Perdidos escrita por Mariii


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Esperem cada vez mais fofuras, só isso.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/489879/chapter/9

– Sherlock

Quem está na chuva é pra se molhar, não é esse o provérbio?

Não sei bem o que deu na minha cabeça quando agarrei Molly pela cintura e a afundei. Mas achei bem divertido, principalmente quando ela voltou à superfície quase afogada.

Confesso que não esperava que ela fosse me dar o troco. Sempre a imaginei como uma pessoa doce, mas Molly era mais vingativa do que eu pensava. Tentei pegá-la de novo, mas ela estava esperando e jogou um tsunami sobre mim. Sabe a pior parte de tudo isso? Eu estava gostando. Ria de verdade e gostava de vê-la fazer o mesmo. Gostava de saber que quem causava isso era eu. Talvez mais do que irritá-la. O negócio estava ficando estranho do lado de cá.

Nós comemos juntos e parecia que uma cumplicidade incomum tinha se formado. Depois, enquanto tomávamos sol, dei pequenas espiadas nela. Eu tinha gostado de tocá-la enquanto brincávamos. Muito mais do que gostaria de assumir. De alguma forma bizarra, eu queria estar perto dela agora. E foi nessa hora que sugeri que víssemos um filme.

Acho que ela ficou meio em choque, porque pareceu totalmente aérea e deu uma resposta padrão. Como se não tivesse entendido o que eu falei. Bom, concordo que soou absurdo até para os meus ouvidos, mas fomos mesmo assim.

Filme chato, como sempre. Só valeu eu ter roubado a pipoca dela porque ela se aproximou ainda mais de mim. Quase pude sentir o calor que emanava de seu corpo. Eu estou ficando meio louco, assumo.

A prova disso é que ajudei com o jantar. Veja se essa frase faz sentido. Nenhum. Mas lá estava eu, trocando ideias sobre teorias, picando cenouras, vendo-a mastigar sensualmente um pedaço, e querendo morrer por pensar essas coisas nas horas mais absurdas, com uma cenoura na mão. Trocadilhos.

Quando terminamos o jantar, eu me retirei para o quarto. Não estava me sentindo bem, de verdade. Eu devia estar com alguma doença, algum mosquito tinha que ter me picado, ou qualquer coisa do gênero. Não podia ser normal eu ficar como um bobo alegre perto dela e ainda sentir meu corpo queimar. Tenho certeza que se ainda não tiver morrido, vou cair doente a qualquer momento. Ou eu estou certo, aqui é o inferno e as coisas estão quentes.

Fui para o chuveiro. Quando voltei e encarei a cama, lembrei-me da noite anterior. Não queria passar por aquela situação de novo, muito menos queria que Molly ficasse constrangida por minha causa. Olhei de novo o closet dela e realmente só tinham roupas minúsculas e transparentes.

Sim, eu estava me preocupando com ela. Sim, doeu um pouco assumir isso. Sim, eu não estava em meu estado normal. Sim, estava doente.

Escolhi uma calça de pijama e uma camiseta em meu armário. Ficaria gigante nela, mas a deixaria bem mais confortável e em segurança. Essa falta de segurança que ela podia correr era por minha conta.

Acho que ela ficará feliz quando encontrar as roupas que deixei em seu lado da cama. Espero que ela não pense que é porque não quero vê-la naqueles outros trajes. Eu quero. E muito. Só não é recomendável.

Voltei para a sala e vi quando ela foi para o quarto. Esperei um longo tempo para que ela tivesse a privacidade necessária. Nossa, como eu estou mudado.

Quando voltei para o quarto, ela estava vestida com meu pijama e lia o livro. Acabei fazendo a descoberta que ultimamente a achava atraente em qualquer roupa, até mesmo naquela que cabiam mais três dela dentro.

Apaguei as luzes e me deitei. Ela continuou a ler com a luz do abajur.

– Boa noite, Molly Hooper.

– Boa noite, Sherlock Holmes.

Virou para mim e sorriu. Ok, alguém mexeu no ar condicionado de novo.

Já estava entrando em um sono profundo quando percebi que ela apagou a luz e se arrumou para dormir. Parece que nem cinco minutos se passaram quando acordei com um grito vindo dela. Acendi rapidamente meu abajur e vi que Molly estava tendo um pesadelo.

Ela se debatia, falava coisas que eu não conseguia entender e parecia estar sofrendo. Ela tentava puxar o ar com força, parecendo que não conseguia respirar. Comecei a ficar preocupado. Qualquer coisa que não seguisse uma rotina nessa ilha me preocupada pelo motivo óbvio de que não tínhamos como ser socorridos.

Sentei na cama e me inclinei sobre ela, segurando seus braços.

– Molly. Acorde. Molly? Vamos lá, você está sonhando.

Palavras bem criativas. Depois de alguns minutos repetindo-as, ela abriu os olhos assustada. Lágrimas começaram escorrer por seu rosto. Droga. Eu odiava ver Molly chorar. E agora sempre me lembraria quando ela saiu correndo de mim.

– Foi só um pesadelo.

– Nós nunca vamos sair dessa ilha, Sherlock. Nunca! Nós vamos morrer aqui!

Ela estava em pânico. Eu não sabia o que fazer e então fiz o que todo mundo faz (eu espero) e puxei-a para meus braços.

– Shiu... Foi só um pesadelo. Nós vamos sair daqui, daremos um jeito. Eu estou aqui, ficaremos bem.

Promessas vazias, porque não via a menor saída para nossa situação. Nós não tínhamos nenhum meio de comunicação ou locomoção.

Eu sentia que ela soluçava em meus braços e isso me deu uma sensação estranha, parecia que algo doía dentro de mim. Fiquei suavemente massageando suas costas até que senti ela se acalmar. Aos poucos a respiração dela foi se tornando mais calma e ela enxugou as lágrimas com a camiseta que era minha. Ela não me soltou nem por um segundo, uma das mãos ficou firmemente agarrada na camisa à minhas costas.

Timidamente ela ergueu os olhos para mim. Doces olhos.

– Desculpe. Isso... Não me lembro de já ter acontecido antes.

– Não se preocupe. Tenho grande experiência em cuidar de mulheres que acordam chorando durante a noite.

– Mentiroso.

– Já vi que você acordou de vez.

Ela assentiu, mas continuava agarrada a mim. Não tive coragem de soltá-la. E acho que nem queria que ela me soltasse. Me deitei, puxando ela junto e ficamos assim, até que dormimos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews?