Alice entrou nos terrenos do castelo e se escondeu atrás de um arbusto. Ali era possível ver um aglomerado de pessoas em volta de uma garota com uma cabeça simplesmente imensa. A ruiva de cabeça grande estava jogando golfe com animais e lançou um porco-espinho na direção da pequenina Alice, que desviou e logo foi soltar o pobre animal. Já tendo conseguido, se virou e deu de cara com Mactwisp.

– Ora, ora. – O Coelho Branco falou. – Se não é a Alice errada.

– Eu vim resgatar o Chapeleiro. – A loira respondeu.

– Não vai resgatar ninguém estando do tamanho de um germe. – Mactwisp explicou.

– Você tem mais daquele bolo que me fez crescer antes? – A loira arqueou uma sobrancelha.

– Talvez ainda tenha um pouco. – O Coelho remexeu nos bolsos da roupa que usava e retirou de lá um bolinho com cobertura branca, a qual Alice deu duas mordidas quando lhe foi entregue. – Não coma tudo! – Mactwisp se alarmou ao ver Alice começando a crescer. – Beba isso, rápido! – Entregou um frasco com uma poção verde que a loira não tardou em beber enquanto crescia.

Quando finalmente parou de crescer, Alice pôde ver que todos estavam olhando para ela.

– O que é isso? – A ruiva de cabeça grande questionou.

– Não é um “o que”. – Mactwisp corrigiu. – “Quem”, majestade. – Foi então que Alice soube que aquela era a Rainha Vermelha.

– Qual o seu nome? – A Rainha Vermelha perguntou, centrando sua atenção em Alice.

– Essa é... – O Coelho Branco estava ficando nervoso. - ... Hum...

– Hum? – A ruiva se virou para Alice.

– De Umbradge. – Ela sorriu torto.

– O que houve com suas roupas? – A Rainha Vermelha questionou, uma vez que as roupas de Alice haviam rasgado por conta de seu novo tamanho.

Alice logo inventou uma história convincente que a ruiva acreditou. Ninguém podia negar que a loira sempre fora muito boa com esse tipo de coisa.

– Minha querida. – A Rainha Vermelha disse assim que ela terminou de falar. – Qualquer um com uma cabeça tão grande é bem-vinda em minha corte. – Virou-se para os outros. – Providenciem roupas para ela. Usem as cortinas se precisarem, mas vistam essa menina enorme.

Logo, ela saiu e os outros foram com ela, sobrando apenas Alice e Mactwisp ali. O Coelho estendeu um espelho a ela, que imediatamente pegou e se olhou, percebendo com surpresa que estava completamente diferente. Os cabelos antes loiros e ondulados estavam negros e lisos, os olhos azuis estavam verdes e a pele parecia ainda mais branca.

– Poção Polissuco. – O Coelho Branco explicou. – Essa foi feita pela Rainha Branca, então tem um efeito melhor do que as demais. Você tem 48 horas no máximo antes que sua aparência volte ao normal e eles te reconheçam.

– O que acontece se eles me reconhecerem? – Alice perguntou.

– Você não quer saber. – Mactwisp respondeu e logo saiu dali.

–

Depois de vestida, Alice seguiu a Rainha Vermelha até o que parecia ser a sala do trono. A ruiva sentou-se no trono vermelho e dourado e Alice sentou-se num banco segurando por pequenos macacos.

– Vão embora. – A ruiva ordenou aos demais súditos, que logo se retiraram. Olhou em volta e se virou para Alice. – Onde estão meus gorduchinhos? Você precisa conhecê-los. Gorduchinhos! – Gritou e logo os gêmeos que estiveram antes com Alice apareceram. – Lá estão eles. Não são umas gracinhas? Falam de um jeito engraçado. Falem, garotos.

Sem reconhecer Alice, os dois começaram a discutir entre si, gerando risadas por parte da ruiva, que logo os mandou embora. Então, Stayne apareceu e beijou a mão da Rainha Vermelha, porém também notou a presença de “Hum” ali.

