A filha do diretor escrita por The Drama Queen


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Oioi, amorinhas. O que temos para hoje? Temos post duplo. Sim! Post duplo! Dois capítulos seguidos em agradecimento a recomendação da diva Lia Mayhew. Então, como é óbvio, capítulo dedicado a ela. Obrigada mais uma vez pelas suas palavras, meu amor.
Agora ao capítulo. Espero que gostem. Boa leitura!



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Eu não fui tão delicado quanto eu fui quando tentei separar a Alysson da Paris. Cheguei bem a tempo de segurar a mão de Paris, a qual estava a caminho do rosto da Sarah, e apertei a mesma.

– Não ouse tocar em mais nenhum fio de cabelo dela. – eu disse com o rosto próximo do dela.

– Por que? O que você vai fazer, Scott? Me bater? – Paris disse num tom debochado.

– Não, Paris. Eu não sou tão baixo assim. – afrouxei a minha mão que antes apertava o seu pulso – Mas também não vou deixar que machuque a Sarah.

Ela soltou seu pulso da minha mão. E virou-se para Sarah.

– Você teve sorte, Sarinha. Se esse aqui não tivesse me interrompido, eu faria uma plástica gratuita na sua cara. – e saiu rebolando.

É impressionante. Nem quando perde essa garota não desce do salto.

Levei Sarah até a sua cabana. Não iria adiantar muito, porque, pelo que ela me disse, a dupla dela é, ninguém mais, ninguém menos que Paris Anderson. Não vai demorar muito, esse cabana vai explodir. Essas duas, com certeza, não vão se aguentar durante 15 dias. De qualquer forma, a deixei na cabana, a desejei boa noite e voltei para a minha cabana. Parece que quando eu saio daqui, só esbarro em confusão. Tinha esperança de encontrar com Alysson, mas parece que ela já está dormindo. Ou só trancada no quarto. Bom, se isso que ela está fazendo não é me evitar, eu não sei mais o que é. Resolvo ignorar por agora. Essa breve discussão me deixou meio cansado. Deito na cama e logo caio no sono.

...

Acordo com a luz do sol machucando meus olhos. Parece estar cedo ainda. Hoje temos o dia de folga. E amanhã também. Diretora Brith, a melhor diretora do mundo, decidiu que precisamos de alguns dias de descanso depois de sermos escravizados por duas semanas. Como não temos que acordar cedo hoje para fazer atividades, vou dormir de novo.

Depois de o que pareceram 2 minutos, acordo com alguém batendo na porta. Xingo a pessoa mentalmente.

– Está aberta. – disse o mais alto que pude, com a voz rouca e falha.

– Ei, dorminhoco. – essa voz é inconfundível. Sem nem olhar já sei quem é.

– Sarah Foster. A que devo a honra de ser acordado por você?

– O primeiro horário de almoço já acabou. Se você não levantar agora, vai perder o segundo horário. – saltei da cama ao ouvir essas palavras. Escovei os dentes e me vesti rapidamente.

– Você já almoçou? – Perguntei a Sarah, já na sala.

– Já sim. Mas eu te acompanho... Se você quiser.

– Por mim... – dei de ombros. Ela sorriu e fomos para o “refeitório”.

O local não está cheio. Muito pelo contrário. Está quase inabitado. Não dando muita importância a isso, pego um prato, ponho comida, pego um copo de suco e me sento em uma das mesas, sempre acompanhado de perto pela Sarah.

– O que aconteceu ontem? – perguntei quando nos sentamos.

– Ethan veio falar comigo, Paris chegou e começou a me provocar. Eu normalmente não dou atenção pra isso. Mas aí ela falou da Aly. – ela parece com raiva só de lembrar do ocorrido.

– O que ela disse?

– A chamou de vadia, de novo. – respondeu - Pode parecer ridículo, coisa de criança até, mas eu não suporto que falem coisas assim dos meus amigos. Paris sabe disso. Esse é o problema: ela sabe exatamente como me provocar.

– Mas você não ficou pra trás. – comentei – Aliás, aquele lance dos pais dela...

– Eu sei, eu sei. – me interrompeu, suspirando em seguida. Ela parece desconfortável em lembrar disso – Acontece, que eu também sei exatamente como provocá-la. Parece que esses anos de amizade serviram para alguma coisa, afinal. – quase cuspi o suco que bebia no momento em que ouvi essas palavras.

– Anos de amizade?

