Perdidos escrita por Mariii


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Saudades?

A partir desse capítulo acho que escrevi todos ouvindo alguma música.

Se quiserem um clima a mais, sugiro: https://www.youtube.com/watch?v=-2U0Ivkn2Ds

;)



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– Molly

Sherlock realmente me surpreendeu quando começou a falar sobre sua infância. Eu não esperava e, é claro, me emocionei embora ele tivesse falado pouco sobre. Sentia vontade de agarrá-lo ali mesmo e foi só por isso que decidi entrar. Não sabia quantos segundos mais conseguiria me segurar. Provavelmente poucos.

Não resisti em bagunçar seus cabelos quando passei por ele. Alguém resistiria? Eu achava que estava sendo até bem resistente, levando em conta todas as circunstâncias.

Até aquele momento. Porque Sherlock destruiu algumas das minhas defesas quando deitou com a cabeça em meu colo. Se alguém me perguntar do que o filme que assistimos se tratava, juro que não me lembro de exatamente nada. Inclusive os créditos passaram sem que eu percebesse.

Sherlock me abraçou de novo durante a noite quando percebeu que eu estava com dificuldades para dormir. Eu esperava que não fosse impressão minha ou algum delírio, mas parecia que alguma coisa estava crescendo entre nós dois. Algo que podia ter a ver com a carência por estarmos sozinho na ilha ou não. Não queria me iludir com isso, mas estava ficando cada vez mais difícil não imaginar coisas.

Foi depois dessa noite que ele caiu doente.

Acordamos na manhã seguinte e Sherlock estava fervendo. Antes fosse no bom sentido. Ele suava e sua pele ardia em febre.

Me ergui num pulo e o chamei. Ele estava sonolento, muito mais que o normal, mas abriu os olhos e me encarou. Sua boca estava seca. Eu o deixei por um minuto e corri para a cozinha para pegar água para ele. Ajudei-o a sentar e ele bebeu com alguma dificuldade.

– Sente mais alguma coisa?

– Não. Só uma moleza enorme e frio.

Droga. Pior do que a febre era não saber de onde ela vinha.

Revirei os armários da casa e achei um antitérmico. Fiz com que ele tomasse e preparei algumas compressas. A febre estava muito alta, precisava baixar. Custe o que custar.

Um medo se apoderou de mim. Era insensato, levando em conta que ele estava só algumas horas com febre, mas não pude evitar. E se ele morresse? Além de tudo que eu sentiria, como ficaria sozinha nessa ilha? Eu não podia perder Sherlock, por inúmeros motivos. Nunca me recuperaria.

Percebi que ele viu nos meus olhos, enquanto eu colocava a compressa sobre sua face, o medo que eu sentia. Procurou minha mão e a segurou.

– Não vou morrer, Molly.

Sua voz estava fraca e não sei se o que ele disse piorou ou melhorou meu medo. Só pude assentir. Faltavam-me palavras.

Ele se levantou com dificuldades para ir ao banheiro e meu coração se apertou ao observá-lo assim, debilitado. O que eu iria fazer? Eu precisava saber o que fazer. Sentia-me de mãos atadas.

Peguei meu livro e nós ficamos horas deitados na cama. Eu checava a febre dele de tempos em tempos e ele cochilava. Não conseguia me concentrar na leitura. A febre não cedia. Eu o acordava a cada pouco para que ele bebesse água, precisava mantê-lo hidratado.

O único momento em que o deixei sozinho foi para preparar uma sopa. E mesmo assim fiz visitar regulares ao quarto. Sentia o medo correr por todo meu corpo, me consumindo.

Levei a sopa para o quarto, e ele comeu com dificuldade. Eu era médica e tudo o mais, mas agora eu sentia que tudo que estudei não estava servindo para nada. Não tinha nenhum remédio que pudesse ser útil, exceto o antitérmico que ele já tinha tomado. Ficamos juntos o resto do dia e quando a noite chegou, eu estava ficando realmente em pânico. A febre não tinha abaixado praticamente nada.

– Sherlock, nós precisamos abaixar sua febre de qualquer jeito.

Ele me olhou com cara de “o que você quer que eu faça?”. Tive uma ideia e fui até o banheiro. Coloquei a banheira para encher com água morna para um banho. Alguma coisa teria que funcionar.

Quando já havia água o suficiente eu o ajudei a chegar até o banheiro. Ele ergueu as sobrancelhas quando começou a tirar as roupas. Ainda bem que ele teve o bom senso não tirar tudo.

Sherlock segurou meu braço, vi pequenas gotas de suor em sua testa e ele parecia pálido. Eu não queria vê-lo assim.

– Entre comigo, Molly.

Era só o que me faltava. Olhei para os lados, indecisa. Minha lingerie rosa ia fazer um sucesso danado por aqui. Como podia dizer não? Pelo bem da medicina (e só por isso, que fique claro) decidi fazer o que ele me pedia.

Enquanto ele entrava na banheira, despi meu vestido. Entrei atrás dele e deixei que ele se sentasse à minha frente, encostando a cabeça em mim, suas mãos apoiadas em minhas pernas.

Eu brincava novamente com seus cabelos enquanto ele estava de olhos fechados, imóvel. Me assustei quando ouvi sua voz.

– Eu devia ficar com febre mais vezes.

– Idiota.

Minha voz saiu um pouco embargada e ele apertou meus joelhos. Eu sabia que, não tendo nenhum outro sinal, a febre devia ser por conta de alguma infecção. E não tendo nenhum remédio específico, teríamos que confiar que o organismo dele reagiria à altura.

Deixei que minhas mãos descessem e o abracei, apoiando meu rosto em sua cabeça.

– Prometa que não vai me deixar sozinha.

– Eu não vou a lugar nenhum, Molly.

Deixei um leve beijo em seus cabelos e suas mãos faziam leves carinhos em minhas pernas.

Não sei quanto tempo ficamos assim. Era difícil precisar o tempo quando estava com Sherlock. Quando a água esfriou eu tive que praticamente retirar Sherlock à força da banheira. Confesso que eu também não queria sair. Nos trocamos em cômodos separados e voltamos para a cama.

Coloquei a mão em seu rosto, torcendo por boas notícias. Quase gritei de felicidade quando essas se confirmaram e a febre tinha cedido bastante. Agradeci a todas as entidades divinas que consegui me lembrar.

Dessa vez quando fomos dormir não foi preciso pesadelo, nem que ele me puxasse. Eu mesma me aninhei em seu corpo e ele passou os braços em volta do meu.


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Notas finais do capítulo

:D