A menina no bosque escrita por Silva chan


Capítulo 7
Mudança de planos




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''A arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade.''

– Pablo Picasso

– Hinata? Eu tenho uma má notícia para te dar.

– Sim, papai.

– O senhor Uchiha... Ele... - Uma pausa longa seguida por um suspiro foi feita pelo homem.- Morreu.

A menina deixou-se escorregar até o chão. Algumas lágrimas começaram a rolar por seu rosto delicado. Por fora havia uma garota desolada por perder o homem com que se casaria. Olhos vidrados e lágrimas rolando. Uma cena comovente de se ver. Internamente a menina apenas pensava em quais seriam seus próximos passos. Ela já sabia que ele ia morrer desde que vira a mão tremendo e o chá com reflexos rosados sendo que os dos outros tinham um tom bordô. Ele fora envenenado com uma das ervas que ela adorava cultivar. Havia sido enganada por aquele homem e ele fora enganado por outros homens.

– E no fim o homem é o lobo do próprio homem, como dizia Thomas Hobbes.- ela murmurou.

Começou a andar sem rumo pela casa. A mente longe. Deixando seus pés guia-la sem ter direção exata. Fez isso até que o dia caísse no horizonte e as estrelas se apossassem do céu. Estava esperando pelo que sabia que viria. O próximo passo do jogo.

– Hinata.

– Sim, papai?

– Me acompanhe.

– Sim, senhor.

Eles andaram até chegarem na biblioteca. A garota perguntou o que o mais velho desejava e observou-o se sentar na poltrona.

– Sobre seu casamento... Vai se casar com o senhor Hatake.

– Desculpe?

Ela se fez de assustada. Deu alguns passos para trás. De fato o segundo passo, a segunda rodada daquele jogo havia sido mais cedo do que ela esperava, mas não chegou a assusta-la como fez aparentar.

– Foi o ultimo pedido de Itachi. Quando cheguei no distrito ele já estava morrendo. Me chamou para falarmos as sós e me fez prometer que a senhorita se casará com o senhor Kakashi. Assim como me fez prometer que lhe entregaria algumas coisas dois dias depois do casamento.

– Isso não faz sentido.

– Ele te amava. Não aceitaria te ver casada com qualquer um. Só aceitava te deixar nas mãos do amigo.

Ela analisou o rosto do pai por um momento. Ao não encontrar nenhuma indicação que ele mentia, suspirou resignada.

– Eu o farei papai.

– Ótimo. Se casará em uma semana. Ja contratei uma costureira para fazer teu vestido. O Sr. Kakashi já sabe que és dele agora e comunicou que até sexta a reforma em sua casa termina. Portanto até lá suas coisas permanecem aqui.

– Obrigada por me contar ainda hoje, assim posso me preparar. Irei descansar agora. Boa noite -ela fez uma leve reverencia e se retirou.

Foi direto para a cama e se dedicou a mais uma noite de insonia. Por volta da quarta hora do novo dia, ela acendeu uma vela, pegou papel e carvão e pôs-se a desenhar sem sequer olhar direito as formas que surgiam. O sol nascera e ela não cessara. Mesmo que suas mãos já doessem e seus olhos pesassem, que vários papeis já estivessem totalmente preenchidos, ela se recusava a parar. Só o fez quando a empregada a anunciou que o desjejum estava pronto. Agradeceu e disse que se sentia indisposta, pedindo desculpas por não descer. Respirou fundo e foi olhando cada desenho feito. Em muitos Itachi estava retratado. Sempre em posições que ela se lembrava de ter observado-o longamente. Os cabelos negros da cor das penas de um corvo caindo até os ombros. Os olhos ônix fitando-a intensamente. A pele branca e as fundas olheiras.

– Itachi... Ha algo muito estranho acontecendo.

