Perdidos escrita por Mariii


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Podem continuar escudando Say Something... hahahahah... Vai tocar outra música, mas vou avisar quando... :P



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– Sherlock

Esse é o terceiro dia desde que fiquei mal. Já estou melhor e não aguento mais comer sopa. A única parte boa de tudo que passei é que eu pude me aproveitar de Molly em alguns momentos...

Não sei a quem estou tentando enganar, tê-la por perto foi a única coisa que me manteve são o suficiente. Tocá-la e abraçá-la agora era uma necessidade e não algo que eu fazia por alguma razão específica. Eu só precisava disso e ponto.

Passei por momentos complicados. No primeiro dia eu sentia tanto frio que achei que tivesse acordado no Alasca da mesma forma que acordei nessa ilha. Vi, mais ou menos, os olhos preocupados de Molly fixos em mim. Ela me trouxe água e eu percebi que estava sedento e suava.

Olhei para ela e vi o medo em seus olhos. Eu sabia que Molly gostava de mim e também sabia que ela não podia ficar sozinha nessa ilha. Segurei sua mão e prometi que não morreria. Mas, para falar a verdade, também fiquei com medo de que isso ocorresse...

Nós passamos horas na cama. Para mim, tudo não passou de momentos borrados. Eu mais dormia do que qualquer coisa. Sentia, às vezes, a mão de Molly em minha testa e pescoço, e as compressas que ela fazia. Por vezes ela me acordava delicadamente para comer ou beber água.

Ela sentia-se péssima por ser médica e não conseguir me curar, eu pude perceber isso. Não queria que ela se sentisse assim, me sentia mal por isso. Molly estava desesperada quando pensou no banho de imersão. Acho que foi aí que nosso relacionamento deu uma alavancada. Primeiro porque tive que ficar praticamente nu na frente dela. E depois... Eu não queria mesmo ficar sozinho. Achei até que ela fosse negar meu pedido inusitado, mas ela aceitou. Molly sempre me surpreende. E foi sua vez de quase ficar nua na minha frente.

Eu poderia dizer que o que me curou não foi o remédio, a sopa, a água, o banho, nem nada disso. Foram os momentos em que ela passou fazendo carinhos em meus cabelos enquanto minha febre resistia e quando enlaçava os braços por sobre meus ombros.

Céus... Por que ela tinha que me pedir, com aquela voz chorosa, para não deixá-la sozinha? Nunca quis me curar tanto de algo quanto naquela hora. Soube, naquele momento, que não poderia deixar que nada me abatesse enquanto estivéssemos ali.

Curiosamente, a febre cedeu.

Molly se juntou a mim quando fomos dormir. Não era mais uma opção dormirmos separados.

–-- --- ---

Escuto seus passos vindos do banheiro. Ela encheu novamente a banheira. Eu não tenho mais febre desde ontem, mas nós continuamos com o ritual da banheira como se eu ainda estivesse com a febre nas alturas. Fingimos não nos lembrar do detalhe que estou quase totalmente curado.

Ela vem até mim e me puxa pela mão. Seguimos o mesmo roteiro de todos esses dias. Chegamos ao banheiro, tiramos nossas roupas, ficamos somente com as peças íntimas e entramos na banheira. Agora que já consigo me manter sentado sem quase desmaiar a qualquer momento, ela senta-se na minha frente. Entrelaçamos nossos dedos e ficamos assim, com a cabeça dela apoiada em meu peito. Às vezes ela faz carinhos em minhas mãos, às vezes eu brinco com os cabelos dela.

Nosso relacionamento deu uma evoluída para algum nível anormal não identificado. Percebo seu ar faltar às vezes e sinto seu corpo estremecer junto ao meu quando toco sua pele. E sei que ela percebe o quanto a quero.

Pessoas normais estranhariam, sem dúvida. Mas nós só estávamos deixando as coisas seguirem.

Preciso assumir que ainda pensava que as coisas não poderiam passar disso. Eu já tinha ido muito mais além de qualquer limite que havia imposto. Não sei o que essa ilha fez comigo, não sei o que Molly fez comigo, mas algo muito profundo mudou. E isso me assustava. Eu, que renegava esses tipos de contatos físicos agora estava totalmente entregue. Mas ainda tínhamos uma vida real além daqui, eu acho.

