Herdeira do Diabo escrita por Lady Winter


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Apenas uma introdução. Espero que goste. Boa leitura.



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7 de março de 1721

Havana, Cuba

Os olhos verdes cintilaram ao se abrir. Descera da cama alta, espreguiçando os braços pálidos com delicadeza. Olhou para a porta do extremo esquerdo de seu quarto, e se permitiu soltar um sorriso fino ao ver o seu banho já preparado. Uma vez em frente a banheira, deixou a camisola longa e de fina seda cair pelo seu corpo bem delineado por Deus. Com facilidade, prendia o cabelo extremamente negro num coque, evitando que o mesmo se molhasse no banho. A água quente aquecia lhe o corpo delicado, desejado por centenas de habitantes de Cuba e por aqueles que passavam por suas terras. Se permitira ficar longos minutos ali, saboreando o momento de paz que raramente possuía. Sendo filha de quem era, deveria ter a liberdade de se permitir longas horas de mimos e de luxúria. Mas não era assim que funcionava.

Suspirou de um modo tristonho, e saiu da banheira. Em poucos minutos estava em seu quarto, cercada de empregadas contratadas pelo pai para realizar todas as vontades da jovem. Soltou um sorriso gentil após finalmente vestida. O vestido era bege, seu corpete marrom escuro, assim como a camada superior da saia. O coque fora ajeitado para um mais formal, como sempre deveria ser, e as sardas leves escondidas de seu rosto. Os lábios avermelhados se delinearam num sorriso quando ela se olhou no espelho, e assentiu para as mulheres que lhe ajudaram a se vestir. Estava pronta para mais um dia sendo filha do Governador.

Alguns minutos e estava sozinha novamente. Deixou a feição cansada aparecer mais uma vez. Era difícil para ela agradar a tudo e todos, mesmo já se tendo passado 19 anos desde seu nascimento, 19 anos desde o fim dos boatos. Os boatos de que sua mãe havia traído seu pai, o grande governador Torres.

Ela não tinha culpa. Mas aquele fato, aquele pequeno fato simplório, negado pela mãe até sua morte – que ocorreu poucos anos depois do nascimento da filha por causas desconhecidas, sendo seu corpo nunca encontrado – ainda perturbava a morena com todas as forças. Ela sentia uma necessidade de ser um ícone, um exemplo, de ser a filha perfeita.

Estalou o pescoço suavemente. Virou-se para frente de sua cama, agora arrumada, e respirou fundo. Abaixou o corpo, ajoelhando cuidadosamente no chão, e tirando, de baixo da cama, uma caixa de madeira avermelhada, presa com um cadeado prateado. Abriu a gaveta, retirou de lá um diário, e, do meio de suas folhas amareladas, a chave. Colocou delicadamente na fechadura, dando um giro longo e se deliciando com o barulho do “clique” feito quando a caixa se viu aberta.

O sorriso fora instantâneo. Da caixa, retirou o par de lâminas ocultas guardadas com todo o velo por ela. Eram como um amuleto, algo que lhe lembrava de sua mãe. Fora a única coisa que lhe restara, afinal. Colocou as lâminas com cuidado, e cobriu a parte superior com suas luvas médias de couro. Respirara fundo mais uma vez, puxando, de dentro da caixa, uma adaga de comprimento médio. No seu pomo, um símbolo que ela nunca soubera identificar. Na sua lâmina, algo cravado em miúdas letras em francês. “Croyez en la foi.” Colocara-a cuidadosamente na sua liga de perna, na coxa esquerda, de modo que ficara completamente encaixada. Empurrou a caixa novamente para debaixo da cama e levantou, voltando a se olhar no espelho, e, dessa vez, sorriu de modo completo. Agora sim, se sentia vestida.

Esse pequeno ritual começara quando completou seus 16 anos. Mas creio que levarei um tempo considerável explicando tudo isso para vocês.

Por hora, saibam que esta é Olivia Anabella de Torres y Ayala. E é sobre ela que iremos conversar.


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Notas finais do capítulo

Não sei se irei continuar essa história. Por hora, espero que tenham gostado!



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