Perdidos escrita por Mariii


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Fofuras e fofuras...



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– Molly

A claridade incomodou meus olhos e só assim eu acordei. Fiquei espantada quando senti o braço de Sherlock ainda me abraçando, mas ao mesmo tempo isso foi reconfortante. Fiquei assustada com meu pesadelo. Nele eu me afogava, o ar faltava, eu parecia estar sozinha na ilha e então morria, depois de muito sofrer e agonizar. Pareceu tão real meu sofrimento. Parecia que eu estava sem ar de verdade. Eu não me lembrava de ter tido pesadelos assim antes.

Na noite anterior, acordar assustada e ver Sherlock ao meu lado foi como voltar a respirar. Só quando ele me abraçou foi que pude me acalmar.

Que cena! Consegui protagonizar algo bem debiloide. Sherlock devia estar pensando que realmente viera parar numa ilha com uma maluca. Aproveitando que estávamos abraçados, não me soltei. Também não tinha perdido a noção do que era bom.

Ele se deitou e me puxou. Fui até o céu e voltei. Nós dormiríamos assim? Sim.

Sentir o corpo dele contra o meu me fez pensar que talvez eu estivesse sonhando. Não podíamos estar mortos. Nem o céu seria tão bom assim.

Não demorei muito para dormir. Infelizmente. Queria ter passado a noite curtindo meu momento sublime. Então, quando vi que pela manhã ele ainda me abraçava, fiquei feliz. Não me mexi, não queria estragar tudo e quis chorar quando minutos depois ele acordou. Soube que ele tinha acordado porque percebi ele ficando tenso atrás de mim. Nós só estávamos tendo momentos constrangedores naquela ilha. Um a mais, um a menos, que diferença faria?

Ele tirou lentamente o braço que estava sobre minha barriga e eu quase reclamei.

– Bom dia, Molly.

Quase que respondi “Muuuuito bom dia, Sherlock!”, mas me contive a tempo.

Sherlock saiu da cama e eu fiquei ali, pensando na vida. Foi difícil me convencer a levantar e começar o dia. Esperei que ele saísse do banheiro, precisava da escova de dentes de qualquer forma. Procurei bastante em meio ao meu armário e encontrei um short curtérrimo e uma regata agarrada. Uma vitória.

Nos encontramos na cozinha e estávamos meio sem palavras. O que dizer depois de dormirmos abraçados sem ter qualquer tipo de relacionamento além de uma amizade estranha?

Estava sem fome, o pesadelo tinha me deixado um pouco abalada e quando Sherlock me soltou fiquei ainda mais.

Deixei ele se virando na cozinha e sai para caminhar. Não conversamos. Acho que a situação era estranha demais para ambos. Para mim, porque mexia demais com o que eu já sentia. E para ele, porque ia contra tudo que ele acreditava e sentia. Sei lá, acho que estávamos os dois confusos.

Caminhei pela areia por um longo período, deixando meus pés afundarem nela. Parei, olhando aquela vastidão azul. O mar estava calmo, ondas quebravam ao longe, mas eu sabia que qualquer tentativa de enfrentá-lo seria desastrosa. As ondas molhavam meus pés, eu gostava dessa sensação. Estava gostando dessa ilha, mas ficar presa me incomodava.

Percebi Sherlock atrás de mim. Bom, só podia ser Sherlock. Ele se postou ao meu lado, me olhando.

– Você quer mesmo ir embora daqui, não é?

– Eu quero ter a opção de sair. Quero poder escolher.

– E o que escolheria?

Sherlock estava me perguntando se eu voltaria ou ficaria aqui com ele, era isso?

– Entre o conforto de meu apartamento, com toda a privacidade, um quarto só pra mim e uma ilha deserta com um psicopata chato? Faça suas apostas.

– Quero ver quem iria abraçar você quando acordasse gritando.

Ok, golpe baixo.

– Provavelmente eu nunca mais precise, porque deve ser você que me dá pesadelos.

Segurei para não rir. E ele também.

– Ok. Ok. - Ele foi se afastando de mim. - Mas sabe, Molly... Acho que você está muito seca.

Não sei para que fui olhar para ele nessa hora. Com um rápido movimento com o pé ele me lançou uma mistura de água salgada e areia que me sujou inteira. Do meu rosto a minhas pernas.

– Ops. Não está mais.

– Sherlock, seu filha da mãe, volte aqui!

Eu corria atrás dele enquanto tentava jogar água em suas costas. Em algum momento ele se desequilibrou, e foi minha chance de alcançá-lo.

– Não, não Molly!

"Não, não" o caramba. Me lancei sobre ele e rolamos em um mundo de areia e água salgada. Levantei mais rápido que ele e corri, só para ser alcançada novamente e lançada sobre a areia. Ouvia-o rindo de mim. Mas não conseguia ficar brava com ele, afinal estava me divertindo também. Nós entramos no mar, em outra sucessão de quem empurrava mais o outro. Parecia que tínhamos estranhas fantasias com afogamento.

Parei por alguns segundos para recuperar o fôlego. Sherlock parou em minha frente, com o sol às suas costas, as mãos na cintura, sorrindo pra mim. Perdi o ar. Como? Como ele podia ser perfeito? Dei um grito quando ele me ergueu e me jogou no mar de novo.

Corremos pela areia e caímos. Em pouco tempo seria difícil dizer alguma parte do meu corpo que não tivesse areia. Caminhamos rindo para a casa, como dois bifes à milanesa.

Entramos pelo jardim, em direção ao chuveiro da piscina. Sherlock passou na minha frente dominando o jato de água. Tirei meu short e minha blusa, ficando de biquíni e Sherlock tirou a camiseta. Já cheguei empurrando, claro.

– Sai daí, Sherlock.

– Sai daí você.

E foi assim que outra guerra de água começou, dessa vez no chuveiro. Pelo visto agora seria assim, não perderíamos a oportunidade de tocar um ao outro. Não sei se era o fato de estarmos sozinho aqui que nos aproximou. Era só o terceiro dia, mas alguma coisa tinha acontecido. Talvez fosse a carência, a falta do que fazer. Às vezes me sentia até pesarosa. Se não fossem todas essas circunstâncias estranhas isso nunca teria acontecido. Ao mesmo tempo em que queria sair dessa ilha, temia sair e tudo voltar à frieza de antes. Meus pensamentos foram afastados quando Sherlock jogou água na minha cara. Ele era um amor.

Terminei de tirar a areia do meu corpo e pulei na piscina. Não demorou muito para Sherlock pular atrás de mim.


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