– Ah, é. Esqueci que é novo na escola. – soltou uma breve e desanimada risada. A olhei esperando uma explicação – Eu e Paris já fomos amigas. Grandes amigas. – murmurou a última parte.

– Essa é novidade. – foi a única coisa que eu consegui dizer.

– É. Não gosto de ficar falando disso. – ela disse, e eu percebi que o assunto terminou ali.

– O que o Ethan queria? – mudei de assunto.

– Ah... Tem essa também. – disse com um ar divertido – Acredita que ele veio me dizer que a Paris o está obrigando a fazer isso?

– Sério? – assentiu.

– Seríssimo.

– Que filho da mãe! – exclamei sem me exaltar – O que você disse? Não acreditou nele, não é?!

– Não. Claro que não. Eu tenho uma coisinha que se chama cérebro, Scott. Eu uso com frequência. – ergui as mãos em rendição

– Ok. Desculpa. Esqueci que a senhorita não é uma donzela indefesa. – ela abriu um sorriso. – Viu? É isso que eu gosto: de te ver sorrindo. Não deveria privar o mundo de ver seu sorriso por causa de pessoas como Paris e Ethan. – ela ia dizer alguma coisa, mas quem eu menos esperava a interrompeu.

– Sarah! Achei você.

– Oi para você também, Alysson Cooper. – eu disse sorrindo.

– Oi. – ela disse sem me dar importância. – Agora vamos, Sarah.

Sarah me olhou como se pedisse permissão. Assenti silenciosamente em resposta. Ela se levantou e seguiu Alysson.

– Pelo menos ela falou “oi” dessa vez. – disse para mim mesmo.

Em todo caso, Alysson não vai poder ficar sem falar comigo por muito tempo. Além de dividirmos a cabana, somos duplas de atividades. Precisa haver comunicação, e ela sabe disso. Por isso, não vou forçar conversa com ela. Lembro que da última vez que eu fiquei um tempo sem falar com ela, conseguimos ter uma breve conversa sem ela tentar me matar.

Depois de terminar o almoço, voltei para minha cabana e fiquei o resto do dia lendo. Não estava com vontade de conversar com ninguém, muito menos de jogar. Não estou com vontade de me mover. Ficar na cama e exercitar apenas o cérebro. Isso sim me parece bom.

...

Acordei um pouco cedo, talvez tão cedo quanto ontem, mas levantei mesmo assim. Amanhã recomeçam as atividades. Estou pensando seriamente em fugir desse acampamento, mas desisto quando Alysson me vem à cabeça. Essa aposta está me deixando louco e, por mais estranho que pareça, cansado e confuso.

Cansado porque meu cérebro e meu corpo não estão acostumados a batalhar tanto por uma garota. Aliás, acho que nunca batalharam nem um pouquinho para conseguir uma garota. Geralmente, elas vem até mim. Não posso negar que isso tudo é muito novo para mim, e estranho... Muito estranho. É como se os papéis estivessem invertidos.

E confuso pelo fato de estar tudo diferente e, como eu disse, invertido. Sarah é um exemplo disso. Se fosse como algum tempo atrás, eu já a teria agarrado há muito tempo. E, provavelmente, hoje nem olharia mais para ela. Mas não. Ao invés disso, ela se tronou minha primeira amiga mulher, o que também é estranho, devo confessar. E Alysson, a única garota que demorou mais que um dia para se encantar comigo, mesmo depois de tudo o que eu já fiz. E não posso deixar de falar de mim. Sim, de mim. Eu me sinto estranho comigo mesmo. Sinto que já não sou exatamente o que era antes. As mudanças aconteceram em alguns detalhes, mas são detalhes que tem grande importância e diferença. Toda essa mudança está mexendo com a minha cabeça, a ponto de, por vezes, ter conflitos internos em relação ao que eu vou dizer e ao que eu vou fazer. E isso é extremamente estressante.

Deixando de lado meu descontentamento, permaneci no quarto até a hora do almoço. Aproveitei esse tempo para arrumar minhas coisas em seus devidos lugares e ler, mas não depois de tomar café da manhã: cerais horríveis que eles nos dão a cada 3 dias exatamente para o café, e maçã, aparentemente, a única coisa comestível por aqui. Quando deu o primeiro horário de almoço, lá fui eu para o “refeitório”.