– Quem é está criatura adorável? – O Valete questionou, olhando para a ruiva agora morena.

– Hum, minha nova favorita. – A Rainha Vermelha respondeu.

– Ela tem nome? – Stayne perguntou sem entender.

– Hum. – A ruiva repetiu.

– Acho que a Rainha esqueceu o seu nome. – Stayne sorriu.

– O nome dela é Hum, idiota! – A ruiva gritou com impaciência.

– De Umbradge. – Alice completou.

Stayne logo ficou ereto ao lado do trono da Rainha e a ruiva se virou para ele.

– Alguma sorte com o prisioneiro? – Ela perguntou.

– Ele é teimoso. – Stayne respondeu.

– Ou você é bonzinho. – A ruiva corrigiu. – Tragam-no!

As portas foram abertas e os guardas-cartas trouxeram Hatter acorrentado. O ruivo se ajoelhou a contragosto na frente da Rainha Vermelha.

– Sabemos que Alice retornou a Wonderland. – Ela declarou. – Você sabe onde ela está?

– Eu tenho considerado coisas que começam com a letra “M”. – O Chapeleiro respondeu, enrolando. – Maldade. Maníaca. Meretriz...

– Estamos procurando uma com a letra “A”. – A ruiva retrucou. – Onde está Alice?

– Que adorável. – Hatter sorriu. – Eu não saberia dizer.

– Se eu cortasse sua cabeça você saberia? – Ela pegou a varinha que Stayne lhe estendeu, mas o ruivo riu. – Pare. – Ela ordenou e ele se calou.

– Que cabeça lamentavelmente grande vossa majestade tem. – Hatter falou. – Eu gostaria muito de lhe fazer um chapéu.

– Chapéu? – A ruiva arqueou uma sobrancelha.

– Sim. – Hatter se levantou. – Eu costumava fazer chapéus para a Rainha Branca em meu tempo livre da escola. Ela não me dava muito trabalho. Tem uma cabeça tão pequena.

– Minha irmã. – A Rainha Vermelha disse com um nojo perceptível. – Miniatura de Cabeça.

Com alguns argumentos malucos, Hatter convenceu Iracebeth a soltá-lo para que ele fizesse seus chapéus.

–

Bayard correu o mais rápido que conseguiu e logo alcançou Marmoreal. Mirana estava com Elsa, Anna e Soluço andando pelo castelo, uma vez que os outros cinco haviam saído.

– Como estão indo todos? – Mirana questionou, olhando para Elsa, uma vez que a loira acabara de voltar de uma vila próxima ao Castelo Branco.

– Todos lhe adoram. – Elsa sorriu.

– Isso não é novidade. – Anna revirou os olhos e todos riram.

Só foram interrompidos quando Mirana avistou Bayard chegando e correu até ele, porém ainda mantendo sua invejável elegância. Os demais a seguiram e permaneceram de pé atrás da Rainha Branca quando esta se abaixou ao lado do cansado Sabujo.

– Alice voltou a Wonderland. – Bayard disse.

– Mas onde ela está agora? – Soluço se pronunciou, expressando preocupação.

– Em Salazen. – Bayard respondeu e olhou para Mirana. – Me desculpe. Eu permiti que ela se desviasse do destino.

Mirana respirou fundo, procurando esconder todo seu pavor, afinal sua melhor amiga estava no Reino de Iracebeth.

– Mas é exatamente lá que ela encontrará a Espada Vorpal. – Mirana sorriu de leve, tentando parecer otimista. – Wonderland tem sua campeã.

– E você tem sua amiga de volta. – Anna falou.

– Eu duvido. – Mirana suspirou pesadamente e se virou para Bayard. – Agora descanse e não se preocupe. Tudo vai dar certo. – Ela disse como se ela mesma tentasse se convencer daquilo.