Perdidos escrita por Mariii


Capítulo 14
Capítulo 13




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– Molly

Eu ainda não acreditava no que estava acontecendo. Todos os dias esperava acordar em minha cama e descobrir que estava sonhando, mas então eu acordava e estava nos braços de Sherlock.

Nós ficamos próximos depois que ele ficou doente. Próximos demais. Eu fiquei tão aliviada quando a febre dele baixou, chegando até a sumir por alguns períodos que quase dei uma festa. E apesar dessa melhora, nós continuamos com as idas a banheira. Mesmo quando a febre dele foi embora e não voltou mais.

Isso estava normal? Não, não podia estar. Por isso que eu achava que estava sonhando.

Quando eu me encostava em Sherlock na banheira era como se eu recebesse um choque. Então, ele deslizava as mãos começando por meus ombros e descendo por meus braços até encontrar minhas mãos. Todo meu corpo estremecia. Nossos dedos ficavam entrelaçados, eu amava aquelas mãos.

Sabia e percebia o quanto ele me desejava. Por que nada mais acontecia? Não sei. Era um acordo silencioso entre nós. Até quando funcionaria? Também não sei. Já quebramos tantas regras, tantos limites. E, para falar a verdade, pela primeira vez eu simplesmente não me importo. Eu me sentia plena e completa com o rumo que tudo estava tomando. Era mais, muito mais que imaginei que aconteceria entre mim e Sherlock em algum momento da minha vida.

É verdade que podia acontecer de aparecer alguém para nos resgatar dessa ilha amanhã, mas algo me dizia que nós ainda ficaríamos algum tempo nela. Esperava que estivesse certa, porque tudo que eu queria era que as coisas continuassem como estavam e no ritmo que estavam. Para quem queria sair da ilha, eu tinha mudado um pouco o ponto de vista.

Encontrava-me perdidamente apaixonada por Sherlock. Eu só aproveitaria cada segundo que tivesse de tudo que estava acontecendo, desfrutando qualquer pedacinho de sentimento que ele pudesse me dar.

Uma de suas mãos se solta da minha, fazendo o caminho inverso e ele para em meu pescoço, eu encosto minha cabeça em sua mão. Ele começa a mexer em meus cabelos e isso me arrepia ainda mais. Como ele consegue?

Sherlock sugere uma comemoração pela sua recuperação. Acho isso engraçado, mas claro que aceito. No dia seguinte fico mais fora da casa que dentro enquanto arrumo tudo. Sinto falta de ficar próxima de Sherlock, mas é um mal necessário.

Demoro além do normal para escolher que roupa vestirei. São várias opções de vestidos. Escolho um coral, de alças. Acho que ele combina comigo. Não faço muitas coisas para me arrumar além disso, mas mesmo assim tenho a satisfação de ver os olhos de Sherlock brilharem quando olham para mim. Não posso deixar de dizer o quanto ele está perfeito e aposto que meus olhos brilham tanto quanto os dele.

Nós caminhamos, dividindo uma garrafa de vinho. Eu gosto disso. Outra intimidade que eu nunca imaginei ter.

Ele fica levemente surpreso quando vê que a tenda está arrumada. Eu tinha colocado algumas flores e almofadas nela mais cedo. Deitamos no sofá redondo que havia por lá e Sherlock me abraça. Ficamos assim um longo período até que uma música que eu gosto muito começa a tocar.

Sherlock ri quando eu começo a cantar imitando o timbre da música. Fico cada vez mais animada, me levanto e começo a me mexer um pouco ao som da música. Eu saio da tenda e me perco olhando para o mar. A música acaba e eu paro. Me sinto tão feliz. Quis tanto sair daqui e agora só tenho medo que tudo isso acabe.

Vejo Sherlock se aproximar e parar ao meu lado. Outra música começa a tocar.