Quando saí da cabana, ouvi vozes. Parece ser duas pessoas, detrás das cabanas. E não pareciam estar tendo uma conversa muito, digamos, amigável. Eu sei que não devo, e não quero ir ver o que está acontecendo. Já disse e repito: já presenciei, separei e participei de brigas demais pra um acampamento só. Mas a curiosidade é maior, muito maior, do que qualquer atitude racional que eu possa pensar em tomar. Resultado: eu fui verificar o que está acontecendo. Não adianta, eu sempre serei atraído para confusões, mesmo que eu não tenha nada a ver com o assunto.

Antes que pudesse chegar na parte detrás da cabana, as duas pessoas começaram a gritar. É, a discussão está feia. Ao reconhecer uma das vozes me aproximei mais rapidamente. Alysson e Kyle... de novo. Não sei como eles conseguem continuar juntos. Brigam a cada dois segundos.

– Você acha que eu não sei, Alysson? Eu sei que você está me traindo. – Kyle continuou a gritar - Ou você pensa que eu não percebi que você sempre fica na cabana de um garoto?

– Como você pode dizer uma coisa dessas? – Alysson disse indignada.

– Eu sei que isso não é coincidência, Alysson. Você fez alguma coisa, subornou alguém pra ter conseguido ficar na cabana de quem você quis.

– Kyle, para de falar besteira! Eu não... – ela está a ponto de chorar.

– Depois não quer ser chamada de vadia.

É sério, as pessoas tem que parar de chama-la disso. Está ficando repetitivo.

Alysson, por incrível que pareça, não teve nenhuma reação. Eu deveria dar meia volta e ir almoçar, mas algo me diz que eu simplesmente não posso deixar isso do jeito que está. Tenho que interferir. E é o que eu faço: entro no meio dos dois, ficando de frente para Kyle. Não sei bem o que vou fazer, mas já estou fazendo. E sei que isso não deve fazer sentido. De qualquer forma:

– Ainda não aprendeu como tratar as garotas, Kyle? – quebrei o silêncio nada constrangedor.

– Se eu fosse você ficava esperto, Scott. – ignorou minha pergunta - Essa aí não se contenta só com um não. E se calhar, qualquer dia começa a cobrar pelos serviços. – não. Ele não disse isso!

Não sou tão bom quanto a Sarah com as palavras. Não conseguiria feri-lo mais, ou tanto quanto ele fez Alysson sofrer. Então, eu lido com ele do mesmo jeito que eu lido com a maioria das coisas: agressão. Sim, eu dei um soco na cara dele, mesmo não estando afim de brigar.

– Não sabe se defender com palavras? – ele perguntou e não está sorrindo. Sei que o soco doeu, sei que posso acabar com ele, mas não quero fazer isso, de verdade.

– Não achei viável gastar saliva e oxigênio desnecessariamente. – eu disse – Espero que isso tenha servido pra você lembrar da surra que eu te dei da última vez, porque, na próxima, não vai ser lembrança. Vai ser a segunda aula de “como não ser um idiota”. E será tão desagradável quanto a primeira. – dito isto, saí de lá e fui a procura da Alysson, que já saiu daqui há algum tempo. Na verdade, nem percebi que ela havia saído.

Fui procura-la no lugar mais óbvio primeiro: nossa cabana. E parece que eu acertei em cheio. A porta do quarto dela está trancada. Bati na porta e a chamei, mas, como eu imaginei, ela não deu sinal de vida. Bom, amanhã ela vai ter que falar comigo. Não tem como fazermos as atividades sem comunicação. E aí eu tento iniciar uma conversa, contanto que ela não me mate.

Acabei por almoçar no segundo horário de novo, mas dessa vez, sozinho do início ao fim. Nem sinal da Sarar nem da Alysson, nem de ninguém até agora. Depois de almoçar, resolvi ir procurar por Anthony e os outros. Não estou com cabeça para leitura no momento e não tenho mais nada para fazer, já que minha dupla de atividades está em crise, Sarah está na mesma cabana que uma ruiva louca. Então, só me restam eles.

Isso agora me faz perceber que não tenho falado com eles nesses últimos dias. Espero que nada tenha mudado de uma hora para outra, espero que Peter não esteja andando com eles. Não sei se tenho paciência para ouvir as provocações dele. Já tenho coisas demais na cabeça.

Os encontrei jogando uma partida de futebol. Eles são horríveis! Meu Deus, até parece que nunca jogaram isso antes. Eles não tem técnica, nenhum dos dois times. Assistir um jogo assim, é quase como furar os próprios olhos. Mas o tédio é grande.

