devêssemos ir mais devagar?

– Mais devagar é quase parar, Rachel. Não, eu não vou parar de tentar até que seu coração seja inteiramente meu.

Diante disso, não fiz mais nada além de me jogar nos braços dela. Quinn devolveu o abraço cercando minha cintura. Senti o máximo seu perfume, mesmo sabendo que ela estaria fora amanhã, mas voltaria amanhã mesmo.

Enquanto Quinn foi para Washinton logo cedo, Puck me fez companhia o dia inteiro. Nós rimos, conversamos, lembramos dos velhos tempos e jogamos Just Dance, claro que eu dei uma surra nele.

– Espero que você seja melhor investigador do que dançarino. – ri da expressão irritada dele ao tentar me passar.

– Você treinou pra isso, não vale.

– Realmente, eu tenho um ótimo condicionamento físico e habilidades rítmicas.

Ele jogou-se no sofá e tomou um gole do seu refrigerante que estava em cima da mesinha.

– Quinn conhece muito bem essas suas habilidades,não é?

– Puckerman!!

– O quê? Ah não acredito que vocês ainda não se comeram. Vocês são as duas garotas mais sexys que eu conheço, sabe? Se for pelo Brody, você pode fazer isso, não é considerado traição quando seu marido simplesmente te abandona.

Com certeza Brody me traiu com várias, depois de conhecer seu lado bandido eu não duvidava de mais nada. Mas não era por isso que eu e Quinn não tivemos relações sexuais, talvez porque eu realmente não estivesse tão predisposta assim. Eu queria, queria muito, Quinn era maravilhosa e muito quente, é claro que uma hora ou outra aconteceria.

A campainha tocou interrompendo meus pensamentos. Puck mandou-me não sair do lugar onde estava e se dirigiu até a porta. Era o correio, suspirei aliviada.

– Encomenda pra senhora Weston.

Franzi a testa, como alguém sabia que eu estava aqui? Só Kurt, a equipe de Quinn e só.

– Senhora Weston? – Saí do meu posto desobedecendo Puck. Ele fechou a porta e pegou o envelope. Ele mesmo abriu, dentro havia uma foto da minha viagem á Cancun meses atrás com Brody, viagem a qual ele passou bom tempo trabalhando enquanto eu aproveitei a paisagem.

Puck me entregou, assim como o cartão que havia dentro.

Abri com as mãos trêmulas. Era dele. Brody. Ele queria me mandar um recado. Se fazer presente.

“Fragilidade, teu nome é mulher – William Shakespeare.

Infelizmente meu amor, não pude te incluir no meu intento. Abandonei você, mas saiba que não há um dia que eu não pense em você. Amo-te de todo meu coração, mesmo que esteja nos braços de Quinn Fabray. Eu estarei com você em breve. Eu voltarei pra te buscar. Sei que é difícil mandar no coração, mas não se entregue totalmente a Quinn, pois algo muito ruim pode acontecer a ela. E nós não queremos isso.

Com amor,

Seu Brody. “

Após ler e reler o cartão, larguei-o no chão e corri para procurar o celular, disquei o número de Quinn sem sucesso. Estava na caixa de mensagens.

De repente eu não conseguia respirar direito e em seguida meu corpo atingiu o chão, só ouvi a voz de Puck em desespero repetindo que Quinn ia matá-lo.