Well, I see you standing there like a rabid dog

And you got those crying eyes

Makes me want to surrender

And wrap you in my arms

Ele está olhando fixamente para mim. Nós percebemos a semelhança com a música e rimos. Vejo algo diferente nos olhos de Sherlock e não consigo definir o que é. Eu me viro de frente para ele, cantando a música.

Uma mecha do meu cabelo voa sobre meu rosto e ele gentilmente retira, mas seus dedos permanecem ali, fazendo suaves movimentos.

– Não fale nada, Molly.

Não consigo escutar mais nada em volta de mim, nem enxergar qualquer coisa que não sejam aqueles olhos verdes com as pupilas extremamente dilatadas.

A mão dele escorrega para minha nuca e se perde em meus cabelos e então ele se aproxima de mim, seus olhos ainda fixos nos meus. Parece que todo meu mundo se perde e volta a se encaixar quando ele me beija.

Ele me puxa ainda mais para junto de seu corpo. Minhas mãos se fecham na camiseta atrás de suas costas. O beijo é urgente. Como se estivéssemos nos encontrando depois de um longo período. E acho que nós estamos.

Sinto as mãos dele descerem por meu corpo e apertarem minha cintura. Se ele me puxasse um pouco mais para perto do seu corpo viraríamos um só, já não existe sequer um milímetro nos separando.

Agora é minha vez de subir as mãos por suas costas, passando por alguns momentos em seu pescoço e parando em seus cabelos. Ele aumenta ainda mais o ritmo do nosso beijo quando enrolo meus dedos por seus fios.

Eu poderia parar o tempo agora e ficar ali para sempre. Esqueça Londres, esqueça St. Barts, esqueça qualquer coisa. Eu quero ficar aqui.

Nós vamos diminuindo o ritmo do beijo até que eles viram repetidos beijos castos. Paramos com os lábios próximos. Abro os olhos e encaro Sherlock com sua respiração levemente alterada. As mãos dele ainda possessivamente segurando minha cintura.

Por um momento eu fico com medo. Medo de que ele tenha agido por impulso e que agora se arrependa. Juro que se ele fizer isso, eu pulo no mar e me afogo. Ou afogo ele e ficando dançando na ilha.

Mas não é isso que ele faz. Uma de suas mãos solta-se da minha cintura e ele passa o dedo por meus lábios, acariciando minha face.

– Não sei o que você fez comigo, mas não consigo mais ficar longe de você.

Meu coração para, tenho certeza. Espero que eu não morra agora.

– Então não fique.

Não tenho certeza que ele ouviu, porque minha voz sumiu e para mim soou como um chiado. Os olhos dele estão me magnetizando. Desconfio que nunca mais acharei meu rumo.

– Não vou ficar.

Ele me abraça. Respiro o leve perfume que emana de seu corpo. Aqui só poderia ser o paraíso. Ficamos um longo período assim, abraçados.

Quando me solta, segura minha mão e me puxa para sentarmos na areia. Sento ao seu lado, nossas mãos entrelaçadas. Minha cabeça parece um grande vazio cor de rosa e só vejo corações à minha frente. Não consigo pensar em nada para dizer e, sinceramente, acho que palavras não são necessárias.

Deito-me, sorrindo como uma criança que acaba de ganhar um presente. Sherlock deita-se ao meu lado. Nós ficamos assim, olhando para as estrelas em silêncio.

Meu corpo começa a reclamar de uma abstinência. Eu me vicio rápido em coisas boas. Viro-me e deito meu corpo sobre o dele. Meus cabelos caem como uma cascata entre nossos rostos. Ele sorri antes que o beije mais uma vez.

Com um movimento, Sherlock inverte nossas posições. Vejo seus cabelos caírem sobre sua testa enquanto ele me olha, desvendando-me.

Estou em um caminho totalmente sem volta.


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Notas finais do capítulo

Tentarei postar o outro ainda hoje... hahahaha... Sou um amor! :D