Perdidos escrita por Mariii


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

;)



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– Molly

Nossa, meu corpo doía. Eu devia levar a sério a prática de exercícios físicos, talvez eles tivessem me ajudado agora. Definitivamente Sherlock tinha muitas habilidades que não envolviam só desvendar crimes. Ninguém nunca tinha me alertado sobre isso.

Depois de ter meu banho interrompido por ele, é claro que nós demoramos além do previsto, mas conseguimos chegar até a cozinha. Nós comemos com certa voracidade, estávamos famintos. Por que será?

– Você podia fazer outro bolo de chocolate, Molly.

Ah! O bolo! A sugestão me pegou um pouco de surpresa, mas aceito, entusiasmada, porque ideias já passam pela minha cabeça. E então, enquanto me dedico a isso, Sherlock fica ali sentado, me observando sem falar nada. Talvez se isso acontecesse antes, me incomodaria. Mas agora gosto de tê-lo por perto o tempo todo. É confortável. É como se já tivéssemos uma vida nossa, uma rotina.

Eu coloco o bolo no forno e nós vamos para a sala. Ficamos no sofá trocando beijos e carinhos. Vejo uma marca no pescoço dele causada por mim e sorrio, passando os dedos por seus pulsos, onde eu o tinha amarrado. Podiam ter me avisado sobre como ficar sozinha com Sherlock era perigoso. Deixava a gente meio fora de si.

– Você ainda está incomodada por ficar aqui? - Ele me pergunta com uma expressão curiosa.

– Eu me preocupo porque uma hora os nossos mantimentos vão começar a acabar. E vamos enlouquecer daqui uns tempos, mesmo que agora estarmos sozinho seja perfeito. Você sabe disso também. – Sou sincera nesse ponto. Nós cansaríamos uma hora. Mesmo que demorassem anos.

– Sim... Mas acho que se nosso sumiço não estivesse previsto, Mycroft já teria nos achado.

Isso era algo que eu ainda não tinha pensado, mas fazia sentido. Se nós estivéssemos sumidos, Mycroft teria todas as condições de realizar uma busca incansável e nos encontraria em menos de dois dias. O que faz com que a gente volte para aquela questão de que viajamos até aqui porque quisemos.

– Talvez você tenha razão. Mas você acredita mesmo que nós viemos para cá juntos?

– Não sei. Mas nós nos acertamos relativamente rápido e estamos nos dando tão bem que talvez estivéssemos namorando antes. Talvez em algum momento nós tenhamos ficado juntos em Londres.

– Talvez...

– Você não acredita nessa possibilidade? – Ele me olha um pouco magoado, mas a compreensão não demora a aparecer. - Ah... Já sei... É difícil acreditar quando eu era um idiota o tempo inteiro e a última lembrança é de uma discussão nossa, certo?

Eu dou risada. A descrição não podia ser melhor. Faço que sim com a cabeça. Estou sentada com as pernas sobre ele no sofá e ele me faz cócegas, eu rio ainda mais.

Não consigo imaginar que nós já tenhamos vivido tudo isso em algum momento. Sherlock mal parecia me enxergar. Não consigo imaginar em que momento a aproximação poderia ter ocorrido. Ele me puxa e me abraça, beijando meu rosto.

– De qualquer forma, não importa agora. Nós pensaremos em alguma forma de sair daqui se ninguém aparecer nos próximos dias. E acharemos uma forma de voltar com frequência.

Eu dou uma pequena gargalhada e o beijo. Se aparecesse uma estrada ligando essa ilha a Londres, eu não sei se atravessaria por ela tão cedo.

Levanto-me para tirar o bolo do forno, tomando cuidado para não me queimar dessa vez, deixo-o esfriando e corro de volta para os braços de Sherlock. Só mesmo ele para fazer com que me afaste de chocolate.

Nós conversamos por um longo tempo. Ok, mais nos agarramos que conversamos, mas ficamos juntos e ele me conta mais sobre sua infância e adolescência. Eu gostava tanto de ouvi-lo falar e a intimidade que crescia entre nós me deixava em êxtase.

Quando levantei para finalizar o bolo, ele me seguiu até a cozinha. Sherlock era pior que eu pra ser atraído por chocolate. Pelo menos era isso que eu pensava, até ele me surpreender de novo.

Coloquei o bolo sobre a mesa e peguei um pedaço. Juro! Juro que tentei não melecar os dedos de novo. Tomei o máximo de cuidado que podia. Mentira, eu fiz de propósito, já tinha planejado isso desde que ele sugeriu o bolo. Mas, fingiremos que não teve jeito e o chocolate escorreu por meus dedos. Olhei para Sherlock, que é claro, estava com os olhos fixos em mim. Eu sorri e, ainda com os olhos nele, me preparei para começar a lamber meus dedos novamente. Foi então que ele segurou minha mão e me pegou totalmente de surpresa ao começar limpar o chocolate de meus dedos. Com a boca.

Puta que o pariu. Não morri até agora, não sei como. Só sei que dessa vez eu não passo. Já sinto minha alma se separando do meu corpo. Os olhos dele me encaram. Deus, vou me desfazer aqui mesmo, no meio de uma cozinha sabe-se lá em qual oceano. Começo a me retorcer, deve ser a alma deixando meu corpo... Ou não.

Minha boca se abre sem que eu perceba. Estou em choque, estou morrendo, estou amando. E o pior, estou fervendo. Ele acaba de limpar meus dedos e me olha com satisfação, ainda segurando minha mão entre as suas.

Eu me sinto petrificada, apoio minha outra mão na mesa e esbarro no prato com bolo. Bolo. Melequei meus dedos sem dó e passei em seu rosto. Olhei alguns segundos para um Sherlock perplexo antes de partir para limpar a sujeira que fiz.

Ele mal deixou que eu terminasse e me agarrou pela cintura, colocando-me sentada na mesa.

– Você não vai querer fazer isso aqui, vai?

– E por que não faria?

– Porque estamos na cozinha.

– E o que as pessoas fazem numa cozinha?

– Idiota!

Sherlock me passa ainda mais chocolate e eu começo a rir. Em poucos minutos estamos com mais chocolate que o bolo. E nós rimos enquanto nos despimos das nossas roupas e nos sujamos ainda mais. Meu último pensamento consciente é torcer para que essa mesa seja forte o suficiente. Então Sherlock começa a tirar o chocolate de mim e eu me esqueço de tudo.


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Notas finais do capítulo

Já volto! :D