...

O jogo acabou empatado: 0 x 0. Terrível! A minha sorte é que cheguei no meio do segundo tempo. Não tive que assistir isso por muito tempo. James foi o primeiro a vir falar comigo.

– Falou com a Sarah hoje? – perguntou.

– Oi pra você também, James. – ele revirou os olhos – Não. Não falei com a Sarah. Mas separei uma briga.

– Mais uma? – assenti.

– Alysson e Kyle.

– Esses dois vão se matar qualquer dia desses. – ele comentou.

– Quem vai matar quem? – Anthony perguntou se aproximando junto com os outros.

– O casal sensação. – James respondeu, fazendo-me rir.

– Casal sensação? – perguntei ainda rindo.

– É assim que as garotas estão chamando. – Zac disse.

– Pra mim estão mais para casal de fachada. – ouvi a voz de Sarah. Automaticamente, todos voltaram sua atenção para ela.

Percebi que James ficou meio desconcertado com a chegada dela, mas logo se recompôs aos perceber que Anthony sorriu. Zac e Ross estavam ocupados demais reparando a reação dos dois. Sobrou para mim quebrar o silêncio.

– Foster! Resolveu nos dar o prazer de sua companhia?

– Primeiro: - ela começou – não me chame pelo sobrenome. Só eu posso fazer isso. – piscou para mim, ao passo em que eu ergui ambas as mãos em sinal de rendição – Segundo: o prazer da minha companhia, por agora, será dado apenas a você.

James me olhou pelo canto do olho, confuso, assim como os outros. Eles ainda não sabem que ela está me ajudando com a Alysson.

– Tudo bem, então. Você que manda. – me levantei e a segui, deixando os quatro parados lá, sem dizer uma única palavra – Então? – perguntei quando já estávamos no lago.

– Fiquei sabendo da briga da Alysson com o Kyle que você separou hoje.

– Quem contou? – perguntei.

– Alysson. Quem mais seria? – respondeu como se fosse óbvio.

– Ah... Certo. O que ela disse?

– Que você deu um soco nele, e depois ela saiu correndo.

– É. Resumiu bem. – então ela não ouviu meu pequeno, incrível e ameaçador discurso? Decepcionante.

– Falou com ela? – perguntou esperançosa.

– Como se ela ao menos olhasse para mim. – disse – Aliás, eu deixei de ir almoçar pra defendê-la. Merecia pelo menos um obrigada. – falei indignado. Sarah bufou.

– Por que você simplesmente não agarra ela? Tranca ela dentro do banheiro com você, amarra na cadeira. Faz qualquer coisa, mas separa ela do Kyle o mais rápido que puder. – desespero. Foi o sentimento que pude identificar em sua voz.

– Sarah, ele está fazendo alguma coisa com ela? – perguntei calmamente, embora estivesse prestes a explodir – Se ele a estiver machucando, eu juro por tudo o que é mais sagrado, que ele não sai vivo daqui.

– Sei tanto quanto você: discussões e xingamentos. Não percebi nenhum hematoma nela para acusa-lo de agressão. E ela mal fala comigo esses dias. Lilyan disse que não sabe de nada também. – ela fez uma pausa – Estou preocupada com ela, Scott. Ela ainda acha que isso vai dar certo. Eu tento falar com ela, mas quando a Alysson coloca alguma coisa na cabeça...

– Entendo. Vou ver o que eu posso fazer. Mas ela continuar evitando como está fazendo, vai ficar difícil. Ela tem baixar a guarda um pouco...

– Isso é uma coisa que ela nunca faz.

– Então temos um problema. – assentiu.

– Eu tenho que ir agora. A minha maravilhosa dupla está me esperando. Vamos planejar o dia de amanhã, que será realmente espetacular! – Sarah e suas ironias.

– Boa sorte com isso. – desejei.

– Obrigada. Vou precisar. – despediu-se de mim com um beijo no rosto e foi para a cabana que divide com a Paris.

...

Acordei com a buzina da diretora. Seria uma pena se alguém quebrasse essa coisa na cabeça dela. Fiz minhas higienes matinais e me vesti com uma roupa confortável. Quando fui tomar delicioso café da manhã, percebi que Alysson ainda não acordou. Acordo ela ou não acordo? Acordo. Fui até seu quarto. Por sorte, a porta não está trancada dessa vez. Abro-a lentamente, fazendo com que a mesma rangesse. Xinguei a porta mentalmente por isso. Entrei no quarto, deixando a porta aberta atrás de mim para o caso de eu precisar sair correndo daqui. O quarto dela é exatamente igual ao meu, exceto pela decoração que ela fez no dela. Me surpreendi ao perceber que, meu Deus, não tem rosa em nenhum lugar!