Ela olhou ao redor e começou a vasculhar suas coisas a procura de um objeto. Achou o diário em branco na penteadeira e correu ate a porta trancando-a Mesmo com o pulso doendo ela começou a escrever tudo que se lembrava. Desde o dia que vira o Hatake pela primeira vez durante o banho. Sua mão corria pelas páginas tingindo-as de tinta. Deixava as letras nascerem e contrastarem com a superfície bege do diário velho. Só parou ao relatar os motivos de estar escrevendo na manha fria.

Pegou uma caixa e escondeu o diário nela, trancou-a e escondeu a chave. Logo foi chamada para almoçar e desceu. Enquanto comia era informada sobre seu dia cheio. Teria que decidir como seria o vestido, o enxoval, quem chamaria para a cerimonia. Ouvia tudo fingindo estar ao menos interessada no assunto. Por volta das cinco da tarde ela já estava exausta e irritada por ter sido espetada por varias agulhas, terem puxado seu cabelo para criarem penteados e a forçado a ouvir ladainhas intermináveis sobre a noite de nupcias. Ganhou autorização para visitar o Sr. Obito no outro dia as sete da manhã e estava ansiosa com este linha de pensamento foi interrompida ao avistar um homem de cabelos cor de limão vindo em sua direção. Ele a cumprimentou e pediu para as outras mulheres os deixarem as sós. Assim que elas partiram ele se sentou ao lado dela e sorriu convencido.

– Eu lhe disse que seria minha.

– Na realidade, eu pertenceria ao Sr. Itachi se ele não tivesse morrido.

– Tarde demais, não acha? Ele desejava passar o ultimo ano de sua vida ao seu lado, mas voce não aceitou se casar com ele ao receber o primeiro, o segundo ou todos os outros pedidos de casamento vindos dele.

Ela o encarou com uma sobrancelha erguida em uma pergunta muda.

– Ele estava doente, muito doente e acabou por se descobrir apaixonado por ti. Até onde sei, desde que tinhas 7 anos completos, no teu aniversario. Por isso insistiu tanto em casar contigo. Ele te queria mais que tudo, mas não podia contar sobre a doença, pois não desejava que se casasse com ele por pena.

– Sinto muito. Eu não sabia o que responder até ontem e agora cá estou noiva de ti.

– Sinto ter sido forçada a isso, mas não posso dizer que sinto-me triste por te-la como esposa.

– Bom saber que não és um mentiroso.

– Tomarei como um elogio.

– Podemos fazer um acordo?

– La vem a senhorita e seus acordos. Não, eu não vou desistir de me casar com a senhorita.

– Não é sobre isso.

– Então o que é?

– Quero que me conte a historia da sua antiga noiva por inteiro. Quero saber tudo sobre a senhorita Rin.

– Não sei quem te contou sobre Rin, nem o quanto sabes, mas se é um acordo, o que ganho em troca?

– Decido se me caso ou não com o senhor.

– Não tens mais tal opção.

– Ah, não? Isso quer dizer que se casaria comigo mesmo que eu fosse um cadáver? Sabe que eu ainda posso escolher entre a vida e a morte. Se me contas eu me caso, se não me contas eu me mato. E o senhor sabe que não sou o tipo de mulher que teme a morte.

Ele ficou tenso e a encarou assustado por alguns segundos. Ele sabia que ela não estava mentindo.

– Se eu conto a senhorita casa comigo, se não conto cometerá suicídio?

– Exatamente.

–Assim que eu terminar de contar não há mais volta, se tornará minha mulher e não poderá me deixar ou cometer suicídio.

– Eu sei disso.

– Então temos um trato.

– Tens até a tarde de nosso casamento para contar tudo. Seu prazo expira quando faltar duas horas para nos casarmos oficialmente.

– Então creio que começarei agora, mas contarei da minha forma e não da convencional.


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Notas finais do capítulo

Me avisem se encontrarem algum erro de português no texto, por favor.
Obrigada à todos que estão acompanhando a fanfic. ^^



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