De repente eu não queria me importar com mais nada que existisse fora dessa ilha. Acho que eu estive doente esse tempo todo e ainda continuo. Talvez alguma doença que começasse com a letra A.

– Nós vamos comemorar minha recuperação?

– Comemorar? Como?

– Não sei. Nós podíamos utilizar aquela tenda e “jantar fora”.

Ela ri. Isso me arrepia.

– Vamos nos arrumar e fazer toda uma cena?

– Sim. E podemos levar vinho.

– Você mal se recuperou e quer beber?

– Não estou tomando remédios, que diferença faz?

Ela parece pensar por um momento, mas sei que não vai negar.

– Vamos amanhã. Assim terei tempo de fazer algo para comermos e pensar em que roupa usar, porque são muitas opções de vestidos curtos.

É a minha vez de rir. Sabia muito bem sobre esses vestidos.

–-- --- ---

Molly passou o dia seguinte indo e vindo da tenda, provavelmente arrumando algo. Quase não a vi e isso me incomodou um pouco. Muito.

Mal pude esperar para que a noite chegasse. O que estava acontecendo comigo? Primeiro tudo isso com Molly, depois eu sugerindo festa e agora eu querendo que chegasse logo. Devia ter sofrido alguma lobotomia.

Quando o sol se pôs, Molly fez com que eu me arrumasse antes dela e aguardasse na sala. Também, não tinha muita coisa para arrumar. A única coisa que mudou foi que achei uma calça jeans e decidi usá-la para nossa festa, de resto continuei com uma das camisetas brancas habituais.

Pareceu uma eternidade. Será que todas as mulheres demoram assim para se arrumar? Mas quando ela finalmente saiu do quarto, parecendo meio tímida em um vestido coral com finas alças sobre seu ombro, eu achei que tudo tinha valido a pena. Logo senti minhas mãos formigarem por estar longe dela. Malditos imãs!

Ela foi até a cozinha e me chamou para que abrisse uma garrafa de vinho. Saímos pela porta de mãos dadas e dividindo o vinho. Quem precisa de taças?

Chegamos à tenda e percebi que Molly tinha arrumado algumas coisas e dado um toque peculiar com algumas flores e almofadas. Também havia um Ipod. Não demorou muito para que ela colocasse músicas para tocar.

Nós nos sentamos no sofá e ficamos ali juntos, abraçados. Nossa definição de festa. A primeira garrafa de vinho chegou rapidamente a menos da metade. Uma música com uma letra peculiar começou a tocar e Molly começou a acompanhá-la, fazendo uma performance engraçada que me fez rir. Ela parecia divertir-se, até que não aguentou e levantou, começando a dançar. Não me olhava, só aproveitava a música enquanto cantava junto. Eu comecei a me sentir quente de novo, e aqui nem ar condicionado tinha para que eu culpasse alguém.

Ela saiu da tenda, encarando o mar e dançando. Será que ela tinha noção de quão sensual era?

Via-a se balançar ao ritmo da música. A prova de que eu não era o único maluco entre nós, é que ela se divertia com o refrão. Eu me lembraria dessa música para sempre.

All the other kids with the pumped up kicks

You'd better run, better run, outrun my gun

A música acabou e ela parou de dançar, para a minha decepção. Ela continuou ali, parada, de costas para mim. Havia um pouco de vento que fazia seus cabelos balançarem. Gostaria de eternizar essa imagem. Nunca a achei tão linda.

De repente me sinto cansado. Cansado de seguir um monte de regras que foram estabelecidas sei lá quando e que definitivamente não estão se encaixando na minha vida atual. Cansado de esconder o que sinto. Cansado de pensar mil vezes antes de fazer qualquer coisa. Cansado de seguir caminhos solitários. Cansado de não arriscar porque um dia posso sofrer consequências.

E então eu decido. Eu só quero que tudo fora dessa ilha exploda.


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Notas finais do capítulo

So?
Aguardando reviews... hahahaha