Voltando ao assunto inicial: andei em direção a cama, onde ela dormia tranquilamente. Cara, eu vou apanhar por isso. Eu estou sentindo que eu vou apanhar. Sentei-me na beira da cama. Alysson está deitada de costas para mim. Retirei delicadamente os fios de cabelo que cobriam seu rosto. Tão serena... Nem parece aquela garota que socou o Kyle há alguns dias atrás. Dormindo ela parece tão indefesa, frágil. Tudo o que ela não é.

Concentra-te, Scott!, minha consciência avisou.

Tudo bem. Retirei uma parte do cobertor, deixando o seu ombro a mostra. Respirei fundo, tomei coragem e a chamei:

– Alysson. – disse num sussurro. Tenho medo de gritar e a assustar – Alysson. – a sacudi levemente dessa vez, sem sucesso. Passei meu braço para o outro lado do corpo dela para sustentar meu corpo, que agora está atravessado por cima do dela – Aly! – chamei um pouco mais alto. Ela levantou a cabeça subitamente, batendo com a mesma no meu nariz. Dei um pulo por causa do susto, e acabei caindo da cama.

– Ai! – exclamei enquanto me levantava do chão.

– Scott? O que está fazendo aqui? – perguntou. A educação em pessoa...

– Você tem uma cabecinha bem dura. – comentei, ignorando sua pergunta.

– Machucou muito? – perguntou timidamente, mordendo o lábio inferior em seguida. Agora estávamos os dois sentados na cama.

– Eu sobrevivo. – garanti – Eu vim te acordar. A buzina da diretora já tocou. E, pelo barulho, já deve estar a maioria das pessoas no lago. – Ela arregalou os olhos com as minhas últimas palavras. Saltou da cama e foi em direção ao guarda-roupa. Tirou de lá uma roupa qualquer e, quando foi tirar a blusa, parou e me olhou.

– Que foi? – perguntei.

– Vai ficar aí me vendo trocar de roupa? – perguntou rudemente.

– Ah, sim. Quer dizer, não. Não vou. Eu... – apontei para a porta, me levantei e fiquei a sua espera na sala.

Pelo menos eu não morri.

– Vamos? – ela disse já quase saindo pela porta.

– Não vai tomar café? – perguntei a seguindo. E aí eu me toquei que eu também não tomei café.

– Não. Estou bem.

Quando chegamos lá, a diretora já estava quase acabando de falar. Tivemos que pedir a Sarah que nos explicasse a atividade super divertida do dia. E, adivinhem, vamos fazer uma horta! É sério. Quem inventa essas atividades? Bom, pelo menos não vamos precisar andar por aí procurando coisas, carregando peso... Mas, ainda assim, tem um pouco de trabalho braçal. Mas isso não é problema para mim.

Alysson está preparando a terra, enquanto eu separo as sementes, conforme fomos instruídos. Silêncio... Odeio esse silêncio. Esperei até agora que ela o quebrasse. Como ela não o fez, sobrou para mim:

– Por que tem me evitado? – Legal, Scott. Ótimo jeito de começar um conversa. Idiota...

Ela me olhou meio surpresa. É claro, ela não esperava por isso. Nem eu esperava que dissesse isso.

– Já disse que não estou te evitando. – voltou a atenção novamente para a terra, onde eu já começava a pôr as sementes.

– Sério? Depois de ficar trancada no quarto por não sei quantas horas, não olhar na minha cara nenhuma vez esses últimos dias e fugir dos lugares onde eu estou, você ainda tem coragem de dizer que não está me evitando? – suspirou.

– Antes eu já falava com você. Por que falaria agora? Porque está andando com a Sarah? Sinto lhe dizer, mas eu e Sarah somos pessoas diferentes. Se você fala com uma, não quer dizer que a outra goste da sua presença. – tudo bem. Essa doeu. Ela não olhou para mim em nenhum momento, e não precisou alterar a voz para que eu ficasse sem palavras para rebater.

Ela me desarmou completamente. Não vejo outra saída, senão mudar de assunto.

– Falou com o Kyle depois da discussão? – perguntei, novamente, sem pensar. Eu tenho que começar a filtrar as coisas que eu falo.

– Sim. O rosto dele está melhor, a propósito.

– Hum... – murmurei.

– Enfim, consegui resolver as coisas com ele. Estamos em paz de novo. – e murmurou algo em seguido, o que eu acho ter sido “pelo menos por enquanto”. Espera. Resolveu as coisas com ele? Isso significa que...

– Você voltou com ele?! – quase gritei. Alguns pares de olhos próximos se voltaram para nós.

– Ssshhh... – fez um chiado com o indicador em frente a boca, me repreendendo com o olhar. – Não grita. O mundo não precisa saber.

– De quem está tentando esconder? – ela não respondeu. Apenas abaixou o olhar para a pequena horta e continuou a mexer. Não sei porque perguntei. Eu sei a resposta: Sarah, e provavelmente Lilyan – Por que me contou?

– Saiu sem querer. – justificou-se, ainda olhando para a terra molhada.

– Mesmo? – ela assentiu – Sabe, eu não acho que o Kyle seja muito bom pra você. Quer dizer, olha o que ela já te fez até agora. Ele te humilhou na frente de todo mundo, te ameaçou, te...

– Que saco, Scott! Não dá para vocês pararem de se meter da minha vida?! Eu sei me cuidar, está bem? – dito isto, jogou a pá que tinha em mãos na terra e saiu pisando forte.

– É. Temos um grande problema. – falei para mim mesmo.

Terminei o trabalho sozinho mesmo. Não vou me prejudicar por causa de uma garota mimada e bipolar.

O resto do dia e o dia seguinte foram exatamente iguais: ela não pronunciou uma única palavra. Apenas realizou as atividades da escola, comeu e ficou trancada no quarto. Não posso negar que eu fico preocupado com ela. Quer dizer, sabe-se lá o que ela faz dentro daquela quarto trancado. E, o fato de ela quase não sair do quarto deixa bem claro que ela não tem evitado só a mim, mas a Sarah e a Lilyan também. Mas, por vezes a vi saindo “escondida” da cabana e se encontrando com Kyle. Claro que na maioria das vezes eles acabavam brigando. Ouve-se a gritaria deles de dentro da cabana. Mas eu não ouso me envolver mais nisso. Ela o quer, ela que o tenho. Pelo menos por enquanto... Qualquer coisa, quando sairmos desse acampamento, eu a sequestro e digo que estávamos num encontro e pronto. Ganho a aposta. Contanto que ela não me denuncie nem nada assim.

Hoje, 20º dia de acampamento, é dia de jogo. Meus dias preferidos. Sem atividade, mas com muito exercício. Mas hoje, sinceramente, não estou muito afim de fazer nada. Queria apenas ficar na minha cama o resto do dia, não me levantar nem para comer. Não estou com disposição nem ânimo para nenhum tipo de atividade física ou mental hoje. Quero mais alguns dias de descanso.

Calma, Scott. Só mais 10 dias e o acampamento acaba., lembra minha consciência.

É, tem razão. Mas eu ainda quero ficar na minha cabana... Porém, esse raio desse jogo vale ponto em Educação Física. Então, lá vamos nós para a divisão de times. Claro que, de novo, algumas pessoas não irão participar. Fomos dividis em 4 equipes de 20 pessoas cada. Deu o número certinho. Me espantei ao ver Alysson na equipe verde. Ela saiu da caverna! Não consegui parar de encará-la. Seu olhar encontrou o meu por um momento, mas ela logo virou o rosto com desgosto.

O primeiro jogo foi a equipe Amarela contra a Azul. Eu e Alysson, equipe Vermelha e Verde, respectivamente, vamos competir depois deles. Quero dizer, as pessoas que estão no meu time vão competir. Eu, assim que estrarmos na mata, vou ir até o limite do acampamento e me sentar numa pedra à espera do fim. Todos estarão ocupados demais. Ninguém vai notar a minha falta, muito menos me encontrar onde eu estarei. A maioria tem medo de ir tão fundo na mata. Mas eu já fui lá. Não tem nada de assustador.


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Notas finais do capítulo

Hey, hey. comentem a opinião de vocês, hein.
Logo, logo o próximo capítulo será postado. E, olha, tem uma surpresinha pra vocês no capítulo 18.
Só lembrando: esse capítulo (17) não tem POV extra, ok? Só o 18, que eu ainda estou escrevendo.
Então, até daqui a pouco. Beijos de amora :*



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